- Preciso dos seus serviços, Yorozuya.
Toushirou cerrou seus olhos esperando Gintoki proferir algo para afrontar seu orgulho, mas o que recebeu foi um olhar sério.
- Precisa de nós para manter a segurança da família Yagyuu durante a invasão?
- Como recebeu essa informação?
- Isso não é importante - Gin cruza os braços e apoia suas costas na entrada do bar - sei o que vai acontecer depois dessa invasão e isso precisa ser evitado!
- Vejo que sabe mais do que deveria - Hijikata retira o cigarro da boca para devolver a seriedade do mais velho - e acho bom você não ter espalhado essas informações por aí pois isso é segredos de estado.
- Soube ha algumas horas atrás. Mas de qualquer forma é exatamente por Isso que você precisa da minha ajuda, certo?
- Sim, Yorozuya. Precisamos conversar, mas em lugar reservado.
- Espere só um momento. Lá dentro conversaremos sobre isso, mas no momento precisamos dar privacidade aos dois cabeças duras ali pois eles serão de grande ajuda caso resolverem se reconciliar.
- Não podemos envolver mais pessoas no caso.
- São Yatos, eles já sabem sobre a guerra - Toshi arregalou os olhos.
- Então são inimigos! Os Yatos vão lutar ao lado dos amantos.
O vice comandante pôs a mão na bainha de sua espada e esta prestes a retira-la quando Gin segurou seu pulso o impedindo.
- Eles não são. São a família da Kagura e vieram para leva-la, mas sabem que ela não irá com eles então também vão ajudar a gente com isso.
- E como você pode ter tanta certeza? Um deles quase matou Sougo! Se ele tivesse perdido mais um pouquinho de sangue...
- Mas Sougo também provocou! Olha, eu sei que eles não tem mais motivos para estarem aqui se não for por Kagura! Então espera uns minutos que eles tem uns assuntos pendentes...
- Infelizmente eu não tenho outra escolha se não confiar em você.
O viciado em nicotina pega mais um cigarro, põe na boca, acende o isqueiro e encosta na parede ao lado de Gin que pega um pirulito e volta a cruzar os braços.
Otose levou mais uma garrafa de sake e copos para os Yatos sentados em frente ao balcão. Já passou alguns minutos desde a retirada do Yorozuya e desde então permaneceu um tenso silencioso entre eles.
Kamui esta pensativo pois sua mente nesse momento trava uma guerra entre a emoção e a razão, entre o orgulho e o certo. Sua consciência gira em torno de Kagura e grita para que ele largue essa raiva e vá abraçar seu pai pois é isso que ele quer.
O ruivo não nega que sente raiva, mágoa e tristeza, mas nega aceitar a vontade louca de apenas abraçar e chorar no ombro de seu pai, por quê? Apenas por causa do tão odiável orgulho. Kamui odeia isso em si, mas não é algo que ele possa mudar.
O mais novo reconhece que o grande obstáculo entre ele e seu pai é seu imenso orgulho, mas mesmo que ele conseguisse superar esse sentimento não conseguiria perdoa-lo por falta de confiança. Como confiaria no homem que abandonou sua mãe? Que abandonou ele e sua irmã? Por mais que Umibouzo insista em dizer que não, que nunca os abandonou, foi assim que o ruivo se sentiu.
Ele nunca mais conseguirá ter confiança no homem que o abandonou e Umibouzo sabe disso.
O mais velho sente-se desconfortável com aquele silêncio. Uma parte de si agradece por ter o filho ao seu lado sem ser o jurando morte, mas amaldiçoava-se por não saber o que proferir. Não sabia como quebrar a tensão ali ou como iniciar um simples diálogo, por que parece ser tão difícil dizer simplesmente que ama o filho? Por que ele tem que hesitar tanto em qualquer coisa relacionada ao ruivo? Por que ele não pode simplesmente abraça-lo, chorar e dizer que sente muito? Por que só pelo simples fato de Kamui estar ao seu lado precisa ser algo tão torturoso? Por quê?
Ah, sim. Ele sabe perfeitamente o porquê. Sabe também que não deveria se queixar sobre tudo isso, sabe muito bem que não é apenas pedindo perdão que seus filhos irão perdoa-lo ainda mais Kamui.
Diferente de Kamui Kagura sempre precisou de um lugar para chamar de lar e depois da morte de Kouka ela foi procurar por eles pois, mesmo sentindo-se sozinha e abandonada, ela sempre quis manter a família unida e esse desejo é maior do que qualquer sentimento de orgulho em seu coração.
Ah, Kagura. Kamui sente um grande aperto no coração toda a vez que se lembra de quando a deixou só com sua mãe e começou a fazer missões e sente ainda mais por ter a deixado sozinha no pior momento. Está definitivamente determinado a compensa-la.
- Kamui... - profere o maior hesitante.
O menor tomou um susto e saiu de seus devaneios dando toda atenção ao seu pai.
- Já pedi perdão e sei que só isso não vai fazer você me perdoar. Kagura quer juntar a família e acho que ela merece isso.
Sim, a pequena merece. O ruivo planeja ser tudo que ela precisa. Ele nunca mais a abandonará e mostrará isso a ela.
- E você também merece isso, Kamui.
Mais uma vez o Yato sai de seus devaneios sem saber o que dizer ao pai. Ele já está cansado de brigar. Pelo menos por hoje.
- Raiva não faz bem pra ninguém. Eu quero que você e sua irmã sejam felizes. Eu quero abraçar meus filhos, Kamui! Você não faz ideia do quanto eu quero isso.
- Palavras.
- Hein?
- Isso tudo... São apenas palavras!
- Mas eu...
- Quantas vezes você jurou amar a mamãe e disse que nunca iria abandona-la? Quantas vezes você a prometeu estar com ela nos melhores e piores momentos? Quantas vezes você prometeu cuidar dela? Você fez tudo isso? Tudo não passou apenas de palavras, não foi?
- Sei que te decepcionei e provavelmente a sua mãe também, mas a única pessoa que eu amei sem ser você e sua irmã foi sua mãe! Então você nunca divide que eu a amei! E sim, fizemos várias promessas, mas somos Yatos, Kamui! Você sabe que precisamos fazer missões para nos mantermos. Nunca imaginaríamos que sua mãe ficaria tão doente. Você não sabe como eu sinto por isso.
- E adianta sentir alguma coisa agora?
Umibouzo não tinha mais o que responder. Kamui não está disposto a dar o braço a torcer e o Yato mais velho já imaginou que isso aconteceria.
- Kamui, me diga por favor o que eu faço pra você me perdoar!
Há dois caminhos: a razão e a emoção. A emoção evita arrependimento, mas depois pode vir a decepção e o sofrimento. A razão pode evitar sofrimento, mas provavelmente pode causar arrependimento. Kamui quer perdoa-lo, mas o orgulho e medo de ser abandonado não o permite.
- Saiba que um pai nunca deixa de amar um filho, então, Kamui, não desista de mim porque eu não vou desistir de você. Talvez você não consiga agora, mas eu vou mostrar que você pode.
- Não consigo o que? Posso o que? - indaga o menor um pouco desnorteado por causa dos seus pensamentos.
- Confiar em mim! Eu sei que é disso que se trata sua confusão interna! Prometo que essa é a última vez que você vai chorar por isso.
- Eu... - o ruivo leva uma de suas mãos enfaixadas ao rosto sentindo suas bochechas molhadas - C-como você...
- Como eu sei no que você está pensando? Eu conheço meu filho. Sua mãe também chorava quando se sentia tão confusa. Até nisso vocês puxaram ela.
O Yato tentou, mas não conseguiu segurar o choro e então tampou seu rosto com as mãos e permitiu-se desabar.
- Eu vou mostrar que posso cuidar de você e da sua irmã, sabe por quê?
Não esperava a resposta de Kamui pois o mesmo chorava como uma criança.
- Por que eu amo vocês. Você nunca mais duvidará disso. Só me de tempo.
Havia determinação nas palavras do Homem desprovido de cabelos. Kamui se recompôs, secou as lágrimas e encarou seu pai ainda com as ires brilhantes.
- Se você apenas estiver me dando palavras... Se você estiver apenas brincando comigo eu vou matar você ou morrerei tentando fazer isso.
Umibouzo sentiu-se estremecer com a determinação e seriedade nas palavras e no olhar do pequeno.
- Tudo bem.
O maior não pode evitar de abrir um sorriso e encher mais uma vez o copo. Serviu-se de mais sake e estendeu o copo em direção a Kamui que o olhou confuso.
- Acabamos de fazer um acordo, para cela-lo eu proponho um brinde. É assim que nós homens fazemos acordos.
Mesmo hesitante, o ruivo também estendeu o copo encostando de leve no de Umibouzo e depois bebeu em um só gole metade do conteúdo alcoólico que ali tinha.
- Que bom que chegaram em um acordo, agora precisamos conversar - Gintoki entra novamente no bar acompanhado pelo vice comandante e por outros policiais.
- VOCÊ TAVA OUVINDO TUDO? - grita Kamui quase pulando em cima de Gin.
- Eu não podia deixar vocês realmente sozinhos, vai que começassem a brigar? Mas em fim, agora podemos conversar.
- O quanto vocês sabem sobre a invasão? - indaga Hijikata para os dois Yatos.
- O suficiente para querer ficar longe com meus filhos - responde o mais velho.
- Bastante... Oh, você é o policial de hoje mais cedo!
- Sim. E você o pirralho que quase destruiu uma parte da rua com o Sougo.
- Mas então, vamos sentar e conversar civilizadamente? - indaga o samurai prateado sorrindo forçado e sentando em uma mesa distante dos outros com Toushirou, Kamui e Umibouzo.
- Podemos começar compartilhando informações, talvez vocês possam saber de algo útil - diz Hijikata acendendo um cigarro.
- Soube que eles chamam esse período histórico de “século prateado”, parece que eles se lembram bem a cor do cabelo de quem matou um de seus representantes na primeira guerra.
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