Tudo estava branco, era a única coisa que Hyeri conseguia enxergar, vagava perdidamente em um lugar inteiramente branco, estava só e não tinha para onde ir, queria chorar, espernear e gritar, mas não conseguia.
Ouvia vozes o tempo todo, sempre vozes diferentes, falando seu nome, chamando-a, pedindo para que ela abrisse os olhos e sorrisse mais uma vez. Ela não entendia o que estava acontecendo.
Até que de repente, depois de muito tempo, ela conseguiu fazer o que as vozes diziam. Em um desespero tentou puxar o ar, mas ele não vinha, tinha algo preso em sua garganta, que incomodava e dificultada a tarefa, começou a tossir desesperada, sem saber o que estava acontecendo.
Sentiu aquela coisa ser puxada da sua garganta, resultando em mais tosses, mas logo seguida por uma respiração mais calma. Seus olhos se abriram lentamente e um clarão tomou conta, ela fechou novamente.
– Senhorita Kang? – Uma voz a chamava. – Consegue me ouvir?
Novamente ela tentou abrir os olhos, piscando algumas vezes, tentando se acostumar, até que conseguiu abri-los e viu a imagem perfeita de sua mãe a olhando, com seus olhos vermelhos e rosto molhado.
– Omma? – Perguntou ela com um pouco de dificuldade, com a voz baixa e rouca, devido a quantidade de tempo sem falar.
– Adeul, sou eu, estou aqui. – Disse a mãe chorando ainda mais.
A garota abaixou um pouco seu olhar, vendo seu irmão ao lado dela.
– Jee-ah? – Disse baixo.
– Sou eu noona. – Ele sorriu para ela.
– Sabe onde está? – Perguntou o médico e ela virou para olha-lo e arregalou os olhos.
– No paraíso? – O médico riu. – Omma, eu morri? – Perguntou ela ainda olhando atentamente para o médico que tinha um sorriso meigo em seu rosto.
– Parece que se sente bem senhorita Kang. – O médico disse com um sorriso.
Ele pegou uma lanterninha e passou diante aos seus olhos.
– Quem é você? – Perguntou ela ainda o encarando.
– Sou seu médico, me chamo Choi Min-ho. – Ele segurou as duas mãos da garota. – Aperte minhas mãos com força. – Ela o fez sem questionar. – Muito bom. – Ele sorriu. – Vamos tentar se sentar? – Ela assentiu.
Então ele inclinou a maca e a ajudou a se sentar, assim que ela viu sete garotos no pé de sua cama seus olhos se arregalaram e ela levou sua mão a boca.
– Omma estou sonhando? – Perguntou ela.
– Do que está falando filha? – Perguntou a mãe olhando na mesma direção que ela.
Os garotos sorriram para ela, estavam extremamente felizes, ela havia acordado, depois de todo aquele tempo esperando, ela finalmente havia voltado.
– Sabe quem são? – Perguntou o médico. Ela o olhou.
– Claro, é o BTS. – Ela disse como se fosse obvio. E voltou a olhar para eles. – Mas... o que eles fazem aqui?
– Eles vieram te visitar filha, durante todo o tempo que ficou em coma. – Disse a mãe calma e feliz.
– Coma? – Ela perguntou séria. – Eles fazem caridade? – Perguntou olhando para eles novamente.
– Do que está falando Hyeri? – Perguntou Jee.
– Por que eles me visitariam? – Perguntou assustada.
O médico olhou para ela e depois para os garotos que tinham suas expressões curiosas, preocupadas....
– Não sabe quem eles são? – Perguntou ele.
– Já disse, é o BTS. – Disse sorrindo.
– Filha, você é empregada deles. – Disse a mãe a olhando confusa e ela arregalou os olhos.
– Eu sou?
– Não se lembra da gente Hyeri-ah? – Perguntou Namjoon.
– Hyeri-ah? Você me chamou de Hyeri-ah? – Ela perguntou com sua mão na boca. – Omma... ele me chamou de Hyeri-ah, o Namjoon... do BTS me chamou de Hyeri-ah. – Ela olhou feliz para sua mãe.
– Precisamos fazer uma ressonância. – Disse o médico a olhando sério. E a mãe dela assentiu. – Senhorita Kang, se lembra qual sua idade, qual faculdade faz?
– Tenho 20, não faço faculdade. – Ela respondeu confusa.
– Hyeri-ah, você já tem 21 e cursa música. – Disse Jee a encarando curioso.
– Omma, cadê meu appa? – Perguntou apreensiva e assustada.
Todos arregalaram seus olhos, a mãe dela se sentou na poltrona segurando o choro que estava entalado em sua garganta.
[...]
Após fazer vários exames e uma ressonância, Hyeri entrou no quarto, sentada em uma cadeira de rodas sendo empurrada pelo médico, todos estavam lá esperando. O médico a ajudou a se deitar na cama novamente e suspirou olhando para a mãe de Hyeri.
– Sra. Kang.... – Ele disse apreensivo. – Eu sinto muito, mas sua filha perdeu uma parte de sua memória.
– O que? – Disse ela espantada.
– É uma pequena parte, creio que sejam apenas os últimos seis ou sete meses vividos. – Respondeu calmamente. – Conforme as perguntas que fiz e o que os exames indicam. – Finalizou.
– Omma, cadê o appa? – Perguntou ela novamente ignorando o que o médico dizia.
– Adeul.... – Ela se levantou e pegou a mão da filha. – Seu pai... ele.... – Uma lágrima desceu pelo se rosto. – Seu pai faleceu a quase dois meses.
– O que? – Hyeri perguntou chorosa. – Não minta para mim.
Os garotos se entreolharam preocupados, toda a dificuldade que ela passou, todo aquele sofrimento, ela teria que passar por aquilo novamente?
Quando sua mãe negou, Hyeri desabou a chorar, tudo que ela havia chorado antes, estava chorando novamente, ela estava revivendo toda a sua dor novamente.
[...]
Duas semanas se passaram e Hyeri já havia voltado para casa, os garotos insistiram para que ela morasse com eles, ela ficou receosa e relutante no início, mas sua mãe insistiu que ela o fizesse. Após muitas idas ao médico, fazendo exercícios diários, para ajudar a voltar a fazer qualquer tipo de atividade física, como até mesmo andar, finalmente estava em casa.
Hyeri se aproximou muito de seu médico, ela ia todos os dias, para fazer a fisioterapia, ele era extremamente simpático, amigável, sociável e completamente lindo. Ele disse que a qualquer hora ela poderia se lembrar das memórias que perdeu, mas até agora... ainda não se lembrava dos garotos.
A garota se levantou da maca, quando terminou se fazer os exercícios propostos pelo seu instrutor no hospital. Já estava andando completamente bem, sem precisar de apoio, mas o médico insistia que ela continuasse a ir, sem saber o motivo.
– Senhoria Kang, já terminou? – Disse seu médico entrando na sala sorrindo, observando a garota calçar seu tênis.
– Ah, dr. Choi. – Ela sorriu. – Terminei, agora vou para casa.
– E se você esperar mais dez minutinhos? – Ele perguntou a encarando sério.
– Por que? – Perguntou confusa.
– Para que eu me troque e te leve para comer algo. – Ele sorriu e ela arregalou os olhos.
– Dr. Choi....
– A partir de hoje, não sou mais seu médico. – Ele se aproximou dela e a ajudou a descer da maca. – Não precisa mais vir se exercitar aqui.
– Sério? Isso é ótimo. – Ela sorriu.
– Pode me esperar?
– P-Posso. – Gaguejou. Ele sorriu e saiu da sala.
Exatos dez minutos depois ele apareceu novamente vestindo uma roupa social maravilhosa, que realçava seu corpo forte, que fazia qualquer garota babar, inclusive Hyeri.
– Vamos? – Ele estendeu a mão para ela.
Ela encarou a mão dele por alguns minutos, receosa... pegou a mão do mesmo que a puxou para fora do quarto e para fora do hospital, levou-a até seu carro e abriu a porta do mesmo.
– Não vou te levar para jantar, está um pouco tarde para isso. – Ele disse e ela soltou a respiração se acalmando. – Mas te levarei um outro dia. – Ele disse dando partida.
– Então, para onde vamos?
– Gosta de sorvete?
– Adoro. – Ela sorriu olhado para a janela.
[...]
– Obrigada, o sorvete está muito bom. – Disse Hyeri chupando seu sorvete e descendo do carro.
Ele desceu junto e a acompanhou até a porta, ela abriu a porta e se virou para ele agradecendo mais uma vez, ela ficou na pontinha dos pés e deu um beijo na bochecha do mais alto, que engasgou surpreso e começou a tossir.
– Você está bem? – Perguntou preocupada.
– Água. – Disse de uma maneira desesperada.
Ela rapidamente o puxou pelo braço, o arrastando até a cozinha, entrou na cozinha vendo os meninos jantando, ela não disse nada, apenas pegou um copo da água e entregou para o médico, que deu um gole generoso.
– Está se sentindo melhor?
– Estou obrigada. – Ele sorriu em graça.
– Oh, dr. Choi, o que faz por aqui? – Perguntou Namjoon com um sorriso.
– Vim deixar a senhoria Kang em casa. – Ele sorriu de volta.
Hyeri fez um reverencia para os meninos, ela ainda não estava muito acostumada a viver com eles, falava e agia formalmente com eles. Eles queriam a Hyeri de volta, demoraram tanto para conseguir fazer com que ela se abrisse e deixasse as formalidades de lado, que agora estava tudo complicado outra vez.
Os meninos se levantaram e fizeram uma reverencia para o médico e foram todos se sentar na sala conversando. Hyeri continuou chupando seu sorvete calmamente, nem notando que estava sendo observada por Choi.
– Acho que já vou indo. – Disse ele.
– Oh, tudo bem. – Ela sorriu. – Obrigada pela carona e pelo sorvete.
– Não tem que me agradecer. – Ele sorriu e se aproximou da garota. – Mas....
– O que?
– Seu sorvete é bom?
– Sim.... – Respondeu confusa.
– Posso experimentar antes de ir? – Ela riu.
– Claro. – Ela esticou o braço na direção dele.
Ele segurou o pulso da garota e afastou de seu rosto, ela o olhou sem entender. Então ele a puxa pela cintura e cola seus lábios no dela, em um beijo calmo e rápido, puxando o lábio inferior da garota ao separar o beijo. Ela o olhava com carinho e ele sorriu.
– É muito bom. – Ela corou e ele riu dela. – Aegyo.
Ela deixou o sorvete na mesa e o levou até a porta da frente, ele saiu e foi em direção ao seu carro, mas se virou e acenou para a garota, ela acenou de volta e quando viu ele partir com o carro, só então fechou a porta.
A garota encostou na porta assim que a fechou e levou as duas mãos no rosto, os tampando envergonhada e feliz ao mesmo tempo, ela tirou as mãos e levou uma delas aos seus lábios o tocando, lembrando do beijo que ganhou e sorriu. Ela olhou para o sofá e viu os meninos a encarando sérios.
Se endireitou e caminhou até seu quarto, mas parou quando ouviu sendo chamada.
– Hyeri-ah? – Disse Namjoon.
– Sim Namjoon-ssi?
– Ok... primeiro tente de me chamar como você me chamava antes, hm? – Ela assentiu.
– Joon-ah? – Perguntou ela.
Eles já haviam falado a ela, como ela os tratava, mas estava sendo difícil para conseguir se adaptar com aquilo. Então o garoto sorriu mostrando suas covinhas.
– Bem melhor. – Ele bateu a mão no sofá ao lado dele e ela receosa se sentou olhando para as mãos. – Então, por que esse sorrisinho bobo na cara?
– Nada. – Disse olhando para ele.
– Você não nos engana. – Disse Yoongi.
– Hyeri-ah, você sempre falou as coisas para gente. – Disse Hoseok.
– É estranho. – Respondeu ela.
– Por que não tenta? – Perguntou Jin e ela assentiu.
– Hm.… o dr. Choi é muito bom comigo... – Ela disse e os meninos a encaram esperando ela continuar. – Hoje ele me levou para tomar sorvete, foi divertido. – Disse dando com os ombros.
– Gosta dele? – Perguntou Taehyung parecendo triste.
– Eu não sei.
– Gosta ou não? – Jungkook se intrometeu.
– Eu ainda não sei. – Ela riu. – Quando ele me beijou me senti estranha.
– Ele te beijou? – Perguntaram todos juntos com os olhos arregalados.
– Sim.... – Ela diz com sorriso bobo.
– Kang, não....
– O que você sentiu? – Jungkook interrompeu Taehyung.
– Surpresa, assustada, animada.... – Respondeu ela.
Eles se entreolharam e ficaram em silêncio, ouviram um barulho de batida na porta, olharam para a mesma e depois para o relógio que marcava 23h em ponto, meio... tarde para receber visitas sem aviso prévio.
Hyeri se levantou e caminhou até a porta e quando abriu, deu dois passos para trás com o baque de Hwasa a abraçando.
– Hyeri-ah, você está bem? – Perguntou separando o abraço e segurando o rosto da amiga.
– Estou eonnie. – Sorriu com seu rosto sendo apertado.
– Me desculpe não conseguir vir antes, me perdoe....
– Yaah, eu entendo. – Acariciou as mãos da amiga que estavam em seu rosto.
– Eu trouxe alguém que também queria te ver. – Disse Hwasa entrando na casa e saindo da vista de Hyeri, foi até Namjoon.
Hyeri olhou em direção na porta e levou a mão na boca surpresa, ela estava vendo seu baias, ele caminhou até ela e a mesma deu passos para trás, então ele fechou a porta e a encarou, ela olhou para o meninos e Hwasa.
– Eonnie, é o Jackson Wang.... – Disse animada.
Os garotos a olharam tristes, Hwasa já sabia que ela havia perdido a memória, mas ainda não havia presenciado isso. Jackson se aproximou dela e a abraçou, os braços dela estavam caídos ao lado do corpo, ela não sabia o que fazer, não sabia se devia retribuir.
Ele se afastou dela e segurou em seus ombros a encarando.
– Não se lembra de mim? – Ela negou com a cabeça. – Estudo com você garota do armário.
– Garota do armário? – Ela perguntou confusa e uma lágrima desceu pelo rosto do garoto.
– No primeiro dia que eu te vi, você.... – Ele limpou a lágrima e riu baixo. – Você estava tão distraída e ansiosa com o curso, que deu de cara com meu armário.
– Eu fiz isso? – Ela riu e ele assentiu. – Bem típico. – Os dois riram.
– Hyeri-ah, me desculpe por te deixar sozinha na faculdade, se eu tivesse me dedicado mais e faltado menos, eu poderia ter te protegido e.... – Ele parou de falar assim que Hyeri fez uma careta e se abaixou segurando o joelho. – Hyeri-ah, você está bem?
– Estou, só.... – Ela se afastou dele e se sentou no sofá.
Os garotos se aproximaram e a olharam, ela os olhou de volta.
– Me desculpe. – Disse se levantando. – Acho que preciso descansar um pouco. – Caminhou até seu quarto deixando todos na sala preocupados.
Deitou-se na cama, e logo adormeceu, estava com uma dor de cabeça terrível e extremamente cansada, ultimamente ela estava se cansando fácil, então a melhor coisa que fazia era dormir quando se sentia mal.
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