História The Servant-maid (Part 1) - KTH - Capítulo 31 - Incompetente

O dia amanheceu quente, já era fevereiro e o inverno já havia chegado ao fim, os garotos fizeram shows, vídeos e milhares de coisas. Um mês inteiro se passou e Hyeri ainda estava em coma.

Taehyung vivia com a culpa, ele se esforçava todos os dias para dar o seu melhor, diante de seus amigos e fãs, dava o melhor de si no palco, mas ainda não achava o suficiente. Na frente de todos se mostrava feliz, mas quando estava só ou em casa, não conseguia conter sua tristeza.

Todos eles se esforçavam muito, todos amavam a garota, ela era parte da família, todos ainda sofriam. Todos os dias... todo santo dia eles iam juntos para o hospital, visitar a garota que estava em coma já fazia um mês.

Os médicos já disseram que não havia possibilidades de a mesma acordar, se isso acontecesse seria um milagre e todos rezavam para isso. Sua mãe e seu irmão passavam o tempo todo ao lado dela.

Um dos médicos responsável, queria que a mãe de Hyeri assinasse os papeis, para que desligassem os equipamentos que a mantinham respirando.... Pediam quase todos os dias para que ela o fizesse, para que sua filha fosse doadora de órgãos, mas a mais velha se recusava todas as vezes.

Ela dizia que sua filha iria a acordar e que todos os médicos eram incompetentes e não sabiam de nada, que ela era a mãe e sabia que sua filha lutaria até o fim, para se manter viva e seguir seus sonhos.

Os garotos estavam saindo da empresa e indo em direção ao hospital, como de costume. Estavam todos dentro da van, enquanto o mais velho deles dirigia em direção ao hospital.

Jungkook ainda era apaixonado por Hyeri, por mais que Taehyung se culpe pelo que aconteceu, ele dizia que não era verdade, porém, sim, ele achava que um pouco disse era culpa do seu hyung, ele não o odiava, mas se sentia triste com isso.

O garoto não sabia mais o que fazer, ele não aguentava mais essa pressão, esse pesadelo... que não conseguia acordar. Tudo o que ele mais queria era que Hyeri acordasse, queria abraça-la, e se pudesse, beija-la uma última vez, ele não conseguiu se despedir e isso era o que mais lhe atormentava, não conseguir dizer que a ama.

Jimin não estava diferente, ele também era apaixonado pela garota, mas se sentia aliviado em saber que ela não estava sofrendo ou que não teria que sofrer mais. Ele sabia da vida difícil que a garota tinha, ele não queria que aquilo tivesse acontecido com ela, mas ele sabia que independente do lugar que ela fosse, ela iria sorrir como sempre fazia.

Mostrando seu belo sorriso, cheio de magia, contagiando todos ao seu redor e que mesmo se ela não acordasse, ela estaria os vendo de cima, estaria torcendo e apoiando, a ele e a todos, como sempre fez.

Ele também a amava, mas não era um amor tão grande como o de Taehyung e Jungkook, era um amor fraternal, sim, ele gostava dela e queria poder ter um relacionamento, mas jamais a julgaria por escolher outro cara, pelo contrário ele se contentava em apenas tê-la por perto, como uma irmã caçula, sua yeodongsaeng.

A van parou no estacionamento do hospital, todos desceram em silêncio, como sempre. Quando vinham visitar a garota... o caminho todo era silencioso, assim como quando chegavam, falavam apenas com a garota, na esperança de que ela ouvisse e acordasse, além de conversar com a mãe e o irmão dela.

Eles se aproximaram muito dos parentes de Hyeri, a mãe dela sempre os espera na porta do hospital, já que sempre apareciam no mesmo horário, eles se tornaram uma família única, apoiavam cem por cento as escolhas da mais velha.

Assim que chegaram na porta do hospital, não havia nenhum sinal da sra. Kang, o que era muito estranho, já que ela sempre os esperava naquele mesmo horário.

– Cadê a sra. Kang? – Perguntou Jin olhando ao redor.

– Será que ela se esqueceu? – Disse Namjoon.

– Pouco provável. – Respondeu Yoongi.

Eles passaram pela porta, vestindo bonés e mascaras para não serem reconhecidos, já haviam se habituado a fazer isso todos os dias e não se importavam nenhum um pouco.

Ao se aproximarem do corredor em que ficava o quarto de Hyeri, ouviram uma gritaria, era a voz da mãe da garota, estava exaltada e gritava horrores, eles se entreolharam preocupados.

– Não toquem na minha filha!

A voz dela surgiu pelos corredores e eles rapidamente correram para o quarto, assim que adentraram o quarto viram dois enfermeiros e Jee segurando a sra. Kang, enquanto mais quatro enfermeiros e mais o médico responsável estavam tentando reanimar a garota que estava sofrendo uma parada cardíaca.

Eles se entreolharam com lágrimas nos olhos e aquele barulho... aquele bipe sequencial que a máquina fazia, mostrando que não haviam batimentos cardíacos, fez com que não contivessem seu choro e desespero.

Sra. Kang que se debatia, chorando desesperadamente, notou a presença dos garotos, se livrou dos braços de todos e correu desesperada abraçando Taehyung, estava aos prantos e suas pernas estavam fracas.

– Taehyung-ssi... minha filha.... – Chorava sentido.

Ela desceu lentamente, se ajoelhando no chão e Taehyung fez o mesmo, segurando a mais velha nos braços, em um abraço de apoio e conforto. Chorava silenciosamente e acariciava as costas da senhora. Todos se abaixaram e deram um abraço em grupo, tentando acalmar a mais velha, por mais que estivesse na mesma beira do abismo.

De repente, o barulho do bipe normal voltou, as frequências começaram a se estabilizar e o coração batia novamente, a mais velha suspirou e se levantou com a ajuda dos meninos, se aproximou e sentou na poltrona segurando a mão da sua filha novamente.

– Sra. Kang. – Disse o médico do outro lado da maca encarando-a. – Por favor, peço uma última vez que assine a DNR (do not resuscitate = não ressuscitar --> permitir morte natural).

Os garotos olhavam para o médico e para a senhora incrédulos. Ela levantou seu olhar para o médico, podia-se ver a tristeza, a raiva e o ódio se misturarem aquele momento, aquele olhar que fez com que o médico se arrependesse de abrir a boca.

– Não! – Disse ríspida.

– Senhora....

– SEU INCOPETENTE! – Gritou ela se levantando.

– Omma, calma. – Disse Jee se aproximando da mãe segurando o seu braço.

– Não me peça calma. – Ela suspirou tentando não gritar. – Você deveria fazer seu trabalho, deveria arrumar alguma maneira para fazer com que a minha filha acorde.... – Ela voltou a chorar. – Ela tem apenas 21 anos.... – Soluçou. – E você quer tirar a vida dela, pegar os seus órgãos e dar a outra pessoa?

Os meninos abaixaram suas cabeças, eles concordavam com ela, mas também sabiam que o médico não estava errado, se haveria uma possibilidade de salvar outra pessoa antes de morrer, eles sabiam que Hyeri optaria por esse caminho sem pensar duas vezes.

– Eu sinto muito sra. Kang. – Disse o médico em suspiro. – Mas a sua filha é compatível com uma garotinha de 14 anos, ela tem um problema cardíaco e precisa de um coração.

– Você acha que eu vou permitir que peguem o coração da minha filha? – Perguntou incrédula.

Os garotos levantaram seus olhares, não sabiam como reagir com aquilo.... “Logo o coração dela? ” Pensaram.

– Senhora....

– Saia. – Disse ela apontando para a porta e o médico piscou algumas vezes. – SAIA SEU INCOPETENTE! – Gritou.

O médico fez uma reverencia e se retirou rapidamente, sabia o quanto era difícil para uma família ter uma perda tão grande... e saber que não tem volta era ainda pior, ele não se importava em ser xingado ou algo do tipo, por mais que fosse um médico novo, ele entendia o luto da família, mas infelizmente ele precisava tentar ajudar outra família.

Namjoon se aproximou da mais velha e se sentou ao lado dela, passou as mãos em sua costa e ela o olhou com seus olhos vermelhos.

– Eles querem tirar minha filha de mim Namjoon-ssi. – Disse ela segurando o choro.

– Eu sei.... – Ele suspirou. – Mas não acha melhor pensar um pouco? – Ela olhou nos olhos do garoto e ficou em silêncio.

– A senhora não acha que Hyeri iria querer salvar aquela garotinha de 14 anos? – Perguntou Yoongi.

Jungkook andou para trás, estava chocado, seus amigos estavam mesmo apoiando aquela ideia maluca de doar o coração de Hyeri? Ele deu alguns passos para trás deixando as lágrimas rolarem, até que encostou na porta, todos o olharam pelo barulho que fez ao abrir a porta... e sem esperar saiu e fechou a porta em uma batida forte.

O garoto estava incrédulo.

– Como eles podem apoiar uma ideia tão louca? – Disse para si mesmo.

Ele se sentou em uma das cadeiras em frente ao quarto e jogou sua cabeça para trás, fechando seus olhos e tentando respirar, tentando parar de chorar, tentando enxergar qual era o problema de seus hyungs.

Enquanto isso a sra. Kang olhava séria para Yoongi.

– O que a senhora acha? – Perguntou ele novamente.

– Eu sei que minha filha gostaria disso.... – Ela admitiu. – Mas eu não posso desistir da minha filha.

– A senhora não está desistindo. – Disse Jin.

– Só está dando uma razão para que ela se vá em paz. – Terminou Hoseok.

Taehyung se sentou no chão, de qualquer jeito, estava sentindo seu coração se apertar, estava se sentindo ainda mais culpado.

– Ela realmente se vai? – Perguntou para si mesmo.

Ele se levantou quando sentiu o estomago embrulhar e correu para o banheiro do quarto, botando todo o seu almoço para fora. Jimin apareceu na porta do banheiro preocupado.

– V, você está bem? – Perguntou passando a mão nas costas do mais novo.

– Eu.... – Ele não conseguia falar. – A culpa é minha. – Ele limpou sua boca e se sentou no chão abraçando seus joelhos. – Ela morreu por minha causa.

– Taehyung! – Repreendeu Jimin. – Nada disso foi culpa sua.

– Foi! – Apertou seus cabelos com força. – Se eu não tivesse gritado e brigado... aquele dia.… ela não teria saído e....

– Não! – Disse Jimin puxando a mão de Taehyung, fazendo com que ele o olhasse. – A culpa é daquele psicopata, ele a perseguiu, ele a stalkeou e quando viu que não ia conseguir o que queria, tentou a matar. – Disse sério.

Taehyung novamente desabou em lágrimas e então Jimin o abraçou, se sentou no banheiro e serviu de apoio para o mais novo que estava devastado.

Ficaram alguns minutos assim, até que as lágrimas do mais novo cessaram, então eles se levantaram, limparam a sujeira, lavaram seus rostos e voltaram para o quarto.

– Está tudo bem, querido? – Perguntou a mais velha.

– Está.... – Respondeu Taehyung calmamente.

– Taehyung.... – Começou a mãe de Hyeri. Ela se aproximou dele e segurou suas duas mãos o encarando. – Acha que devo assinar a DNR?

– Por que está perguntando para mim? – Disse ele arregalando os olhos.

– Porque você a ama, todos vocês a amam..., mas o seu amor Taehyung.... – Ela sorriu minimamente entre as lágrimas. – O seu amor é diferente. – Taehyung assentiu com a cabeça. – O que acha que devo fazer?

– Eu não quero que ela se vá.... – Começou novamente a chorar e a mais velha o abraçou. – Eu não posso perde-la.

– Eu também querido. – Disse ela o apertando entre seus braços.

– Por favor... não assine. – Ele disse separando o abraço e a olhando nos olhos.

– Está bem. – Ela disse por fim.

Todos assentiram com a cabeça, por mais que tivessem apoiado a ideia de doar o coração de Hyeri, eles sabiam que era uma decisão difícil, eles não queriam toma-la de forma alguma, mas pensaram em uma possibilidade, já que a mesma não acorda, já faz muito tempo.

Jungkook adentrou a sala e todos o olharam, ele foi em direção ao Taehyung que estava junto da sra. Kang, então ele a olhou nos olhos e implorou com toda a força que tinha.

– Sra. Kang, não faça isso, por favor, eu ainda....

– Não vou assinar nada querido. – Ela sorriu minimamente para ele.

– Não vai? – Ele arregalou os olhos.

– Eu confio na minha filha, sei que ela luta, ela vai sair dessa.... – Ela suspirou. – Não importe o quando demore, eu sei que....

Uma tosse a interrompeu, todos olharam em direção a maca vendo Hyeri se engasgando com o tubo em sua garganta, deixando todos desesperados. Todos se juntaram na frente da cama da garota, seu irmão e sua mãe estavam ao lado direito dela.

– Jee-ah, chame o médico, agora! – Disse sua mãe desesperada e então o garoto correu.