História The Sins - Capítulo XIII - Vazio

Alexia estava entre Nicolas e Ellen no banco dos passageiros no carro de Jack. Liza estava no banco do carona e ele dirigia tranquilamente. Depois do pedido de beijo de Alexia, Jack havia recobrado toda a confiança e tinha se levantado sem dizer uma palavra sequer, deixando-a com  uma expressão confusa. Nicolas havia voltado e os dois conversaram sobre banalidades, Jack não tinha mais olhado na direção dos dois até a hora de ir embora. Jack parou  com o carro em frente à casa de Nick.

- Valeu, cara. – Nicolas bateu no ombro dele e Jack deu um sorriso sem vontade. – Tchau, galera. – Ele se despediu. – Qualquer coisa liga para mim. – Nick piscou para Alexia que sorriu.

- Tchau, Nick. – Alexia o beijou na bochecha e ele se foi. Ela olhou para o retrovisor e notou o olhar irritado de Jack em sua direção.

Quando chegou em casa, Alexia foi tomar um banho e depois desceu para o almoço. Jack já não estava mais em casa, tinha ido para a delegacia. Então, tinha almoçado com Liza e Ellen. Liza sempre fazia qualquer coisa ser mais divertida e animada. Ellen continuava implicando, Alexia simplesmente a ignorava.

Logo depois, fez o restante de suas tarefas do colégio e passou o dia pensando na atitude estranha de Jack quando ela tinha pedido um beijo como punição. Ele não havia falado absolutamente nada e aquilo estava matando-a por dentro. Já eram quase seis da noite quando recebeu uma ligação de Nick.

- Sabe, eu não deveria estar perguntando isso, mas parece que eu tenho uma vocação para arranjar problemas. – Nicolas falou. – Ainda quer irritar Jack? – Alexia sentiu o sorriso travesso de Nicolas do outro lado da linha.

- Tem certeza disso? Não vai ficar de medinho? – Alexia ironizou.

- Coloque uma roupa e tente sair sem ninguém notá-la. – Nicolas ignorou-a. – Estarei te esperando no portão. – Desligou o telefone e Alexia correu feito uma desesperada para se arrumar.

Colocou uma calça jeans rasgada nos joelhos, uma regata branca e uma jaqueta de couro preta. Passou um batom  rosa nos lábios, deixou os cabelos soltos e pegou os Vans pretos. Abriu a porta com cuidado, desceu as escadas e foi até a cozinha, prestando atenção nos barulhos da casa. Saiu pela porta dos fundos, calçou os Vans, escalou o muro que ficava perto da hortinha de Liza e pulou para fora. Foi para a frente do portão e viu Nick sair de dentro dos arbustos, tinha um sorriso no rosto.

- Você está tão ferrada. – Nicolas colocou um braço ao redor de seus ombros.

- Eu tranquei a porta do quarto, Jack vai ter que arrombar a porta para saber que eu não estou lá dentro. – Ela riu. – E se ele descobrir que eu não estou lá, pelo menos me diverti um pouco antes de morrer. – Os dois riram. – E então, onde vamos? – Os dois caminharam até uma certa distância onde a moto de Nick estava estacionada.

- A galera queria ir ao cinema, mas Luke está resfriado. Iremos até lá levar umas pizzas e cerveja para animá-lo um pouco. – Nick subiu na moto e colocou o capacete. Alexia fez o mesmo e o abraçou pela cintura.

- Vocês são uns fofos. – Alexia brincou.

- Cale a boca. – Ele sorriu envergonhado. Deu partida na moto e seguiram para a casa de Luke.

Alexia se divertiu jogando videogame com os meninos. Haviam jogado “Street Fighter IV”, “Call of Duty” e “Halo”. Comeram 5 pizzas e conversaram sobre as pessoas do colégio. Alexia se sentia pela primeira vez na vida enturmada com alguma galera. Só tinha uma amiga no internato, Loren e sentia a falta dela. Mas, infelizmente visitá-la era quase impossível. Oúnico que não apareceu foi Ed, provavelmente porque sabia que Alexia estaria lá. Ela ainda tentava entender qual era o problema que Ed tinha com ela. Eram onze da noite quando sairam da casa de Luke, se despediram e Nick a levou para casa.

- Acho que já estão todos dormindo. – Nick franziu as sobrancelhas, notou as luzes desligadas.

- Vai ser mais fácil entrar. Significa que Jack nem suspeitou de nada. – Ela sorriu. – Tchau, Nick. Boa noite. – Beijou-o na bochecha e ele foi embora acenando. Alexia escalou o mesmo muro que havia escalado mais cedo. Andou devagar até a porta da cozinha e achou estranho estar destrancada. Entrou na cozinha e fechou a porta sem fazer barulho, as luzes estavam desligadas.  

- Você conseguiu me irritar. – Foi só o que Alexia conseguiu ouvir depois de ser agarrada pela cintura por um braço musculoso.

- Jack! – O coração dela parecia sair pela boca pelo susto que ela havia levado. – Você me assustou! – Alexia notou que estava esmagada contra o corpo dele.  – Me solte! – Tentou empurrá-lo, o que fez ele a apertar mais. O nariz dela quase tocava o dele e naquele escuro ela não conseguia enxergar nada, apenas ouvir o som de sua respiração ritmada com a dele.

- Se divertiu? – Perguntou entre os dentes. – Parece que você adora se divertir às minhas custas. – Sua voz soava enraivada.

- Me deixe em paz! – Grunhiu.

Com a mão livre, Jack agarrou o pescoço de Alexia e beijou-o delicadamente. Roçou a barba na pele macia dela e Alexia fechou os olhos se deliciando com o que ele fazia. Depois, ele deslizou a ponta da língua por todo o pescoço e ela gemeu baixinho. Jack beijou sua boca e fez com que ela a abrisse, fazendo com que as línguas se encontrassem. Alexia sentiu todo o seu corpo arder quando as mãos de Jack desceram para seu bumbum, ela agarrou os cabelos dele. A cada beijo, ela implorava por mais. Seus beijos estavam em um ritmo frenético, quando Jack a afastou bruscamente e riu. Naquela escuridão não o enxergava direito, mas aquela risada sôou estranha para ela. Alexia ficou parada à sua frente, tentando raciocinar, e entendeu o que havia acontecido: Jack estava apenas se divertindo.

- Você só fez isso por fazer, não foi? – Seus olhos encheram de lágrimas. Falou com a voz embargada, sentia-se usada.

- Assim como você se diverte comigo, posso muito bem me divertir com você. – Jack falou com amargura.

- Não significou nada para você? – As lágrimas rolaram. “Ainda bem que está escuro”, ela pensou, não queria que ele a visse chorar.

- Você é uma criança, Alexia. E essa escapada de hoje a noite só provou isso. – Ele disse por fim. Ela ficou calada por um tempo.

- Boa noite, Jack. – Disse com a voz chorosa. Não ouviu a resposta de Jack.

Ela esbarrou nele ao sair da cozinha, tentou se guiar na escuridão. Sentiu que seu coração havia explodido e só havia um vazio no lugar dele.