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História The White Stone - A Proposta do Rei


Escrita por: ArikaKohaku

Notas do Autor


Sem revisão
Boa leitura

Capítulo 13 - A Proposta do Rei


Fanfic / Fanfiction The White Stone - A Proposta do Rei

O fim do verão chegou depressa. O sol estava a pôr-se sobre os campos dourados queimados pelo sol. O vento anunciava o Outono por chegar.

 

Gimli tinha acabado por passar esses dias com os amigos e decidira que partiria para o norte quando eles partissem também, fazendo assim parte da viagem com os companheiros, separando-se quando tivesse que ser. Mas naqueles últimos dias, Legolas estava sozinho. Aragorn e o anão tinham ido até ao principado de Ithilien falar com Faramir para lhe pedir que, tal como sempre fizeram os seus antepassados, ficasse a supervisionar Gondor. Faria duas semanas que lá estavam. Com certeza não tardariam a regressar.

 

Legolas ficara para trás não só para ajudar a administrar a cidade, mas também para preparar a viagem para Annúminas. E também porque algumas das suas serventes lhe disseram que ele devia ter cuidado com viagens. Tudo bem que ele era um elfo, não sofria enfermidades comuns, porém gravidez era um estado de graça delicado. Ele ainda podia sofrer com as acções exteriores sobre o seu corpo.

 

O elfo estava a aproveitar a calmaria do inicio de noite, sentado sobre a beirada branca do pátio do rei. Lá em baixo a cidade ia acalmado com o final do dia. As pessoas arrumavam as suas tendas e os seus ofícios. Pelas chaminés fumo e aromas subiam. Jantares eram preparados. As janelas das casas enchiam-se com o tom alaranjados das chamas dos candeeiros e das velas. Um vento fresco e brando subia.

 

No pátio um grupo de soldados veio acender algumas tochas. Legolas agradeceu-lhes, mas não moveu mais que a sua cabeça. Os seus cabelos estavam entrançados, como sempre de forma a que os cabelos não lhe caíssem para a cara. Ele trajava uma tunica de prata leve e tinha colocado sobre si um longo manto azul e que o tapava por completo.

 

Para fora das suas vestes retirou a flauta que mago Screw lhe tinha presenteado. Levou o instrumentos aos lábios e começou a tocar. A música elevou-se pelo ar. De olhos fechados ele tinha sempre aquela mesma sensação – a sensação de que via espirais a emergir do chão. Era uma imagem que lhe transmitia calma. Quando reabriu os olhos reparou que Eldarion estava ao seu lado, com os cotovelos sobre a beirada e a face relaxada sobre os braços. Aragorn talvez não tivesse reparado, mas o que Eldarion tinha mais de elfo era aquele afecto pela música, aquela sensibilidade para a entender.

 

Ainda tocou mais um pouco, sentindo o vento bater-lhe na pele em caricias suaves. Depois parou e olhou para os campos, agora escuros, de Pelennor. Pela estrada conseguiu ver ao longe cavaleiros nas suas montadas com símbolo do reino ao peito. Dava para ver bem, pois traziam tochas e lampadas de óleo para lhes iluminar o caminho. Ziguezagueavam pela estrada, como se fossem uma grande serpente. Sorriu. Essa noite o rei estava de volta a casa.

 

- Oh! - Surpreendeu-se Legolas, sobressaltando também o pequeno príncipe ao seu lado. Levou a mão que não segurava na flauta ao seu ventre. Nas últimas semanas, muito mais nessa última, a barriga do elfo tinha começado a notar-se. Ainda era pequena, mas redonda. Legolas não sabia muito bem o que sentir. Sentia-se abençoado. De alguma maneira sentia-se feliz e especial. O seu corpo estava a fazer um ser. Era por causa daquela barriga que ele agora usava mais túnicas e mantas, pois sentia-se mais aconchegado e confortável.

 

- O que se passa tio Legolas? - Perguntou Eldarion preocupado.

 

- Anda aqui. - Chamou Legolas sorrindo. Eldarion aproximou-se curioso. Legolas afastou o manto e trouxe as mãos de Eldarion até um local especifico na sua barriga. - Consegues sentir?

 

- Eu sinto. Eu consigo sentir. - Gritou entusiasmado. - É o mano?

 

- Sim. - Respondeu Legolas repleto de emoção. Era a primeira vez que sentia fisicamente o bebé. Fisicamente, pois sentia a sua presença desde o inicio.

 

- Fantástico! - Legolas concordou com a criança. A vida era realmente surpreendente. - Oh, parou de se mexer.

 

- Não fiques tão desiludido. - Consolou-o Legolas. - Terás mais oportunidades para sentir o bebé. E quando ele estiver cá fora vais poder brincar com ele.

 

Guardou a flauta nas vestes e pegou no pequeno príncipe ao colo e apontou para os campos.

 

- Consegues ver lá ao longe um grupo de cavaleiros do rei? - Questionou.

 

- Não.

 

- Tudo bem. Eu consigo, por isso, acredita em mim. Esta noite o teu pai já estará connosco para jantar.

 

- Boa. - Entusiasmou-se Eldarion. - Tio Legolas, como conheceu o meu pai?

 

- Nunca te contei? - A cabeça de cabelos escuros e desregrados negou. - Bem, sabes eu nasci numa altura complicada da Terra Média. O pai nunca me deixou sair muito tempo do reino. Digamos que ele era muito protector, mas ao mesmo tempo obrigava-me a treinar durante horas a fio para eu ser o melhor do melhores. Quando saímos de Woodland, normalmente era para irmos até Lothlórien para tratarmos de algum negocio. Eu acabei a conhecer a tua mãe, que morava na altura com a Galadriel e Celeborn, que são teus bisavós, muitos anos mais cedo do que conheci o teu pai.

 

- E como é que ela era?

 

- Muito bonita. A mais bonita de todas as elfas. - E assim Legolas começou o seu revisitar de todas as memórias que tinha da sua infância. Das suas poucas viagens para fora de Woodland. Dos combates que tinha contra os orcs e as aranhas que na altura infestavam Mirkwood. Da grande batalha em Erebor. Do seu caminhar solitário para descobrir o mundo e encontrar um jovem Dúnedain, que tinha em seus poucos anos de vida uma tão grande sabedoria elfica para um mero humano. Legolas lembrava-se de ter ficado surpreendido, pois dentro do seu pouco conhecimento do mundo humanos eram diferentes, quase tão estúpidos quanto anões. Mas obviamente estivera enganado. Passou muitos anos com Aragorn à aprender sobre o mundo com ele, a conhecer com ele, a fugir e a enfrentar perigos com ele.

 

A cavalaria chegou quando o jantar estava a ser servido, Gimli não se mostrou minimamente rogado quando se afiambrou de um frango inteiro. No entanto, não foi um estorvo pois por previsão de Legolas esse frango tinha sido mesmo preparado de propósito para o anão. Na companhia de Aragorn vinha também Faramir, que ficaria na cidade por uns tempos, mesmo depois da partida do rei, apenas para garantir que tudo estava a funcionar tranquilamente, depois obviamente regressaria para o lado da esposa.

 

O rei logo mandou os serventes preparar banhos para todos, enquanto reabasteciam energias comendo e contavam a Legolas tudo o que se tinha acontecido nesses dias passados. Depois de mais um ataque de orcs nas margens das fronteiras de Ithilien, tinham resolvido que a melhor defesa seria um ataque, então tinha feito uma expedição às Terras Desertas. Se em Minas Tirith o calor era por vezes insuportável, naquelas terras infelizmente amaldiçoadas, era como uma tortura lenta e sem dor.

 

- Matamos centenas desses ratos. - Vangloriar-se Gimli, arrancando uma das asas ao frango. - Foi uma limpeza. Ah, elfo, devias tê-los vistos a fugirem cheios de medo ao nos verem chegar!

 

- Por segurança, mandarei um reforço de soldados para Ithilien amanhã de manhã. - Decidiu Aragorn. - Embora, eu ache que durante uns tempos não seremos importunados por orcs. Devem ter ficado com medo depois desta expedição. E como estão as coisas por aqui?

 

- Tudo preparado e organizado para partirmos. - Confirmou Legolas.

 

- Óptimo. E com o nosso bom amigo Faramir aqui, podemos então garantir uma viagem mais descansada para o norte. Afinal ainda vai ser uma viagem longa e eu ainda apartado por largos meses. - Era bom ter homens de confiança. O rei deliciou-se quando lhe foi servido um vinho vermelho e seco.

 

- Deem-me então mais uns dias para preparar a minha malta. - Pediu o anão. - Quero verificar se as medidas do portão foram bem tiradas e se o desenho é o mais decente para esta cidade. Aragorn se puderes vens comigo amanhã ao acampamento e dás-me a tua opinião.

 

- Assim farei, Gimli. Houve alguma resposta em relação à nossa carta ao Mestre Cíndar, Legolas?

 

- Não. Mas ou muito me engano ou só receberemos uma resposta quando chegarmos a Annúminas.

 

O sarau decorreu tranquilamente. Depois de comer, fumou-se e bebeu-se. Discutiu-se sobre as terras, sobre administração e negócios e até sobre novas tacticas de guerra. Faramir estava a testar uma nova forma de treino com os seus soldados. Afinal todos eles eram guerreiros. Quando os pratos começaram a ser levados pelos servos, os senhores também se despediram e foram para os seus respectivos aposentos. Legolas não foi diferente.

 

Quando entrou no seu quarto, no entanto, dentro si alguma coisa se sentiu desiludida. Era o seu coração. Ultimamente o seu coração estava difícil de ser entendido. Nos últimos meses tinha-se aproximando de Aragorn, como nunca imaginara que se podia aproximar de outro ser, como nunca soubera que era possível ser-se ligado a alguém. Dava por si a pensar em Aragorn nas pequenas coisas que fazia diariamente.

 

Bateram à porta do quarto, cortando os pensamentos de Legolas e Loretha entrou.

 

- Mestre Legolas, precisa de mais alguma coisa de mim? - Questionou a velha servente.

 

- Não, Loretha, muito obrigado pelo seu serviço. - Agradeceu Legolas, deixando assim que a senhora desse por terminado aquele dia. Porém, antes desta sair, ainda chamou por ela uma última vez. Não tinha coragem de perguntar o que queria perguntar a algum dos outros. - Loretha…

 

- Sim, mestre Legolas?

 

- Se acordamos a pensar em alguém, se nos deitamos a pensar na mesma pessoa, se a sua ausência nos magoa, se a sua presença nos alegra, se fazemos coisas para essa pessoa sem esperar grande coisa em troca, só para o seu bem-estar, se desejamos a pessoa… que nome é que damos ao sentimento que sentimos por esse alguém?

 

- Isso parece-me amor, Mestre Legolas. - Respondeu Loretha com um sorriso compreensivo no rosto.

 

- Amor? - Fez uma curta pausa respirando. - Certo. Obrigado Loretha. Bom descanso e até amanhã.

 

- Até amanhã, Mestre Legolas. - E finalmente saiu.

 

De certa forma, pensou Legolas, ele sempre soubera que era isso. O seu sentimento de amizade e lealdade por Aragorn tinha evoluído para desejo. E o desejo tinha-se tornado paixão, fazendo tudo aprofundar-se no seu corpo e na sua alma. E agora era amor. Era desse amor que vinha a sua desilução, pela simples razão de que, depois daqueles dias afastados, Aragorn não o tinha tocado, não lhe tinha feito nenhuma pergunta sobre si. Tinha simplesmente chegado, tinha comido, conversado, mas nada intimista, nada sobre eles. E Legolas andara quase desesperado por um toque de Aragorn nesses últimos dias. Era tudo tão estranho e irracional que lhe metia medo. Doía-lhe.

 

Ele já tinha gostado antes. Até tinha sentido ciúmes, mas nunca tinha desejado ou amado daquela maneira.

 

Enquanto os seus pensamentos devaneavam, ele levantou-se da cama onde se tinha sentado, retirou a sua roupa e trocou pela camisa de dormir e o roupão. O sono ainda não tinha chegado, por isso, resolveu ir até à cozinha procurar algo quente para beber, um chá talvez. A casa do rei tinha caído em silêncio e em parte os seus recantos eram só escuridão. Não chateava Legolas uma vez que ele via no escuro. Mas assim que abriu a porta do quarto para sair, deu com Aragorn do lado de fora com a mão preparada para bater.

 

- Legolas! - Exclamou o rei surpreendido. - Ouviste-me!

 

Por acaso não o tinha ouvido, tinha estado tão envolto nos seus próprios pensamentos que não dera pelos passos de ninguém.

 

- Ia à cozinha. - Replicou Legolas.

 

- Então faço-te companhia. - Decidiu afastando-se para dar passagem ao elfo. Aragorn trazia com ele um suporte com uma vela para lhe dar luz. Seguiram juntos através do salão para entrarem na cozinha. Legolas fez fogo na chaminé e colocou uma chaleira sobre ele. - O que vais fazer?

 

- Chá. - Respondeu puxando pelo infusor para o encher de alguma erva da qual faria chá. - Queres?

 

O humano aceitou, sentou-se e ficou a observar o elfo enquanto este se mexia. Legolas arranjou duas chávenas, arranjo um molho de lúcia-lima que colocou dentro do infusor, esperou pacientemente que água ferve-se, colocou o infusor na água e trouxe a chaleira para mesa. Resolveu cortar duas fatias de pão para mastigar alguma coisa e sentou-se ao lado de Aragorn. O rei cheirava a banho e os cabelos e pelos da barba estavam penteados e arranjados. Tal como o elfo, já se tinha desfeitos das suas roupas e vestia a roupa de dormir.

 

- Tenho alguma coisa no meu rosto para ainda não teres parado de me olhar? - Perguntou Legolas ao notar nos olhos de Aragorn sobre a sua figura.

 

- No rosto não. Mas certamente estás diferente. - Comentou Aragorn puxando de repente Legolas para o seu colo. Ele pousou as suas mãos sobre o ventre do outro. Reparara que enquanto Legolas se mexia e as roupas se aproximavam do seu corpo era visível um protuberância redonda no corpo do elfo. Sorriu, afagou a barriga de Legolas com carinho. - Tenho algo para ti.

 

Retirou do bolso da camisa que trazia vestida algo que brilhava intensamente, mesmo com a pouco luz que a cozinha tinha. Abriu a mão e mostrou ao elfo. Um colar feito claramente em mithril. Mas não era um colar qualquer. Era um colar com a pedra branca que a Ésor lhe tinha dado. A pedra tinha sido polida e parecia agora uma gema branca. Uma gema branca envolvida em mithril que tinha sido moldado em forma de árvore, tal como a árvore branca dos estandartes de Gondor. Legolas estava completamente sem palavras.

 

- Então eu não perdi a pedra! Eras tu que as tinha, seu ladrão. - Apesar de acusar Aragorn de um crime punível, os seus lábios abriram-se num sorriso puro. Alegre.

 

- Foi por um bom motivo. - Defendeu-se Aragorn. - Foi por causa disto que demorei um pouco mais em Ithilien. Este é Galad o Telcontar.

 

- A Luz de Telcontar. - Traduziu Legolas. O rei pousou-lhe o colar sobre as mãos. Era realmente leve. Seria também forte. E seriamente abençoado.

 

- Sim, a luz de Telcontar. Eu tenho uma proposta para ti Legolas. Junta-te à minha casa.

 

Legolas encarou o rei incrédulo.

 

- Estás a pedir-me que case contigo?

 

- Acho que é isso. - Confirmou Aragorn. O elfo olhou para Galad o Telcontar entre os seus dedos. Não era nenhuma obra prima. Era bastante simples e parecia que se iria quebrar. Se calhar se fosse feito de qualquer outro material, talvez, isso acontecesse, mas não iria acontecer com aquele colar. Ele seria inquebrável.

 

- O que somos nós Aragorn?

 

- Claramente mais que amigos. Somos amantes. - Respondeu Aragorn.

 

- Amantes? Tu amas-me? - Quis saber o elfo.

 

- Eu gosto de ti, Legolas. Amor? Eu sinceramente não sei se te poderei amar por inteiro. Ou se algum dia te amarei como já amei. O meu coração foi cortado e ferido, eu sinto que vai sempre faltar alguma coisa. - Aragorn estava a ser sincero e Legolas não o podia odiar por estar a ser honesto, mas isso não queria dizer que não lhe doesse menos ouvir aquelas palavras. Aragorn não o amava, talvez nunca o viesse a amar. - E tu, amas-me?

 

- Não. - Estava a mentir. Mentia pois sabia que os seus sentimentos podiam magoar Aragorn.

 

- Compreendes que estou a tentar fazer o correto. Quero que saibas que todos os restantes dias da minha vida serão teus.

 

- Compreendo. Mas e se eu tiver a hipótese de aprender o que é o amor e amar alguém? - Era uma pergunta sem nexo. Era uma pergunta à qual ele já tinha resposta. Ele amava Aragorn. Ele sabia o que era o amor.

 

- Ouve. Não tens que me responder já. Podes pensar. E seja qual for a tua resposta, pelo menos aceita o Galad o Telcontar. - Desta vez Legolas não teve forças para lhe responder. Tinha sido lançado novamente para o caos que eram as relações humanas.

 

Aragorn pegou no colar e pendurou-o ao pescoço de Legolas. O rei sorriu, alheio a toda a tormenta confusa que ia no ser de cabelos dourados.


Notas Finais


Não sei o que dizer
Ate ao proximo cap
Assim que puder respondo a comentários
Beijos


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