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História The Zone - Imundície;


Escrita por: alucina

Capítulo 2 - Imundície;


Fanfic / Fanfiction The Zone - Imundície;

II Cap.
Imundície;

E fora ali que o vira pela primeira vez. A cobaia estava imunda de lama e sangue, e não trajava nada além de uma calça suja e rasgada. Estava com pés, mãos e pescoço acorrentados, mas ainda assim se movia.

— Estivemos trabalhando em descobrir algo sobre ele, mas falhamos. — Jinyun* fora a primeira a se pronunciar, com aquela voz carregada de maldade e asquerosa de sempre.

Suho arrepiava-se sempre que ouvia a maldita conversar. Houve um silêncio enquanto todos observavam o comportamento do estranho.

— Talvez seja só um canibal enraivecido. — Suho colou as mãos no vidro a fim de olhar de perto — a gargantilha está o sufocando...

— Ele não tem necessidade de respirar. — alguém dissera com total convicção. Junmyeon fechou os olhos por um momento.

Estava explícito que haviam apertado aquela porra em torno do pescoço da cobaia apenas para testar.

— Toda essa luz incomoda os olhos dele.

O líder de toda aquela loucura escorregou sua cadeira de rodas até próximo de Suho, estalando seus dedinhos tortos e puxando o ar para os pulmões exaustos. Ajeitou os óculos enquanto apertava um classificador.

— A cobaia não possui identificação e atacou cada um dos que tentaram entrar em contato com ele. É animalesco e foi encontrado no extremo sul da floresta que entorna a Província Chijon* enquanto, aparentemente, alimentava-se de um mamífero de grande porte e logo após o dilacerou entre os dedos. Foi necessário treze doses cavalar para deixá-lo inconsciente, porém, não mais fraco. Conseguiu quebrar sete correntes, está sem qualquer alimento há três dias-...

Junmyeon parou de prestar atenção. Queria matar o velho plouco e seus amiguinhos doentes daquela sala. Obviamente, qualquer um ficaria puto em estar praticando suas atividades naturais, e, de repente, ser seqüestrado e obrigado a compactar e sofrer nas mãos de pessoas que só enxergavam o próprio umbigo, mantido em cativeiro, desconfortável e sem alimento.

Massageou suas têmporas, praguejando sua mãe que contribuiu para toda aquela loucura, seus antepassados e toda a porra da humanidade maldita. Olhou mais uma vez para a figura animalesca.

Aquele homem não devia estar ali, e Suho sabia. Depois de tanto tempo sendo marionete, ele apenas tomou um imenso desprezo pela humanidade e através do vidro enxergava uma verdade capaz de acabar com todo aquele circo imundo.

Queria ver o apocalipse decair sobre a sujeira humana e condenar-lhes por toda a podridão propagada.

Queria que pagassem por toda a maldade que já fizeram.

Mas infelizmente aquele império de ambição parecia maior a cada dia, expandia-se e formava aliados enquanto a sociedade era vítima de pragas malucas criadas por erros em transmutações. Eles ofereciam o problema, mas a cura e a solução lhes eram descartável.

— ...Suho, contamos com você para que tenha capacidade de intervir e colaborar com nossos estudos a respeito do rapaz trancafiado ali dentro. — olhou a face repugnante do velho e sentiu ânsia.

— Querem que eu entre ali dentro? — “logo quem menos merece sofrer antes de morrer aqui.”, completou mentalmente.

Porém havia aquela misericórdia gritante dentro de si, qual lhe dizia que seria o único bom para a cobaia naquele lugar. Ainda que Sehun fosse um amotinado, ele seguia regras e era uma marionete perfeita.

Suho não. Não seria bom para quem era ruim a todo tempo.

— Entenda, meu caríssimo...

— Certo. Estou de acordo e contribuirei para os avanços de nossa ciência. — não queria ouvir as palavras do velho insolente.

Os presentes bateram palmas para Suho, que fechou os olhos para não revirá-los.

— Mas vai ser do meu jeito. O quero solto. Água quente e toalhas, gazes e uma muda de roupa confortável. E... e um cobertor — exigiu, enquanto procurava o botão para diminuir a luz o mais confortável possível.

— Você tem coragem e personalidade, rapaz... — o velho sorriu orgulhoso como um pai. — Você vai longe. — ditava feito uma maldita profecia.

Em trinta minutos, Suho estava pronto para entrar na cápsula, mas antes virou-se e olhou Kyungsoo como quem o condenava.

— Farei o que você devia haver feito, doutor — cuspiu com escárnio e entrou na maior furada de sua vida.

A porta fechou-se atrás de si e a cobaia foi solta. Junmyeon foi ao seu alcance ao perceber como estava fraco, sustentando-o em pé pelos braços. Ajudou-o a sentar-se ao chão, suas luvas logo estavam imundas e o homem realmente olhava-o como se fosse matá-lo a qualquer instante.

A adrenalina era animadora e fez Suho lançar-lhe um sorriso bondoso ainda que a mascara branca tampasse-o, raro em sua face rígida. Trouxe o que fora pedido pra perto e um compartimento a sua esquerda abriu-se com um balde de água quente sendo deixado lá dentro.

Com cuidado, tocou a testa do homem, afastando seus cabelos e limpando o sangue e suor de sua testa com um dos paninhos que havia pedido.

Fica calmo. Eu vou cuidar de você. — seu sussurro por pouco não passara de um mover de lábios, mas a audição de Jongin era infalível. — eu trabalho pra eles, e querem saber de você... — já havia trocado de pano, e agora o descia próximo do maxilar bonito. Limpou seu pescoço com o máximo de cuidado por que havia ficado apertado durante muitas horas, enquanto sussurrava uma melodia doce e taciturna. — sente dor?

— M-Mui...ta... dor. — confirmou, a voz grave e sôfrega.

Quer que eu afunde uma agulha em você? Com analgésico. Vai amenizar. — continuou limpando-o com a mesma suavidade. Ele pareceu refletir e Junmyeon tocou seu braço esquerdo com suavidade, antes de afastá-lo do corpo e limpá-lo. — está tão ferido... — a voz era chorosa, carregada de clemência.

O processo era lento, o homem estava muito danificado e também muito sujo, e após uma hora Junmyeon ainda descia o pano por sua cintura. Havia trocado de lado, e notara um hematoma feio na curva de seu pescoço. Quando foi passar o paninho ali em cima mais uma vez, Jongin abriu os olhos, deixando Junmyeon em alerta.

Pressionou a gaze no local, os olhos do moreno reviraram-se e sua boca se partiu numa linha imperceptível. Ainda que chocado Junmyeon sustentou o aperto e franziu a testa.

Estava com medo. Analisou as presas macabras o máximo que pôde, a boca do moreno sangrava constantemente por serem continuamente pressionada pelos caninos pontiagudos.

— Preciso de soro fisiológico, mais panos e mais gazes. — Junmyeon falou alto e alguns instantes depois o mesmo compartimento foi aberto com mais uma remessa. — se incomoda se eu tocar em sua boca? — voltou a sussurrar e a cobaia abriu os olhos e o encarou fixamente, sibilando em tom negativo.

Junmyeon respirou fundo, passando as costas do pulso na testa suada. Sua cabeça pesou por um instante enquanto seu coração bombeava tudo depressa.

Com mais delicadeza ainda, tentou limpar os dentes sujos do maior como se os lustrasse e por pouco não riu do pensamento bobo. Junmyeon precisava lavar a boca da cobaia, olhou para o balde vazio e depois para ele.

Será que você consegue cuspir aqui? — com certa dificuldade, sim.

Jongin deitou-se novamente enquanto o moreno enrolava uma fina camada de gaze e a banhava em soro. Ajeitou entre as presas e o lábio do moreno o máximo que pôde.

 ▪▪|

— A cobaia esta com uma grave laceração no tórax, exaustão e, talvez, próximo de uma overdose. Não sei, não sou perito nisso. — foi a primeira coisa que disse ao sair da cápsula tirando a mascara que cobria e as luvas, jogando tudo numa lixeirinha próxima. — Ele não me disse nada-...

— Você passou quatro horas lá dentro e não sabe de nada? — a geneticista perguntou ironica.

Junmyeon riu baixinho. Havia feito bem mais do que todos eles juntos e recebia aquilo. Caminhou até o controle da cúpula e contornou os dedos por todos os comandos, buscando um em especial.

— A cobaia precisa de silêncio, escuridão e cuidado. — frisou a última palavra. — Joguem algo com bastante sangue ali dentro ainda hoje. — enfim achou o botão que controlava a luz ambiente, e apagou. Tudo ficou um breu lá dentro e ele sentiu Xiumin tocar seu ombro.

— Você ‘tá vivo — sorriu, como se o parabenizasse pelo feito. Junmyeon respirou fundo, sorrindo apenas para ele.

Depois de muito discutir – ou ouvir porque Suho não tinha muita paciência com aquelas pessoas, então apenas mantinha-se calado – eles enfim foram liberados. Amanhecia, mas ninguém ali via a luz solar a muito tempo.

Já Jongin se sentiu aliviado com os analgésicos e o escuro em que estava. Sua visão, ainda assim, era adaptada, e conseguia enxergar as paredes ao seu redor e um espelho a frente.

Estava impossibilitado e sentia dor em cada mínima parte de seu corpo. Não acreditava estar sozinho, pois ouvia um burburinho constante vindo do espelho a sua frente, e a idéia de atravessar aquilo e estraçalhar quem quer que esteja torturando-o daquela forma era animadora.

Após alguns minutos, as luzes cegaram-no e ele rosnou. Do compartimento qual aquele médico tirava as coisas para cuidar-lhe veio um pequeno coelho morto.

Encarou aquilo, sem saber se deveria aproximar-se. Então uma espécie de gancho surgiu dali de dentro, agarrou o animal e o jogou sobre Jongin.

Olhou em volta e, com cuidado, tirou a gaze ensangüentada que tinha em sua boca. Respirou fundo, pegando o animal morto e olhando no fundo de seus olhos.

E aquele olhar mórbido sobre si enchia-o de ódio, drenou todo o sangue qual fora capaz, apertando o animalzinho entre os dedos novamente.

O sangue esguichava por entre suas falanges e sujava tudo o que Suho havia dado-se o trabalho de higienizar. Aquelas miseráveis gotas não foram o suficiente para saciar sua sede. Aliás, nem tinha o sabor desejado.

Enfurecido, ergueu-se e esmagou o coelhinho até se tornar uma massa uniforme, lançando-o contra o espelho. O som dos ossos quebrando-se violentamente soava como música aos seus ouvidos, excitando-o. Os cientistas ao lado de fora sentiram medo quando viram o coelho lentamente escorrer pelo espelho.

Xiumin fazia anotações constantes, Kyungsoo e os outros assistiam atentamente o comportamento feroz da besta como um animal. Lá dentro, Jongin lambia o sangue que estava em seu antebraço e quando enfim deu-se por vencido, encarou o espelho como se realmente visse-os ali doutro lado.

Numa velocidade titânica alcançou o espelho e socou-o duas vezes, fazendo altos estrondos. Até líder daquela imundície acionar um gás que o deixou inconsciente.


Notas Finais


*Jinyun: basicamente uma figurante.
*Província Chijon: fictícia.
Ah o Jun é um doce :///


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