O silêncio entre eles se desfez como vidro se estilhaçando.
Viktor foi o primeiro a se mover. Sua figura deslizou pelo laboratório com uma fluidez que parecia desafiar a gravidade.
Jayce recuou instintivamente, seu coração pulsando como se tentasse avisá-lo. Ele segurou o martelo com força, recarregando a energia hextech enquanto os olhos percorriam cada centímetro de Viktor.
Ele avançou, tentando acertá-lo com o martelo, mas Viktor era rápido, desviando com movimentos precisos e elegantes. Eles trocaram golpes - um confronto de tecnologia, força e magia, de antigos amantes e aliados agora separados por uma lacuna irreconciliável.
E, no entanto, Viktor continuava sem atacá-lo diretamente.
- Você não entende, Jayce? Eu não quero machucá-lo.
Antes que pudesse reagir, Viktor se lançou para frente, agarrando o martelo com força. Com um movimento fluido, ele desarmou Jayce e o empurrou contra a mesa do laboratório, derrubando instrumentos e papéis em uma confusão. Jayce tentou resistir, mas logo sentiu o aperto firme do braço mecânico ao redor de seu pescoço outra vez.
Há alguns anos, Viktor jamais seria capaz de lutar com ele de igual para igual.
O brilho azulado vindo da energia do martelo iluminava o rosto de seu ex amante, onde sua máscara começou a se retrair com um movimento ritualístico.
E, pela primeira vez em anos, Jayce viu Viktor. O verdadeiro Viktor.
Ele continuava lindo. Tão lindo quanto da primeira vez em que o vira. Seu rosto ainda era parcialmente humano, a pele pálida e fina como porcelana. As placas de metal que cobriam seu maxilar e pescoço brilhavam sob a luz, fundindo-se com o que restava de sua carne. As escleras de seus olhos estavam negras como a noite, e as pupilas douradas brilhavam de forma hipnotizante. Seu cabelo, que Jayce lembrava ser curto e bem cuidado, agora caía em mechas desordenadas, alcançando os ombros e acentuando sua aparência fantasmagórica.
Era ainda o homem que ele amava. Aquele que ele perdera.
- O que você vai fazer? - A pergunta escapou de seus lábios, fraca, quase um sussurro, enquanto o aperto no pescoço continuava.
Apesar de doloroso, o aperto não estava necessariamente obstruindo sua respiração. E esse pequeno detalhe fez com certas memórias brotassem em sua mente. Ele se lembrou de como o arauto costumava fazer esse mesmo gesto em momentos mais... Íntimos, do que o que estavam partilhando agora.
As lembranças que vieram à tona o fizeram estremecer, mas não era medo que ele estava sentindo.
Viktor inclinou a cabeça, seus olhos dourados o analisando-o como se fosse um enigma a ser resolvido. O sistema embutido em seu cérebro focalizou o rosto de Jayce, lendo cada uma de suas expressões com precisão.
Lábios levemente franzidos, sobrancelhas arqueadas, o brilho em seus olhos castanhos e o leve rubor em suas bochechas. Havia certo... Contentamento, nas expressões dele.
- Vou convencê-lo a se juntar a mim... - Viktor respondeu, sua voz suave, quase gentil, enquanto removia a gema hextech do martelo.
Ele concluiu que talvez houvesse uma forma mais fácil de convencer Jayce, que assistia, impotente, enquanto Viktor segurava o cristal na palma de sua mão, girando-o lentamente, como se estivesse ponderando sobre o que deveria fazer com ele.
Ele sabia que aquele era o seu fim. Sem a energia da gema, ele jamais conseguiria equiparar a força.
Como esperado, Viktor se desfez dela, esmagando-a entre os dedos metálicos e por consequência, gerando uma explosão de energia.
Em outras circunstâncias, o laboratório teria ido pelos ares, mas o novo corpo de Viktor parecia ser capaz de absorver a magia. Ele se comunicava com o arcano em sua forma mais primitiva, moldando a realidade ao seu desejo.
Jayce fechou os olhos lentamente, se preparando para o fim, esperando que fosse rápido, que não fosse doloroso demais. No fundo, estava aliviado que fosse seu querido Viktor a acabar com isso, morrer nos braços dele era sem dúvida, a melhor forma de partir daquela realidade.
Mas não houve nenhum impacto.
Viktor afrouxou o aperto em seu pescoço, e com uma explosão controlada de magia vindo de sua mão esquerda, invocou algumas runas que Jayce não conhecia.
O laboratório ao redor deles desapareceu no vazio, embora Jayce ainda conseguisse sentir a mesa pressionando a base de sua coluna. Seu olhar ansioso seguiu para a paisagem etérea que se formava diante deles, um milhão de galáxias em pleno brilho cósmico.
Viktor parou de enforcá-lo com o braço mecânico, e se aproximou mais de Jayce, que só agora percebia como ele havia ficado mais alto.
Era lindo e assustador ao mesmo tempo.
- Viktor...
Ele foi silenciado pelos lábios do mais velho.
Jayce permaneceu com os olhos abertos, incrédulo. Seus lábios não produziam o mesmo calor de antes, mas, surpreendentemente, tinham o mesmo gosto.
Por um segundo, Talis se esqueceu do que viera fazer ali.
Salvar a humanidade? Impedir que os defensores matassem Viktor e seus seguidores?
Não, nada disso importava, porque agora os lábios dele estavam juntos aos seus.
Jayce queria se perder naquele instante. Ele apertou as mãos no peito metálico de Viktor, tentando afastá-lo, mas seus movimentos eram mais um gesto de desespero do que de resistência.
Viktor recuou, apenas o suficiente para encará-lo. Seus olhos pareciam enxergar a sua alma.
- Sua carne te trai, Jayce. - sussurrou insidiosamente. - Sua convicção não excede os seus desejos.
Ele sentiu o toque frio de suas mãos deslizarem até seu rosto, acariciando suas bochechas e descendo até os lábios, apertando levemente ali.
- Me diga... - Viktor inclinou a cabeça, aproximando-se novamente. - Sente falta das nossas "sessões de estudo" no laboratório da academia? Está se lembrando destes momentos agora, desejando revivê-los enquanto deveria estar tentando me deter?
Jayce tentou protestar, mas Viktor estava certo. Era como se estivesse lendo a sua mente.
Como podia ser tão fraco diante dele?
Não era segredo nenhum que Jayce era simplesmente, completamente apaixonado por ele. Mas ele esperava que depois de toda a loucura, depois de tanto tempo longe um do outro, ele tivesse superado minimamente.
Aparentemente, ele estava errado.
O beijo foi retomado, mais profundo e mais selvagem. Jayce sentiu a pressão do controle absoluto de Viktor, sua natureza possessiva vindo à tona, evocando ainda mais lembranças inoportunas. A energia ao redor deles parecia vibrar, como se reagisse à conexão entre os dois.
Viktor o segurou pelo queixo, observando o misto de hesitação e desejo em suas expressões.
Havia certa satisfação naquilo, embora seu corpo não reagisse mais à estímulos tão primitivos, ainda era prazeroso de alguma maneira.
Jayce gemeu contra a sua boca quando a mão metálica deslizou pela sua coluna, os dedos longos e frios seguindo cada linha e curva, descendo para aninhá-lo pela cintura com um aperto controlado. O metal e a pele se misturando em um toque ardente, enquanto Viktor o puxava ainda mais para si, eliminando qualquer espaço remanescente entre eles.
O corpo do moreno começava a produzir um calor imensurável, seus músculos enrijeciam mais à cada toque. Ele se contorcia sob o peso do outro, suas mãos instintivamente agarrando as bordas da mesa como se precisassem de algo para ancorá-lo naquela tempestade de sensações.
Jayce arfou quando os dedos deslizaram em direção à sua virilha, o aperto firme o fazendo-o se esquecer de tudo.
Viktor parecia fascinado com suas reações.
- Diga-me, Jayce, o que você quer? - Ele abaixou a cabeça, seus lábios roçando levemente no pescoço do amante antes de pressionarem um beijo firme ali.
- Eu... - ele tentou responder, mas sua voz falhou ao sentir Viktor empurrar seus quadris rudemente contra os dele.
Quando ele havia ficado tão duro? A pressão exercida por Viktor liberou ondas de prazer que se arrastaram por todo o seu corpo. Os dedos metálicos deslizaram para o seu cinto, desatando-o precisão. O moreno respirou fundo, sua mente um turbilhão, mas seu corpo parecia já ter tomado a decisão por ele.
- E-eu quero você, Vik - ele juntou forças para dizer. - Não pare, por favor.
Viktor sorriu de maneira predatória. Sem demora, o mais velho abriu as suas calças e as abaixou o suficiente para que seu membro rígido saltasse para fora, expondo a pele sensível. Jayce deixou escapar um gemido sôfrego quando o sentiu tomá-lo em suas mãos, começando movimentos leves. Ele nunca imaginou que ter Viktor o masturbando com sua mão robótica fosse ser tão bom.
Ele já estava tão molhado, tão entregue. Viktor sentiu uma onda de dopamina percorrer suas sinapses. Jayce movimentava os próprios quadris involuntariamente, estocando em sua mão, buscando mais contato, como um cachorrinho no cio.
Viktor utilizou o braço mecânico outra vez, agora para puxar os cabelos do conselheiro. Jayce grunhiu de dor e prazer, ele amava aquilo, e Viktor sabia, era o único que sabia de suas... preferências.
Suas mãos se movimentavam cada vez mais rápido, girando e apertando fortemente toda a extensão. Jayce gemia descontroladamente, o prazer inebriando seus sentidos. Ele estava perto, muito perto do clímax.
Mas Viktor interrompeu a ação abruptamente, arrancando um suspiro de descontentamento de Talis.
Em um piscar de olhos, suas roupas haviam desaparecido, e a paisagem etérea ao redor se dissipava, dando lugar a um ambiente muito familiar para ambos: o laboratório da academia.
Também havia algo diferente em Viktor. Sua forma humana parecia ter retornado, ao menos parcialmente, como se ele tivesse reassumido o controle de seu corpo antigo.
- Como... c-como está fazendo isso? - Jayce perguntou, a voz ofegante.
- Há muitas coisas sobre o arcano que você ainda não sabe, Jayce.
Carinhosamente, ele levou as mãos - agora feitas de pele e osso novamente - até o rosto de Jayce, segurando seu maxilar com firmeza, como se quisesse lembrá-lo de que aquilo estava longe de acabar.
- Ficarei feliz em contar todos os detalhes... quando estivermos juntos no cosmos.
Viktor se inclinou mais uma vez, selando seus lábios em um beijo urgente. Sua língua explorava cada canto da boca dele, Jayce não sabia se estava sonhando, mas o corpo de Viktor parecia novamente irradiar o calor de antes. Sua pele, ainda pálida e macia, contrastava com as mãos esguias que exploravam seu corpo. Elas acariciavam seu pescoço, ombros e abdômen, antes de voltarem àquele ponto sensível.
Jayce posicionou as mãos no peito de Viktor, tentando empurrá-lo em direção à cama que costumavam usar para descansar durante as noites de trabalho. Mas ao perceber sua intenção, Viktor rapidamente colocou uma das pernas em sua frente, fazendo o moreno perder o equilíbrio e cair sobre a cama.
Antes que Jayce pudesse reagir, Viktor escalou seu corpo, assumindo o controle mais uma vez.
Ah, Meu Deus. Viktor estava em cima dele. Ele também estava duro pra caralho, o peito subindo e descendo com sua respiração ofegante e seus olhos cheios de intenções maliciosas.
Seus dedos traçavam linhas invisíveis em sua pele bronzeada, passando pela clavícula, pelo contornos dos ombros, até os braços que ainda tentavam, inutilmente, recuperar o controle. Com outra explosão controlada de magia, Jayce observou os olhos do amante serem tomados por uma luz branca ofuscante.
Os dedos de Viktor pararam por um instante sobre seus pulsos, apertando-os e juntando sob o abdômen. Antes que ele pudesse protestar ou se mover, uma onda de energia percorreu sua pele como faíscas de estática.
Jayce tentou mexer as mãos, mas descobriu que estavam presas. Quando olhou para baixo, viu faixas etéreas, feitas de pura luz, se entrelaçando em torno de seus braços, como raízes de energia que se expandiam e pulsavam suavemente.
O brilho branco dos olhos de Viktor parecia controlar aquelas faixas, que se ajustavam à medida que ele movia os dedos, como um maestro regendo uma orquestra.
- Viktor... - o nome escapou dos lábios de Jayce como um sussurro.
Era bom ouvir o conselheiro gemendo tão desesperadamente o seu nome. Viktor apenas sorriu, um sorriso extremamente desdenhoso. Ele inclinou-se mais perto, os olhos brilhantes fixos nos do amante, como se quisesse reforçar o controle que tinha. Jayce sentiu a energia envolver suas pernas, forçando-as a ficarem abertas, deixando-o ainda mais exposto.
Seu membro ainda pulsava e latejava, reagindo aos estímulos e implorando por mais. Viktor usou uma das mãos para acariciar a parte interna de suas coxas, arranhando e apertando levemente enquanto a outra voltava à estimulá-lo sem piedade alguma. Ver Jayce se contorcendo embaixo dele, lutando inútilmente contra contra a força invisível que prendia seus pulsos, braços e pernas, era uma sensação indescritível de poder.
Não demorou muito para que Jayce não conseguisse mais se conter, seu orgasmo veio em ondas fortes, escorrendo sob as mãos habilidosas do cientista, que sorriu satisfeito com a imagem do homem abaixo de si.
Jayce estava uma bagunça. A respiração descompassada, os lábios vermelhos, o cabelo longo e despenteado e o corpo coberto com marcas de arranhões e mordidas que ele havia deixado.
- Agora, seja bonzinho e me deixe te foder uma última vez. Sim? - Viktor disse, a voz carregada de luxúria.
Seus dedos deslizaram até a entrada de Jayce, com movimentos calculados e felinos, utilizando parte do fluído para lubrificar a região. Ele inseriu um dedo, depois outro e mais outro, arrancando gemidos necessitados do parceiro.
Já havia um tempo que não faziam isso, o desconforto era evidente, mas Jayce não tinha a intenção de recuar. Os olhos de Viktor brilhavam enquanto o mesmo maltratava sua próstata, e aquela era uma visão dos deuses. De forma alguma seria possível descrever a frustação que ele estava sentindo por não poder tocar o amante.
Ele queria beijar, morder e chupar cada partezinha de seu corpo como costumava fazer, mas era impossível, uma vez que estava completamente preso por magia. Cada vez que tentava lutar para se soltar, o aperto aumentava.
Para Viktor, aquilo fazia parte do jogo, e também de seu próprio prazer. Ele acelerou os movimentos, indo cada vez mais fundo com seus dedos.
- Você não me respondeu. - provocou. Inclinando-se um pouco mais sobre o moreno e mordendo levemente o lóbulo de sua orelha. - Você vai ser um bom garoto pra mim?
Jayce se contorceu sob ele.
- S-sim... - sussurrou entre os gemidos. - Eu vou ser bom pra você V.
Ah, Viktor amava como ele se rendia tão facilmente.
Sem aviso, deslizou seus dedos rapidamente para fora dele, só para penetrá-lo outra vez, mas agora com seu próprio membro.
Jayce mordeu os lábios, com tanta força que um pequeno rastro de sangue fluiu por seu queixo. Viktor encaixou tudo de uma vez, sem que ele tivesse tempo de se preparar.
O moreno se perguntava se Viktor também podia sentir aquilo tudo. A resposta veio em forma de um gemido rouco e arrastado.
Viktor arranhava suas coxas e apertava sua cintura cruelmente enquanto empurrava mais forte e mais fundo à cada vez.
Jayce não sabia mais se o que estava vivenciando era real, mas isso pouco importava. Viktor estava ali, com ele, beijando-o ferozmente enquanto estocava, seus quadris se movendo com fluidez inumana, ajustando velocidade e força conforme desejava, torturando-o com seus próprios desejos.
Ele sabia de todos os seus pontos fracos.
Jayce perdeu a conta de quantos orgamos tiveram, parou de contar no terceiro. Sua mente era um vazio genuíno quando Viktor decidiu que era o suficiente.
Seu corpo todo doía e ao mesmo tempo, vibrava com o prazer vivenciado há pouco. Se ele e Viktor tivessem lutado até a morte, ele não estaria tão destruído quanto estava naquele momento.
- Você mudou de ideia, Jay? Sobre se juntar à mim? - Viktor perguntou enquanto ainda estava debruçado sobre ele.
Jayce tentou reunir forças para responder, mas ele já havia sido consumido por inteiro.
- Vou te dar um tempo para pensar. Nosso próximo encontro pode ser eterno, ou pode ser o último. A escolha é sua.
***
Jayce acordou de volta na sala do conselho. Olhou ao redor, confuso. Quanto tempo havia se passado? Como foi parar ali?
Os vestígios da batalha ainda eram evidentes. Suas roupas estavam rasgadas, marcas de machucados espalhados pelo corpo, o martelo quebrado. O que Viktor fizera com ele?
Ele apertou as têmporas, sentindo uma dor latejante.
As portas principais se abriram, e passos leves ecoaram pelo cenário austero. A Conselheira Medarda, vestida em seu habitual vestido branco com adornos dourados, adentrou a sala com a serenidade de quem sempre conhecia a resposta antes mesmo de fazer a pergunta.
Ela se aproximou lentamente, os olhos escuros analisando cada detalhe do estado arruinado de Jayce. Ele não precisou dizer nada. Ela já sabia.
Ela fora a única com que Jayce havia compartilhado seus planos, planos para salvar Viktor da justiça impiedosa de Piltover.
- Então você falhou - disse Medarda, cruzando os braços. Sua voz era fria, mas carregada de uma preocupação implícita.
Jayce tentou falar, mas as palavras travaram em sua garganta. Ele desviou o olhar, como se buscar respostas no chão vazio fosse mais fácil do que encará-la.
- O que você escolherá, Jayce? Seu coração ou sua honra? - pressionou ela, inclinando-se ligeiramente para frente. - Não há mais espaço para indecisão.
Jayce se encolheu, sentindo o peso do mundo em seus ombros.
No fundo, ele sabia exatamente o que queria, ele queria estar com o seu parceiro, mas sacrificar a humanidade em prol de seus desejos egoístas, isso era impensável, não?
Não existem finais felizes, eles são o que são, finais.
E agora, Jayce precisava se preparar para o deles, fosse como fosse.
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