História This is Hollywood - Olhares e Dança

Ahsley Astor P.O.V

Coloquei o violão em um suporte antes do sino tocar. Joguei uma das alças da mochila sob o ombro e sai da sala, quase correndo para o meu armário. Preciso pegar a minha carteira e ir para o refeitório. Estou morrendo de fome.

Abri o armário e guardei a mochila tirando uma nota de 20 da carteira. Aproveitei o espelho que fica preso na porta e amarrei o meu cabelo. Está calor e ficar com o cabelo solto me deixa desconfortável.

-Almoço! -disse Bia animada em cima das costas da Sam. -Vamos logo, babydoll!

Revirei os olhos e fechei o armário indo atrás das meninas.

Entramos no refeitório indo para o último lugar da fila. Peguei uma bandeja e dei uma olhada no que tinha como opção de almoço. Optei por um sanduíche de frango, uma garrafinha de suco de laranja e algumas uvas. Paguei tudo no fim da fila e segui a Bia e a Sam até uma mesa onde a Gabi nos espera. Ela está com uma bandeja na frente, mas a comida não parece ter sido tocada. A garota está imersa em um monte de páginas em suas mãos.

-Ainda lendo o roteiro? -Sam perguntou se sentando.

-Sim. -Gabi não desviou os olhos da folha.

-Que roteiro? -Bia mordeu um morango.

-A escola vai fazer a peça "Alice no País das Maravilhas" e eu consegui o papel de Alice. -diz automaticamente. -Tenho centenas de falas e preciso decorar cada uma delas.

-Sei que tem decorar, mas não quando estamos comendo. -retiro as folhas da mão dela. -Come primeiro.

Gabriela revira os olhos, mas começa a comer.

-A babydoll quer dar uma de mãe?! -Sam deu risada. -Que gracinha! -ela aperta as minhas bochechas.

-Chata! -dei a língua pra ela.

-Não deve falar assim com os mais velhos, babydoll. -Jaebum me repreende e se senta ao lado da Sam.

-Epa, quem chama a babydoll de babydoll é só a gente, ok Jae? -diz Gabi séria.

-Ok, Gabi, mas desde de quando me chama de Jae? -ele parece confuso, mas esboça um sorriso.

-A Sam te chama assim.-Bia bebeu mais do suco.

Sam ficou vermelha e deu uma mordida na sua maçã. Por sorte, ela se livrou de uma resposta com a chegada do Bambam, do Yugyeom, da Lisa, da Jisoo e do Mark. Eles se sentam pela mesa ocupando todo o espaço. Mark fica ao lado da Gabi e eles começaram a conversar sobre um ensaio depois do almoço.

Bambam se sentou ao meu lado e sorriu pra mim.

-Oi Ash.- ele sorriu.

-Oi Bam. -sorri de volta.

-Como foi sua manhã ?

-Foi boa. -dei risada. -E a sua?

-Legal. -ele dá de ombros. -Eu escrevi um rap novo hoje. Quer ouvir? -ele se empolga.

-Claro que sim. -disse sorrindo. -Mas eu vou ter aula agora a tarde. Me liga depois e você canta pra mim.

-Pode deixar. -Bam sorri e volta sua atenção para o lanche.

Peguei uma das uvas e levei até a minha boca, observando as outras pessoas. Como sempre, Lexee está na mesa do centro junto com seus clones e seu namorado, Jacob, que devo dizer ser o capitão do time de futebol americano. Eles parecem a vontade chamando atenção de todos e criticando quem ousa-se passar perto.

Ás vezes eu não sei como eu e a Lexee podemos ser irmãs. O que temos de DNA igual, não temos de personalidade. Acho que tenho que agradecer a Deus por isso. Acabei me livrando de ser uma barbie.

Coloquei mais uma uva na boca e olhei para a mesa ao lado onde os outros membros da BlackPink e do Got7 estavam. Podia ser impressão minha, mas o Jinyoung parece estar sempre olhando para a Lisa.

Acho que tem um monte de pessoas se gostando no meio desses grupos. Sempre tem uns olhares matadores sendo lançados.

Ri baixo com esse pensamento e só então percebi que Yugyeom está me encarando. Senti minhas bochechas se esquentando de vergonha. Desviei o olhar sem conseguir encara-lo de volta. Se quero esquecer, o que mal começou com esse garoto, não posso ficar fazendo o papel de melhor amiga.

É isso. Preciso ser fria, agir como se não me importa-se com ele. Talvez assim eu consiga deixar de gostar dele.

Gabriela Wate P.O.V

O sino indicando o fim do almoço tocou cinco minutos depois de eu ter saído do refeitório. Estou no vestiário trocando de roupa por algo mais confortável para dançar e amarrando o meu cabelo para não me atrapalhar.

-Vai ensaiar agora? -pergunta Rosé escorando seu corpo no armário ao lado do meu.

-Sim. -disse guardando as minhas pulseiras douradas. -E você?

-O mesmo com as meninas. Estamos criando uma nova coreografia.

-Vocês vão se sair bem. -sorri sincera.

-Espero que sim. -ela mordeu o lábio. -Posso falar com você ? 

Estranhei a pergunta.

-Hãn, claro. -fechei meu armário e me sentei no banco de madeira. -Sobre o que quer falar?

-Acho que estou gostando de alguém, mas as minhas amigas estão ocupadas demais para me ouvir. -ela senta na minha frente. -Eu te vi aqui e você parece ser uma boa pessoa. E eu realmente preciso conversar.

-Respira. -disse rindo ao ver a Rosé falar sem parar. -Agradeço, mas o que tem demais gostar de alguém?

-Ele é meu amigo. -ela suspirou triste. -Tenho medo de dizer algo e acabar com nossa amizade. Sabe, o Jae é bem tímido.

-Jae? -disse surpresa. -Jaebum?

-O que? Não.-ela riu sem animo. -Falo do Youngjae.

-Wow. -mordi o lábio. -Você devia se confessar pra ele. Nunca vai saber o que ele sente se não se declarar.

-Eu não tenho coragem.- ela disse com a cabeça baixa.

-Canta pra ele. -sorri. -Isso sempre funciona para vocês, músicos.

-Cantar...-ela repetiu pensativa. -É, isso pode dar certo. -Rosé sorriu. -Obrigada!-ela me abraçou e retribui imediatamente.

-Sem problemas! -sorri.

Rosé saiu feliz do vestiário e fui atrás dela. Entrei no estúdio da aula de dança, que está vazio, e comecei a fazer os meus alongamentos. Por mais que a conversa com a Rosé tenha me atrasado alguns minutos, o Mark ainda não chegou. Achei estranho por que ele disse que chegaria na hora. Cada minuto dessa semana conta. Tenho que aprender as minhas falas.

Aproveitei o tempo que o senhor Tuan não chega e peguei o roteiro. A maior parte das falas são minhas e estão grifadas com linhas azuis feitas pelos meus marcadores. Comecei a ler tentando decorar cada palavra.

-"Eu não consigo me explicar, estou com medo senhor, porque eu não sou eu mesma você não vê?" -disse repetindo uma das falas em voz alta me olhando no espelho.

Não, ainda não está bom. Falta alguma coisa. Talvez um pouco mais de confusão. Respirei fundo passando uma das minhas mãos na nuca, tentando me acalmar. Precisava de concentração para poder atuar melhor.

Peguei Mark me observando pelo espelho e sorri meio envergonhada enquanto ele vinha em minha direção com um sorriso.

-Você atua bem! -ele elogiou.

-Obrigada! -sorri fraco.

Um silêncio um tanto desconfortável se instala. 

-Então, que música vamos dançar? -ele vai direto ao ponto.

-Pensei em Slow Motion do Trey Songz. -disse ao guardar o roteiro na mochila. -Comecei a montar uma coreografia com meu último professor de dança, mas nunca terminamos. Você pode me ajudar.

-Claro. -ele sorri. -Vamos tentar.

Conectei meu celular na caixa de som e comecei a passar a coreografia. Mark é esforçado e pegou tudo em poucos minutos. Fomos conversando sobre a música e criando os passos. É uma experiência diferente do que imaginei. Achei que não iriamos nos entender, mas estamos nos dando bem.

O sino tocou e pelo menos havíamos terminado a nossa dança.

-Ensaiamos amanhã de novo? -ele perguntou recuperando o fôlego.

Estamos suados e ofegantes por repetirmos a coreografia várias vezes.

-Mark, amor, você está aqui? -disse uma das loiras seguidoras da Lexee, irmã da Ash.

Senti uma pontada ruim no coração. Deveria saber que um garoto como o Mark tem namorada. Afinal, ele estuda aqui a um ano e é um dos populares. Sou muito idiota de pensar que poderia estar sentindo algo por ele. Bem, se eu realmente estou, tenho que parar com isso. Não sou uma vadia que pega o namorado dos outros.

-Cleo, eu não...

-Tenho que ir.- disse pegando a minha mochila.

Eu é que não iria ficar ali ouvindo briguinha de casal.

-Espera, Gabi. -Mark segurou meu pulso. -Não é isso...

-Preciso ir.-disse um pouco mais fria dessa vez tirando meu pulso de suas mãos .-Conversamos amanhã.

Me senti mal, mas fingi não ter acontecido nada quando passei pela Cleo que tinha um sorriso convencido no rosto. Esbarei em seu ombro de propósito, ouvindo sua reclamação. Não me importei. Apenas voltei para o vestiário. Troquei de roupa e peguei as minhas coisa saindo da escola. Pelo menos teria um ensaio de fotos para ocupar a minha cabeça.