História Timing - Como Romeu e Julieta...

Entre idas e vindas, nos definimos. Somos o ‘‘casal’’ que nunca se encaixa no tão famoso timing e tampouco nos termos de conduta; inúmeras vezes batemos a porta na cara um do outro, gritando, vociferando que aquele será nosso último encontro. No entanto, sabemos a verdade. O retorno indubitável que faremos ao fim de cada discussão.

Ignoro suas chamadas até nadar em círculos na imaginação daquele respectivo vício — e como todo viciado, encontro às recaídas atrativas e sem muita ou qualquer resistência, completo o seu cenário favorito. Teus lábios tornam-se meu inferno, Yoongi. E teu corpo o maldito precipício, onde me rendo e atiro todas as vezes que visito este quarto de motel.  Perco a sanidade nas curvas do teu encaixe e mais ainda ao ouvir o quanto gosta de ser fodido com toda força até finalmente gozarmos. O término desse rito acompanha carências e a esperança de passar a noite contigo escapole por entre os dedos, conforme tu se vestes e gira a maçaneta, restando ali apenas o cheiro nos lençóis e um maço de cigarros como companhias.

Nestas noites assumo o estúpido compromisso de deixar-te partir para o antro onde trabalhas, dançando para um bando de bêbados com ereções estampadas no meio das pernas. Eu, em contrapartida, volto para o mesmo apartamento cercado pelo pacote completo de decepções; casamento falido, quadros e livros que nunca serão vendidos, além das demais quinquilharias acumuladas ao longo dos anos.  

  Ah, Min Yoongi, se esse orgulho não ultrapassasse nosso amor, eu teria fugido contigo naquela noite de Dezembro. Na verdade, fugiria agora mesmo se assim pedisse, mas você covarde não o faz. O tempo também não é vosso amigo e sequer fornece a brecha que nos permitiria ficar juntos.

Somos exatamente um Romeu e Julieta dos tempos modernos, sempre destinados à tragédia.