História Together For 365 Days - Spaces Between Us

CAPÍTULO 30

— Esse lugar é maravilhoso! — Danielle disse encantada. — Não acredito que comprou um galpão e vai poder ficar aqui o dia inteiro. 

— É, eu estava aqui ontem com uns amigos e estávamos limpando e arrumando, agora está muito melhor. — Matthew disse observando Danielle do outro lado enquanto ela andava por ali, analisando as coisas dele. Suas telas, tintas, prateleiras com livros e cadernos para desenho e parou quando chegou perto de uma mesa. — Escultura é o que eu mais gosto. 

— Serio? — ela colocou as mãos na mesa, encarando as gravuras que estavam ali também. Se virou para ele e encarou Matthew enquanto ele andava até ela. — É o que eu menos me sinto a vontade fazendo, com a pintura é diferente eu só preciso fechar os olhos e pensar em alguma coisa, qualquer coisa... agora com escultura... Meu Deus, parece que nunca faço o suficiente. — balançou a cabeça com uma careta.

— Todo mundo tem um lado que não se identifica muito, isso é normal, eu, por exemplo, não me sinto muito a vontade com artesanato. — Danielle assentiu voltando a olhar a mesa e quando olhou novamente para o lado, viu Matthew se aproximando, estava muito próximo, ela até se assustou, voltou a olhar as esculturas em cima da mesa e puxou suas mãos de volta quando viu que não poderia ficar ali encarando as por muito tempo. Ela se virou e estava de frente para ele, era até engraçado quando se lembrava o que sentiu quando o viu pela primeira vez na faculdade, sempre foram das mesmas turmas, mas apenas esse ano começaram a conversar, uma ironia mais do que incrível porque ela percebeu que por mais que gostasse dele, nunca havia pensado em Matthew como estava pensando em Zayn ultimamente. 

— Artesanato é meio entediante — ela disse com a voz tremula, ela sabia exatamente o que estava acontecendo e queria correr, correr muito. 

— Eu tenho que dizer uma coisa — ele disse levantando a mão na altura do rosto dela e naquele momento, Danielle prendeu sua respiração sentindo um formigamento no estomago, como se não pudesse nem ousar se mover, ficou dura como uma pedra assim que a mão dele colocou seu cabelo atrás da orelha. — Você quer sair comigo? 

Naquele momento, talvez Danielle tenha percebido o quando estava encrencada, percebeu que não estava sendo nada como ela imaginava. Não estava pensando em dizer sim e sim em Zayn. Ela gostava de Matthew, mas não como gostava de Zayn. Se ela dissesse não, poderia evitar alguma briga com Zayn, mas se dissesse sim evitaria o que? Ela ficou consciente de que não tinha nada com Zayn, então mesmo que dissesse não naquele momento, nada demais aconteceria entre eles depois. 

— Sair? — perguntou com a voz tremula. — Sair pra onde? 

— Um jantar, no sábado. Tudo bem pra você? — ele sorrio segurando as mãos dela. Ele era romântico, Danielle já tinha notado, mas parecia ficar difícil de falar a cada vez que ele era um cavalheiro com ela. 

— Tudo — ela respondeu rápido. — É... é, tudo sim. Sábado está ótimo. — disse tudo muito rápido e ele assentiu. — Mas será que... bom, não estou me sentindo bem. Queria voltar pra casa. 

[...]

— Deus não deve querer que nos casemos. — Brad disse ajeitando sua gravata em frente ao espelho do ateliê. — O que? — perguntou quando percebeu Alex e Zayn o encarando repreensivos. — Deviam saber — deu de ombros. — Principalmente os bonitões, e somos muito bonitões, temos que alegrar as mulheres solteiras, coitadas. — Alex ficou parado o encarando com uma expressão severa e perplexa no rosto, Zayn por outro lado queria gritar com ele, mas se conteve, não queria mais brigar. 

— Zayn está aqui. — Alex disse e depois jogou suas mãos para o alto saindo de perto de Brad, observando os outros ternos ao redor deles. 

— Eu não namoro a irmã dele, gosto muito mesmo dela e ela sabe o quanto, mas sabe também que não somos namorados. — retirou sua gravata a jogando em cima de uma poltrona redonda atrás de si e pegando outra para experimentar, o alfaiate tinha ido buscar outras peças que Alex tinha pedido e objetos para medidas. — Eu nunca seria desrespeitoso com ela, Zayn. Você não namora Danielle, mas vocês ficam juntos, não entendo porque eu não posso. 

— Brad... — Alex começou já desanimado. Tinha unido os dois ali para que talvez pudessem se resolver, mas estava começando a se arrepender. 

— É a minha irmã. Ela sempre vai ser frágil pra mim e eu tenho que protege-la, não importa se o cara for você ou o ex namorado dela. 

— Você me trata como se eu não fosse bom o suficiente, é por isso que não posso conversar com você. — Zayn também parou de se olhar no espelho e o encarou. 

— Porque reclamou sobre eu não contar a verdade pra você? Estava fazendo a mesma coisa! — disse indignado e Alex olhava apreensivo para os dois sabendo que aquilo não teria o final esperado. 

— Eu nunca quis esconder, sempre conversei com Megan sobre contarmos, mas nunca consegui achar um momento e não faz muito tempo... 

— Que ótimo. — Zayn revirou os olhos. 

— Olha, chega, estamos aqui pelo Alex não por nós dois. 

— Brad está certo — Alex se aproximou novamente. — Eu estou em dúvida e preciso da ajuda dos meus dois melhores amigos, se vocês puderem por favor...

— Está certo, Alex, me desculpe... — Zayn concordou. 

— Por que não conversamos normalmente pelo menos sobre o meu casamento? 

— Você tem razão. — Brad quem disse, e depois olhou para Zayn, que fez o mesmo na mesma hora. Por um segundo os dois se olharam, finalmente, sem nada para atacarem um ao outro, só se olharam porque eram dois amigos ali, então se sentiram profundamente estranhos. Zayn ainda estava com uma mancha rocha na bochecha e com um corte acima da sobrancelha, Brad tinha um corte na boca e uma mancha pequena, porem roxa ao lado do olho. 

A pergunta que se passava pela cabeça dos dois naquele momento era “Eu que fiz isso?” “Eu machuquei o meu melhor amigo?” Mas mesmo que doesse e mesmo que quisessem mais do que tudo resolver aquela confusão, eles ainda não conseguiam, tinha muita coisa sufocando ambos e principalmente Zayn. Ele podia conversar com Alex, com seu pai, mas mesmo assim nunca diria completamente o que estava sentindo. 

Mas ele sabia o que era. Falta de controle. Estava deixando o com medo. Ele tinha começado aquilo, conhecido Danielle e aceitado morar com ela com apenas um objetivo, mas agora esses objetivos todos estavam distantes na cabeça dele, apenas o lucro que ele estava tendo o fez lembrar daquilo e de como era a realidade. Ele e Danielle não eram um casal e se sentir triste por isso era tudo o que ele não queria. Ele estava em uma luta com si mesmo, por isso tinha ignorado a o máximo que pode, precisava ficar sozinho apenas com sigo mesmo para pensar no que queria fazer. Ele precisava se sentir no controle de novo e não ver tudo escorrendo por suas mãos como agua. Ele e Danielle estavam uma bagunça, essa seria a maior consequência do estavam fazendo. 

— Mas é que... — ele respirou fndo. — Eu não posso agir como se nada tivesse acontecido, como se não tivessem mentido pra mim, como se Danielle não...

— Zayn — Alex o interrompeu. — Se for assim então também menti, mesmo sabendo só um dia antes eu poderia ter te contado na hora e nós também mentimos. 

— E você sabe como Danielle é, culpa-la só vai deixa-la pior, e pessoas como ela não merecem coisas ruins de jeito algum. Ela gosta de você. — Brad o olhou uma última vez antes de entrar ateliê a dentro e ir procurar por outra gravata. 

Brad poderia estar certo, mas nada do que ele disse estava fazendo sentido naquele momento. A cabeça de Zayn era outra, ele tinha que provar para si mesmo que não precisava de Danielle e que o contrato que tinham ainda era o mais importante acima de tudo. Se ele conseguisse isso, tudo estaria resolvido! 

[...]

Depois de mais quatro dias, Danielle já estava mais do que cansada e magoada. Todos já estavam bem e Brad disse que conversou com Zayn quando foram ver suas roupas para o casamento de Alex já que mesmo depois da briga, ainda eram os mesmos para Alex e continuariam sendo os padrinhos. Trocaram poucas palavras, mas Brad disse que foi o suficiente e só Danielle sabe o quanto que ele se arrependeu de ter dado os socos que deu em Zayn, ficaram quase uma hora conversando apenas sobre isso. Ela também queria muito estar no lugar de Alex e saber o que Zayn estava pensando, o que estava sentindo... em um momento ele parecia contar tudo a ela, mas no outro já nem ligava se ela estava ou não, e ela estava muito cansada disso. 

A única coisa que fez ela se distrair foi saber que sairia com Matthew, e toda a culpa que ela estava sentindo por aceitar sair com ele? Toda essa culpa foi embora na noite seguinte quando se cansou de Zayn. 

“Ela estava sentada no sofá, com o queixo apoiado nas mãos e quase roendo as próprias unhas, estava cansada de ficar sozinha naquela casa e de não fazer nada, sentia falta de sua falta de tempo, por mais incrível que isso parecesse e também, pelo menos, ela sabia que encontraria Zayn e conversariam quando chegasse, mas naqueles dias tudo estava ficando monótono e cansado. 

Zayn abriu a porta e Danielle se sentiu tremer por inteira, ela ficou ereta novamente e encarou a porta. Seus olhos se encontraram com os dele e ela achou que Zayn diria alguma coisa, achou que sentaria e que conversariam, mas ele não fez. Ele apenas desviou os olhos dela e seguiu para dentro do apartamento, estava segurando um casaco nas mãos enquanto passava pela sala. Zayn sempre era quem consertava tudo, pelo menos na maioria das vezes e Danielle achou que ele faria isso dessa vez, mesmo que a culpa fosse dela, achou que Zayn sentaria e diria que ficarem quase uma semana sem se falar não era a melhor solução, mas ele não fez.

— Você não pode me tratar assim, Zayn, chega! — ela se levantou recebendo o apoio das mãos e o seguiu, mas ele não se virou. — Sim, você precisa de um tempo, mas não precisa parar de falar comigo, eu não te fiz nada além de esconder isso, mas foi porque realmente não era eu quem tinha que contar... — ela seguiu com seu tom triste, subiu as escadas atrás dele, mesmo perdendo as esperanças sobre ele querer conversar a cada passo que dava. — Zayn, eu já pedi desculpas, quer que eu peça outra vez? — ela parou quando chegou no andar de cima e viu que ele não pararia para conversar, percebia os ombros dele tensos e as tatuagens podendo ser vistas por aquela camisa branca que mesmo sabendo que era um pouco transparente ele insistia em usar. — Chega, você não pode me tratar assim — Zayn parou, antes de se virar e empurrar a porta de seu quarto. Olhou para o lado e viu um pouco de seu quarto, sua mala já estava pronta, Zayn estava indo passar uma ou quantas noites fossem necessárias fora dali, mas mais importante era a voz dela, a dor que ele sentiu nela. Mesmo assim, ele estava confuso demais para ter que ficar passando por tudo novamente, ele e Danielle eram um círculo que nunca parava de girar e Zayn precisava sair e arrumar a si próprio antes de decidir se entraria novamente. — Zayn! — Danielle gritou quando ele foi em direção a porta. — Eu estou falando com você! Zayn! — gritou uma última vez, já sem forças para fazer de novo e depois disso decidiu ir para o seu quarto, bateu a porta com o máximo de força que tinha e depois se sentou sentindo falta de ar. 

Ela respirou ofegante, puxando o ar para seus pulmões enquanto chorava. Mais do que chateada estava indignada com si mesma por se importar tanto com isso. Ela ficou andando por seu quarto, mais espaçoso do que ela achava que precisava, e tentando pensar em outras coisas para não se magoar”

Ela já tinha se magoado, mas felizmente não iria ficar se prendendo a ele enquanto Zayn não fazia questão. Ela já tinha recebido uma mensagem de Matthew dizendo aonde queria encontra-la, já que Danielle teve que dizer muito que ele não precisaria busca-la em casa. E ela não sabia porque tinha que ser assim, sentiu vontade de voltar para o seu apartamento de uma vez e deixar Zayn sozinho com seu drama que ela não fazia mais questão de entender. 

Ela tinha colocado um vestido e meias calças escuras pois estava um pouco frio. Seu vestido era vermelho de alças e ela tinha usado ele poucas vezes. Colocou seu sobretudo preto e se olhou no espelho, estava até orgulhosa de si mesma, tinha se maquiado muito bem e seu cabeço estava preso em uma trança lateral, usava suas botinhas favoritas e já estava conseguindo sorrir um pouco. Pegou sua bolsa a pendurando no ombro e guardando seu celular dentro, saiu pelo corredor depois de fechar a porta de seu quarto e desceu as escadas distraída analisando os próprios sapatos quando viu Zayn, se continuasse teria batido nele. Ele se virou imediatamente assim que escutou o murmúrio assustado dela, para a surpresa de ambos os dois estavam arrumados, mais do que o normal. Danielle percebeu porque Zayn estava com um terno apertado em seu corpo, marcava seus braços e tinha um detalhe de ceda na gola, ele não usaria aquilo do dia a dia. Fora ao seu cabelo também, penteado para trás e ainda parecia úmido, maior do que quando ela o conheceu então ficava muito bonito daquela maneira, só o perfume dele que ainda era o mesmo e ela conhecia muito bem. 

— Você vai sair? — ele se virou completamente olhando a de cima a baixo e Danielle sentiu como se estivesse nua, o olhar de Zayn conseguia atravessar seu corpo inteiro fazendo a tremer.  

— Você vai? — ela indagou. Milhares de coisas passando por sua cabeça. Ela simplesmente não podia falar com ela do nada e fazer aquela pergunta, que para ela era ridícula, como se nada estivesse acontecendo. Simplesmente não podia e isso irritou Danielle. 

— Perguntei primeiro. 

Danielle por pouco não revirou os olhos, só não revirou porque ainda estava um pouco pasma com o quanto Zayn estava bonito e também com o fato dele simplesmente ter falado com ela como se nada estivesse acontecendo entre eles, como se não tivesse ignorado a por toda a semana. Ela não respondeu nada por longos segundos e Zayn percebeu. Percebeu que ela estava olhando demais e que estava tensa, sem saber para onde redirecionar seus olhos e aquilo assustava Zayn, porque ele sabia que não valia o efeito que causava. 

— Sim — Danielle respondeu passando por ele o mais rápido possível. 

— Sim o que? — Zayn se virou conforme ela andava para acompanha-la com o olhar e se arrependeu naquele instante, Danielle nem sequer sabia como era bonita. 

— Eu vou sair — disse sem olhar para ele já enquanto abria a porta para depois sair e deixa-lo ali. 

Ele resolveu esperar um pouco para não ter que ficar com ela no elevador. 

[...]

— Isso é um tipo de jogo? — Zayn perguntou com um sorriso debochado no rosto abaixando o cardápio e o colocando sobre a mesa. 

— O que? Te trazer no nosso restaurante favorito? 

— Sentar na mesma mesa em que eu me declarei. — ele revirou os olhos enquanto sorria, não porque estava gostando, mas sim porque estava achando tudo muito engraçado. — Certamente já deve saber o que vou pedir, não? 

— Sim, vou pedir por nós dois e o vinho já está chegando. — Zayn assentiu, tentando manter sua postura sentado naquela cadeira. Callie estava usando um vestido preto que tinha rendas nos braços, não era muito longo e bem justo em seu corpo, seu cabelo continuava cumprido, longo e ondulado, sua maquiagem bem delineada e forte... ele tinha se esquecido de como era olhar para ela de perto. — Você precisa saber, Zayn, que não desisti ainda. Eu não posso. Mas não se preocupe, sei que está com Danielle e até moram juntos agora. 

— Sim — ele disse concordando e ao mesmo tempo incentivando a, a continuar. 

— Quero que me conte sobre você, sobre o que anda fazendo, se ainda é tão agitado a noite quanto quando dormíamos juntos. 

— Não sei se Danielle me acha agitado, na verdade, não estamos nos falando. — ele disse dando de ombros e em seguida olhou para o lado, o garçom colocava vinho em suas taças. 

— Quando fui embora, Alex vivia dizendo que queria que Lexia morasse com ele para pedi-la em casamento depois, fiquei sabendo que deu certo. 

— Serio? Como? 

— Ela mesma me contou, nos encontramos um dia. 

— Bom, não posso dizer mais nada então, você conhece todos os meus amigos. 

— Passamos muito tempo juntos. — ela se curvou sobre a mesa e Zayn fez a mesma coisa com um olhar irônico, mas que era extremamente sedutor. 

— E mesmo assim você me traiu, o que prova a minha teoria de que o tempo não é nada. Quanto tempo as pessoas levam pra se apaixonar? Dois dias? Um ano? Três meses? — deu de ombros. — É o mesmo tempo que levam pra trair alguém. 

— Nunca vai esquecer isso, não é? — Callie perguntou um pouco triste, mas não deixou que Zayn respondesse. — Eu te chamei aqui para conversamos como adultos, não para ficarmos relembrando o passado, precisamos tentar, Zayn... por favor. — ela disse baixo e alguma coisa em Zayn pareceu ter caído, foi observar o suspiro dela para deixar de querer ser irônico a noite inteira. 

— Tudo bem, Callie, tudo bem. — ele sorrio fraco, porem sincero. — Só antes me diga, porque trancou Danielle aquele dia? Por uma noite inteira, meu Deus, co... — ela o interrompeu. Zayn estava assumindo um tom um tanto irritado ao se lembrar desse ocorrido, pareceu ter se esquecido, mas assim que pensou em Danielle e Callie juntas ele se lembrou. 

— Eu não fiz aquilo. 

[...]

Zayn viu Danielle sentada a mesa, debruçada nela com a cabeça apoiada nas mãos e outra mão segurava uma taça cheia de vinho a qual ela bebeu de uma vez de repente. Ele coçou os olhos para ter certeza de que estava vendo direito. Ele usava apenas uma boxer, mas não quis vestir nada, apenas descer e ver o que ela tanto fazia lá embaixo, não tinha ido embora naquela noite, não conseguiu, não foi tão fácil quanto ele imaginou que seria. Já fazia muito tempo que ele tinha visto a passar pelo corredor meia sonolenta, cambaleando e esbarrando na parede, então decidiu descer e ver o que estava acontecendo e encontrou tal cena, o que o surpreendeu foi que o vinho que estava na taça dela era já da segunda garrafa, a primeira estava completamente vazia. 

Até então, Danielle não pareceu nota-lo, estava distraída desenhando coisas aleatórias na mesa de mármore com os dedos que nem o viu passando. Ela passou a mão pelo cabelo, suspirando, pareceu cansada e então bebeu todo o liquido dentro da taça de uma vez e colocando a taça em cima da mesa enchendo a novamente. 

— Danielle, você está bem? — ela levantou a cabeça para olha-lo e logo depois se voltou para a sua taça, encarando a por um segundo antes de vira-la completamente bebendo tudo de uma vez. Se levantou meia tonta e pegou a garrafa e a taça, pensou em beber mais, mas já tinha bebido uma garrafa inteira e se não parasse beberia a outra também. — Danie... 

— Fique quieto, por favor. — ela disse em um tom muito diferente do que o que ele havia imaginado, baixo, muito baixo. 

— O vinho é meu, você me deve uma explicação. 

— Eu compro outro pra você, não precisa nem se dar ao trabalho de se preocupar. — pegou seu celular em cima do balcão, mas Zayn segurou seu braço antes que ela saísse de perto dele. — É serio, não se preocupe, compro outros pra você... — ela disse tentando se soltar e Zayn percebeu como ela estava meio mole. 

— Esses custaram 11 mil. — ela parou de se mexer na hora e arregalou os olhos para olha-lo. 

— Meu deus — ela disse parando de respirar por um momento. — eu achei que você fosse idiota, mas não a esse ponto... — balançou a cabeça incrédula fazendo mais força para se soltar e conseguiu, puxando seu braço pela última vez. — 11 mil Libras em vinho? — ela quase engasgou. Deixou sua taça em cima do balcão com cuidado na mesma hora. 

— Eram pra despedida de solteiro do Alex — Zayn deu de ombros. — Não precisa se preocupar, são só... 

— 11 mil Libras! — ela o interrompeu se afastando mais. 

— Onde está indo? — Zayn perguntou enquanto ela saia. 

— Estou indo comprar uma garrafa de vinho de 10 Libras. — revirou os olhos para ele, mesmo que Zayn não pudesse ver. 

— Por que você estava bebendo? — Zayn perguntou seguindo a.  

— Porque me deu vontade — respondeu passando a mão na testa e abaixando a cabeça se sentindo tonta, até que sentiu Zayn atrás de si colocando a mão em sua cintura, então se virou rapidamente para o impedir. — Eu fui até o prédio do meu pai hoje, eu começaria hoje e eu só queria alguém... — ela respondeu, sua voz estava um pouco sonolenta e devagar demais, mas Zayn sabia que era por conta do vinho que a deixava com tonturas muito rápido por ser forte demais para ela. — Você sabe o quanto foi difícil pra mim aceitar isso, sabe o quanto meu pai sempre quis que eu parasse com a arte para ir trabalhar com ele e agora ele finalmente conseguiu, você sabia Zayn, você sabe de tudo isso. Eu cheguei lá hoje e ele me mandou embora, não disse os motivos exatos, só me disse que eu poderia sempre usar o dinheiro que quisesse como se isso me ajudasse em algo. Ele foi grosso e de repente preocupado, eu não entendi nada, me colocou pra fora de sua sala e depois me levou direto ao elevador me dizendo pra ir. — ela respirou fundo, triste, muito triste. 

Zayn já estava muito próximo a ela, próximo o suficiente para sentir o cheiro de seu cabelo se misturando com o do vinho. Vinho e lavanda. Não era ruim, só confuso, porque ela era. Danielle estava o encarando com um semblante cansado e triste, Zayn não era diferente, embora mais atencioso pois ele sabia que ela queria alguém para conversar. 

— Tudo o que eu queria era conversar, falar sobre isso e sobre o quanto meu pai adora mostrar que não precisa de mim — ela deu uma pausa olhando para o lado, tentando respirar fundo para não chorar. — Eu só queria te contar, mas você foi igual a ele, me ignorou a semana toda. — ela deu um passo para trás abaixando a cabeça. 

— Danielle, você não sabe o que... — ele começou, mas ela não o deixou terminar. 

— Não Zayn — ela disse um pouco mais alto para tentar soar firme e quando percebeu que ele ia falar algo colocou a mão sobre a boca dele a tampando, impedindo o de falar algo. — Shhh. Não me deixou falar a semana inteira, então não diga o que eu quero escutar agora, por favor. — ela sussurrou, sua outra mão estava na nuca dele, Zayn ficou parado, apenas prestando atenção no que ela queria dizer, porque pelo toque tremulo de Danielle ele sentiu que era importante. — Depois de tanto vinho é difícil controlar o que vou dizer agora — ela virou a cabeça para o lado não querendo olhar para ele, mas não aguentou por muito tempo, o corpo dele estava tão próximo ao dela, que era quase impossível para Danielle não olhar. — Eu não sou mais minha Zayn, antes eu era, mas agora... Eu quero conversar com você, não sei se devo, mas eu sinto vontade, eu... Zayn... eu gosto de você. — ela sussurrou e depois disso tirou a mão da boca dele se arrependendo porque isso tinha os deixado muito mais próximos e ficar próxima assim dele a deixava mole, como se fosse cair. — Achei que podia contar com você, achei que daria certo, mas você sabe que não vai... nós estávamos começando, começando a contar um com o outro, começando a conversar e mesmo assim você não aceitou as minhas desculpas, me deixou gritando teu nome sozinha no corredor... eu só precisava saber se você ainda queria ficar comigo, conversar e sorrir pra mim quando nos encontrássemos de manhã, mas você me cansou e eu não quero mais tentar. — ela se afastou, mas ele não deixou, segurou os braços dela fazendo Danielle encara-lo

— Eu sei que está chateada, mas não pode dizer que simplesmente cansou. Danielle você... você sempre... 

— Eu o que? — ela perguntou quase sem voz, só queria ser forte o suficiente para sair dali e deixa-lo. 

— É você quem faz a gente seguir, porque eu sei que é boa o suficiente pra acreditar em mim e quando você acredita eu também consigo. 

— Eu não quero acreditar em você. — ela negou se sentindo tonta, mas cada vez que tentava se afastar, Zayn se aproximava mais. Ela sentiu a testa de Zayn contra a sua quando ele abaixou a cabeça para frente e seus narizes se encostando um no outro, tentou se afastar novamente, mas a mão dele já estava em seu rosto fazendo a olhar para ele. — Eu posso não acabar com esse contrato, mas eu não posso mais Zayn... — ela não sabe de onde tirou forças para tal ato, mas conseguiu segurar a mão de Zayn e tira-la de seu rosto, abaixando a devagar. 

— Eu sinto muito não estar aqui pra te ajudar com o seu pai, mas você sabe que não adianta. — ela se afastou e deu as costas para ele, parando perto do pilar da cozinha para se apoiar e antes de sair andando de novo ela respirou fundo, tentando pegar de volta todo o ar que lhe faltava. 

— Você ficou uma semana sem falar comigo e eu acabei... meu Deus, eu disse que gosto de você! — ela disse indignada, como se ela mesmo não se lembrasse.