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História Toxicidade (Kakuhida) - Tempestade, mas não em copo d'água - capítulo seis


Escrita por: mclaraqc

Notas do Autor


Bom dia, boa tarde ou boa noite para todos aqueles que não estão presos no Tsukuyomi Infinito

Hoje, considerem encerrado o primeiro "arco", por assim dizer, da história. Vai começar uma nova fase, que ainda vai se desenrolar ao longo dos próximos capítulos. Conforme estiverem lendo, vão entender

Sendo assim... boa leitura! <3

Capítulo 7 - Tempestade, mas não em copo d'água - capítulo seis


-Alguém te falou alguma coisa sobre isso? Kakuzu, me responda! Caralho, quem te falou?!

Ele estava tremendo, não pensou antes de perguntar e agora estava preso em uma enrascada, que desculpa poderia utilizar para sair daquilo? Ele sabia que algo havia acontecido tanto pelo relato de Shinigami quanto pela voz de seus amigos, se revelasse qualquer um dos meios, ele se sentiria traído. O tempo estava correndo, precisava pensar em algo rápido e... céus! Aquela foto veio a calhar, precisava responder rápido e torcer para a desculpa fazer sentido.

-Aquela foto na cômoda da sala, -se referiu a uma foto no cômodo ao lado, não tão antiga, mas desgastada, contendo a foto de uma mulher semelhantíssima a Hidan o abraçando - é sua mãe, né? Ela é idêntica a você, por isso deduzi. E outra, vocês estão no sofá lá da sala, ela não mora mais aqui? -suas mãos tremiam e suavam, enfiou-as sob as coxas torcendo para o outro não perceber.

-Ah, entendi. -seu olhar estava cabisbaixo, ele aparentava estar triste- Não, quem dera ela estivesse em algum outro lugar. Minha mãe morreu há dois anos, não pergunte sobre isso, por favor.

-Tudo bem, não vou. Sinto muito por tudo.

-Está pedindo desculpas por quê? Você não fez nada! Ah, tanto faz, decide se vai ficar ou não, vou dormir.

Hidan se acomodou melhor e virou para o lado oposto, deitando-se sobre as mãos. Kakuzu puxou o ar com força e o segurou por alguns instantes nos pulmões, exalando pesado em tentativa de se acalmar, quase se entregara em um deslize idiota. Sua cabeça agora enfrentava um dilema, não poderia tardar em contar tudo para ele, se deixasse para depois talvez estragasse toda a confiança. Ao mesmo tempo, temia se revelar já e acabar com algo que nem havia começado, ele gostava muito de Hidan e queria-o como amigo, não poderia perder a chance, de jeito nenhum! Gostaria de desabafar, mas não tinha ninguém; será que era assim que ele se sentia? Sufocado sabendo que não poderia revelar seu alter ego fora do nome Shinigami? Droga, por que aquilo deveria ser tão complicado?!

Kakuzu percebeu que o mais novo estava adormecido quando ele começou a se revirar e tremer de frio. Tomou a liberdade de abrir o armário e buscar por um edredom para cobri-lo e ainda ajeitou o capuz do moletom em sua cabeça, retirando seus tênis e afofando um pouco seu travesseiro. Ele se remexeu mais, parecia estar tendo um pesadelo, então Kakuzu acariciou seu cabelo e sussurrou palavras de conforto até ele se acalmar, parecia estar em paz agora. Deitou-se ao lado do Jashinista e virou para o oposto, dormiria ali mesmo, estava cansado demais para voltar para casa.

 

=

 

-Eu não vou ser sua válvula de escape!

Nagato bateu a porta e saiu do apartamento pisando duro, algumas lágrimas rolavam por seu rosto, deixou para trás um Kuro desestabilizado e Yahiko e Kakuzu atônitos. Ninguém sabia o que dizer, Hidan surgiu pela porta do quarto esfregando os olhos de sono e bocejando, sua testa estava franzida em confusão.

-O que tá acontecendo? Eu acordei com alguém gritando...

-Aconteceu que eu estraguei tudo de novo! Eu não faço nada certo nessa vida, nada! -Kuro exclamou alterado, sentando-se no chão e escondendo a cabeça entre os joelhos em sinal de frustração.

-Ahn?

-Vou resumir, -Yahiko se aproximou e tocou o ombro de Hidan- foi assim: eu acordei estatelado no chão da cozinha e o Kakuzu estava fazendo café, eu olhei em volta e vi o Naga e o Kuro dormindo abraçados na poltrona, tudo torto e bem fofinho sabe? Pareciam dois ursinhos carinhosos e...

-Vá direto ao ponto.

-Tá tá, desculpa. Enfim, ontem eles se beijaram e, quando acordaram, o Nagato tomou consciência do que aconteceu e ficou puto, falando que o Kuro tinha acabado de conhecer ele e o estava usando como tapa buraco por não ter conseguido pegar o Sasori.

-Mas que porcaria, não é nada disso! -Kuro gritou mais uma vez, em breve os vizinhos apareceriam para reclamar- Eu ainda não superei o Saso, não tem como fazer isso tão rápido, mas eu de fato quis beijar o Nagato, sabe? Ele consentiu e eu aproveitei a oportunidade, não pra “tapar buraco”, eu queria beijar ele e só ele! Eu esqueci que algumas pessoas são mais sensíveis na hora de ficar com alguém que acabaram de conhecer...

-Ei, não foi culpa sua, -Kakuzu tentou consolar- ele só entendeu errado.

-É culpa minha sim! Agora meu irmão e o Sasori me odeiam! Se não bastasse, um dos caras mais incríveis que já vi e estava doido pra conhecer melhor agora me odeia também!

-Ai, olha, honestamente? -Hidan se ajoelhou ao lado do Zetsu- Deixe de ser mole! Você não pediu desculpa para o seu irmão até agora porque não quis, vai fazer a mesma coisa com o Nagato? Eu te conheço faz três dias e já sei que você é do tipo que se lamenta e foge, sério isso? Se eu fosse você, iria agora resolver esses B.O.s antes de piorar a situação!

Ele estava de olhos arregalados e levemente ofendido pela bronca, todavia, estava um milhão de vezes mais motivado. Calçou os sapatos com pressa, agarrou a mochila e saiu do apartamento sem nem se despedir, Hidan gritou um “de nada” quando ele já estava longe.

Depois do café, Yahiko foi embora com Kakuzu, a festa estava findada e Hidan de volta em sua calmaria. Ele e o moreno mal conversaram pela manhã, sabia que eles haviam dormido na mesma cama mesmo estando sozinho quando acordou, não sabia de onde havia tirado tamanha coragem para permitir. Tinha consciência, também, de que Kakuzu o salvara de seu pesadelo sem ao menos desconfiar; aquele home era diferente, sentia-se conectado a ele de uma forma estranha, sentia como se seus medos se dissipassem momentaneamente, como se... fosse mais verdadeiro com ele. Conheciam-se, mas como?

A outa única pessoa com quem estava confortável assim era Go Ares, mesmo ele ainda não sabendo de toda a história sobre o assassinato de sua mãe. Talvez, finalmente pudesse colocar para fora todos aqueles acontecimentos presos em seu âmago.

Não, não era hora.

 

=

 

As ruas eram estranhamente vazias nas tardes de domingo, as pessoas geralmente saíam pela manhã, almoçavam e passavam a tarde dormindo ou realizando trabalhos e tarefas atrasados. Era esse o motivo pelo qual Kakuzu decidiu sair exatamente as três da tarde, levou consigo seu notebook e os fones de ouvido enrolados na carteira, iria aproveitar uma cafeteria vazia para realizar seu plano. Escolheu uma na altura da avenida principal, era pequena e confortável, tinha conexão sem fio e ninguém iria reclamar se ele trabalhasse ali, estaria pagando.

Escolheu uma pequena mesa na lateral, longe da vista da vitrine, pediu um café sem açúcar e biscoitos de canela, ajeitou os equipamentos sobre a mesa e começou a fazer as conexões necessárias. Ele havia elaborado uma ideia junto com Shinigami, ideia esta vinda das últimas notícias do dia: o assassinato de uma jovem a sangue frio pela polícia local, em decorrência de uma “bolsa suspeita”, não passava de uma sacola com ração para seu gato. Já planejavam o artigo sobre esta forma de violência há uma semana e decidiram criar um golpe fatal, algo que não passasse batido e chamasse atenção das pessoas para o tópico tão negligenciado. O que fariam? Simples, o mundo ouviria a voz do famoso influenciador Go Ares pela primeira vez.

Obviamente Kakuzu utilizaria um modulador de voz para isso e gravaria tudo naquela cafeteria, onde não poderiam o rastrear. Shinigami insistiu para ouvir a voz dele antes de aplicar o efeito e, mesmo se quisesse, Kakuzu não poderia permitir, ou então ele reconheceria a voz e tudo estaria acabado. Esperou o atendente servir seu pedido para finalmente começar a gravar, na paz e silêncio daquele ambiente, longe de qualquer risco. No dia anterior, separou diversos artigos e manchetes relacionadas ao assunto, somou a alguns relatos de Hidan e criou um compilado fatal; leria tudo com uma voz calma e grave, enfatizando principalmente as idades das vítimas, seria grotesco e revoltante para quem ouvisse, impossível alguém não se compadecer depois de tudo. Quando a bomba estivesse solta e armada, lançariam o artigo (o melhor já escrito, na opinião do próprio Kakuzu) e promoveriam uma solução.

Em algumas das manchetes sentia vontade de gritar, já estava irritado com tudo aquilo, mas se manteria firme e faria tudo da forma correta. Quando pronto, passou o áudio pelo modulador várias vezes, mantendo o tom e a frieza, porém, tornando o timbre irreconhecível; enviou o arquivo para Shinigami e esperou sua confirmação, ele estava responsável por criar um fundo de exibição e pela postagem. Kakuzu se permitiu relaxar enquanto esperava, imaginava Hidan sentado em sua cama abaixo do ar-condicionado e enrolado em uma coberta, o computador no colo durante seu trabalho de edição, ajeitando a thumb ao seu modo com os olhos púrpuros focados e brilhando graças a iluminação da tela. Sorriu com a imagem, sabia que ele era concentrado no trabalho quando se tratava do blog.

Cerca de uma hora depois e três porções de dangos, o notificador apitou e ele sorriu com a mensagem: “aprovado e postado”. Abriu a página inicial do blog em uma guia anônima e se animou, em menos de um minuto já existiam mais de quinhentas visualizações, algumas pessoas já comentavam mesmo que não houvessem visto nem a introdução do arquivo. Graças a fama da página, mesmo quem não a conhecia, agora com certeza ficariam sabendo, imagine aquilo tudo saindo em um telejornal? Não, já estava se deixando levar, mas que haveria repercussão era fato, seria bom até mesmo se as autoridades assistissem. Os acessos cresciam e os compartilhamentos também, tudo corria bem e, quando a poeira levantada pelo áudio começasse a baixar, postariam o artigo e levantariam tudo de novo; se o assunto não morresse, ninguém mais morreria.

Parou para analisar a capa editada por Hidan, era muito condizente com sua personalidade: simples e ao mesmo tempo dramática, cheia de elementos monocromáticos e havia um... símbolo de Jashin escondido em um canto? Relevou. Pagou a conta com os bolsos chorando, odiava gastar, mas fora necessário; guardou o computador na mochila e colocou o copo com o que sobrava do café já frio no suporte de copos, iria para a casa satisfeito como nunca.

O sol já estava se pondo e as ruas estavam relativamente mais movimentadas, dirigiu com calma, prestando atenção nos arredores conforme cantarolava a música tocada na rádio. A entrada do parque municipal estava cheia e era nítido o volume de pessoas lá dentro, crianças corriam e brincavam com as águas de um chafariz e seus pais enlouqueciam correndo atrás das pequenas pestes. Ele riu nasalado, gostava de crianças e esperava ser pai algum dia, queria que seus filhos crescessem em um mundo transformado por si, onde pudessem viver em paz. Ele com certeza levaria suas crianças para passear no parque, assisti-los-ia correndo enquanto conversava com quem quer que estivesse casado nos bancos envolta das fontes, talvez se tornasse também o pai que corria atrás das crianças quando estas fizessem alguma travessura.

Sem ao menos se realizar, começou a pensar em Hidan. Com seu jeito sombrio e assustador, será que ele gostaria de ser pai algum dia? Na verdade, será que ele seria capaz de um dia se apaixonar? Não precisava estar casado para ter filhos, então talvez adotaria e ficaria solteiro para sempre? Ao prestar atenção na música no rádio, riu da ironia: “Can´t help falling in love” de Elvis Presley; Kakuzu era assim, se apaixonava fácil. Ultimamente estava diferente, não tinha interesse em ninguém, seus pensamentos estavam mais voltados para sua missão e seu sócio misterioso do que para relacionamentos de fato.

Parando de prestar atenção nas pessoas na rua e se emaranhando nas próprias fantasias, chegou em casa em menos de vinte minutos. Deixou os sapatos na porta e se jogou na cadeira da sala de jantar sem nem trocar de roupas, estava ansioso para ver como as coisas estavam correndo no Toxicidade. Entraram em alta na plataforma de postagens e os compartilhamentos não paravam, tinha recebido aproximadamente vinte mensagens de Shinigami apenas enviando palavrões em comemoração. Ele também estava com vontade de sair gritando aos sete ventos por tudo estar dando certo.

Bom, sua vontade sumiu ao receber uma notificação anônima na caixa de e-mails, uma conta desconhecida. Franziu o cenho e leu o curto texto, perdendo a cor das bochechas em seguida. A mensagem era clara e fria, sem rodeios: “Eu sei quem você é, Kakuzu, mas você não sabe quem eu sou. Achou mesmo que não poderia ser hackeado? Bom, agora você está em minhas mãos.”

 

 

 

Continua


Notas Finais


É, os dois últimos capítulos foram de bastante tensão...
Mas tivemos alguns momentos fofinhos, não foi só choro e solidão

Uma informação nada a ver aqui, mas estou trabalhando em uma espécie de redação para uma de minhas matérias e o tema é "Abuso de autoridade no Brasil", resumindo, tem muita ligação com a temática da fic. Uma pena que não posso usar minha própria história como repertório aaa
Bom, por ser um tema >muito< específico, se houver alguém aqui que por ventura estuda comigo, somando meu nome no user, agora sabe quem eu sou. Resumindo, posso estar muito ferrada agora, mas acontece

Bom, até sexta então e uma boa semana para todo mundo <3


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