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História Trapaças do Destino - Vida que segue


Escrita por: HunterPriRosen

Notas do Autor


Oi, gente!!!

Olha quem está aqui um pouquinho mais cedo? Euzinha da Silva!

Well, vou ser bem breve nestas notinhas aqui, mas nos vemos na minha bíblia lá embaixo, okay?

Seguinte, quero agradecer as pessoinhas ungidas que favoritaram a fic e pelos comentários lindos que tenho recebido. Valeu!

Eu sou relativamente nova no SS e relutei um pouquinho em postar a fic aqui, porque eu já postava ela em outro site e achei que seria difícil administrar as duas coisas. Também pensei que eu não receberia comentários e acabaria desanimando. Doce engano, né? Vocês tem sido muiiiiiiiiiito legais e estou muiiiiiiiiito feliz com o retorno que tenho tido aqui, então muiiiiiiiiiito obrigada!

Bem, sobre o capítulo de hoje, especificamente o flashback... Não me odeiem, tá? Oi?

Boa leitura!

Capítulo 16 - Vida que segue


 

Três anos atrás

A chuva cai contínua e impiedosamente, enquanto dirijo o meu carro por uma estrada do Texas, perto da fazenda da minha avó, que está sentada ao meu lado, no banco do passageiro, folheando uma revista qualquer, enquanto relâmpagos iluminam a noite que se estende do lado de fora.

Os vidros das janelas estão abaixados cerca de um centímetro e, com isso, um vento gelado e também alguns teimosos pingos de chuva entram por elas. Eu ate as fecharia por completo, se o ar condicionado do carro não tivesse quebrado há uma semana.

Enquanto dirijo, mantenho os olhos fixos na estrada e uma expressão fechada. Cara de poucos amigos, como a Sra. Susan Mills mesma costuma dizer. E eu tenho certeza que ela sabe muito bem o motivo do meu estado de espírito. Ah se sabe...

Estou no Texas há alguns dias, desde que a Universidade de Nova York entrou em recesso e, neste momento, eu e minha avó estamos voltando de um supermercado da região, onde fizemos compras. Ou tentamos, pelo menos. É difícil dizer, já que me lembro mais da discussão que tivemos na seção de enlatados, do que de estarmos enchendo o carrinho com os produtos de fato.

O assunto da discussão? Sempre o mesmo. Meu pai. Ou melhor, a total teimosia da minha avó em não me contar quem ele foi. Sim, porque pelo menos de uma coisa eu sei: meu pai morreu em um acidente de carro, há muitos anos. Ou pelo menos é isso o que minha avó me contou, quando eu era criança e comecei a fazer perguntas sobre minhas origens.

Desde então, eu lhe faço a mesma pergunta: quem era ele?

E a Sra. Susan sempre dá um jeito de fugir do assunto proibido. Ela simplesmente relata o que eu já sei. Que minha mãe, Marie, era uma ótima menina, mas um tanto deslumbrada, que acabou se envolvendo com um cara popular da faculdade e engravidou de mim.

Então, quando minha mãe contou a novidade para o meu pai, ele simplesmente a rejeitou, disse que o filho não era dele, fugiu dela por dias, até se transferir de faculdade e desaparecer do mapa. Enfim, esse tipo de canalhice típica de caras babacas que não assumem o que fazem.

O fato é que mesmo tendo sido um babaca, eu tenho o direito de saber quem o meu pai foi. Tenho o direito de saber pelo menos o nome dele, não tenho? Quem sabe descobrir se eu tenho tios, avós, primos...

Mas, pelo visto, para a minha avó, eu não tenho direito algum, já que ela simplesmente se recusa a revelar o nome do meu pai ou qualquer outro detalhe sobre ele.

E isso me deixa desconfiada, afinal, qual é o problema em dizer apenas o nome dele?

Toda essa recusa faz eu me perguntar outra coisa também: se o meu pai desapareceu do mapa, como minha avó sabe que ele morreu em um acidente?

Quando a confrontei com esta pergunta, há alguns anos, ela ficou visivelmente nervosa e desconversou, dizendo que ficou sabendo por alto, que as notícias se espalharam na época, que alguém contou para ela, porque conversou com não sei quem, que leu a notícia não sei onde.

Ou seja, no que se refere às minhas origens, tudo o que sei realmente é que minha mãe morreu no meu parto. Sobre o meu pai, as coisas são nebulosas e sempre soam falsas. Como se ele não existisse ou fosse de outro planeta.

Estou pensando em tudo isso, quando minha avó tenta me mostrar uma página da revista e pergunta empolgada e toda carinhosa:

— O que você acha deste bolo, querida?

Se tem uma coisa que eu odeio é quando ela finge que está tudo bem entre nós, quando, para variar, não está.

Eu amo a minha avó, é claro, mas a nossa relação não é nem de longe uma das melhores. Isso porque, saber que ela esconde certas coisas de mim, e que ainda por cima subestima a minha inteligência deste jeito, me irrita profundamente.

Sendo assim, eu respiro fundo, mantenho o olhar na estrada e resmungo seca:

— Eu não quero conversar.

Após um longo e aterrador momento de silêncio, minha avó recomeça de um jeito mais contido, porém ainda assim carinhoso:

— Mas nós precisamos acertar os detalhes, meu amor. O seu aniversário está muito perto.

Odeio quando ela faz isso também. Fica falando toda mansinha, como se nada tivesse acontecido, como se ela não mentisse para mim desde que eu me entendo por gente.

Respiro fundo mais uma vez e aviso rispidamente:

— Não vai ter festa nenhuma.

Mais um silêncio longo e aterrador. Acelero o carro, quando alcanço uma ponte. E então ouço minha avó novamente:

— Por que não?

Rio sem humor e solto um suspiro incrédulo, já que também odeio quando a Sra. Susan Mills se faz de desentendida deste jeito.

Cansada da sua postura e me lembrando de todas as nossas discussões envolvendo o assunto proibido, simplesmente me volto para ela e explodo:

— Por que eu não quero! Porque eu não tenho o que comemorar! Porque a minha vida é uma grande mentira e eu não quero comemorar isso! E porque eu cansei das suas festas! Do algodão doce! Daqueles pijamas infantis ridículos! De tudo! — paro por alguns instantes para respirar e percebo, pelo olhar assustado e triste da minha avó, que eu a magoei.

Automaticamente, me sinto um ser humano horrível, quando era ela quem devia se sentir assim, afinal é ela que está mentindo nesta história e não eu.

— Por favor... Apenas... Me deixe em paz. — peço um pouco mais calma, mas ainda assim, muito magoada com ela.

Minha avó me encara de um jeito indecifrável. Carinhoso, eu diria. E eu não sei como ela consegue me perdoar tão rápido, sendo que eu nem pedi desculpas desta vez. Nem vou. Estou cansada disso também, de me desculpar sempre, quando ela continua escondendo coisas de mim. Coisas que eu tenho o direito de saber.

Me distraio por um segundo, pensando em tudo isso, até que algo ilumina o painel do carro. Então, minha avó olha para a frente imediatamente e me alerta:

— Liv, cuidado!

Tudo acontece depressa demais...

Assustada, eu me volto para frente e as luzes dos faróis de um caminhão, que vem à toda velocidade pela contramão da ponte, quase me deixam cega.

O motorista buzina e eu giro o volante rapidamente, tentando desviar e evitar uma possível colisão. Mas ela acaba acontecendo de qualquer jeito. De raspão, mas acontece. E com isso, o carro gira na ponte escorregadia, várias e várias vezes.

Os gritos da minha avó se misturam aos meus e, de repente, o carro capota, sobe a mureta de proteção e começa a cair vertiginosamente para o outro lado.

Logo, o veículo mergulha no rio que passa embaixo da ponte, e que está bem agitado por causa da forte tempestade, que continua caindo impiedosa.

Começo a chorar à medida que a água turva e gelada invade o carro. Então, percebo que minha avó, mesmo com um corte profundo na têmpora, entre outros ferimentos, está tentando desafivelar o meu cinto de segurança.

Atônita, zonza e sentindo uma forte dor de cabeça e também pelo corpo, eu tento fazer o mesmo com o dela. Mas, o maldito parece estar emperrado.

Em dado momento, meu cinto se solta. Mas, o da minha avó... Não.

Olho para ela aos prantos, enquanto a água continua subindo rapidamente.

Apesar da situação tensa e desesperadora, é como se o tempo tivesse parado, enquanto nós duas nos encaramos. A discussão, todas elas na verdade, perdem completamente a importância para mim.

Sinto um aperto no meu coração, e ao mesmo tempo me sinto profundamente amada, quando minha avó toca o meu rosto com carinho e diz de um jeito firme:

— Você precisa ir.

O assombro deve estar estampado no meu rosto, quando retruco indignada:

— O quê?! Não! Eu não vou te deixar aqui! A senhora enlouqueceu?

A água sobe ainda mais e alcança nossos ombros rapidamente. Continuo tentando livrar a minha avó do cinto de segurança, sem sucesso, enquanto começo a me sentir estranhamente tonta e enjoada.

Devo ter batido a cabeça durante o acidente, mas não me lembro direito. Tudo está confuso e nebuloso em minha mente. Tudo em volta está confuso também. E frio. Muito frio. Gelado e desolador. Acho que vou perder os sentidos a qualquer momento.

De repente, sinto a mão da minha avó tocando o meu rosto de novo. Ela me chama. Tenta me manter com os olhos abertos. Se desespera. E, aos soluços, me diz algo que eu luto para compreender:

— Eu sinto muito... Eu só estava tentando te proteger... Ela não sabia quem ele era... Sua mãe só dizia que ele... Que ele... Não era daqui...

Ainda estou tentando entender o que minha avó falou, quando as luzes se apagam completamente.

Mergulho em uma escuridão sem fim e desperto algum tempo depois, engasgada com a água. Me debato e tento abrir a porta do carro, mas não tenho forças. Além disso, ela está bem amassada, o que me impediria de abrí-la mesmo que eu tivesse forças para isso. Bato no vidro da janela semi aberta, mas também não tenho forças para quebrá-lo.

Então, a água volta a invadir minha garganta. E meus pulmões, quando eu tento respirar. A sensação é desesperadora. Queima. Dói. Desconcerta. Sufoca.

Sem conseguir respirar, seguro a mão, estranhamente inerte, da minha avó. Em seguida, sinto algo flutuando entre nós e deduzo que seja a revista que ela tentou me mostrar antes.

Me dou conta de que não terei a oportunidade de escolher o meu bolo de aniversário desta vez e, então, sou tomada pela escuridão de novo.

Dias atuais

Começo a despertar e percebo que estou deitada em uma espécie de cama hospitalar. Imediatamente, sinto uma onda de pânico dominar os meus sentidos, pois acabo me lembrando da última vez que acordei sobre uma cama dessas. Meu peito dói e meus pulmões parecem queimar de novo, diante de tal lembrança.

Rapidamente, abro mais os olhos e me sento afoita, olhando tudo em volta e constatando que estou em um tipo de laboratório. Logo, constato também que não estou sozinha neste lugar.

Ao ver que eu acordei, Bruce, que está com um jaleco branco sobre suas roupas, abandona uma prancheta sobre um balcão e se aproxima perguntando:

— Ei... Você está bem?

Legal. Nada como se deparar com o cara que você agarrou no meio da rua, assim que você desperta em um lugar desconhecido, depois de ter sido atropelada covardemente por um doido em uma bicicleta.

Envergonhada, desvio do seu olhar, levo minha mão à nuca e respondo:

— Minha cabeça dói um pouco.

— Você teve uma concussão. Mas vai ficar bem, não se preocupe. — Bruce explica calmamente.

Ainda sentindo muita vergonha, engulo em seco e pergunto cabisbaixa:

— Que lugar é esse? — e olhando para mim mesma, completo: — E por que eu estou com essa camisola ridícula de paciente de seriado médico?

— Nós estamos na Torre Stark. Eu achei melhor te trazer para cá, do que te levar a um hospital. Poderia chamar a atenção e chegar aos ouvidos do Loki de alguma forma. Todo cuidado é pouco, ainda mais agora que ele anda tão desconfiado. — ainda estou assimilando o fato de que este lugar tem um enorme e bem equipado laboratório médico, quando Bruce responde a minha segunda pergunta: — Não se preocupe, foi a Natasha que vestiu esta camisola em você. Nós só queríamos te deixar mais confortável.

— Ah... Entendi. — digo simplesmente, enquanto volto a pensar no nosso beijo e sinto o meu rosto ruborizando pouco a pouco.

Para meu desespero, Bruce se senta na cama e me chama:

— Olivia.

— Pois não? — replico, ainda sem olhar para ele.

— Será que você pode parar com isso, por favor? — ele pede, mas eu permaneço do mesmo jeito, me fazendo de morta. — Olhe para mim. — sem outra escolha, eu respiro fundo e o encaro. — Não foi tão ruim assim, foi? — ele brinca, me deixando surpresa em parte, mas ao mesmo tempo, não, afinal este é Bruce Banner. Sempre gentil, sempre amenizando as coisas para o meu lado, sempre fazendo com que eu me sinta melhor.

Sinto o meu rosto voltando a sua cor normal e consigo até esboçar um sorriso tranquilo. Em seguida, me sentindo menos idiota por tê-lo agarrado, questiono:

— Então você não está bravo comigo?

Bruce sorri também e tenta amenizar o meu papelão mais uma vez:

— Por que você me beijou? Não. Acontece nas melhores amizades, eu acho. Além disso, eu tenho certeza de que há muitos caras por aí que adorariam estar no meu lugar naquele momento. Então, quem sou eu para reclamar?

Fofo! Fofo! Fofo! É o que estou pensando, quando Bruce fica um pouco sério e admite:

— Mas eu estou preocupado, Olivia. Falando sério agora, nós somos amigos. Então... Por que você fez aquilo?

Respiro fundo, enquanto me faço essa mesma pergunta e, instantes depois, tento me explicar:

— É que... Por um momento... Eu pensei que, além de meu amigo, você pudesse ser o meu par perfeito.

— Por quê? — Bruce indaga, e como eu não respondo, ele estreita o seu olhar sobre mim e reformula: — Você pensou ou desejou desesperadamente que eu fosse? E por acaso, a sua atitude comigo teve alguma coisa a ver com a sua última conversa com o Loki?

Maldito rádio patroa! Maldito Heimdall, que fica com as antenas parabólicas sintonizadas na minha inútil existência e na existência do gafanhoto, para depois reportar tudo para o fofo do Thor, que acaba reportando tudo para os seus companheiros Vingadores! Sentinela fofoqueiro! Leva e traz!

Paro de xingar Heimdall mentalmente e respondo a primeira coisa que me vem à cabeça:

— O meu ataque de piriguetismo não teve nada a ver com o gafanhoto.

— Não? — Bruce parece duvidar de mim e isso me irrita um pouco.

Franzo o cenho e, deixando bem clara a minha insatisfação, retruco:

— Aonde você quer chegar com isso, Dr. Banner?

— Você sabe. — ele responde seriamente, quase de um jeito desafiador, enquanto continua me encarando.

Automaticamente, me lembro de uma conversa que tive com a Viúva Negra, quando ela foi ao meu cafofo e também me encostou na parede, da mesma forma que Bruce está fazendo agora. Na época, a ruiva insinuou que eu estava me envolvendo emocionalmente, desenvolvendo certos... Sentimentos pelo Loki, como certamente, meu amigo está insinuando agora.

Sentindo uma grande necessidade de convencer a mim mesma de que Natasha e Bruce enlouqueceram e que nada mudou entre mim e aquele traste asgardiano, respondo do jeito mais seguro que consigo:

— Eu não estou apaixonada pelo Loki.

Após um momento de silêncio, me analisando, Bruce responde:

— Talvez não. Talvez ainda não. Mas você tem medo de que isso aconteça, não tem?

Reflito sobre a sua pergunta e sinto um arrepio percorrer o meu corpo, quando me pego pensando demais no Deus da Trapaça.

Imediatamente, me recomponho e asseguro um tanto indignada:

— Eu não vou me apaixonar por aquela coisa! Mas, se numa possibilidade remota isso acontecer, basta vocês me internarem ou providenciarem um bom exorcismo. Ou as duas coisas, só para garantir. Eu tenho certeza de que voltarei ao meu estado normal rapidamente.

Como se eu não tivesse dito absolutamente nada, Bruce articula um tanto distraído:

— Você está com medo de se apaixonar por ele. Por isso está tão empenhada em se apaixonar por outra pessoa. Você tentou com o Rogers, comigo...

Pigarreio para chamar a sua atenção e então digo:

— Eu prometo que não vou me apaixonar por aquela gentalha de outro mundo nem...

Não termino de falar, pois sou interrompida quando Tony empurra a porta, entra no laboratório, ergue as mãos na altura do peito e diz:

— Oi, estou chegando. Por favor, não me beije. Eu sei que sou irresistível, mas não me beije, okay?

Rio sem humor da sua piadinha totalmente sem graça, me volto para Bruce novamente e completo meu raciocínio:

— Nem vou beijar mais ninguém daquele jeito. Prometo.

Enquanto se aproxima de nós, o Homem de Ferro brinca novamente:

— Acho bom mesmo porque, caso você tenha esquecido, eu sou um homem comprometido. E muito feliz, obrigado. Portanto, nada de tentar abalar a minha relação, hein? — então, ele desvia do meu olhar e diz baixinho: — Piriguete...

Constrangida, me recosto no travesseiro e encolho os ombros, querendo ficar invisível, enquanto Bruce olha para o amigo e o critica:

— Você não está ajudando.

— Eu só estou brincando, pessoal. Cadê o senso de humor? — defende-se com uma naturalidade absurda.

Neste momento, Steve ­— lê-se Capitão Gato Sarado América, meu ex-futuro marido — adentra o laboratório questionando:

— Tudo é piada para você, não é?

Imediatamente, Tony se volta na direção dele e responde:

— Só o que é engraçado. — mas, como Steve cruza os braços e o encara seriamente, ele revira os olhos e prossegue de um jeito irreverente: — Qual é? Ela agarrou o Hulk. — e olhando para Bruce, ele diz: — Sem ofensa.

— Eu não me ofendi. — a criatura fofa diante de mim o tranquiliza.

Na sequência, Stark volta a sua atenção para Steve mais uma vez e retoma:

— Por falar nisso, você não ficou com ciúmes? Deve ser difícil ser trocado assim tão rápido por outro. Pelo visto, esse papo de que as mulheres preferem homens mais velhos não se aplica a você, Capicolé. Como você se sente sobre isso?

Sem gostar das brincadeiras, o Capitão apenas respira fundo, ignora Tony, se volta na minha direção e pergunta de um jeito fofo:

— Como você está, Olivia?

— Com muita vergonha, mas vou sobreviver. Obrigada por perguntar. — respondo, acenando e sorrindo discretamente para ele.

Em seguida, o top model asgardiano e o casal fofo de Vingadores — lê-se Thor, Clint e Natasha — também entram no laboratório e, antes que eles digam qualquer coisa, eu me adianto rapidamente:

— Eu estou bem. E sim, eu beijei o Hulk, mas nós já superamos isso. — olhando especificamente para ele, indago: — Certo, Brubru?

Depois de franzir o cenho, talvez porque ficou surpreso com o apelido que lhe dei, Bruce responde:

— Absolutamente.

Então, eu volto a olhar para os demais Vingadores ali e encerro esta questão:

— Viram? Vida que segue. — logo depois, enquanto tento me levantar e acabar com esse momento constrangedor de uma vez, despejo apressadamente: — Quando eu posso ir embora? Agora? Obrigada! Cadê minhas roupinhas?

Imediatamente, Bruce coloca a mão no meu ombro e me repreende preocupado:

— Olivia, vai com calma. Você não pode se levantar assim. Aliás, o ideal é repousar mais um pouco.

— Eu estou ótima. — garanto, tentando me levantar novamente.

Mas paro, quando Natasha dá alguns passos à frente, seguida pelo seu boy magia, e anuncia:

— Eu te mostro onde suas roupas estão e te levo para o seu apartamento, Olivia, mas antes nós precisamos conversar.

Instintivamente, olho para cada um dos heróis em volta da minha cama e, pelas suas expressões, deduzo qual é o assunto.

Sentindo certo constrangimento, mas sabendo que é necessário deixar as coisas bem claras, articulo:

— Se for sobre aquela criatura atormentada que está assombrando, temporariamente, o meu humilde cafofo, não se preocupem. Eu, Olivia Mills, não pretendo me apaixonar pelo vilão da história, okay?

Após uma longa troca de olhares com seus companheiros, Thor se volta para mim e expõe de um jeito cauteloso:

— Eu fico aliviado em saber que você não tem essa intenção, Olivia, mas no que se refere a sentimentos, na maioria das vezes, só intenções não bastam. Além disso, meu irmão é manipulador e pode ser, como vocês mulheres costumam dizer, muito charmoso quando quer. Eu sei que ele está mexendo com você. E todos nós sabemos que você está se deixando levar por esse charme... Perigoso que os vilões das histórias costumam ter.

Sinto um grande constrangimento diante do que ouço e, apavorada com a possibilidade de que Thor tenha razão, camuflo minhas emoções, rindo um pouco e desconversando com sarcasmo:

— Charmoso? O Loki? Por favor, me apresente este cara.

Thor não parece achar a minha piadinha engraçada. Nenhum deles, aliás. Nem mesmo meu futuro chefinho, sempre tão engraçadinho. E isso só me deixa mais desconfortável com esta situação embaraçosa.

Em dado momento, quando estou avaliando a possibilidade de me esconder embaixo da cama, o Deus do Trovão volta a se pronunciar:

— O que eu estou querendo dizer é que talvez tenha sido um erro te envolver nessa missão. Talvez eu tenha te pedido demais. Por isso, eu vou entender, se você não quiser mais participar disso. Você não é obrigada a continuar ajudando o meu irmão, Olivia, se isso te deixa desconfortável ou confusa de alguma forma.

Avalio tudo o que ouvi com calma. Em seguida, respiro fundo e me manifesto com uma segurança que me assusta um pouco:

— Eu não vou desistir do gafanhoto. — ao perceber que fui sentimental demais em minha resposta, me corrijo um tanto afoita: — Digo, da missão! Eu não vou desistir dela. E acredite, eu sou totalmente capaz de fazer isso. — e, finalmente mais relaxada, faço até uma brincadeirinha: — Mesmo porque, missão dada, parceiro, é missão cumprida.

Rio ao dizer isso, mas vou ficando séria à medida que percebo que ninguém viu graça. Pior, ninguém parece ter entendido a minha referência ao filme brasileiro, que assisti há alguns anos, em uma sessão de filmes estrangeiros com Josh e Amy.

Após um longo e constrangedor silêncio, o Deus do Trovão simplesmente diz:

— Obrigado, Olivia. Mesmo.

— Sempre às ordens. — respondo, sorrindo mais tranquila.

— E por favor, tome cuidado com o Loki. — o asgardiano pede na sequência, me deixando constrangida novamente, pois sei exatamente o que ele quis dizer com isso.

Thor — assim como Bruce, Natasha e, provavelmente, os outros Vingadores — teme que eu me apaixone por aquele serzinho desprezível, malvado e, convenhamos, nada charmoso.

— Cuidado é o meu sobrenome. — brinco, encerrando de vez este assunto. — Posso ir agora? — indago na sequência, já que me lembro de que ainda tenho muito o que fazer hoje.

Os Vingadores se entreolham, como se avaliassem se eu estou realmente bem.

Na sequência, Bruce me encara e assente com um meneio de cabeça.

XXX

Esta manhã, eu tinha me comprometido a dar um passeio com o gafanhoto pela cidade, obrigá-lo a praticar boas ações por aí, seguir com o meu plano, essas coisas. Por isso, sinto certa frustração, quando descubro que passei longas horas na Torre Stark e que, portanto, já anoiteceu quando finalmente saio de lá, acompanhada pela Viúva Negra.

Como diz minha avó, o que não tem remédio, remediado está. Então, o jeito é deixar os planos para o dia seguinte mesmo.

Mas, Loki que me aguarde. Vou acordar com a macaca amanhã e colocá-lo na linha, custe o que custar!

Estou pensando nisso, e também em como me explicar com Josh, enquanto Natasha me leva de moto até bem perto do meu prédio. Quando eu desço e me despeço dela, a ruiva super diva me aconselha com um divertimento quase imperceptível:

— Por favor, olhe para os dois lados de agora em diante, tudo bem?

Faço um sinal de joinha para ela e sorrio em concordância, antes de me virar e começar a atravessar a rua. Sem olhar para os dois lados!!!

Paro imediatamente e depois recuo rapidamente. Então, olho para um lado, depois para o outro e, com a certeza de que não serei atropelada de novo, finalmente atravesso.

Não preciso olhar para trás para deduzir que a Viúva Negra deve estar se divertindo com a minha distração inicial.

XXX

Quando chego no meu apartamento, hesito diante da porta. Fico me perguntando se o gafanhoto está muito bravo comigo por eu ter dado uma joelhada na sua... Área de lazer, mais cedo. Sorrio ao imaginar que ele deve é estar morrendo de medo que eu faça isso de novo.

Não pretendo fazer, desde que ele se comporte de agora em diante, é claro.

Se Loki está bravo ou com medo, não importa. O que importa é que apesar de ter dormido horas na Torre Stark, estou exausta. Portanto, tudo o que quero é minha cama e uma boa noite de sono.

Estou pensando nisso e rezando para sonhar com algodão doce, quando finalmente abro a porta e adentro o meu cafofo. Então, o lugar é parcialmente clareado pelos relâmpagos, que começam a iluminar o céu lá fora e reluzem pelas janelas da sala. Eles são seguidos por estridentes trovões, que me trazem lembranças traumáticas. Dolorosas. Sufocantes.

Odeio tempestades, só para constar. Mas, paro de pensar nisso, quando me surpreendo ao ver que o sofá está vazio.

Onde será que o gafanhoto asgardiano se meteu?

Ao perceber que senti uma pontinha de preocupação em relação aquele ET do mal, afasto tal pensamento imediatamente e me convenço de que Loki deve ter saído, sabe-se lá para onde, como já fez outras vezes.

Ou talvez esteja na cozinha, acabando com o meu estoque de suprimentos, como os gafanhotos costumam dizimar as plantações. Ou quem sabe esteja tomando um banho bem demorado e se preparando para dormir?

Seja como for, decido fazer silêncio para que, se ele estiver por aqui, não perceba que eu cheguei.

Então, tiro as minhas sandálias e sigo em direção ao quarto, contando os passos. Logo, adentro o recinto, fecho a porta com extremo cuidado e nem me dou ao trabalho de acender a luz. Simplesmente largo minhas sandálias pelo chão, caminho em direção à minha adorada caminha, fecho os olhos, suspiro profundamente e despenco sobre ela, deitando de bruços.

Mas, ao invés de sentir a maciez do meu amado colchão embaixo de mim, sinto a rigidez de um corpo estranho, que fica completamente tenso ao ser surpreendido pelo choque com o meu corpo e chega a soltar um gemido abafado.

— Ai! O que diabos é isso? — resmungo, me afastando um pouco e apoiando as mãos no colchão, em volta do tal corpo que não deveria estar aqui.

É então que a luz do abajur é acesa por ninguém mais, ninguém menos do que Loki, que esticou o braço na direção do criado-mudo para alcançá-lo.

Em seguida, este desgraçado trapaceiro, que teve a pachorra de se apossar da minha caminha, enquanto eu estava fora, me recuperando de um grave acidente ocorrido naquela fatídica manhã, lança um sorriso cínico e... Estranhamente charmoso na minha direção e, finalmente, se pronuncia de um jeito dissimulado, mas também... Charmoso:

— Midgardiana... Você voltou. Eu já estava começando a ficar preocupado com o seu sumiço, sabia? Onde você esteve? Aconteceu alguma coisa? Me conte como foi o seu dia, já que, aparentemente, você não pretende sair de cima de mim tão cedo, certo?

Sabe... Desde que este tormento em forma de deus megalomaníaco cruzou o meu caminho, eu não tinha reparado em uma coisa. Loki tem um sotaque bem... Charmoso. E que, por algum motivo, me deixa completamente arrepiada neste momento.

 


Notas Finais


Primeiramente, desculpem por ter terminado o capítulo justo aí. Eu disse que teríamos Lokivia, mas foi tão pouquinho que vocês devem estar me amaldiçoando adoidado. Oi?

Maaaaaaaaaaaaaas, se serve como consolo, o próximo capítulo será 100% Lokivia, teremos muitas cenas instigantes entre esses dois, muito climinha e comédia. Ah! E para vocês terem uma noção, o capítulo se chamará... "Macumba Poderosa." Pronto, durmam com essa eheheheheheh

Agora, em relação ao flashback... Eu quis mostrar várias coisinhas com ele. Primeiro que a relação entre Olivia e sua avó não era essa coisa perfeita que nós estávamos imaginando até então. Isso porque a dona Susan Mills não era honesta com a netinha em relação ao pai da moçoila. No final, descobrimos que, na verdade, Susan não tinha muitas informações para compartilhar com a Olivia e que por isso fugia tanto do assunto.

Resumindo, era mais fácil dizer que o pai misterioso da moçoila era um idiota e que tinha morrido em um acidente do que contar a verdade, que ela não sabia quem ele era e que a mãe da Olivia só dizia que "ele não era daqui." Posteriormente, entenderemos melhor isso, mas digamos que Susan estava tentando proteger a neta de uma decepção e também a memória da filha.

Agora, ainda referente a vovó Mills, eu acho que ficou bem claro pelo flashback o que aconteceu com ela, certo? Ou não? Será que ela sobreviveu? Morreu? E se morreu, por que a Olivia fala dela como se ela ainda estivesse vivinha da Silva? Por que a Olivia toma os antidepressivos?

Bem, respostas em mais um flashback que teremos no capítulo 20, se eu não me engano.

Ah! Acho que ficou bem claro o que significa que o pai da Olivia não é daqui, certo? Sim, sim, sim, o moçoilo não era deste planeta, minha gente e, portanto, aí está a explicação para a Olivia conseguir ver a real aparência do Lokito. Ela não é totalmente... Humana.

Descobriremos (mais ou menos) quem é o pai misterioso da Olivia, no final da fic, okay? Sim, vocês terão que aguentar a curiosidade até lá muaaaaaaaaaahhhhhhhhh

Bem, fora toda essa treta cabulosa, se divertiram com a parte da Olivia acordando? A conversa com o Brubru e com os Vings?

Ah! E o lance do charme perigoso dos vilões, hein? Huuuuummm, a Olivia até que tentou se enganar, enganar o Thor e todo mundo, maaaaaaaaaaaaas, no finalzinho do capítulo, vimos que a moçoila ficou encantada e babando pelo sotaque charmoso do Lokito, né?

Huuuuuuuuummmmmm aí tem coisa kkkkkkkkkkkkkkkkk

Gente, tenho certeza que eu tinha muitas outras coisinhas para comentar com vocês, mas como não lembro, vou ficar bem quietinha aqui, esperando as reviews lindas de vocês, blz?

Bjs!


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