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História Trapaças do Destino - Sentindo coisas estranhas


Escrita por: HunterPriRosen

Notas do Autor


Oi, gente!!!

Cheguei um tiquin atrasada hoje porque eu estava puxando um ronco! É que está chovendo nas bandas deste Reino e fica tão gostoso de dormir, que não resisti e perdi a hora ehehehehe

Mas cá estou eu com mais um capítulo para ocês e desta vez pela visão do Lokito.

Espero que gostem!

Será que vai rolar o tão esperado beijo Lokivia? Huuuuuuuummmmm confiram!!!

Capítulo 23 - Sentindo coisas estranhas


Em toda a minha existência como Deus da Trapaça, eu nunca me senti tão... Estranho e confuso quanto agora.

Para começar, contrariando todas as probabilidades do universo, eu, Loki de Asgard, aceitei dançar com a midgardiana Olivia Mills. E, embora uma parte de mim não ouse admitir, até que... Foi bem agradável.

Por um momento, ela não me pareceu tão insuportável assim e foi bom conduzí-la pelo terraço desta humilde propriedade midgardiana, enquanto dançávamos à moda de Asgard.

Eu me senti... Diferente. Vivo. E meio idiota também, o que, convenhamos, não combina nem um pouco comigo.

Em dado momento, tive a impressão de que Olivia ia ter a audácia de me beijar. E o pior é que eu não sei se teria sangue frio o suficiente para impedí-la, caso ela prosseguisse com tal plano. O que, convenhamos, também não combina comigo, já que eu não deveria sequer cogitar tal intimidade entre nós.

No entanto, subitamente, não consigo parar de pensar nisso. E o pior — sim, tem uma parte ainda pior — é que o meu corpo se aquece de um jeito impróprio, quando penso em tal maluquice.

Como Deus da Trapaça, eu conheço muitos truques e formas de ilusionismo. Posso dizer, sem sombra de dúvida, que os meus poderes me tornaram um verdadeiro mestre nisso. Mas, o que Olivia Mills tem feito comigo... Com certeza, se enquadra em outro patamar de magia. Parece ser uma magia ainda mais forte. Desconhecida. Uma magia que tem vontade própria.

Como eu disse, estou muito confuso e me sentindo muito estranho. A única coisa de que tenho certeza neste momento é que Olivia Mills, esta midgardiana desprezível e audaz, me intriga muito e, embora eu odeie admitir, ela tem me despertado... Coisas e pensamentos que eu não entendo.

Desde que o idiota do Thor me exilou aqui em Midgard, esta criatura peculiar tem sido a minha única companhia, a minha única aliada, o meu único... Refúgio.

De certa forma, Olivia me distrai, me ajuda a não pensar na raiva que sinto de Thor, de Odin e na culpa que sinto pelo o que aconteceu com... Frigga. De certa forma, sem que eu pudesse controlar, Olivia se tornou importante para mim de um jeito que só agora começo a perceber, embora eu ainda não saiba explicar precisamente do que se trata. Se alguém disser que isso é amor, eu mato.

O fato é que aqui estamos nós, diante do seu amigo insuportável e inconveniente que, além de nos interromper, está sorrindo irritantemente, segurando um celular na frente do rosto, em nossa direção — acredito que ele esteja nos gravando com tal aparelho — e pedindo que eu e Olivia... Que eu e ela nos... Que nós...

— Ah! Vamos lá, pombinhos! — o infeliz intima com uma empolgação ainda mais irritante. —  Eu quero o beijo!

Olho na direção de Olivia, esperando que ela tenha alguma solução para este impasse constrangedor, mas tudo o que encontro é o seu rosto mais ruborizado do que nunca, quando ela me encara de volta, vacilante e visivelmente tensa.

Tal postura faz com que eu me pergunte se, por acaso, Olivia quer que eu a beije. Pior, me faz perguntar se eu quero beijá-la. E, mais uma vez, meu corpo se aquece de um jeito estranho e impróprio ao cogitar isso. De repente, estou tão tenso quanto ela e me obrigo a parar de olhá-la.

Finalmente, a midgardiana desprezível parece se recompor um pouco, já que ri de um jeito nervoso e diz ao seu amigo inconveniente e maluco:

— Josh, que palhaçada é essa? Você quer que eu beije ele... Digo, o meu... Namorado na sua frente?

— Qual é o problema, Liv? — ele rebate um tanto impaciente e confuso. — Não seria a primeira vez mesmo. — completa, dando de ombros.

No entanto, percebo que Josh se arrepende em seguida, já que, com certeza, isso não é o tipo de coisa a se dizer diante de mim que, para todos os efeitos, sou o atual namorado de Olivia.

— Não me diga... — deixo escapar, inexplicavelmente incomodado, enquanto olho para ela com um sorriso amarelo.

Olivia parece esquecer da nossa farsa por um instante, já que me fuzila com o olhar. Em seguida, ela coloca as mãos na cintura e diz simplesmente:

— Sim, eu tive outros namorados antes de você, chuchu. Que chocante, não?

Ao ouvir isso, sinto algo arder dentro de mim e um gosto amargo em minha boca. Rapidamente, desvio do olhar dela, enquanto reluto em admitir que eu posso estar com um pouco de... Ciúmes deste tormento de vestido.

Eu não estou. Não faz sentido algum estar. Portanto, não estou. Nem um pouco, aliás.

Talvez tentando reverter o efeito negativo que sua observação causou em meu relacionamento com ela, Josh articula:

— Não se preocupe, Tom. Sim, Olivia Mills já beijou outras bocas. Mas, eu garanto que ela nunca dançou assim com ninguém.

A sensação desagradável — que não é ciúme, que fique bem claro — passa um pouco ao ouvir a nova observação do midgardiano. Acho que estou começando a simpatizar com ele. Apenas um pouco. O suficiente para não querer matá-lo.

Sendo assim, enquanto Olivia volta a ficar tensa ao meu lado, eu procuro sondar:

— Jura? Assim como?

— Josh... — ela começa a dizer, numa clara tentativa de impedir que o amigo continue a entregando desta forma embaraçosa para ela, mas muito divertida para mim.

No entanto, Olivia não consegue detê-lo, já que Josh despeja sem qualquer pudor:

— Ah! Não é óbvio? Ela está na sua, amigão.

Está na sua... Está na sua... Está na minha, no caso.

Espera... Será que esta expressão significa o que eu acho que significa? O amigo desprezível de Olivia acabou de insinuar que ela está... Nutrindo sentimentos por mim?

Não sei porque isso me deixa tão... Satisfeito, mas é exatamente o que eu sinto. Satisfação. E outra coisa também, que me recuso a tentar desvendar o que é.

Ainda estou aproveitando esta sensação prazerosa e lançando um sorriso discreto e provocador na direção de Olivia, quando Josh completa:

— E claro, você não fica atrás, Tom. Está na sua cara também.

Lembram que eu estava começando a gostar dele? Esqueçam, eu o detesto mais do que nunca.

Desmancho meu sorriso no mesmo instante e fuzilo o infeliz com um olhar nada simpático, que procuro disfarçar apenas para não entregar a farsa que Olivia insiste em manter.

Com certa relutância, olho para ela. E constato que, desta vez, é Olivia quem parece bem satisfeita com o que ouviu, já que sorri de um jeito irritante, arqueia uma sobrancelha e indaga para Josh, porém olhando para mim:

— Você acha mesmo?

Não sei o que nós estamos planejando com tudo isso, mas sinto que esta farsa está indo longe demais. Sinto que estou me perdendo nela e já não sei mais o que é encenação e o que é real aqui.

— Claro. — Josh confirma simplesmente, enquanto eu e a midgardiana abusada continuamos nos encarando. — Pessoal, vocês estão bem? — ele pergunta, nos fazendo voltar a fitá-lo.

Percebo certa confusão no semblante do infeliz e compreendo perfeitamente, afinal, um casal de verdade não deveria ficar tão impressionado quando alguém diz que eles parecem apaixonados, certo?

Mas, este é o ponto, eu e a insuportável da Olivia não somos um casal de verdade. Nem no meu pior pesadelo, seríamos. Que fique bem claro.

Ainda estou repetindo isso mentalmente — como se precisasse convencer a mim mesmo — quando o midgardiano inconveniente, ajeita o celular em suas mãos e retoma:

— Agora chega de enrolação, pombinhos! Cadê o beijo? Eu não saio daqui sem esse bendito...

De repente, uma música começa a tocar na festa lá embaixo, Josh para automaticamente de falar e se volta para Olivia com os olhos arregalados e um largo sorriso.

Olho discretamente para ela e vejo-a respirar fundo e fechar os olhos por um instante, visivelmente aliviada. Parece que nos livramos desta... Como os midgardianos costumam chamar isso mesmo? Ah! Desta saia justa.

Porém, apesar de aliviado por um lado, não sei se estou inteiramente feliz por isso. É estranho, mas sinto certo desapontamento também. Não que eu quisesse beijar esta midgardiana maluca que nasceu para me atormentar, mas acho que uma parte de mim queria descobrir aonde isso ia dar, se Josh tivesse insistido mais um pouco.

 — Ai meu Deus! — ele exclama empolgado, antes de guardar o celular no bolso de sua calça às pressas.

— Salva pela Britney Spears... — Olivia murmura baixinho. Porém, quando seu amigo lhe estende a mão, indicando que é para ela se aproximar, a midgardiana volta atrás: — Ou não.

Não estou entendendo mais nada e apenas observo o midgardiano desprezível caminhando apressado até ela, a segurando pela mão e tentando puxá-la, enquanto o tormento de vestido protesta:

— Josh, Josh, Josh! Eu não vou fazer isso! Sem chance! Eu não vou pagar esse mico de novo!

Seu pedido desesperado não parece convencê-lo, já que ele continua a puxando, enquanto argumenta:

— Ah! Qual é, Liv? Vamos lá! Você já dançou Shake it off em cima de uma mesa, completamente bêbada e para uma plateia muito maior. Não seja tímida, seja diva!

Enquanto ela é praticamente obrigada a dar alguns passos à frente e seguir Josh de qualquer jeito, me pego pensando no que ele disse: Olivia, bêbada, dançando sei lá o que, diante de um monte de seres deste Reino.

Definitivamente, Olivia Mills não é uma midgardiana muito normal.

Ainda estou tentando afastar tal cena de minha mente, quando começo a seguir os dois rumo ao andar de baixo.

Olivia ainda tenta relutar e convencer o amigo a desistir da ideia, mas é em vão. E quando finalmente voltamos para essa festa entediante, o midgardiano desprezível solta a mão dela e começa a dançar, fazendo uns passos esquisitos, incentivando-a a imitá-lo.

Discretamente, Olivia olha para mim por sobre o seu ombro. Noto que ela parece extremamente sem graça. Em seguida, ela desvia do meu olhar e observa tudo em volta, como alguém que está procurando uma escapatória.

— Vamos lá, Liv! É Oops! I did it again! — Josh a incentiva mais uma vez. — Eu não lembro de toda a coreografia, mas você sim! Dança, gatinha! Dança!

Ainda mais sem graça, a midgardiana olha tudo em volta mais uma vez e eu a imito. Constato que tem cada vez mais seres do seu Reino olhando para onde estamos.

Então, dou alguns passos para trás, procurando manter uma distância segura desta maluquice toda, antes que o infeliz do seu amigo ouse pensar que eu também tenho que participar disso. Fora de cogitação. Eu jamais me sujeitaria a um papel tão ridículo, nem mesmo em nome desta farsa igualmente ridícula. Prefiro apenas assistir Olivia ficando cada vez mais envergonhada. Seu constrangimento me diverte. É um bálsamo, eu diria.

Uma de suas amigas insuportáveis, cujo nome não fiz questão de gravar, se aproxima dela e lhe entrega uma bebida esverdeada.

Sem pensar duas vezes, Olivia vira o copo em sua boca, faz uma careta e depois o devolve para a amiga. Isso parece relaxá-la imediatamente. Mais do que isso, parece dar a coragem que Olivia precisa para parar de resistir e começar a dançar.

Me afasto mais um pouco e vou para o outro lado da sala. Não sei se para evitar que me envolvam nisso ou se para poder observar Olivia de um ângulo melhor. Com certeza, é a primeira opção. É claro que é. Sem sombra de dúvida. Nem sei por que pensei que poderia ser outra coisa.

Aos poucos, mais pessoas se juntam a ela, a Josh e a outra midgardiana. Então, Olivia se solta mais um pouco e a dança midgardiana mais esquisita que eu já vi evolui ritmadamente. Os outros seres seguem um tipo de coreografia que Olivia faz, passo a passo, e logo estão dançando em sincronia, enquanto sorriem, se divertindo. 

Olivia também parece estar se divertindo bastante. A relutância e o constrangimento deram lugar a um largo sorriso. Sem perceber, me pego observando tal sorriso e me lembro de uma ocasião como esta, há alguns dias, quando a segui até um antro que os midgardianos chamam de boate.

Naquela noite, Olivia também parecia feliz e eu também a observei à distância. No entanto, agora me sinto... Diferente. Se naquela noite, tudo o que eu sentia era raiva e desprezo por tudo e por todos, inclusive por ela, hoje... Hoje eu já não sei mais o que sinto.

Me obrigo a parar de pensar nisso e a parar de olhar para Olivia, passando a observar tudo em volta. Parece que desta vez, sou eu quem precisa de uma escapatória. Tem alguma coisa muito errada comigo.

Não sei por que, mas, subitamente, volto a olhar para Olivia. E é então que percebo que não sou o único fazendo isso. Um midgardiano insolente está muito próximo dela, a observando dançar, com um olhar faminto, como se fosse devorá-la a qualquer momento. E Olivia está tão distraída, que nem nota.

Sinto aquela coisa misteriosa arder dentro de mim novamente e o gosto amargo surge em minha boca mais uma vez. Não que eu esteja com ciúmes do tormento de vestido, mas eu tenho uma imagem a zelar aqui. Para todos os efeitos, eu e Olivia estamos juntos, certo?

Pensando assim, tomo uma decisão e a coloco em prática imediatamente. Caminho com passos firmes até a concentração de seres dançarinos e sorridentes, ignorando o fato de que estou apertando demais as minhas mãos ao lado do corpo. Não entendo por que estou com tanta raiva, mas tudo o que quero é ir embora daqui de uma vez. Com Olivia.

Logo passo pelo midgardiano abusado, lhe lançando um olhar tão mortal, que ele se afasta rapidamente, depois de cambalear um pouco.

Em seguida, seguro o braço da criatura que parece ter nascido para me desestabilizar, fazendo-a parar de dançar no mesmo instante. Estreito o meu olhar no dela, que está ligeiramente dilatado, e digo de um jeito firme:

— Eu acho que é o suficiente por hoje, midgardiana.

Olivia ri, visivelmente bêbada, puxa o braço que segurei, me fazendo soltá-la, e protesta:

— Ah! Mas agora que está ficando divertido, gafanhoto?

Olho em volta, temendo que alguém tenha ouvido o apelido ridículo que esta insolente cismou de colocar em mim, mas, por sorte, todos estão distraídos demais com a dança, para ouvirem nossa conversa. Menos mal.

— Vamos ficar só mais um pouquinho. — pede de um jeito exageradamente manhoso.

É, definitivamente, a bebida que Olivia tomou momentos antes, devia ser bem forte para deixá-la assim.

Subitamente, a música fica mais alta e sinto que preciso de um argumento convincente para que Olivia venha comigo logo. Não posso simplesmente dizer o quanto me incomoda vê-la dançando, enquanto os midgardianos em volta... A devoram com os olhos. Mesmo porque, isso não me incomoda realmente. Só estou tentando manter as aparências, a farsa, apenas isso.

Sendo assim, para que ela me ouça, me aproximo um pouco e digo em seu ouvido:

— Você quer ficar e correr o risco do seu amigo desprezível insistir... — hesito, mas consigo concluir: — Naquele beijo de novo?

Me afasto e Olivia me encara de um jeito intrigante por algum tempo. Não tenho ideia do que está se passando em sua mente limitada, mas percebo que há muito mais do que pupilas dilatadas em seu olhar. Há um brilho diferente nele. Um brilho vívido e malicioso.

De repente, o tormento me surpreende, ao praticamente se jogar em cima de mim, passando os braços em volta do meu pescoço e deixando nossos corpos mais próximos.

Fico tenso imediatamente, mas, por algum motivo, não me incomodo com o toque de Olivia em minha pele ou com sua proximidade.

Me lembro da época em que achava uma verdadeira afronta esta midgardiana me tocar e me pergunto por que não acho o mesmo agora. O que está acontecendo comigo? O que mudou?

Estou tentando responder isso para mim mesmo, quando Olivia sorri e me surpreende mais uma vez:

— Você acha mesmo que seria tão ruim assim se Josh insistisse?

Como é? Me pergunto isso mentalmente, estreitando o olhar sobre esta criatura tão intrigante, que continua sorrindo para mim.

Olivia está bêbada. É isso. Ela está completamente fora de si e sua postura não deveria me abalar. Mas... Então por que sinto que me abala?

— Nós podíamos saciar a curiosidade dele. — ela diz, para minha surpresa mais uma vez. — E, certamente, a nossa também. — completa pausadamente, me olhando de um jeito mais intenso.

Sinto algo arder dentro de mim de novo. Mas, desta vez, não é aquela sensação desagradável, quando vi o olhar de cobiça do midgardiano desconhecido sobre Olivia. É outra coisa. É uma sensação estranhamente boa. Uma espécie de calor. Um desejo. Impróprio e perigoso.

Eu posso até ser um Gigante de Gelo, mas neste momento, sinto que Olivia está brincando com fogo. E o pior, eu gosto da sensação que isso desperta em mim.

Espera... O que eu estou pensando? E o que Olivia está dizendo? O que está acontecendo aqui e o que aconteceu no terraço há pouco? Por que o amigo desprezível e incoveniente dela insinuou que Olivia e eu estamos...? Estamos o quê? O que está acontecendo entre nós, afinal?

Nada. Absolutamente Nada. Repito mentalmente, mas não sei se estou convencido disso. Tudo o que sei é que precisamos sair deste lugar e voltarmos ao nosso normal. É isso.

Sendo assim, me desvencilho dos seus braços e seguro em um deles, antes de dizer:

— Vamos embora daqui, midgardiana tola. — na sequência, acrescento entredentes: — Por favor.

Não espero Olivia protestar ou pensar em se despedir dos seus amigos, simplesmente a puxo na direção da saída.

Então, para meu desespero, ela ri e comemora eufórica:

— Ai meu Deus! Você disse as palavras mágicas! Eu não acredito nisso! Você, tipo você, disse as palavras mágicas! É um milagre! É para glorificar de pé, irmãos!

Espero, honestamente, que o álcool em seu corpo faça Olivia esquecer disso amanhã, pois eu realmente não devia ter lhe dito tais palavras, mesmo que eu tenha o feito com sarcasmo.

Não sei onde eu estava com a cabeça. Aliás, não sei onde estou com a cabeça. Mas, tudo isso perde um pouco a importância, quando finalmente saímos deste maldito lugar e alcançamos a rua.

Não precisamos mais fingir nada aqui fora, portanto, eu solto o braço de Olivia, que continua rindo e dizendo coisas para me irritar e outras completamente aleatórias. Provavelmente para me irritar também.

Finalmente, pegamos um táxi para voltar ao seu minúsculo apartamento. A cada curva que o veículo rudimentar e primitivo faz, Olivia praticamente cai em cima de mim. Depois ela se afasta aos risos.

Sinto uma ponta de preocupação. Não por ela, é claro. Só estou com receio de que Olivia acabe vomitando em cima de mim. Apenas isso.

— O que você bebeu naquela festa, midgardiana? — pergunto, quando ela pende para o meu lado pela milésima vez, rindo.

Olivia se afasta, para de rir quase no mesmo instante e me encara como se estivesse processando a minha pergunta. Depois, parece que ela está fazendo um grande esforço para se lembrar o que a sua amiga lhe deu para beber, até que finalmente responde incerta:

— Pela cor, eu aposto que era absinto. Mas... Pelo sabor, devia ser vodca. Humm... Talvez fosse absinto com vodca! Ou algo assim...

Prefiro não dizer mais nada e apenas balanço a cabeça negativamente, em reprovação. Por um momento, Olivia me lembra Thor e seu comportamento tipicamente inconsequente nas festanças que promovia depois de cada batalha vencida. Sempre exagerado, sempre querendo aparecer e se vangloriar, sempre querendo mostrar o quanto é bom. Ou o quanto se acha bom.

Claro que tudo mudou depois da midgardiana Jane Foster e dos Vingadores. Agora Thor é apenas um idiota e não mais um inconsequente.

XXX

Quando chegamos ao seu prédio, Olivia já não está tão eufórica. Mas isso não significa que o meu tormento chegou ao fim. Preciso ajudá-la a sair do veículo primitivo, já que ela mal se aguenta em pé. E isso significa que se no caminho, a midgardiana caía constantemente em cima de mim, agora tenho que deixá-la me usar como apoio, passando um dos braços em volta dos meus ombros.

Tal situação é estranha e incômoda, já que ficamos mais próximos e não sei exatamente o que sinto. Mas sinto alguma coisa.

Quando estamos no elevador, Olivia se aproxima ainda mais, me deixando estranhamente tenso, me encara com certa diversão e questiona:

— Por que você é tão sério, gafanhoto?

Seus olhos se fixam nos meus, como se ela tentasse ver algo através deles. Sinto sua respiração. Fico ainda mais tenso, porém, procuro me recompor para que ela não perceba.

Mas então, para minha surpresa, a midgardiana inconsequente passa os dedos indicadores pela minha boca, fazendo um traçado até as minhas bochechas, e diz:

— Vamos lá, coloque um sorriso nesse rostinho que eu te conto um segredo.

Procuro não pensar no que sinto neste momento e, embora eu não ache que Olivia vá me dizer algo relevante neste estado em que se encontra, lhe incentivo:

— Um segredo?

Um sorriso divertido surge em seus lábios, quando ela balança a cabeça afirmativamente.

Curioso, eu lhe lanço um sorriso amarelo e forçado, apenas para que ela diga logo o que quer que tenha a dizer. Se é que Olivia quer mesmo dizer alguma coisa.

Estou prestes a descobrir, já que ela solta um risinho e despeja:

— Até que você é bonito, sabia?

Olivia ri mais uma vez — acho que de si mesma — e eu franzo o cenho, surpreso com o seu... Galanteio?

Subitamente, sua embriaguez não me incomoda mais. Ao contrário, me diverte, já que não posso negar que foi um bálsamo ouví-la dizendo tais palavras sobre mim. Ainda mais por que amanhã, com certeza, Olivia vai se recriminar amargamente por ter me dito isso.

Não sei se é apenas o desejo de vê-la constrangida amanhã, ou se no fundo necessito saber o que mais ela pensa de mim, mas o fato é que sorrio discretamente e a incentivo novamente:

— Não me diga. Você acha mesmo, Olivia?

Ao ouvir isso, ela se afasta um pouco, visivelmente arrependida e confusa com o que me confidenciou.

— Eu não devia ter falado isso. — se recrimina, antes de levar as mãos à boca e arregalar os olhos. Em seguida, ela afasta as mãos e completa: — Vixe... Já falei.

A porta do elevador se abre, mas quando Olivia faz menção de sair, ela cambaleia e quase cai. A seguro, antes que isso aconteça, enquanto ela ri da sua quase queda.

A ajudo a caminhar até a porta do seu cubículo, tentando não pensar na nossa proximidade.

Quando paramos diante da entrada, eu pergunto impaciente:

— A chave?

Olivia olha tudo em volta, antes de bater na própria testa e responder:

— Na minha bolsa!

Espero alguns instantes, pensando que ela vai abrir a sua pequena bolsa que está à tiracolo e me entregar a maldita chave, mas, ao invés disso, Olivia fica me encarando imóvel com uma expressão um tanto engraçada, quase infantil.

Então me lembro da eternidade que ela demorou para encontrar a carteira dentro da bolsa e pagar nossa viagem até aqui, momentos antes, e tomo uma decisão.

Enquanto a encaro de volta, aproximo minha mão de sua cintura e toco em sua bolsa. Logo abro o fecho. Enquanto meus dedos procuram pela chave, sinto o corpo de Olivia através do tecido da bolsa. E sinto-a estremecer, enquanto seus olhos se estreitam mais nos meus. Por algum motivo, eu engulo em seco, confuso, como ela também parece estar.

— Achei. — digo com certo alívio, mostrando-lhe a chave logo depois.

Me afasto um pouco dela, quebrando nosso estranho e quase hipnótico contato visual, e finalmente abro a porta.

Olivia entra na frente, dispensando a minha ajuda, embora esteja cambaleando a cada passo que dá. Entro na sequência e depois que fecho a porta atrás de mim, observo-a se apoiando nos móveis, enquanto cruza a sala.

— O que você está fazendo, midgardiana? — indago, confuso com o rumo que ela está tomando.

— Indo para o meu quarto, ora essa! — o tormento de vestido responde simplesmente, sem olhar em minha direção.

Penso por um instante, enquanto olho para onde Olivia está seguindo. Então arqueio as sobrancelhas e faço questão de esclarecer:

— Hum... Que estranho. Eu acho que você costuma chamar aquele lugar de cozinha.

Olivia para imediatamente, apoiando-se em uma poltrona e olha para a porta a poucos passos de si, e que leva mesmo à cozinha. Percebendo que eu tenho razão, ela se vira devagar, me encara por um instante e pergunta um tanto sem graça:

— E cadê o meu quarto?

Não sei por que, mas sinto que a encaro por tempo demais, antes de voltar a mim, caminhar até ela, lhe lançar um sorriso amarelo, indicar o caminho e dizer sem muita paciência:

— Por aqui, midgardiana bêbada.

Então, permito que Olivia passe um dos seus braços em volta do meu pescoço e a acompanho até a sua alcova.

Durante o curto percurso, evito olhar diretamente para ela, mas de soslaio, percebo que Olivia está me observando. Me observando demais.

— Sabe de uma coisa? — diz, quando acendo a luz do seu recinto. Finalmente olho para ela e ouço-a dizer com um leve sorriso: — Que se dane... Você é bonito mesmo. — ainda estou tentando compreender o efeito de suas palavras, quando ela ri e completa: — Bem bonitão, gafanhoto.

A encaro por tempo demais novamente, como se eu estivesse entorpecido. Por suas palavras, por seus olhos... Por sua magia.

Faço um esforço e recobro meus sentidos. Com muita facilidade, é claro. Mas, com receio de fazer algo impensado, desvio do seu olhar e a induzo a voltar a caminhar.

Para meu desespero... Ou bálsamo, eu não sei ao certo, Olivia para, quando alcançamos a sua cama, e se volta em minha direção. Mais do que isso, ela passa o outro braço em volta do meu pescoço, ficando de frente para mim, e muito... Perto.

Instintivamente, seguro em sua cintura, apenas para evitar que ela despenque, já que suas pernas parecem ainda mais trêmulas. Me pergunto se isso é apenas efeito do álcool em seu corpo ou se há outro motivo.

Estou pensando nisso, quando Olivia sorri e indaga de um jeito desafiador e sugestivo:

— E sabe do que mais? — tenso e ao mesmo tempo interessado, ouço o que ela diz na sequência: — Eu vou te beijar... Trapaceiro irresistível... Tipo, agora...

Eu devia afastá-la, já que isso não tem o menor cabimento. Porém, tudo o que faço é permanecer imóvel, enquanto Olivia se aproxima mais um pouco, fecha os olhos e faz um biquinho com os lábios.

Eu devia afastá-la. Eu tenho que afastá-la. Mas não consigo. Não quero. Não quero?

Pisco algumas vezes, tentando entender o que está acontecendo comigo. Porém, também não consigo desvendar este grande mistério.

Então, Olivia aproxima o seu rosto do meu e o inclina um pouco. Como se eu não tivesse controle sobre mim, começo a fechar os olhos, esperando por seu toque. Mas, isso nunca acontece, já que no último instante, o corpo da midgardiana pende sobre mim, sua boca desvia da minha e seu rosto se enterra em meu pescoço. Ela simplesmente desmaia. Em um péssimo momento, diga-se.

Imediatamente, a seguro com mais força, para que Olivia não despenque no chão. Nem sei por que eu não permito que isso aconteça, mas me parece errado deixar que ela se machuque.

Pego-a no colo por fim e sinto algo... Estranho se misturando com uma sensação de frustração dentro de mim.

Observo o seu semblante por um momento, antes de me aproximar da cama e acomodá-la sobre ela com certo cuidado. Um cuidado que eu não entendo de onde surgiu.

Não sei por que estou fazendo isso, mas me pego observando Olivia novamente. Seu rosto, sua boca. E também não sei por que, mas sinto um ímpeto irresistível de tocá-la. O que, convenhamos, não combina comigo. Este não sou eu. Não pode ser eu.

Sem que eu consiga controlar, ou sequer entender tal ímpeto, meus dedos tocam a maçã do seu rosto, deslizam por sua bochecha e param no seu queixo por um instante.

Então, Olivia respira fundo, mergulhando de vez em seu sono alcoolizado, e eu continuo olhando-a. Não sei por que. Apenas continuo.


Notas Finais


Enganei vocês... Não teve beijo... Lero lero... Não gostou, pega eu! Rá! Brinks!

Não entrem em pânico, pessoal, ainda não rolou o primeiro beijo Lokivia, mas está pertinho pertinho disso acontecer... Pertinho, pertinho...

Well, sobre este finalzinho, novamente me inspirei em Delena. Me julguem, mas tem uma cena em TVD que a Elena está lá dormindo serenamente e Damon Delícia Salvatore fica olhando para a bichinha e toca sutilmente o seu rostinho. Resolvi me inspirar e fazer algo parecido com Lokivia.

E sobre a Olivia desmaiar antes de beijar o trapaceiro irresistível, me inspirei em A Múmia. Quem lembra de uma cena assim entre Rick e Evelyn?

E aí gostaram do capítulo? Viram que o gafanhoto está sim sentindo alguma coisa pela senhorita Mills? Viram ele com ciúmes? E a Liv cortejando ele? Ahahahahahah adivinha quem vai acordar morrendo de vergonha no dia seguinte???? E Lokito dizendo as palavras mágicas????

Well, Josh não conseguiu fazer os dois se beijarem, mas foi por pouco, né? Se não fosse a Britney Spears para salvar os dois dessa saia justa...

Por falar nisso, não sei se todo mundo lembra, mas no começo da fic, a Olivia menciona que é fã da cantora e Oops I did it again marcou a minha adolescência, então... Resolvi colocar o povo para dançar neste capítulo.

Sobre o capítulo anterior, eu citei uma musiqueta, Let her go, do Passenger. Quem não se atentou ou não conhece... Sugiro que dê uma ouvida porque é simplesmente fofa, fofa, fofa!!!

Eu já falei que está pertinho de Lokivia se beijar? Eu já falei que até já escrevi a cena? Oi? Não estou dizendo que será no próximo capitulo, mas quem sabe?

Por falar em próximo capítulo, acho que ele será daqueles bem grandinhos.

E quem aí está com saudade dos Vings? Saibam que eles vão aparecer nele.

Ah! E teremos uma participação mais do que especial no próximo capítulo também! Palpites? Vou dar uma dica, é uma muchacha! Pronto, falei.

Gente, por hoje fico por aqui!

Beijos de luz e inté sábado que vem!


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