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História Trapaças do Destino - Vingancinha pessoal


Escrita por: HunterPriRosen

Notas do Autor


Oi!!!!

Desculpem pela demora, está osso escrever trezentas coisas ao mesmo tempo e ainda viver, mas aqui está mais um capítulo! Ah! POV Loki, como eu havia dito nas notas anteriores.

Por falar nisso, muito obrigada a quem leu, a quem comentou e as novas pessoinhas que se juntaram a Trapaças do Destino para torcer por Lokiva ehehehehe

Vejo ocês lá embaixo!

Boa leitura!

Capítulo 32 - Vingancinha pessoal


Não acredito que o tormento em forma de midgardiana foi convidada a permanecer em Asgard por alguns dias. E não acredito que ela aceitou. Com certeza para me provocar, é claro.

Pelo menos foi essa a impressão que Olivia me passou quando lançou aquele maldito e cínico sorriso em minha direção e disse ao idiota do Thor e a midgardiana Jane que ficaria de bom grado.

Só me lembro de ter retribuído suas palavras com um olhar nada amigável e deixado aquela parte do palácio sem olhar para trás, sentindo o sangue ferver em minhas veias.

Porém, apesar da raiva, não posso negar que uma parte de mim gostou da ideia de ter Olivia por perto. Aliás, acho que era isso que eu buscava desde o começo, quando deixei os meus aposentos e fui atrás dela.

Eu não sabia como faria isso e me odiava por querer isso, mas o meu inconsciente me mandou atrás daquele tormento porque... No fundo, o meu coração de gelo queria que ela ficasse mais um pouco. Ou muito.

No entanto, agora que Olivia ficou, me odeio por ter desejado isso, por ter fraquejado, por querer tanto a sua presença. E me odeio também por ter perdido o controle e a beijado daquele jeito em meu quarto.

Onde eu estava com a minha cabeça, aliás? Por que perdi o controle de novo? Por que é tão bom beijar essa abusada? Por que é tão bom perder o controle com ela? Por que me senti tão bem quando Olivia disse que sabia que era eu naquele beco midgardiano? Por que senti tanto ciúme quando ela admitiu que beijou aquele soldadinho infeliz e aquela criatura horrenda e verde? E por que fui tomado por um alívio profundo quando Olivia deixou claro que, apesar disso, não tem absolutamente nada nem com um nem com outro?

Tudo o que sei é que é muito difícil para mim sentir o que sinto por Olivia. E lidar com isso. Tudo era tão mais simples quando eu a desprezava e não era atormentado por tantas perguntas.

Por que não consigo mais desprezá-la daquele jeito? O que ela fez comigo?

Claro, eu sei muito bem o que Olivia fez. Sei muito bem o que ela despertou em mim. Sei muito bem o que sinto. A questão é que não consigo lidar com esse sentimento idiota que parece ter vontade própria e ir contra a minha natureza.

Por isso, evitei Olivia o quanto pude. E só vim até aqui, ao salão de jantar, porque... Mais uma vez... Eu precisava vê-la. Fraquejei de novo.

Juro que não esperava que Olivia ficasse tão... Apresentável com trajes asgardianos, mas tenho que admitir que ela ficou. Jane, que também está à mesa, deve ter a ajudado com essa parte da adaptação a Asgard.

Além das duas, estão à mesa Thor, seus fieis e bossais amigos Frandal, Hogun, Volstagg e Sif, e Odin à cabeceira. Todos entretidos com uma história qualquer que Olivia está narrando com empolgação e seu característico senso de humor. Todos, até mesmo Odin, rindo da tal história, o que acaba me deixando curioso.

Sendo assim, procuro afastar todos os pensamentos e perguntas existenciais que me acometiam até então, e me concentro apenas no que o tormento em forma de midgardiana, sentada a minha frente, diz na sequência:

— E foi assim que aconteceu. Já que a minha avó não quis comprar algodão doce pra mim às duas da madrugada, eu resolvi partir para a fabricação própria mesmo, só que usando algodão de verdade. Infelizmente, ela descobriu o que eu tinha aprontado antes que eu pudesse experimentar. — Enquanto uma nova leva de risos ecoa pela mesa, Olivia solta um suspiro de lamentação e conclui: — Que pena... Eu nunca vou saber se ficou bom ou não.

Obviamente, o relato de Olivia acaba me remetendo a algo que ela disse sobre o meu beijo. E quando dou por mim, estreito meu olhar em sua direção e as palavras simplesmente saem de minha boca:

— Você gosta muito deste tal doce, não é?

O olhar da midgardiana encontra o meu quase no mesmo instante, e pela forma como ele se fixa ao meu, sei exatamente que ela entendeu o que eu quero dizer, que entendeu que é uma provocação e que eu estou me referindo a algo que só nós dois podemos compreender.

Quando os risos e o burburinho na mesa cessam, Olivia finalmente responde:

— Você sabe que sim, gafanhoto.

É automático. Novas risadas soam pelo salão. Desta vez, direcionadas a mim, por conta do apelido ridículo que esta criatura, para meu desgosto, resolveu colocar em mim e disseminar por toda a parte.

O idiota do Volstagg chega a se engasgar com a comida e esmurra a mesa com força, enquanto os demais também se divertem com a piada.

Meu sangue ferve diante dessa humilhação pública e me leva a questionar duramente:

— Até quando você vai ficar mesmo, midgardiana desprezível?

Olivia não tem tempo de responder, já que antes disso, Odin me repreende:

— Loki.

Com isso, o tormento olha na direção do Pai de Todos e diz calmamente:

— Está tudo bem, Mestre dos Magos. Eu já estou acostumada com a falta de educação desse aí. Acho que alguém trocou as ferraduras hoje, sabe?

Não acredito que Olivia arranjou um apelido para Odin também. E não acredito que ele não dá a mínima para isso.

Estou tentando entender a simpatia que ele parece ter desenvolvido pelo tormento, quando ela volta a olhar para mim, arqueia as sobrancelhas e diz cheia de si:

— Bem, respondendo a sua pergunta, chuchu, teoricamente eu vou ficar até o meu aniversário. Porém... Eu tenho que confessar que a comida daqui é muito boa, e se não for muito incômodo, eu adoraria ficar mais um pouquinho.

Abro a boca para perguntar se por acaso ela ficou maluca, mas Odin se antecipa, dizendo firmemente:

— Você pode ficar pelo tempo que quiser, Olivia Mills.

Não é possível. Isso não pode estar acontecendo. Só pode ser um complô para me tirar do sério.

Irritado, rio sem humor, balanço a cabeça negativamente, me levanto da mesa abruptamente, fuzilo o meu tormento com o olhar e digo entredentes:

— Com licença, mas eu perdi o apetite.

A infeliz ainda tem a audácia de dar de ombros e retrucar:

— Que bom! Sobra mais para mim.

Enquanto me retiro do recinto, ouço-a mudar de assunto:

— Gente, será que eu posso levar um pratinho desses para o Rádio Patroa? O bichinho só fica lá fora no sereno, não pode nem socializar com a gente e ainda perde uma sobremesa deliciosa dessas? Não é justo.

Mais risos ecoam atrás de mim e isso só me deixa mais furioso. Aliás, a forma como Olivia conquista as pessoas me irrita. A forma como ela... Me conquistou me irrita ainda mais. A minha total incapacidade de decidir se quero que ela fique ou vá embora também me consome profundamente.

Sentindo-me confuso e dividido, simplesmente volto para os meus aposentos. A primeira coisa que vejo quando adentro o recinto é aquela coisa horrenda que dei para Olivia quando estava em Midgard. O tal Muppet de pelúcia. Deprimente.

A coisa está largada no chão desde que ela saiu do meu quarto às pressas mais cedo e o deixou para trás. Pensei em destruí-lo várias vezes, porém por algum motivo, não fui capaz disso.

Por incrível que pareça, o meu tormento parece gostar desta coisa feia e inútil. Midgardianos são tão apegados a coisas assim... Nunca vou entender a lógica de colecionar objetos que não servem para nada. É uma raça muito limitada mesmo.

Seja como for, resolvi poupar o Muppet. No fundo, acho que espero que Olivia venha buscá-lo em algum momento. Mas até agora, ela não veio.

Afasto tal desejo, deito-me em minha cama e fico olhando para o teto por um tempo irrelevante. E por mais que eu odeie isso, simplesmente não consigo tirar aquela abusada dos meus pensamentos.

Não acredito que Olivia está aqui. Ao meu alcance...

Mais tarde

Sei que não devia ter feito isso, mas foi mais forte do que eu. Esperei um bom tempo até o palácio ficar no mais completo silêncio e com todos dormindo — exceto os guardas que fazem a segurança do lugar, é claro —, me dirigi ao quarto onde a midgardiana insolente que insiste em não sair do meu pensamento está acomodada, desde que foi convidada a comemorar o aniversário em Asgard.

Minha intenção era apenas deixar a coisa verde e medonha em qualquer canto e sair. Mas me detenho diante de sua cama e fico observando-a dormir por algum tempo.

Olivia está deitada de bruços, oculta por um cobertor, mas com o rosto à mostra. Uma das suas mãos repousa sobre o travesseiro e sua expressão é tão serena que me vejo inquirido a tocá-la. Chego a aproximar meus dedos da maçã de seu rosto, mas hesito e desisto de prosseguir, ao perceber como estou sendo idiota.

Com raiva de mim mesmo, acomodo o tal Muppet em uma pequena mesa ao lado da cabeceira da cama e deixo o recinto em silêncio.

Dias depois

Procurei evitar Olivia nos dias que se seguiram, mas foi impossível. Parecia que ela estava em toda parte, mesmo quando não estava. Sua voz e suas risadas ecoavam por cada canto do palácio e dentro da minha cabeça.

Ninguém escapava das suas conversas malucas e de suas piadas. Nem os guardas e as criadas resistiram a ela, já que Olivia fez amizade com todo mundo e virou o centro das atenções em pouquíssimo tempo.

Por mais estranho que possa parecer, ela conseguiu até mesmo a proeza de aproximar Jane Foster e Lady Sif, que nunca se odiaram, mas que, de fato, também nunca foram melhores amigas.

Perdi as contas de quantas vezes as vi circulando juntas pelo palácio, sempre entretidas em alguma conversa orquestrada pelo meu tormento em forma de midgardiana. As três não se desgrudavam e o assunto parecia não ter fim nunca.

Cheguei a pensar que Olivia estava fazendo isso apenas para me provocar, querendo passar a ideia de que não se importava mais com a minha presença. No entanto, seu olhar sempre acabava encontrando o meu e se detinha por tempo demais nele.

Todavia, o que mais me surpreende em sua estadia aqui é o fato dela ter virado a queridinha do Rei de Asgard. Se eu não tivesse uma forte suspeita sobre as origens de Olivia, diria que Odin poderia ter parte nisso.

Era só o que me faltava, aliás. Esta insolente ser mais filha dele do que eu. Irmã de Thor, que desgraça.

Contudo, claro que essa hipótese está completamente descartada. Aquele velho caquético sempre foi fiel a minha mãe. E como eu disse, minha suspeita sobre as origens de Olivia é outra.

E é em tudo isso que estou pensando, enquanto caminho pelo palácio e observo a festa de aniversário que foi promovida para ela esta noite.

Há música sendo tocada incessantemente por asgardianos bem animados, bebida à vontade e as mais variadas comidas sendo servidas aos montes. Um verdadeiro banquete. Uma festança que me lembra um pouco a cerimônia de coroação de Thor, há algum tempo.

Sim, aquela mesma que eu arruinei, permitindo que alguns conterrâneos meus entrassem em Asgard no melhor da festa. Bons tempos. Boa travessura. Sorrio discretamente ao relembrar o que aprontei.

Todavia, paro de pensar nisso quando a vejo. Olivia. Meu tormento. Mas também o meu bálsamo.

Ela finalmente adentra o salão, caminhando um pouco hesitante — talvez admirada com a grandiosidade do evento organizado para si — e seu olhar percorre tudo em volta, antes de encontrar o meu na extremidade oposta.

Meu coração estúpido me trai, acelerando subitamente. Maldito...

Tento me controlar, mas não consigo. É mais forte do que eu e, quando dou por mim, meus olhos já estão percorrendo o corpo da midgardiana. Por mais tempo do que eu gostaria.

Olivia está trajando um delicado vestido verde escuro, que lhe cai perfeitamente bem, que realça as suas curvas e a deixa extremamente... Desejável.

Engulo em seco, sentindo um calor libertino me dominar, desvio meu olhar por um instante de tal imagem, mas volto a encará-la logo em seguida. E então eu vejo um leve sorriso de satisfação no rosto da midgardiana e me amaldiçoo por ter me entregado desta forma.

De repente, ela dá alguns passos em minha direção, mas é surpreendida por Thor e Jane no caminho. Eles a parabenizam pelo aniversário, fazendo-a deter o passo, e logo cada pessoa na festa resolve imitá-los.

Olivia sorri para todos, cumprimenta a todos, dá leves socos nos ombros de alguns guardas, caminha pelo salão real com um sorriso cada vez mais radiante no rosto, até que finalmente se aproxima e para diante de mim. E então o seu sorriso se desmancha aos poucos, à medida que ela me examina minuciosamente, concentrando-se em algo sobre a minha cabeça.

Tenho um mau pressentimento sobre isso. E ele se confirma quando Olivia coloca as mãos na cintura, me encara e despeja:

— Sabe, eu não consigo entender qual é a de vocês asgardianos ostentando esses chifres por aí. É algum tipo de moda reversa ou vocês apenas gostam de mostrar que não tem muita sorte com as mulheres? Porque se for isso, chuchu, tranquilize o seu coraçãozinho de gelo. Eu já disse e repito, o Capitão Gato América e o fofo do Bruce não foram nada de mais. Nós somos apenas amigos.

Respiro fundo, procuro manter a calma e prefiro não alimentar a provocação de Olivia. Ao invés disso, mudo de assunto:

— E então? Depois que esta palhaçada terminar, você finalmente irá voltar para Midgard, certo?

Ao contrário do que eu esperava, ela não se abala com a minha indireta. Na verdade e para meu desespero, Olivia replica com um irritante ar superior:

— Cuidado, gafanhoto. Desse jeito eu vou pensar que você quer que eu vá embora.

Estreito o meu olhar em sua direção e, convencido de que a midgardiana abusada está tentando me dizer alguma coisa em específico, questiono:

— Você acha que não é isso o que eu quero?

Sua resposta vem quase no mesmo instante e bem afiada:

— O que eu acho é que se você quisesse me ver longe daqui, não teria ido ao meu quarto uma noite dessas.

Incapaz de negar tal acusação, engulo em seco e desvio do olhar da insolente que, para meu desespero, arremata:

— Sim, eu te vi saindo de fininho, chuchu. Eu tenho um sono leve, sabe? Quando não estou bêbada, é claro. — Abro a boca, pensando em formular uma desculpa, mas Olivia se adianta: — Ah! E antes que você diga que foi até os meus aposentos apenas para devolver o Caco, eu tenho que te lembrar de um detalhe importante: ninguém demora tanto tempo assim para colocar uma coisa em um lugar e sair. Eu sei que você ficou olhando para mim. A questão é... Por quê?

Eu devia desconversar imediatamente. Rir, como se Olivia tivesse dito um tremendo absurdo. Eu devia pensar em subterfúgios eficazes para desarmar essa midgardiana prepotente. Para abaixar a sua bola, como os seres do seu Reino costumam dizer.

No entanto, ao invés disso, resolvo deixar o meu orgulho de lado por um momento, ouço apenas o meu coração de gelo, como Olivia mencionou antes, e insinuo:

— Pelo mesmo motivo que te prende aqui. — Observo certa oscilação no olhar de Olivia, com certeza pega de surpresa. Então, inclino um pouco a cabeça e concluo com satisfação: — Sim, eu sei que você não ficou apenas pela comida. Ou pela festa.

O olhar da midgardiana oscila ainda mais e percebo que suas bochechas ficaram levemente coradas.

Não consigo conter a satisfação que me inunda ao perceber que consegui desconcertá-la com uma simples constatação.

No começo, eu me agarrei a ideia de que Olivia só ficou para me afrontar, é verdade, mas agora sei muito bem que ela ficou por mim. Pelo o que sente por mim.

Paro de pensar nisso, quando a midgardiana pigarreia, cruza os braços contra o peito — realçando o maldito decote do vestido —, e diz visivelmente desconfortável:

— Ãn... Você não vai me dar os parabéns pelo meu aniversário?

Tal pergunta desvia a minha atenção do seu decote, me faz sorrir displicentemente e questionar intrigado:

— Por que você está fugindo de um assunto que você mesma levantou?

— Eu não estou fugindo! — Olivia apressa-se em dizer, erguendo a cabeça e deixando o seu nariz ainda mais arrebitado. Porém, percebendo como soou pouco convincente, ela solta o ar com força, se recompõe e admite timidamente: — Okay, talvez eu esteja fugindo. — E após uma breve pausa me observando, ela tenta inverter o jogo: — Grande coisa, você também foge às vezes.

Fico sem argumentos, pois sei que isso é bem verdade. Desde que descobri que sinto certas... Coisas por esta insolente, tenho fugido incessantemente e como posso disso.

Nem sempre consigo e, às vezes, permito que o tal sentimento toma conta de mim. Como naquele dia na estrada midgardiana, naquela noite no beco e quando Olivia pisou em Asgard e foi direto aos meus aposentos para me afrontar.

Ao relembrar esta última parte, penso no que o meu tormento perguntou no final de tudo, antes de deixar o quarto atordoada.

E já que estamos tendo um claro e raro momento de sinceridade aqui, resolvo deixar o orgulho de lado mais uma vez e devolver a sua pergunta:

— Além de me confundir, me provocar e espalhar aquele apelido ridículo por aí... O que mais você quer de mim, Olivia?

Imediatamente, a midgardiana ergue o olhar em minha direção e se fixa ao meu por tempo demais, como se estivesse pensando em uma resposta ou como se isso já fosse uma resposta.

Antes que ela finalmente consiga dizer alguma coisa, aqueles asgardianos, que até então tocavam uma animada música, mudam repentinamente o repertório, passando a tocar uma canção lenta e... Propícia para dança entre casais.

Olho rapidamente na direção deles e vejo o idiota do Thor se afastando. Quando ele me fita de volta, sorri e acena discretamente, concluo que a ideia partiu dele. Mas... Por quê?

— No momento, uma dança viria bem a calhar.

A voz de Olivia me desperta e eu volto a olhar para ela, finalmente entendendo o que Thor pretende com a súbita mudança de música: forçar uma aproximação entre eu e ela, é claro. Me levar a sentir de novo o que vivi naquele terraço midgardiano, quando dancei com ela. Outro momento em que me deixei levar pelo o que sinto por este tormento, aliás.

Convencido de que isso é uma péssima ideia — em outras palavras, tentando fugir do que sinto de novo —, abro a boca para dispensar a oferta, mas a midgardiana praticamente me atropela:

— Não diga não, gafanhoto! — Diante da minha hesitação, ela indica o próprio vestido e argumenta de um jeito... Gracioso: — Olha só, eu estou com trajes adequados desta vez. — Continuo relutante e isso parece irritar Olivia, já que na sequência ela fecha a cara, olha para um dos amigos de Thor, do outro lado do salão, e anuncia: — Tudo bem, neste caso eu vou perguntar para o Frandal se ele topa. Ele é bem fofo, aliás. Talvez eu tire uma casquinha dele depois da dança. — E dando uma rápida olhada para o topo da minha cabeça, Olivia arremata com raiva: — E então esses chifres ridículos terão um motivo real para estarem aí!

O sangue ferve em minhas veias ao ouvir tais palavras. E quando Olivia me dá as costas e começa a se afastar, perco o controle, seguro em seu braço imediatamente, de um jeito firme, e a obrigo a voltar para perto de mim.

Sim, odeio admitir, mas sinto ciúme desta infeliz. Por isso, não posso permitir que Frandal ou quem quer que seja se aproxime dela, dance com ela, a toque. Eu não consigo e, por isso, digo entredentes:

— Não se atreva.

O meu tormento sorri com satisfação, me fazendo soltar o seu braço e me recompor como posso.

Em seguida, ela articula cheia de si:

— Por acaso isso é um "Sim, Olivia Mills! Claro! Será um prazer inenarrável dançar com você?" Por que se for...

A midgardiana para de falar, segura as laterais do vestido e faz uma breve reverência. Cogito deixá-la no vácuo, mas isso significaria permitir que ela dance com outra pessoa.

Sendo assim, retribuo a reverência com certa má vontade e logo começamos a dançar. Exatamente como naquela noite, na festa midgardiana, nossas mãos erguidas entre nós, mas sem se tocarem, e nossos olhares fixos um no outro. E assim como naquela ocasião, sei que Olivia está sentindo o mesmo que eu neste momento. Algo forte.

A princípio, penso que ficaremos em silêncio até o final da dança. No entanto, parece que Olivia está mais determinada do que nunca esta noite. Parece que o meu súbito momento de sinceridade, instantes antes, lhe deu a coragem necessária para retomar o assunto:

— Bem... Já que você sabe por que eu permaneci em Asgard e já que eu sei por que você ficou me olhando dormir, como naquele filme Atividade Paranormal, eu vou ser direta. — Pisco um pouco confuso e Olivia supõe: — Você não entendeu a referência, não é? — Antes que eu responda, ela revira os olhos e pondera com deboche: — Eu não sei por que você odeia tanto o Steve então. Algo me diz que vocês se dariam muito bem. Poderiam ajudar um ao outro e...

— Você disse que seria direta — interrompo-a, incomodado por Olivia ter citado o soldadinho, mas também porque quero muito saber o que ela tem a dizer.

— Sim! Claro! Direta, direta, direta! Foco, Olivia. Foco! — ela diz para si mesma, antes de trocarmos as mãos suspensas no ar e girarmos para o outro lado. Então, com certa hesitação, Olivia volta a me encarar e retoma: — Olha, eu sei que eu e você somos... Complicados. Para dizer o mínimo. E eu não sei, honestamente, aonde... Isso daria, mas... Se pelo menos eu soubesse aonde estou pisando, talvez eu conseguisse deixar de ser tão complicada. 

Paramos de frente um para o outro e erguemos as duas mãos no ar. Giramos para um lado e depois para o outro, enquanto tento assimilar o que Olivia disse.

Talvez percebendo que eu não compreendi muito bem o que ela está propondo, o meu tormento engole em seco e resolve ser mais clara:

— Você tem até amanhã para me mostrar aonde eu estou pisando, gafanhoto. Em outras palavras, você tem até amanhã para me mostrar que também está disposto a descomplicar um pouquinho as coisas. Depois disso, por mais que eu goste da comida daqui... Eu não vou ficar.

Dou um passo a frente e seguro em sua cintura com uma das mãos. Sinto-a estremecer diante do meu toque e indago:

— Então você está me dando um ultimato?

Olivia repousa uma das mãos em meu ombro, com a outra segura a minha no ar, sorri mais relaxada, arqueia as sobrancelhas e despeja: 

— Você quer ficar nesse joguinho de gata e rato para sempre? Tudo bem, eu confesso, é excitante às vezes, mas...

Olivia para de falar, visivelmente sem graça e um tanto nervosa com as próprias palavras. Não posso negar que elas também me atingem em cheio.

Giramos algumas vezes pelo salão, enquanto outras pessoas fazem o mesmo, eu acho. Em dado momento, faço-a girar em torno de si mesma e voltar para os meus braços em seguida.

Repetimos isso algumas vezes, até que me curvo sobre Olivia, fazendo seu corpo se inclinar na direção do chão, mas longe de tocá-lo.

Mantenho-a segura em meus braços, ao mesmo tempo em que meus olhos permanecem mergulhados nos seus e nossos rostos se aproximam consideravelmente. É quase como um feitiço. Olivia Mills me enfeitiçou, é isso.

De repente, suas palavras me despertam de tal pensamento, quando a midgardiana é direta mais uma vez: 

— Eu quero mais do que esse chove não molha, gafanhoto. Então, se você também quiser, me mostre e... Talvez nós possamos descobrir juntos aonde isso vai dar. Descomplicar as coisas pode ser... Bom.

A música parece ter terminado há alguns instantes, mas eu e Olivia permanecemos na mesma posição, enquanto eu tento assimilar sua proposta, ao mesmo tempo em que procuro resistir ao instinto de beijá-la.

É difícil. Principalmente, quando Olivia começa a se reerguer. Nossos rostos acabam ficando mais próximos com isso. Sua testa encosta na minha e nossos narizes roçam um no outro.

Nossas bocas ficam tão próximas. Chego a sentir sua respiração ligeiramente ofegante em minha face. E meu coração me trai mais uma vez, voltando a acelerar diante da proximidade entre nós.

Mesmo assim, faço um esforço para desviar do seu olhar, para me afastar dela e então finalmente nos desvencilhamos e nos endireitamos, como se nada tivesse acontecido ou sido dito.

Volto a olhar para Olivia, que faz uma breve reverência enquanto sorri discretamente para mim e encerra com ironia:

— Obrigada pelos votos de feliz aniversário, Loki. A educação te mandou lembranças.

Em seguida, a midgardiana nem um pouco desprezível me dá as costas e se afasta lentamente. Eu a sigo com o olhar por algum tempo. Preso ao seu encanto.

Depois que ela desaparece do meu alcance de visão, procuro me recompor e observo tudo em volta. E é então que percebo certos olhares em minha direção.

Thor, Jane, Sif e seus amigos bossais disfarçam rapidamente e se dispersam pelo salão, mas tenho certeza que estavam me vendo dançar com Olivia e fazendo suposições sobre nossa conversa.

Constrangido com isso, e ao mesmo tempo precisando pensar no que Olivia me disse, decido abandonar esta festa ridícula.

Então, me dirijo aos meus aposentos apressadamente, sentindo uma mistura de raiva — por Olivia, pela milésima vez, ter me colocado contra a parede — e júbilo — por ela ter acendido uma esperança genuína dentro de mim ao me colocar contra a parede pela milésima vez.

Pois é, para variar, estou confuso.


Notas Finais


Ai Jesuuuuuuuuuuuuus! Olivia deu um ultimato no gafanhoto! E agora? E Odin ganhou um apelido também kkkkkkk Gostaram de Mestre dos Magos?

Por falar em Odin, eu tenho muita dificuldade em retratá-lo, pois o dito cujo é uma incógnita para mim. Sério. Eu não sei se gosto, se desgosto, se ele é bom, ruim, meio termo, qual é, qual foi, por que ele tá nessa, então... Tomei a liberdade de mostrá-lo como eu gostaria que ele fosse, okay?

Ah! E eu mantive o título que havia imaginado (vingancinha pessoal), mas até que a Olivia pegou leve, não?

E isso é engraçado porque eu ia fazê-la aprontar mais, só que quando eu fui escrevendo... Saiu isso aí kkkkkkkk Uma doce vingancinha, climinha Lokivia e ultimato. Muito amor.

Não sei se ficou muito claro, mas na festa, o gafanhoto estava assim ô: http://2.bp.blogspot.com/-8Nf8jSs-GBU/Vdo_duW7gvI/AAAAAAAAE1w/JQSWlwrF8a8/s1600/loki.jpg

E contei com a consultoria da minha mishamiga fofa, Hunter Debora Jones, para escrever a reflexão da Olivia sobre a moda reversa asgardiana kkkkkkkkkk Gracias, bitch!

E sim, eu acho o Frandal fofo!!!! E adorei escrever Lokito com ciúme. Rá!

Queria comentar mais coisas, mas tenho que parar com essa mania de comentar meus próprios devaneios, então vou passar a bola para o povo de Midgard!

Reviews?

Beijos de luz e inté o próximo capítulo...


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