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História Trapaças do Destino - Duas amostras


Escrita por: HunterPriRosen

Notas do Autor


Olás! Eu só ia postar amanhã, mas para que deixar para amanhã o que se pode fazer hoje, não é mesmo?

Boa leitura a todos!

PRE-PA-RA!

Capítulo 37 - Duas amostras


Eu queria ter acordado Olivia de uma forma mais interessante e proveitosa. Talvez tirado suas roupas sutilmente e a despertado com o som da minha respiração em seu ouvido. Com o meu toque em sua pele quente e macia. Com o meu corpo sobre o seu tão... Convidativo.

Mas, este tormento não merece tal dádiva. Não quando duvidou de mim na primeira oportunidade e voltou para Midgard às pressas, depois de tirar conclusões precipitadas acerca de minha fuga, como eu soube que ela chamou a minha saída estratégica. Não quando eu lhe pedi uma única coisa, para que confiasse em mim, e ela não confiou. Não quando Olivia preferiu acreditar que eu estava fugindo, como um covarde, como eu soube que ela também mencionou.

Por isso, mantenho minha postura firme e a insatisfação estampada em meu semblante enquanto a observo se recuperando do susto de me ver aqui, diante de sua cama, em seu quarto, nesta remota e sem graça fazenda midgardiana. 

Vejo o seu peito subir e descer à medida que Olivia respira ofegante, evidenciando assim as curvas tentadoras dos seus seios, mas faço um esforço e volto a fitá-la nos olhos.

Apenas nos olhos, Loki. Você consegue. Ela nem está assim tão bonita. Olivia está... Horrível, aliás. Descabelada e com uma cara assustada. E o mais importante, ela não confiou em você. Então nem pense em facilitar as coisas para esse tormento. Nem pense.

— O que você está fazendo aqui? — Sua voz finalmente rompe o silêncio, me causando certo alívio.

Imediatamente, replico:

— Eu poderia te perguntar a mesma coisa.

Depois de soltar um suspiro de irritação, a midgardiana diz duramente:

— Essa é a minha casa.

Sem me abalar com a sua rispidez, insinuo:

— Eu ouvi dizer. Na verdade, Heimdall me contou que você estava aqui quando eu voltei a Asgard e não te encontrei. O que eu achei bem curioso, aliás.

Estreito meu olhar em sua direção e percebo que a desarmei por completo. Tenho certeza disso porque Olivia abre a boca e seus lábios se movem, mas não pronunciam nenhum som. Ela está, claramente, sem palavras depois de ter captado o cerne da questão.

Arqueio as sobrancelhas, demonstrando certa impaciência, e isso finalmente faz o tormento se pronunciar de novo, visivelmente sem graça e aos gaguejos:

— Então... Então você está vindo de... Asgard? Eu quero dizer... Você voltou para lá, foi?

Regozijo-me com tais perguntas e faço questão de respondê-las pausadamente:

— Sim, eu voltei para Asgard. E apesar de ter passado em outro lugar de Midgard antes daqui, eu acho que posso dizer que estou vindo de lá também.

— Que outro lugar? — Olivia questiona, numa clara tentativa de mudar o foco da conversa. Ou talvez tenha ficado curiosa mesmo.

Seja como for, mantenho o foco e critico veladamente:

— Certamente eu te contaria, mas algo me diz que você não iria acreditar em mim, na minha palavra, então... Por que perder o meu tempo?

Um silêncio incômodo perdura entre nós por alguns instantes e percebo o semblante de Olivia se fechando ao poucos, como se ela estivesse ponderando as minhas palavras e decidindo o que fazer a respeito. Até que, para minha surpresa, ela afasta o lençol abruptamente, levanta da cama em um pulo e ordena com uma audácia irritante:

— Pode parar com a palhaçada!

Droga... Olivia está usando uma daquelas roupas indecentes de dormir. Aquelas com poucos centímetros de tecido e que deixam boa parte do seu corpo curvilíneo à mostra de uma forma... Tentadora.

Foco, Loki. Foco. Apenas nos olhos. Não olhe para o corpo deste tormento...

Droga! Acho que eu olhei. Por um milésimo de segundo, é claro, mas o suficiente para fazer Olivia se sentir segura, cheia de si e caminhar até mim lentamente.

— De qual palhaçada você está falando? — questiono, lutando para manter a postura fria e ignorando o meu coração subitamente acelerado.

— Dessa. — Olivia para diante de mim e explica melhor: — Desse lance de orgulho ferido. Está totalmente fora de moda caso você não saiba, chuchu.

Desvio do seu olhar e repito para mim mesmo que não posso facilitar as coisas, não posso ceder, não tão fácil. Olivia precisa admitir o seu erro primeiro. É o mínimo.

Como se tivesse lido os meus pensamentos, ela solta um suspiro e recomeça:

— Eu acordei sozinha e você não estava em parte alguma do palácio ou de Asgard. Ninguém sabia onde você estava. O que você esperava que eu pensasse?

Olivia não está admitindo o erro, ela está justificando a sua atitude e me culpando. Não é isso que eu quero. Não é disso que eu preciso.

Pensando assim, volto a olhar em seus olhos e replico afiado e em tom acusatório:

— Eu esperava que você tivesse um pouco mais de fé em mim e que não menosprezasse o que... O que... — Hesito ao relembrar aquela noite, mas consigo concluir meu raciocínio: — Você sabe, o que aconteceu. Eu esperava que você confiasse em mim como eu pedi, encarecidamente, que fizesse.

Pronto. Pelo olhar vacilante e culpado que o tormento me lança em seguida, posso concluir que, definitivamente, chamei a sua atenção para o que realmente importa, para o julgamento errado que ela fez ao meu respeito.

Olivia fica em silêncio por um bom tempo, hesitante, mas visivelmente ciente de tal erro.

Prova disso é que ela finalmente se mostra vencida e deduz:

— Você quer um pedido formal de desculpas? É isso, chuchu?

Não respondo, mas algo no meu olhar intransigente deve confirmar isso, já que Olivia respira fundo e anuncia:

— Pois bem, é justo. Aí vai — E então ela dispara em um ritmo indignado como se, no fundo, ainda quisesse justificar a sua atitude e jogar parte da responsabilidade em meus ombros: — Olha, eu sinto muito se o meu histórico desastroso com o sexo oposto e a nossa própria história, cheia de altos, baixos e muita, eu disse muita, negação, me cegaram por um momento e me fizeram acreditar que você tinha me abandonado depois de uma... Tórrida noite de pegação nervosa. Do fundo do meu coração, foi mal. Mesmo. Satisfeito?

— Não — resmungo, profundamente irritado com suas justificativas e com certo... Ciúme do passado amoroso de Olivia.

Eles não tiveram importância, Loki. É o que digo em pensamento.

Mesmo assim, uma chama incômoda continua queimando dentro de mim. Só de pensar que midgardianos desprezíveis tocaram Olivia Mills sinto o meu sangue ferver.

— Sinto muito, gafanhoto, mas isso é o máximo que você terá de mim.

A voz da midgardiana nada desprezível me desperta de tais pensamentos e eu volto a fitá-la nos olhos com um interesse inevitável. Apesar do apelido ridículo que Olivia cismou de colocar em mim, não posso negar que senti falta de ouvi-lo em sua boca. Me julguem.

Depois de dar mais um passo à frente, ficando bem mais perto de mim, ela prossegue:

 — Do meu jeito, eu estou admitindo sim que errei em te julgar precipitadamente, então me faça um favor? Para de frescura.

Ela estava indo bem, mas...

— Você devia medir melhor as suas palavras — critico, insatisfeito por ela, aparentemente, não estar me levando totalmente a sério.

Rápida e afiada, Olivia cruza os braços contra o peito e retruca:

— E você devia me contar esse babado direito! Por que você zarpou de fininho e voltou assim de repente, não mais que de repente, todo misterioso e sexy?

Não consigo evitar e sorrio discretamente ao ouvir a última parte.

— Esquece o sexy, eu só quis dizer misterioso! — Olivia se corrige às pressas, desviando do meu olhar enquanto o seu rosto ruboriza consideravelmente.

Não posso negar que senti falta disso também. De deixá-la assim, abalada com a minha presença, tão desconcertada quanto eu fico diante da sua. Claro que eu disfarço muito melhor do que ela, afinal eu sou Loki, sou mestre em disfarces.

Contudo, por um momento, cogito abandonar tal postura e simplesmente tomar Olivia em meus braços e lhe mostrar que ela ainda é minha e apenas minha, que nada mudou.

Mas eu não posso fazer isso. Não agora. E nem se trata do meu orgulho ferido, como Olivia mencionou antes. Na verdade, nós não temos tempo para isso agora. Há coisas mais importantes neste momento, coisas que Olivia precisa saber sobre a minha partida de Asgard e, principalmente, sobre o meu retorno. Ela precisa saber.

Pensando assim, controlo a vontade de ceder aos encantos do meu tormento e bálsamo e exponho:

— Eu preciso confirmar uma suspeita antes de lhe explicar tudo, Olivia. E para isso, eu preciso que você me acompanhe a um lugar.

Talvez estranhando a forma sútil e misteriosa como pronunciei essas palavras, ela volta a sua atenção a mim e questiona desconfiada:

— Como assim?

Decido não explicar. Em parte para provocá-la, mas principalmente porque fui sincero quando disse que preciso confirmar algo primeiro. Não quero que Olivia se decepcione no final, por isso, infelizmente, preciso que aquela criatura verde e horrenda que atende pelo nome de Bruce Banner, ou Hulk, corrobore minha teoria antes.

Sendo assim, aviso simplesmente:

— Eu estarei lá embaixo. Não demore.

A última coisa que vejo, antes de me virar e deixar o quarto para trás, é Olivia franzindo o cenho intrigada.

XXX

A midgardiana demorou uma eternidade para vir até a sala, mas finalmente o fez, descendo os degraus correndo, parando diante de mim um tanto ofegante e avisando como se fosse necessário:

— Prontinho! Estou aqui, coração.

Droga... Olivia está com um vestido meio rodado e com os cabelos ligeiramente molhados do banho, o que lhe deixa bem graciosa e sensual. Ela está bem cheirosa, aliás.

Agora não, Loki. Foco.

— Tudo bem, então vamos — assinto, fechando a cara, me virando e esperando que Olivia me siga em silêncio.

Entretanto e para minha surpresa, ela segura a minha mão, me fazendo deter o passo e me voltar em sua direção novamente. Sinto todo o nervosismo implícito em seu gesto e em seu olhar vacilante. E não posso negar que gosto disso, do poder que exerço sobre Olivia, do que ela claramente sente por mim.

Fico esperando que Olivia diga alguma coisa, mas para minha surpresa — de novo —, ela simplesmente se aproxima, praticamente se atira sobre mim, fecha os olhos e pressiona seus lábios nos meus, causando-me uma interessante e imprópria sensação de calor.

Não posso negar que gosto disso e que, por um momento, penso seriamente em levá-la de volta ao quarto. Acho até que a escada serviria para o meu propósito. Todavia não posso. Preciso manter o foco aqui. Além disso, não posso relevar tão rapidamente e facilmente o erro de Olivia. Tenho que me manter frio para que ela reflita mais um pouco sobre o que fez.

Por isso, quando ela se afasta um pouco e me encara com o rosto ruborizado, eu questiono sério:

— O que foi isso?

— Ataque de piriguetismo contra cara de limão azedo — Olivia responde em tom divertido. Mas percebendo que não surtiu o efeito desejado, me beija novamente.

Desta vez, com mais impetuosidade e por um tempo maior. E desta vez, eu não consigo resistir, seguro o seu rosto e me entrego por alguns instantes.

Olivia se afasta logo depois, me observa satisfeita, abre um sorriso, dá um leve soco em meu ombro e comemora:

— Funcionou! Ponto pra mim! Rá!

Incomodado por ter lhe dado esse gostinho, me recomponho, rio sem humor e rebato:

— Não festeje tanto, midgardiana. Eu ainda não me esqueci do que você fez.

— Humm... Eu ouvi um ainda? — Olivia é perspicaz e sorri de um jeito irritante e gracioso ao mesmo tempo. — O negócio é o seguinte, gafanhoto, nós temos duas opções para quando este dia esquisito e todo esse mistério que você está fazendo terminarem — anuncia com certo suspense e malícia. — Um, continuar batendo cabeça e discutindo por um mal entendido que, infelizmente, aconteceu e que não pode ser desfeito. Ou dois... Esquecer tudo isso, tirar a roupa e investir em um repeteco daquela noite. O que você me diz?

Olivia... Olivia... Tormento de vestido. É uma proposta tentadora, não posso negar. E não posso negar que gosto da forma direta como ela fala às vezes, sem rodeios, direto ao ponto, corajosa.

Sem conseguir ficar com raiva dela por muito tempo, mas também sem querer dar o braço a torcer tão fácil, deixo a resposta em aberto:

— Eu acho que você vai descobrir no final do dia.

— Combinado! — ela vibra e em seguida caminha até a porta perguntando: — Muito bem, para onde nós vamos mesmo? — Assim que abre a porta e vê... Algo grande e cinza pousado no meio do pasto, ela exclama surpresa: — Papagaio!

Aproximo-me, paro ao seu lado com as mãos para trás e explico:

— Na verdade, eu acho que os seus amiguinhos o chamam de... Quinjet. — E quando Olivia se volta para mim, confusa e com os olhos arregalados, acrescento: — Eu sei, o nome é tão ridículo quanto Os Vingadores, S.H.I.E.L.D., essas coisas.

— De onde exatamente você está vindo, gafanhoto? — Olivia indaga um tanto perplexa e, definitivamente, intrigada. Mas antes que eu responda, ela acaba deduzindo: — Você está vindo da Torre Stark?

— Eu soube que é Torre dos Vingadores. Você anda muito desinformada ultimamente, Olivia. Mas também o que se pode esperar de alguém que não me reconheceu à primeira vista? Que ao invés disso, pensou que eu fosse mentalmente desequilibrado? — zombo com um sorriso displicente.

Em resposta, o tormento estreita o olhar em minha direção e retruca:

— Só para constar, eu ainda te acho um pouco desequilibrado. — Desmancho meu sorriso e sigo o olhar de Olivia quando ela fita novamente o Quinjet e pergunta: — Você veio nessa coisa? Quem está pilotando?

— Para a minha infelicidade, dois dos seus amigos mais simpáticos — respondo entediado, lembrando-me do voo até aqui na companhia nada agradável de Clint Barton e Natasha Romanoff.

A viagem foi bem incômoda e silenciosa pois, aparentemente, os dois ainda guardam certo ressentimento de mim por conta do ataque com o exército de Chitauris e por, na época, ter os jogado um contra o outro.

De esguelha, vejo Olivia abrir a boca, provavelmente para fazer novas perguntas. Contudo, ela parece desistir em seguida, quando caminha decidida, a passos largos e indiscutivelmente curiosa até o tal jato.

Sigo-a em silêncio e quando chegamos lá, o Gavião Arqueiro levanta uma enorme porta e lhe estende a mão. Olivia sorri, aceita o gesto e fala alguma gracinha antes de abraçá-lo carinhosamente. Em seguida, ela dá alguns passos para o interior do Quinjet e cumprimenta a Viúva Negra com mais um abraço caloroso.

Impulsiono-me para subir no jato, mas Barton, como o ser engraçado que é, solta a porta para que eu bata de frente com ela. Entretanto, sou mais rápido e a seguro antes que ela me atinja em cheio. Lanço um olhar mortal para o Vingador rancoroso e me dirijo ao meu assento.

— Me deixe adivinhar, vocês também não vão me dizer o que está acontecendo, não é? — Olivia supõe, enquanto fita o casalzinho apaixonado e ridículo em sua frente.

Depois de trocar um olhar cúmplice com o arqueiro, a ruiva cruza os braços contra o peito e responde:

— Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas parece que você terá que confiar naquele... — Seu olhar nada amigável encontra o meu por um instante, mas por Olivia, Natasha se contém e diz simplesmente: — Em Loki.

Em seguida, é a vez de Barton se pronunciar:

— Nós vamos te levar até a Torre e, chegando lá, tudo será explicado.

Ainda mais ansiosa, porém com certeza sabendo que não adiantará pressionar os dois, Olivia assente com um meneio de cabeça e logo se junta a mim. Ela afivela o cinto da poltrona ao meu lado e me observa por um longo momento com um olhar curioso e desconfiado.

No instante seguinte, o Quinjet não está mais no chão e vejo a cor sumir do seu rosto quando ela arregala os olhos e segura a minha mão contra o assento.

Não consigo me conter e a provoco:

— Veja só… Parece que alguém tem medo de voar. Que fofa.

— Cala a boca, traste — Olivia resmunga, fechando a cara, embora sua mão continue apertando a minha consideravelmente.

Sorrio discretamente e me recosto na poltrona, sentindo o seu toque quente em minha pele. Não sei como, mas acabo segurando sua mão de volta. E é bom. Me julguem.

XXX

A viagem até Nova York foi tão rápida quanto a partida. Não posso negar que o tal Quinjet tem uma tecnologia avançada e eficaz para os padrões primitivos dos midgardianos.

Assim que aterrissamos na Torre dos Vingadores e descemos do jato, encontramos Thor, o egocêntrico Homem de Ferro e o pedante soldadinho da América nos aguardando no terraço.

Olivia cumprimenta primeiro o anfitrião, depois Steve Entojo Rogers com um abraço demorado demais para o meu gosto — com certeza para me provocar — e fica visivelmente surpresa com a presença do Deus do Trovão que imediatamente explica:

— Eu vim de Asgard com Loki porque o que ele possivelmente descobriu sobre você é importante demais e nós precisamos da ajuda do Dr. Banner para confirmar sua suspeita. Como o histórico dos dois não é muito... Bom, eu vim fazer a intermediação e assegurar que não haveria nenhum atrito entre eles ou com outros membros da equipe.

Thor. Sempre metido e sempre falando demais.

— Obrigado pela confiança, irmão — ironizo, embora no fundo eu reconheça que não conseguiria a ajuda da criatura verde sem ele. Mesmo que seja por Olivia, seria difícil que Bruce Banner me deixasse falar, ogro como é.

Estou refletindo sobre isso quando Olivia olha de mim para Thor e questiona:

— Como assim? O que o gafanhoto descobriu sobre mim e por que envolver o Brubru nisso? Que suspeita ele precisa confirmar?

— Tudo ao seu tempo, midgardiana. Apenas confie em mim — é tudo o que lhe peço.

Olivia abre a boca para retrucar, mas para minha surpresa, o idiota do Capitão América intervém, me ajudando indiretamente:

— Eu soube que você conheceu a Jessie. Ela gostou muito de você.

Jamais admitirei isso em voz alta, mas em pensamento agradeço o soldadinho por ter mudado de assunto e desviado a atenção de Olivia.

— A recíproca é verdadeira. Ela é uma fofa e agora eu entendo perfeitamente por que você baba por ela — Olivia replica sorridente, deixando Rogers um pouco vermelho com suas palavras.

Quando ela vai retomar o assunto inicial, é a vez de Tony Stark, o Vingador que se acha autossuficiente, interferir:

— E eu soube que Nick Fury te fez uma proposta. Viu só? Você não vai se livrar de mim tão fácil. De um jeito ou de outro, nós iremos trabalhar juntos, Adestradora de Rena. Se conforme.

Proposta? Trabalho? Do que essa criatura exibicionista está falando?

— Eu ainda não aceitei a oferta — Olivia responde, me lançando um olhar como quem diz “explico depois.”

— Algo me diz que você vai — assegura Stark de um jeito emblemático.

Começo a deduzir do que se trata a tal proposta e diante do que eu possivelmente descobri sobre Olivia, não me surpreende nem um pouco que a S.H.I.E.L.D. esteja de olho nela e tentando recrutá-la para alguma coisa. Tão previsível. Só espero que eles não a transformem em um membro desta equipe patética intitulada Os Vingadores. Ridículos...

Após um momento de silêncio, Stark diz:

— Vamos? O Verdão está esperando no laboratório.

— No laboratório? — Olivia questiona intrigada, mas mesmo assim segue o hominídeo insuportável. — Não me diga que vocês estão pensando em fazer mais testes com o meu DNA?

Ela ri ao dizer isso, mas fica séria assim que Tony confirma tranquilamente:

— É exatamente isso.

Olivia olha em minha direção um pouco assustada e insatisfeita. Com certeza, ela deve estar se perguntando por que eu estou por trás disso. Também deve estar se lembrando do exame que Bruce Banner fez sem a sua autorização.

Thor me contou tudo. E com isso, eu finalmente entendi por que o tormento ficou tão transtornada aquela vez em que chegou no seu cubículo midgardiano, molhada de chuva, abalada e me pedindo que a abraçasse. O abraço foi bom, aliás...

Foco, Loki.

Prosseguindo, quando disse a Thor que, antes de mais nada, eu precisaria confirmar se minha suspeita acerca de Olivia estava correta, para não enchê-la de esperança à toa, ele foi taxativo e disse que só falaria com Banner, caso Olivia soubesse desde o começo e concordasse em passar por um novo teste.

Apesar de apreensiva e confusa, ela desvia do meu olhar e continua seguindo rumo ao interior da Torre, o que me leva a crer que está de acordo. Sua curiosidade parece ser maior do que o medo que sente em relação às suas origens.

XXX

Quando chegamos ao laboratório de Banner, Olivia abre um enorme sorriso e abraça o infeliz por muito mais tempo do que os outros. Não posso negar que tal cena faz aquela sensação incômoda dentro de mim arder e se agitar novamente.

Todavia, consigo controlá-la quando me lembro da conversa que tive com o tormento naquela fazenda, dos beijos e, principalmente, do que aprontamos aquela noite em Asgard. Olivia pode me provocar o quanto quiser, porque eu sei que é por mim que ela estremece daquele jeito. Ela é minha. E eu sou...

— Antes de mais nada — Bruce diz, interrompendo minha reflexão — eu preciso perguntar, o que você fez com aquele pendrive? Você leu o conteúdo?

Prontamente e um pouco sem graça, Olivia responde:

— Eu ainda não tive... Chance de... Você sabe, dar uma atenção especial ao assunto.

Acho que a midgardiana quis dizer que ainda não teve coragem de fazer isso. E com certeza, é o que Banner deduz também já que anuncia:

— Tudo bem, então eu vou resumir o conteúdo para você.

Olivia engole em seco, mas não protesta, permitindo assim que o ser desprezível prossiga:

— O mapeamento do seu DNA indicou certas características genéticas incomuns em humanos. A sua sobrevivência ao acidente que, infelizmente, vitimou a sua avó, todo o tempo que você ficou submersa, aguardando socorro... Nenhum ser humano comum sobreviveria aquilo, Olivia. E me corrija se eu estiver enganado, mas você não costumava ficar doente com frequência quando era criança, certo? E agora? Você saberia me dizer qual foi a última vez que pegou um resfriado?

Olivia franze o cenho, como se puxasse as respostas em sua memória. Olha para mim e para os outros que estão um pouco afastados, mas ouvindo a conversa atentamente, tão interessados em comprovar minha teoria quanto eu.

Por fim e confirmando a suspeita de Banner, Olivia volta a fitá-lo e indaga:

— Okay, e o que isso significa exatamente?

Com uma empolgação científica crescente, ele responde:

— Significa que você é mais resistente do que um ser humano comum, Olivia. Seu pai, definitivamente, não era daqui, e isso faz de você uma... Híbrida!

Após um silêncio um tanto constrangedor, o tormento sibila:

— E?

E? — Bruce repete indignado. E ainda mais empolgado, questiona: — Você entende o que isso significa, Olivia? Você é especial! E não só na questão da resistência física e imunológica. De acordo com o que eu me lembro do seu DNA, ele possuiu genes capazes de retardar o seu envelhecimento e...

— Epa! Epa! Epa! — Olivia o interrompe, erguendo as mãos na altura do peito. — Envelhecimento retardado? Você quer dizer que eu... Que eu nunca vou precisar de cremes anti-idade e muletas?

Bruce franze o cenho, ajeita o óculos, a encara por alguns instantes e responde:

— De certa forma... Sim. Acho que sim. Você não é imortal, Olivia, mas não envelhecerá como as pessoas daqui. Será um processo mais lento, o que, consequentemente, irá prolongar a sua vida por muitos... Muitos anos — Intrigado, ele pergunta: — Você não leu mesmo o laudo final que eu salvei no pendrive? Nada? Nem uma palavra?

Como se estivesse meio anestesiada, a minha midgardiana híbrida balança a cabeça negativamente e permanece com o olhar perdido por algum tempo. Em seguida, um sorriso começa a surgir em seu semblante, se alarga, explode em uma sonora gargalhada e Olivia comemora:

— Melhor notícia ever! Por que você não me contou isso antes, Brubru? — Antes que ele responda, ela volta a ficar confusa e retoma: — Mas eu não entendo... Por que eu estou aqui mesmo?

Rapidamente, o cientista retira um tipo de seringa do bolso de seu jaleco branco, pega a mão direita de Olivia um tanto afoito, espeta a agulha na ponta do dedo indicador do tormento e responde empolgado:

— Porque eu preciso de uma nova amostra do seu sangue para fazer uma comparação com...

— Ai! — Olivia reclama, puxando a mão de volta e levando o dedo à boca.

Fulmino o infeliz com o olhar e ele lamenta um tanto atrapalhado:

— Desculpe! Eu devia ter pedido licença, sua permissão, essas coisas...

Assim que Olivia assente e faz um gesto com a outra mão, indicando que está tudo bem, Banner caminha até uma mesa do laboratório e deposita a gota de sangue em um maquinário esquisito, ao lado de outra amostra. De outro híbrido.

Bruce digita alguns comandos em uma tela holográfica que surge diante dele e todos passamos a aguardar pelo resultado. O resultado que dirá se Olivia tem algo em comum com o outro híbrido, conforme eu suspeito que tenha, ou não.

Os instantes que se passam são longos e torturantes. Mas a conclusão daquela análise finalmente vem. Um rápido olhar para a palavra que surge na tela holográfica já me deu a resposta que preciso, mas mesmo assim Banner olha para mim, para Olivia e comunica meio atordoado:

— Eles... São... Eles são compatíveis.

Posso sentir a surpresa entre os membros dos Vingadores e a confusão de Olivia quando ela percebe que há outra amostra ali. Outra amostra que foi analisada e comparada com a sua.

— Eles quem? Ou melhor... Eu e quem? De quem é a outra amostra? O que diabos está acontecendo aqui?

Bruce abre a boca, mas se detém e olha para mim, num claro sinal de que espera que eu explique a Olivia o que está acontecendo. Afinal, foi este o combinado, ele confirmaria a minha teoria e eu mostraria o que aquilo significa na prática para Olivia.

Contudo, somente agora me dou conta que não sei exatamente como fazer isso. Preciso pensar rápido já que ela acabou de se voltar em minha direção. Pelo olhar que me lança, sei exatamente o que está pensando. E isso se confirma quando Olivia pergunta visivelmente surpresa e um tanto afoita:

— Você descobriu quem é o meu pai, gafanhoto? Esse sangue... É dele? Ele está aqui? Você disse que já tinha ouvido a minha história antes. Foi isso que você quis dizer? Você sabe quem é o meu pai? Foi por isso que você deixou Asgard daquele jeito? Você foi atrás dele? E o trouxe para cá? Para mim? Ele quer me conhecer? É isso?

Não sei se Olivia está feliz ou com medo, talvez com os dois e mais uma série de sentimentos e sensações neste momento, mas o fato é que não posso mais adiar isso. Preciso lhe mostrar a verdade. Parte dela. A parte que conheço e que Bruce Banner acabou de corroborar. Pode não ser o que o tormento espera, mas já é um começo.

Sendo assim e ignorando os olhos curiosos sobre nós, aproximo-me dela lentamente, paro em sua frente e exponho devagar:

— Eu quis dizer que ouvi uma história como a sua. Não necessariamente a sua. — Observo-a por um instante e prossigo: — E não, eu não sei quem é o seu pai, Olivia. Ninguém sabe. Mas, definitivamente, eu encontrei... Alguém que quer descobrir isso tanto quanto você. Alguém que é compatível com você e que cedeu aquela amostra pouco antes de nós chegarmos aqui.

Com um olhar vacilante, Olivia engole em seco, pisca algumas vezes  e indaga:

— Quem?

Penso em ir direto ao ponto, mas hesito ao ver que a plateia está concentrada em nós. E cansado disso, seguro Olivia pela mão e a induzo a me acompanhar.

Enquanto deixamos a sala para trás, asseguro:

— Eu vou lhe mostrar.

Caminho a passos largos e Olivia me segue com certa dificuldade, com certeza devido a confusão que deve estar a sua cabeça, já suficientemente confusa por natureza.

— Eu tenho uma irmã? Um irmão? Um meio irmão? É isso? — ela pergunta atônita quando viramos em um corredor e entramos em um elevador.

Instantes depois, quando saímos dele, eu ainda não respondi a sua pergunta pois acredito que Olivia estava sendo retórica quando as fez.

Seguimos por um corredor e eu avisto a porta no final dele. E me lembro que estive aqui pouco tempo atrás. Pouco antes de ir buscar Olivia naquela fazenda no meio do nada.

Se o resultado fosse incompatível, ele seria despachado para os confins da galáxia de novo, onde o encontrei depois de uma longa busca. Porém, como o teste acusou compatibilidade entre ele e Olivia, este é o passo a ser seguido agora. Ela precisa conhecê-lo. Foi por isso que eu deixei Asgard e por isso que voltei. Por Olivia. Para lhe proporcionar este momento.

O que o tormento de vestido irá fazer depois que cruzar aquela porta, já não é da minha conta, mas eu fiz a minha parte. E eu fiz por ela.

— É ele, não é? Um rapaz? Eu tenho um irmão? Quem é ele? Como se chama? Por favor, gafanhoto, só me diz o nome dele?

Paramos diante da porta e nos encaramos por alguns segundos. Posso sentir a ansiedade emanando de Olivia, o nervosismo crescente, o medo de não saber como lidar com suas origens. Ou pelo menos, com um elemento dela, com uma parte de sua história e de sua família misteriosa.

Sendo assim, numa tentativa de acalmá-la, concluo que não há problema em revelar o que ela quer e digo por fim:

— Peter Quill. O nome dele é Peter Quill.

Não espero Olivia dizer qualquer coisa em resposta. Simplesmente lhe lanço um olhar significativo e lhe desejo:

— Boa sorte. E não espere muito dele. O sujeito é estranho.

Viro-me e começo a me afastar com a mesma rapidez com que cheguei ali.

— Peter o quê?! — minha midgardiana híbrida questiona, mas eu continuo seguindo porque sei que isso é apenas uma desculpa para ganhar tempo, um subterfúgio para adiar o momento em que terá que adentrar aquela sala.

Continuo andando e quando finalmente permito-me olhar para trás, vejo que Olivia está encarando a porta. Hesitante.

 


Notas Finais


Peter Quill??? Todo mundo sabe quem é esse moçoilo??? Para quem não sabe, ele é um personagem da dona Marvel, o Senhor das Estrelas/Star Lord, líder dos Guardiões da Galáxia! Um fofo, fofo, fofo e com um senhor gosto musical!

Algumas leitoras já tinham imaginado que ele e a Olivia eram irmãos por parte de pai, mas eu neguei de pé junto para não dar spoiler kkkkkkkkkkkkkk Por falar nisso, desculpem, vocês estavam certas, eu só não podia entregar o ouro.

Beeeeeeeeeem, no começo da fic, eu não sabia quem ia ser o pai da Olivia. Mas minha mishamiga Hunter Debora Jones deu essa ideia, eu surtei e ficou decidido assim quem seria o papi soberano da midgardiana nada desprezível. Rá? Gostaram da novidade?

Well, para saber mesmo quem é o pai da Olivia, basta vocês pesquisarem quem é o pai do Peter nas HQs, okay? Adianto que o nome dele começa com J. Oi?

Eu queria muito saber a reação de vocês com essa revelação que eu sofri tanto para guardar kkkkkkk Me mandem fotos? Memes?

Sobre o Lokito, entenderam por que o moçoilo sumiu daquele jeito? Ele tinha a suspeita, mas não queria dar falsas esperanças a Olivia. Tudo bem que ele podia ter deixado um bilhetinho dizendo "Vou ali e já volto", mas ele acreditou que a midgardiana confiaria nele de olhos fechados. O que não aconteceu devido aos motivos pertinentes a Olivia.

E eu sei que tinha gente torcendo pra ela dar uns sopapos no gafanhoto, mas eu quis mostrar que a personagem amadureceu um pouquinho, que reconheceu que deveria ter dado um voto de confiança ao seu boy magia e até se desculpou por isso, sem se humilhar, é claro, e ainda fazendo uma proposta indecorosa para o Lokito kkkkk

E ai? O que vocês acham que ele vai decidir? Continuar com essa frescura ou investir em um repeteco? (aquela carinha...)

Quem aí estava com saudade dos Vings? Quem aí gostou do capítulo? Quem aí quer me matar por ter terminado justo aí? kkkkkkkkkkkk

Well, o próximo capítulo será POV Olivia, teremos Peter Quill aparecendo de fato e vou ter que adicionar a categoria dos Guardiões da Galáxia lá no índice, né?

Beijos de luz e contem tudinho!!!


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