História Trigemêos - Capítulo V

Sakura pensava conhecer apenas duas faces de Sasuke, o Sasuke robô e o Sasuke humano. O Sasuke robô era o empresário extremamente profissional que só pensava em negócios. O Sasuke humano era um homem solitário que tinha sonhos e planos de crescimento além da carreira profissional. Era gentil, educado e charmoso, além de inteligente. Porém descobrira outro Sasuke. Um sedutor que sempre tem um sorriso torto no rosto. Esse Sasuke parecia sempre querer conquistá-la e era com esse Sasuke que estava jantando. Não era um restaurante requintado que o Sasuke robô a levaria, nem um romântico que o Sasuke humano escolheria, mas um simples. Comida boa, ambiente agradável.

– Posso te perguntar uma coisa? _ Diz ele, pondo a taça de vinho tinto sobre a mesa.

– Pergunte.

– Você não está vendo esse jantar de forma profissional, está?

– Você deixou bem claro que não seria.

– Então posso considerar isso como um encontro?

– De forma alguma. _ Ela pretendia tirar aquele sorriso dos lábios dele, mas não conseguiu, ele esboçou um sorriso divertido. – Você me intriga. _ Admitiu.

Sabia lidar com as duas faces de Sasuke. Aprendeu a lidar com elas durante os quase dois meses de convívio, mas aquela nova era diferente, parecia ser outra pessoa. Aos poucos percebeu que ele gostava de sinceridade, respostas diretas e sem inibição. Expor seus desejos e pensamentos era a melhor forma de conversar com ele.

– Até que ponto você está disposta a me explorar? _ Ele perguntou de uma forma tão pervertida que ela quase corou.

– Depende. _ Diz pensativa. – Até que ponto você se deixa ser explorado?

– Você pode explorar o que quiser. _ Provoca. – Basta me dizer onde.

Sakura só se deu conta do que estava acontecendo quando se viu sentada em uma cama queen size. Aquele não era o quarto dele, ao menos não o que visitara inúmeras vezes. Já fazia um tempo que não ia a casa dele, mas não seria possível uma mudança tão radical. Ignorando isso, ela tirou os sapatos e soltou os cabelos enquanto esperava Sasuke voltar, tinha ido atender a uma ligação importante. Tentava acalmar-se, diminuir a intensa expectativa e a animação que sentia. Até sorria sozinha. Depois de meses dividindo quase cada hora de seu dia com ele, estava pronta para dar o próximo passo e ver se a afinidade deles ia além da relação profissional.

No quarto ao lado, Sasuke e Itachi discutiam. Enquanto Madara estava tranquilo, olhando o teto e fumando, Itachi e Sasuke tentavam decidir quem iria ter com ela primeiro.

– Eu a trouxe. _ Argumentou Itachi.

– E eu a encontrei. _ Finalizou Sasuke indo para a porta.

– Você não vai falar nada? _ Itachi questiona Madara.

– Que importância tem? _ Diz indiferente. – Tanto faz a ordem, todos a teremos.

***

– Mudou de roupa? _ Sakura se pôs de pé ao vê-lo na porta.

Tinha esquecido esse detalhe, mas não estava vestido formalmente, então ela podia pensar que ele apenas mudou de roupa. De qualquer forma, não importava a roupa, iria tirá-la de qualquer jeito. Apagou a luz e se aproximou dela no breu. Um leve gemido escapou dos lábios femininos quanto uma mão grande apoderou-se de sua cintura. Sasuke a puxou para mais perto e encostou seu corpo no dela. Pousou a outra mão em seu pescoço e a trouxe para um beijo. As mãos delicadas tocaram seu peito e ele não conteve um suspiro. Sakura precisava saber com quem estava lidando, quais das facetas ele estava usando. Quando a mão dele, que estava em sua cintura, subiu calmamente por suas costas ela soube o que fazer. O Sasuke que a levara para jantar não agiria com a calma que aquele a tocava. Ela o imaginava feroz, faminto. Provavelmente a jogaria na cama e a despiria em um só movimento. Aquele que, com toda a calma, brincava com o fecho de seu vestido, ela sabia quem era. Era o Sasuke com quem convivera a maior parte do tempo. Não o robô, mas o humano. Aquele Sasuke preferiria ser dominado. Aguardaria uma tomada de atitude da parte dela. Quando ele desceu o zíper o suficiente para um ombro ficar amostra ela viu a oportunidade. Virou-o de costa para a cama e o empurrou levemente fazendo-o se sentar. Sasuke a olhou surpreso, mas esboçou um sorriso e observou Sakura descer o vestido. Quando a peça ficou sobre seus pés, ela caminhou até ele.

***

Sakura despertou quanto o calor do corpo de Sasuke se afastou. Sentiu um segundo peso sobre a cama e de repente uma mão fria a tocou. O pequeno receio desapareceu quando abriu os olhos e encontrou um Sasuke duro e com um sorriso torto acima de si. O olhar de predador prendeu o seu. A excitação da conquista estava sibilando nos olhos límpidos. Aquele era o Sasuke que a levara para jantar, reconhecia seu sorriso, o ar jovial que o cercava, a aventura que ele exalava. Sakura estava presa, ela era a caça, e estava adorando isso.

Quando voltou a acordar, desta vez, fora acordada por uma boca sôfrega que prendeu a sua, uma boca com um gosto amargo de nicotina. O dono da boca que se apoderou da sua segurou fortemente em seu braço, virando-a de costas para ele. Sendo acordada com tal brutalidade, assustou-se. Surpreendeu-se ainda mais ao olhar por sobre o ombro e ver o rosto de Sasuke. Uma mão a tocou intimamente, sem delicadeza, despertando o seu corpo apenas o suficiente para recebê-lo. Uma exclamação aflita foi abafada pelo travesseiro. Não reconhecia aquele toque, aquela pessoa. Como Sasuke poderia mudar tanto dentro de um tão curto espaço de tempo? Trata-la de três formas completamente diferentes. A menos que...

***

Sakura abriu os olhos sentindo o corpo doer deliciosamente. Levantou da cama com cuidado, sem fazer barulho. A cama estava vazia, mas podia ouvir o chuveiro. Procurou suas roupas, vestindo-se desajeitada e rapidamente, já saindo do quarto. Foi até o quarto onde costumava trabalhar com Sasuke e não se surpreendeu ao vê-lo dormindo ali. O dorso nu estava exposto, subindo e descendo no ritmo calmo da respiração e podia ver as marcas que tinha feito nele. O celular dele tocou, despertando-o. Sasuke passou a mão no aparelho, atendendo depois de ver o numero.

– O que houve? _ Sentou-se na cama apressadamente. – Como ela não está ai?! _ Olhou pra frente e a viu. – Está aqui. _ Murmurou antes de encerrar a ligação.

Antes de Sasuke pensar em algo para dizer, Itachi já estava entrando no quarto. Esperava que Madara viesse com ele, mas uma troca de olhar com o irmão informou que ele provavelmente não viria. Estava trancado em seu laboratório, o primeiro laboratório que tivera. A mãe deles tinha permitido que construísse um na casa, quando Madara passou na faculdade.

Sasuke foi ao encontro do irmão. Não estavam preparados para aquilo, tinham planejado fazê-la se acostumar com os três antes de contar tudo. Naquela situação, seria bom se os três lhe explicassem tudo de uma vez, mas Madara parecia não se importar com isso. Também não quis trocar de lugar com ele para conhecê-la melhor. Estavam preocupados com o irmão, mas tinham algo mais importante naquele momento. Sakura aguardava o pronunciar deles. Os dois discutiam em múrmuros, que ela entendia em parte. Atenta aos nomes descobriu o nome de quem a levou para jantar, o dono do sorriso torto, do olhar de predador. Itachi. E tinha outro chamado Madara. Pelo o que entendeu, estava trancado em seu laboratório e se recusava a sair apenas para explicar a ela o que estava acontecendo. Por algum motivo, isso a entristeceu. Notara o descaso dele enquanto a tocava. Ainda estava acordada quando ele se levantou e um corpo frio a abraçou. Ao menos dois deles haviam sido carinhosos, pensou, repreendendo o pensamento em seguida. Devia ser o cansaço o culpado por seus loucos devaneios. Caminhou para cama, se deitou e se cobriu. Estava frio e aguardaria uma explicação deitada.

***

– Como isso aconteceu? _ Questiona Madara, entrando no quarto.

Devia ter dormido enquanto aguardava uma explicação deles. Sakura sentou-se na cama, afastando as cobertas, lutando contra o cansaço para estar desperta e atenta. Precisava estar bem concentrada para a conversa que teriam. Tinha se afeiçoado a Sasuke e sabia que a explicação para aquilo não seria fácil de ouvir.

– Sasuke, Itachi e Madara. _ Diz apontando cada um.

– Como sabe? _ Madara pergunta incomodado.

– Vocês são bem diferentes, não é difícil identificá-los.

– Desde quando sabe? _ Itachi questionou, pela primeira vez, sério.

– Já havia notado as diferenças, mas ontem tive certeza de que não se tratava da mesma pessoa. _ Explica. – Mas por que isso? Algum fetiche de dividir a mesma mulher?

– Não é isso. _ Diz Sasuke apressadamente. – Vamos explicar, só, fique calma e mantenha a mente aberta.

– Estou tentando, Sasuke. _ Afasta-se um pouco quando Sasuke e Itachi se sentam na cama ao lado dela. – Estou realmente tentando.

– Nossa mãe previu que um dia iriamos encontrar uma mulher que conseguiria lidar com nós três. _ Começa Sasuke, passando a mão nos cabelos, nervoso. – Uma mulher para nós três.

– Previu? _ Ergue uma sobrancelha para ele. – Tipo cigana e leitura de mãos?

– Mais ou menos. _ Responde Itachi, ganhando a atenção dela. – Mamãe era muito sensitiva.

– Ela não acredita. _ Diz Madara, o único a permanecer de pé e afastado dela. – Acha que somos loucos.

– Vocês me enganaram, tentaram se passar por um. _ O encara aborrecida. – Não estou muito propensa a confiar nesse momento. _ Desvia o olhar para os outros dois, ignorando o homem que a encarava de braços cruzados no pé da cama. – Vocês acham que eu sou a tal mulher.

– Sim. _ Respondem os dois ao mesmo tempo.

– Certo. _ Suspira. – E por que não disseram isso desde o inicio?

– Não queríamos assustar você. _ Explica Itachi. – Queríamos que se acostumasse conosco antes de fazer nossa proposta.

– Vocês têm uma proposta?

– Temos. _ Diz Sasuke, sorrindo. – Você vai nos ouvir?

– Eu já estou aqui mesmo. _ Se recosta na cabeceira. – Diga.

– Ser nossa mulher. _ Começa Sasuke, seus olhos brilhando.

– Nunca se negar a nós. _ Continua Madara, fazendo-a se voltar para ele.

– Nunca se entregar a outro. _ Segue Itachi.

– Vir morar nessa casa, conosco. _ Sasuke volta a falar.

– Ser mãe dos nossos filhos. _ Diz Madara.

– Casar com um de nós três. _ Murmura Itachi.

– Deixar-nos cuidar de você. _ Diz Sasuke.

– Ouviremos tudo que nos disser. _ Diz em um resmungo.

– E seremos fiéis a você. _ Finaliza Itachi.

– Uma relação poligâmica. _ Diz, deslizando os olhos pelos três, observando suas expressões. – Com casamento e filhos.

– É uma relação especial, mas igualmente séria. _ Diz Sasuke. – Estamos propondo um futuro juntos, não uma aventura.

– Olha... _ Abre a gaveta do criado mudo, tira um bloco e uma caneta. – Vou deixar aqui o numero de um psicólogo amigo meu. _ Anota rapidamente e coloca tudo no lugar. – Vocês precisam.

– Sakura...

– Não, Sasuke, não diga mais nada. _ Se levanta, afastando-se deles. – Eu vou pegar minha bolsa e vou embora, vou fingir que isso nunca aconteceu.

– Verei você na segunda? _ A segue para fora do quarto. – Vai continuar me ajudando?

– É claro, eu me comprometi. _ Entra no quarto de Itachi. – Espero não ver nenhum de seus irmãos por lá.

– Nos dê uma chance. _ Pede Itachi, da porta. – Só uma chance.

– Isso nunca aconteceu, Sasuke. _ Diz, ignorando Itachi ao passar por ele. – Nunca aconteceu.