História Trouble - Surpresa!

Dean encontrou a família reunida no local e segundo Dean notou, dessa vez pareciam estar tendo uma pequena reunião para o chá da tarde. E LaRa havia se juntado a eles. Quando ele entrou no aposento, ainda com um ar de fúria estampado no rosto, a avó se levantou e adiantou-se para abraçá-lo.
 

— Dean! Mas que boa surpresa!
 

— Eu avisei vovô de que viria ficar aqui durante alguns dias.
 

— Sim, é mesmo — confirmou DaeHyuk, levantando-se da cadeira com dificuldade. — Com toda essa agitação, acabei esquecendo de lhe dizer, YooRa. Mas venha se juntar a nós, rapaz. Talvez agora que está aqui essas mulheres me deixem tomar um pouco de uísque misturado no chá. Onde está seu primo?
 

— Lá fora. LaRa, preciso falar com você.
 

Ela já havia recobrado o ar frio e controlado de sempre.— Sim, claro — respondeu, e continuou a tomar o chá.
 

— Em particular — salientou Dean, por entre os dentes.
 

— Não é conveniente agora. Sra. Park, esses bolinhos estão maravilhosos.
 

— Obrigada. É uma de nossas receitas de família. — YooRa lançou um olhar significativo para DaeHyuk, antes de voltar a se sentar. — Dean, esses são seus preferidos. Quer que eu coloque alguns em um pratinho para você?
 

— Não, não quero nada, vovó. Ou melhor, quero sim. E com muita intensidade. LaRa, você vai me acompanhar até lá fora ou terei de carregá-la?
 

Ela o fitou por cima da borda da xícara. A chama desafiadora que encantara Dean desde o início voltara a brilhar nos olhos verdes.— Acho melhor se sentar e tomar um pouco de chá — sugeriu ela. — Quando terminarmos poderei ouvi-lo, se ainda tiver algo para me dizer.
 

— Pelo amor de Deus! — Ele se impacientou. — Você quer que eu me sente e tome chá? Depois de haver acabado de flagrá-la flertando com meu primo?
 

LaRa colocou a xícara no pires com um gesto firme.— Eu não estava flertando com ele!

— Sou forçado a concordar — interveio YoungDon, entrando no aposento com seu ar bem-humorado. — Mas eu tinha esperanças. Bolinhos? - Com um sorriso, ele se aproximou da mesa e começou a se servir do chá.
 

— Eu lhe disse para ficar fora disso, YoungDon ou quer que eu acerte seu queixo com o soco que deixei de dar lá fora?
 

LaRa se sobressaltou, chocada. Apressou-se em ficar de pé, enquanto YooRa se servia calmamente de mais um pouco de chá.— Como ousa fazer um escândalo, ameaçar Dony e me embaraçar na frente de sua família? — ralhou LaRa, indignada.
 

— Eu não teria feito nada disso se você houvesse aceitado ir até lá fora para conversar comigo quando eu pedi — replicou Dean. — Aliás, foi sua teimosia que nos fez terminar nesta situação.
 

— Chega de provocações. — LaRa deu um passo à frente, com um brilho de fúria no olhar. — Eu não teria vindo para cá se soubesse que você estava vindo. E já que esta é a casa de sua família, então eu irei embora.
 

— Não irá a lugar algum até resolvermos esta questão.
 

— Ora, pelo menos nisso nós concordamos — declarou LaRa. — Com licença — disse aos outros, antes de passar por ele, com passos firmes.
 

Dean segurou-a pelo braço, para conduzi-la até o lado de fora.
 

— Tire as mãos de mim — ordenou ela, falando por entre os dentes. — Posso muito bem ir até lá fora sozinha. — Desvencilhando-se do contato, abriu a porta. — Pensei que você já houvesse me humilhado o suficiente para alguém suportar, mas vejo que me enganei. Desta vez, você passou do limite.
 

Enquanto falava, LaRa continuou andando em direção ao jardim. No interior da casa, quatro cabeças se enfileiram diante da janela.
 

— Você foi humilhada? Você? Como acha que me senti quando cheguei para visitar meus avós e a encontrei abraçada a meu primo?
 

LaRa parou e virou-se para ele.— Em primeiro lugar, eu não estava abraçada a ele. Estava apenas voltando de uma caminhada com alguém muito gentil e simpático. De qualquer maneira, não é da sua conta o que eu faço e nem com quem eu ando.
 

— Pense bem, LaRa. — disse ele, com perigosa calma.
 

— Já pensei, afinal, foi isso que vim fazer aqui, não foi? Cheguei à conclusão de que temos de terminar o que quer que tenha havido entre nós.
 

— Nem pensar!
 

Sem que LaRa esperasse, Dean levou a mão à sua nuca e puxou-a para si, tentando eliminar toda aquela frustração com um beijo ardente.
 

— Não devíamos estar espiando-os desse jeito — protestou YooRa, posicionando-se melhor diante da janela.
 

— Oh, mas veja só aqueles dois, querida. — argumentou Daniel, passando o braço pelos ombros dela. — Nasceram um para o outro.

— Dean está perdido — lamentou YoungDon, balançando a cabeça. — Desta vez, acho que Cupido o acertou em cheio.
 

— Sua vez ainda vai chegar, meu rapaz — garantiu DaeHyuk.

— Não se eu puder evitar.
 

Aos poucos, o beijo foi se tornando mais carinhoso, levando LaRa a se render mais uma vez ao calor dos lábios de Dean. — Não — disse, segurando o rosto dele entre as mãos. — Não faça isso. Não é essa a resposta.
 

— É a resposta do meu coração, LaRa. — Dean encostou o rosto ao dela. — Não vê que se tornou dona do meu coração?
 

LaRa se afastou um pouco e fitou-o nos olhos. Sentiu o coração acelerar ao notar que ele estava sendo sincero em cada palavra.— Não posso fazer isso. Não vou saber como lidar com a situação. Isso muda tudo, entende? Deixe-me ir, Dean.
 

— Pensei que pudesse deixá-la ir. Na verdade, era o que gostaria de fazer, mas simplesmente não posso. - LaRa continuou ouvindo, com o vento agitando-lhe os cabelos e tornando-a ainda mais linda. — Acha que era a única que tinha planos definidos para a própria vida? Eu não queria isso. Mas agora não consigo pensar em continuar vivendo sem você.
 

— Não vai dar certo, Dean. Talvez tenha dado enquanto existia apenas atração física e tudo era mais simples.
 

— Não há nada de simples na maneira como eu a desejo, LaRa. E se realmente não sente nada, por que está chorando? — Com a mão forte, mas carinhosa, enxugou uma lágrima que começara a rolar pelo rosto dela. — Sei que seu coração também está vulnerável com tudo isso, e não quero magoá-la.
 

— Não pode garantir que isso não vai acontecer — declarou ela. — Talvez acredite que não vai me magoar por causa de sua origem, de sua criação. Sua família é maravilhosa, mas a minha é vazia. Não quero acabar como meus pais.
 

— Mas você é muito diferente deles!
 

— Sim, mas...
 

— LaRa, nem mesmo nós somos os mesmos, desde que nos conhecemos. Tudo muda, todos mudam. Não pode se impedir de ser feliz, prendendo-se à idéia de que sua vida será como a de seus pais. Você é outra pessoa, com outras idéias.
 

Ela cruzou os braços, contendo as lágrimas.— Sim.
 

— Já começamos a construir algo juntos. Nossas vidas se uniram de alguma maneira, em algum ponto. Não notamos de imediato porque tudo aconteceu muito naturalmente. Agora, o fato mais natural na minha vida é que eu te amo. — Dean segurou o rosto dela entre as mãos, com carinho. — Olhe para mim e saberá que não estou mentindo.
 

— Sim, eu sei — respondeu LaRa, em um murmúrio. — Eu também te amo, Dean. Mas e se não der certo? E se eu não conseguir fazer com que dê certo?
 

— E se você for embora agora e nunca tentarmos? — ele respondeu com outra pergunta.
 

— Eu voltaria para a vida que havia escolhido para mim.— Ela respirou fundo, deixando o ar escapar devagar. — Mas seria completamente infeliz — concluiu. — Não quero fugir de você, nem de nós.
 

Os lábios de Dean se curvaram em um sorriso.— Então fique comigo. — Segurou as mãos dela entre as dele, diante do peito. — Nem sempre aceitaremos seguir pela mesma direção, mas conseguiremos percorrer uma trilha satisfatória para ambos. Tenho certeza disso.
 

LaRa olhou para as mãos dele. Tão diferentes e tão complementares, pensou. As suas pequenas, as dele, acolhedoras. Pareciam perfeitas juntas.— Nunca amei ninguém antes — confessou, voltando a fitá-lo nos olhos. — Não queria admitir o sentimento porque estava com medo de enfrentar a mudança que isso causaria na minha vida. — Segurou as mãos dele com mais firmeza.— Mas agora quero ir até o fim, Dean. A seu lado.
 

Ele levou as mãos dela aos lábios.— Case-se comigo, LaRa. Vamos unir nossas vidas.

Ela sorriu. — Acho que já começamos. Só levei algum tempo para me dar conta de que era exatamente isso que eu queria para mim.
 

— Isso é um "sim"?
 

LaRa assentiu, rindo alto quando Dean a abraçou e levantou-a do chão, rodopiando de pura felicidade. — Sabia que meu avô disse que não combinávamos?
 

LaRa arqueou uma sobrancelha. — É mesmo?
 

— Sim. Aposto que ele terá uma grande surpresa quando souber da novidade — acrescentou, antes de beijá-la mais uma vez.