História Trust Me - Jeon Jungkook - Hate That I Love You

Mei não foi a aula mais uma vez, estava em seu quarto brincando com Apolo, estava esperando Sawako, que iria a sua casa. Enquanto isso, Mei batia as pontas dos dedos na parte de baixo de sua cama, e Apolo tentava pegar. O gato tirou boas risadas de Mei, quando caiu da cama, se pendurou na cortina e quando sentou no teclado do seu computador quando estava usando.

- Você é muito folgado Apolo.

Deixou Apolo no quarto e desceu ao ouvir sua amiga lhe chamando, caminhou até a porta e abriu.

- Já disse pra não gritar Sawako.

- Não tenho culpa se você é surda. – Disse sorrindo.

- Entra logo. Eu tenho cara de porteira? - Sawako riu passou pela porta, tirou o tênis e colocou ao lado da porta  

Sawako subiu as escadas enceradas de meia, escorregou em um degrau ou outro e chegando ao corredor deslizou até o quarto.

Sentou na beirada da cama, como de costume, era o ponto que ficava mais próximo do computador onde Mei passava horas. Mei editava fotos e conversava com ela.

- Mei fala. – Meu continuava digitando e editando.

- O que? – Sawako abaixou a tela do computador, Mei a olhou sem expressão.

- O que esta me escondendo?

- N-nada, Sawako.

- Mei, você mais estranha que o normal.

- Aish. Eu ouvi uma conversa da minha mãe com o “namorado” dela. – Fez aspas com as mãos.

- O ela disse?

- Que não queria engravidar, tentou me abortar e que ia me deixar no hospital.

- E você me conta assim?

 - Queria que eu contasse como? – Disse abrindo seu notebook novamente.

- Olha pra mim – Mei a olhou. – Isso é horrível, ela é um monstro e você não tem culpa dela ser um lixo. – Sawako abraçou-a‚ Mei desviou três segundos, depois como sempre.

- Você é grudenta sabia? - Sawako assentiu e deu um sorriso.

- Acha que pode agüentar por mais tempo?

- Não sei, Sawako. Estive pensando em ir morar com a minha avó.

- Por que não vai?

- Acha que ela iria concordar? – Sawako arqueou a sobrancelha.

Sawako sabia que Mei não agüentaria por muito tempo, mal desconfiava que Mei quebrou a promessa que fez a um tempo. Mei não queria que ela se preocupasse, então não contava muito a ela. Achava que incomodava, então guardava tudo para si mesma.

A tarde foi resumida em café e um filme de terror que Mei obrigou Sawako a assistir, Mei apenas ria dos sustos da amiga, que jurava de pé junto que iria ligar para ela no meio da noite se caso sentisse medo. Horas depois, Sawako foi embora e Mei ficou mais uma vez sozinha.

Mei tomou seu remédio mais cedo naquele dia, dormiu a noite toda, o sonho não veio lhe perturbar. Mas quando seu celular tocou, acordou no susto. Arrumou-se e saiu.

Jungkook não iria a escola naquela semana, fez mais uma viajem com o grupo. Lia e relia o papel. Era pequeno, deixava em sua carteira, la ninguém mexia. Quando lia pensava em como a vida dela era triste, e se estivesse no lugar dela como estaria acabado, pensava como pelo mais simples sorriso que dava às vezes, como ela era capaz de sorrir.

Jungkook perdera completamente seu animo, não tinha mais vontade de fazer nada, quando estava de folga ficava o dia todo na cama, estava comendo pouco, mal falava, quase não ria das brincadeiras de seus Hyungs.

Estava em outra cidade, outra apresentação cansativa e centenas pessoas que o veriam. Enquanto cumprimentava fã por fã, tentava manter seu sorriso, tentava esconder o cansaço e desanimo. Quando sem querer “viajava” em pensamentos, Taehyung ou Jimin davam um jeito de “despertá-lo”.

Seu corpo estava ali, mas sua mente longe, sempre a procura de um modo de ter Mei, mas não encontrava, nunca encontrava. Era como se estivesse em um deserto, vazio e completamente seco, sempre a procura de alguém ou um copo de água fresca, era difícil.

Após o fanmeeting, todos foram jantar, Jungkook comeu pouco. Depois de comerem, foram para o hotel, Jungkook estava dividindo quarto com Jin. O garoto estava na sacada, completamente escura, sendo iluminado apenas pela luz da lua minguante. Em suas mãos o mesmo papel, lendo e relendo.

“Preciso de ajuda”

- Como eu vou fazer isso? – Disse a si mesmo. Disse baixo, mas não o suficiente para que Jin não escutasse.

- Fazer o que? – Sentou ao lado do garoto que se encontrava cabisbaixo.

- N-nada.

- O que é isso? – Apontou para o pedaço de papel. Jungkook vendo que não venceria Jin, bufou e entregou-lhe o papel. Jin lia e fazia algumas caretas ou então olhava Jungkook. – Ah... Quem fez isso?

- Mei.

- A menina que você gosta? – Assentiu. – Como conseguiu isso?

- Ela deixou de baixo da mesa. Então esperei que ela saísse e peguei.

- Qual o problema dela?

- Não sei o que ela tem, ela não tem nenhum tipo de expressão, não tem como saber se ela esta bem ou não. Esta sempre com a mesma cara, nunca muda. Isso quando ela não sai no meio da aula e volta pálida e com os olhos vermelhos. Ela é grossa, me respondeu uma única vez quando disse oi a ela. Ela é estúpida com todo mundo, até com a única amiga que ela tem, não importa quem seja nem o que for perguntado, vai ser sempre fria. Ela não deixa que ninguém a toque, se fizer um simples gesto próximo ela esquiva. E agora tem esse Dongsun... – Jungkook começou a desabafar sem querer, Jin apenas permitiu e ouviu cada palavra que o amigo dizia, com os olhos marejados. - Eu odeio esse cara. Não sei como ele conseguiu se aproximar dela, não tenho a mínima idéia de como ele conseguiu uma coisa que ninguém mais consegue. E ainda por cima, eu sei que ela esta mal, sei que esta sofrendo por alguma coisa, mas eu não sei o que é, não consigo nem um Oi dela quem dirá uma informação. Jin, eu quero ficar perto dela, eu quero ter ela, eu... amo ela. – Colocou as mãos na nuca e apoiou os cotovelos nos joelhos, dava longos suspiros enquanto algumas lagrimas começavam escorrer lentamente. – Eu amo ela.

- Eu sei, Jungkook. – Colocou uma mão no ombro do amigo.

- Dói saber que ela esta se machucando e eu não poder fazer nada.

- Se machucando? Ela se...

- Sim. Não conte a ninguém. Só sei disso porque eu vi. Nem a amiga dela sabe. – Ergue-se novamente e olhou Jin ainda com o papel em mãos. – Ela me odeia, Jin. Nem sei por quê. Mas desde quando eu cheguei naquela escola ela me ignora. Uma vez eu pedi ajuda pra ela em uma matéria. Ela disse que não sabia, mas eu vi ela fazendo, ela foi a primeira a terminar. Todo mundo diz que ela é egoísta, estúpida e fria, mas não é isso que eu vejo, eu não consigo odiar ela como ela me odeia, por mais que tentem não consigo. Eu odeio amar ela.

- Você precisa tomar uma atitude, tem que dar o primeiro passo. Pode doer um pouco, mas logo ela vai desabrochando aos poucos, assim como esses pequenos botões de flores. – Apontou para um vazo de flor no canto da sacada. Jungkook olhou e deu um leve sorriso. – Só tenha calma, mas tome uma atitude antes que seja tarde. Ah, não beije ela de repente de novo. – Sorriu e levantou-se. Entregou o pedaço de papel e foi se deitar.

- Dar o primeiro passo. Mas como? – Ficou mais um tempo naquela sacada. Apenas pensando em como “tomar uma atitude”.

Após aquela semana de viajem, Jungkook voltou à escola e logo recebeu vários trabalhos para fazer. Anotou todos em seu caderno, eram muitos.

Jungkook ia para a quadra, havia saído do jogo para ir ao banheiro. Estava sozinho no corredor, andava olhando o chão quando ouviu uma voz vindo de uma sala. Poderia reconhecer aquelas voz em qualquer lugar, era Mei. Olhou na pequena janela da porta, então viu Mei tocando um teclado e cantando.

“These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase”

Ficou estático, era uma musica suave, apenas a voz e o som dos teclados. Não reagiu, ficou apenas ouvindo. Fechou os olhos por um instante, e imaginou-se como se estivesse ao lado da garota. A voz dela soava com clareza cada parte da musica, Jungkook realmente amava aquela voz.

“I've tried so hard to tell myself that you're gone

But though you're still with me
I've been alone all along”

Jungkook abriu os olhos novamente e voltou a admirar Mei. Ela estava apenas com a camisa do uniforme, e as mangas estavam abertas deixando seus machucados expostos. Queria poder contemplar aquela visão todos os dias, poder admirá-la, ouvir a voz de Mei lhe dava um grande alivio, como se toda sua energia fosse recarregada. O garoto respirou fundo e abriu a porta lentamente.

          Mei não tinha vontade alguma de ficar na quadra, então deu a desculpa que não estava bem e foi para a sala de musica. Sentou em frente ao teclado, fazia tempo que não tocava. Antes, tirou seu blazer e abriu os botões das mangas deixando seus cortes expostos, depois começou a tocar e cantar uma de suas musicas favoritas. Seus dedos deslizavam nas teclas suavemente, era uma musica suave. Mei sentia tranqüilidade, mas era apenas naquele momento. Apenas quando cantava, estava de olhos fechados, sentindo a musica, como se ela exalasse de seu corpo.

“You used to captivate me by your resonating light

Now I'm bound by the life you left behind
Your face it haunts
My once pleasant dreams
Your voice it chased away
All the sanity in me”

Dando fim a musica, suspirou e olhou a janela ao lado. Distraiu-se por um instante quando ouviu seu nome.

- Mei? – Por um instante achou que fosse algum professor ou supervisor, olhou para trás e fitou Jungkook. Seu coração disparou ao vê-lo. Engoliu seco e levantou. Pegou seu blazer e seguiu em direção a porta, mas foi impedida por Jungkook. – Espera, por favor, me escute. – Mei parou a sua frente. Jungkook desviou os olhos e fitou os braços de Mei. Que rapidamente escondeu-os cruzando os braços.

- Vai dizer que sou estúpida de novo? Se for, me de licença. – Desviou de Jungkook e abriu a porta.

Jungkook a segui e chamou-lhe, Mei parou e virou ficando frente a ele.

- O que é, Jungkook? Vai falar mais uma vez o quão grossa eu sou? É só isso que você sabe falar mesmo.

- Não, Mei. Não é isso.

- Fala de uma vez então.

- Eu am...

- Vocês dois, o que estão fazendo ai? – Disse o professor de Educação física. – Mei e Jungkook, já pra quadra. – Jungkook suspirou, perdeu mais uma chance de declarar-se. Mei olhou Jungkook parado a sua frente e foi em direção a quadra. – Jungkook? – Chamou-lhe o professor, o garoto virou e segui o professor.

Dongsun estava no portão da quadra, esperou que Jungkook entrasse e o seguiu.

- Quem sabe na próxima? – Disse baixo dando uma leve risada, depois subiu a arquibancada onde Mei estava.

Jungkook engoliu seco e respirou fundo. Foi para o canto da arquibancada e decidiu que ficaria por la naquela aula. Estava tão perto, foi por pouco, e tudo deu errado mais uma vez, ou o destino esta conspirando contra ele ou Deus tem um ótimo senso de humor. Ela estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Jungkook gostava de fechar os olhos e imaginá-la ao seu lado, mesmo que talvez isso nunca possa acontecer, não ligava, fechava seus olhos e a via. Não queria ter tantas coisas impedindo que se aproximasse dela, mesmo que tentasse quebrar a parede de gelo, ela parecia crescer mais e mais.

Dias se passaram, Jungkook ainda tentava falar com Mei, mas Dongsun sempre arrumava alguma forma de atrapalhar. Mei e Dongsun estavam no ponto de ônibus. Falavam sobre musica, como sempre. Até Dongsun acender um cigarro.

- Desde quando você fuma? – Disse Mei fazendo careta.

- Acho que comecei com dezesseis ou dezessete.

- Quantos anos você tem?

- Dezenove. Só não acabei de estudar por que morei um tempo nos Estados Unidos. Se não fosse meu pai, nem estaria estudando.

- E o que ele acha sobre você fumar?

- Ele não sabe, nem vai saber. – Disse soltando a fumaça próximo a Mei.

A garota definitivamente detestava cigarro, muitas vezes, quando ia pegar alguma roupa, estava cheirando a cigarro. Sua mãe fumava a qualquer hora, nem soltava o cigarro para estender as roupas no varal, Mei questionava como ela nunca queimou nenhuma roupa com a ponta do cigarro. Também odiava por sua mãe soltar à fumaça em seu rosto, acontecia quando começavam a discutir, ela sabia que Mei detestava isso.

Enquanto Jungkook encontrava um meio de se aproximar de Mei, ela se afundava ainda mais. Seu remédio demorava mais para passar o efeito, perdia aula, perdeu provas e trabalhos, antes passava o dia no computador, agora dorme o dia todo, alimenta Apolo, toma banho e volta a se deitar. Machucava-se quase todos os dias, seus braços não tinham mais espaço, nem na parte da barriga. Suas pernas estavam arranhadas, fez isso quando não quis se cortar, assim como puxou algumas mexas de cabelo, estava a beira do abismo.

- Ele devia ter me matado. – Disse enquanto olhava seus braços recém machucados.

Já passava do meio do ano, Jungkook estava viajando quase toda semana. Mei havia conseguido notas boas, mas só conseguiu por conta da apresentação. Jungkook por pouco não tira notas ruins.

O clima estava esfriando aos poucos, não muito, mas o suficiente para Mei ter ainda mais preguiça de levantar de manha. Quando ia, muitas vezes dormia, e sempre era acordada por Soohyun que sentava ao lado. Soohyun também respondia a chamada por Mei quando não prestava atenção, assim como anotava trabalhos e passava para Mei quando não ia à escola.

Mei estava indo para a biblioteca quando Soohyun lhe chamou. Mei virou e olhou a garota. Soohyun era bonita, alta, tinha cabelos lisos e longos, quase sempre presos. Sempre puxava algum assunto com Mei.

- A professora de física passou um trabalho ontem. – Disse sorrindo e entregando um papel para Mei.

- Obrigado. Ah... Soohyun, porque é tão legal comigo? Não me acha estúpida como todos?

- Mei, eu sei bem o que é isso. – Apontou para os braços de Mei. – Meu irmão sofreu muito, eu ajudava ele, mas ele acabou pondo um fim em tudo, desde então eu prometi que ajudaria uma pessoa que também fizesse o mesmo que ele.

- Ah... E-eu sinto muito. – Disse um tanto envergonhada.

- Tudo bem, Mei. Sei que é difícil. Se precisar, pode contar comigo. – Sorriu e fez reverencia.

- Obrigado. – Disse Mei com um fraco sorriso.

Mei foi até a biblioteca, andou pelas prateleiras a escolha de outro livro. Pensava no que Soohyun dissera, não imaginava isso. Mei, como todos na escola, sabiam que o irmão de Soohyun havia morrido, mas não sabia que ele havia tirado a própria vida. Soohyun também sofrera junto ao irmão. Não seria problema algum deixar que a garota se aproximasse.

Minutos depois, Mei foi para fora, encontrou Dongsun e Sawako. Dongsun conversava mais com Sawako do que com Mei.

Jungkook vinha ao lado de SeungJo e Hyuk. Dongsun os viu de longe, sorriu de canto para Jungkook e foi em frente a Mei. Segurou seus braços e a beijou.