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História Truth or Dare - Wet Paint


Escrita por: danixx1

Notas do Autor


~~não é miragem!!!!~~
Oi, gente! Eu tô tão feliz que finalmente terminei esse capítulo, quase não dá pra acreditar. Eu não sei como posso ter levado seis meses pra escrever doze páginas, mas eu juro que tinha uma cena impossível de ser escrita. A única coisa que curou meu bloqueio foi escrever durante a aula de Literatura Brasileira III (e eu amo o meu professor dessa matéria, ele é um tchuco, juro!), então eu realmente terminei ele HOJE.
De toda forma, não existem desculpas no mundo que justifiquem essa minha lerdeza e falta de organização como autora, e Deus sabe o quanto eu sou sortura por ter leitoras tão lindas, amáveis, compreensivas e perfeitas que nunca me ameaçaram (?) nem criaram ódio profundo da minha pessoa (porque convenhamos, depois de seis meses, eu bem mereço), mas por favor tenham piedade :C Hahahah
Apesar de toda a rotina corrida (acabando a faculdade, "acabando", né), eu estou trabalhando nisso de me organizar melhor. Mesmo porque não tem condições da pessoa sequer lembrar direito do capítulo anterior quando eu posto o próximo. Autora má. Feia, feia.

ANYWAY, sem mais delongas, apresento-lhes o capítulo novo, espero de coração que vocês gostem e me desculpem pela demora. Espero que o capítulo compense a espera ^-^

PS: Queria agradecer a linda e maravilhosa da Ny, que fez o poster de divulgação que acabou virando a capa de Nightmare (mil beijos e mil obrigadas, Ny, eu te disse que eu chorei de emoção quando vi pela primeira vez? <3). Um "Yay!" pra Ny! @nyyya
Outro PS: Esqueci de fazer isso antes, mas se eu puder recomendar uma música pra esse capítulo, seria Reaching, do Jason Reeves.
Último PS: Na afobação de postar o capítulo novo, esqueci de por em itálico todas as coisas que deveriam estar em itálico. Já corrigi isso. :)

Capítulo 7 - Wet Paint


Fanfic / Fanfiction Truth or Dare - Wet Paint

– E então? O que você estava fazendo com o Jackson ontem? – ela repetiu a pergunta, ainda me encarando.

Na verdade, eu não fazia ideia do que responder.

Eu podia simplesmente dizer que o ajudei a estudar matemática. Que conversamos sobre ontem, que jantamos e que nos divertimos, apesar de não termos feito nada demais.

Ou eu podia provocá-la e responder que dormimos abraçados na cama dele, que ele passou a metade do dia com a mão na minha e que Jackson estava bravo com ela por causa do que ela havia feito comigo.

O fato é que a única coisa que Holly podia fazer no momento era esperar pela minha resposta. E, pensando nisso, concluí que a melhor reação para a situação seria simplesmente privá-la de toda e qualquer informação.

– Você é minha namorada, Holly? – perguntei, sem me alterar. Ela pareceu confusa.

– Não. Você bateu com a cabeça?

– Você é namorada do Jackson? – levantei as sobrancelhas ao indagar dessa vez, para que ela entendesse aonde eu queria chegar.

– Não – Holly retrucou carrancuda.

– Então eu não te devo satisfações do que eu fiz ou deixei de fazer ontem – de forma delicada, segurei sua mão e retirei-a do meu braço. – A propósito, – completei – nem o Jackson.

– Parece que você esquece que eu posso destruir a sua vida, Tuan. – Achei engraçado como ela disse meu sobrenome, com um certo nojo e o nariz torcido. Era um contraste intenso com o jeito como Jackson sempre o dizia.

– Não pode, não. – Eu garanti. – Por que te incomoda tanto que eu e o Jackson sejamos amigos?

– Você só pode ser um completo idiota, se está me perguntando isso. Eu quero que você fique longe dele.

– Holly, foi você quem juntou a gente, na festa da Kathy. Não devia ter feito, se te incomoda tanto. Agora, não tem mais nada que você possa fazer sobre isso, então eu sugiro que você apenas... procure um jeito de superar, sim? Eu preciso ir agora.

Acenei com a cabeça antes de me virar para voltar ao meu trajeto. Holly veio atrás, me puxando pelo braço.

– Eu obviamente não sabia que daria nisso. Achei que ele fosse simplesmente se recusar a te beijar. Você sabe, por você ser totalmente sem graça. E meio patético.

Aquilo poderia ter doído se não tivesse me irritado tanto. Então percebi que, nos últimos dias, minha imagem de mim mesmo havia mudado. E eu seria idiota se não soubesse que o Jackson tinha bastante a ver com essa mudança. Ele sempre faz com que eu me sinta especial, de modo que eu comecei a acreditar nele. Conforme eu notava esses detalhes, notava também que Holly não podia me afetar, a menos que eu deixasse.

Lembrei do dia anterior e de como eu tinha errado em me deixar levar pelas palavras daquela garota. Em como eu tinha passado algumas horas da minha segunda-feira chorando por causa de uma coisa que acabou não sendo verdade. E em como, no fim, isso tinha acabado por aproximar Jackson de mim ainda mais.

– Então acho que você não conhece o Jackson tanto assim.

Voltei a andar e, dessa vez, ela não me parou. Mesmo assim, não se deu por vencida.

– Sua amizade com a Kathy não te ensinou nada, Tuan? Ela também foi inocente assim, e bom, olha como isso acabou.

E, novamente, as palavras da garota ficaram em loop na minha cabeça. Continuei meu caminho tão distraído que quase passei o mercado, então pluguei o fone de ouvido e tiquei os itens da lista da minha mãe um a um, escutando música e tentando não pensar em nada. Eu não tinha motivos para desconfiar de Jackson, mas algo me dizia que Holly estava planejando uma coisa ruim.

Xx

Cheguei em casa e larguei a mochila perto da porta da entrada, deixei as compras na bancada da cozinha e fui falar com a minha mãe para avisá-la de que eu iria com Kathy e Angela ao shopping durante a tarde.

Apesar de ter insistido praticamente todos os dias para que eu saísse, acho que minha mãe estava sentindo minha falta em casa, porque me encheu de perguntas sobre a escola. Contei tudo dos dois últimos dias para ela, mesmo porque existia a possibilidade de o diretor entrar em contato com ela, devido ao incidente que levou Holly à sala dele.

– Essa garota parece ser problema, filho – ela comentou pensativa. – Qual é o sobrenome dela de novo?

Precisei de alguns minutos pensando para descobrir que não fazia ideia. Depois de ela ter me chamado na saída por nome e sobrenome, achei engraçado ser eu a não saber o sobrenome dela. Tive que ir até a minha mala, pegar a ficha do projeto de matemática e ver lá.

– Westfield – respondi para a minha mãe, voltando para a sala com a mochila e encontrando novamente o chocolate que Jackson havia me dado. Sorri para mim mesmo, relembrando a felicidade dele.

– Westfield... – minha mãe repetiu, como que testando o nome. – Ah, sim! A mãe de Kathy me falou dela. Definitivamente, problema. Mas pensei que ela namorasse o Jackson.

– Não namora – senti um incômodo ao ouvir a frase, mesmo sabendo que não era verdade. – Ela não gosta de mim porque tem ciúmes do Jackson.

– Então é o Jackson que precisa resolver isso. E falando nele, quando é que ele vem aqui novamente? E ficando para jantar, dessa vez.

– Eu tenho prova de matemática na sexta, então eu não sei, na verdade... Preciso estudar.

Meu celular vibrou no bolso, era uma mensagem de JB.

“Já foi ler meu e-mail???”

Pedi licença para a minha mãe e subi para o meu quarto, comendo o chocolate que Jackson havia me dado enquanto ligava o computador.

“Indo agora”, respondi para JB.

Abri minha caixa de entrada apoiei a cabeça na mão para ler.

 

“Markie,

Eu queria te contar antes, ou conforme as coisas foram acontecendo, mas acabou sendo muita coisa e bom, eu não ia digitar tudo no celular. Você se lembra que eu te contei do garoto novo, o JinYoung? Vocês provavelmente se dariam muito bem, ele faz mimo igual a você. Parecem duas crianças, hahaha.

A coisa é que, quando você foi embora, eu fiquei algum tempo bem triste e sentindo muito a sua falta. Eu evitei te contar, porque sabia que você também não estava bem e, antes de tudo, precisava ser um bom melhor amigo e te dar força. Mas é; agora eu sei que você está melhor – e eu também estou, – então já posso te dizer que eu estava mal.

Você deve se lembrar de que eu conheci o JinYoung quase ao mesmo tempo em que você conheceu a Kathy, a Angela e o Jackson, certo? Foi apenas duas semanas antes. Ele entrou na escola um pouco atrasado, porque o pai dele foi transferido no trabalho por uma decisão de última hora. Ele também estava um pouco triste por ter que deixar os amigos (embora não tenha sido uma mudança tão drástica quanto a sua), e parecia ser um cara legal. Mas eu confesso que não prestei atenção nele imediatamente. O Bambam precisou me perguntar quem era o garoto novo para eu finalmente perceber a presença dele.

Acho que eu estava realmente fora de órbita durante esse tempo, porque depois que eu o vi, não consegui entender como pude demorar tanto para reparar nele. E depois que reparei, foi impossível parar de nota-lo. Bambam riu bastante da minha cara por causa disso, obviamente. Mas me partia o coração como ele parecia estar sempre triste.

É meio maluquice, mas eu resolvi que precisava fazer alguma coisa por aquele garoto e, até então, eu nem sabia o nome dele. Mesmo assim, fui conversar com ele, me apresentei, o convidei para almoçar comigo, com o Bambam e o Yugyeomie. E então, fiz de novo no dia seguinte. E todos os dias daquela semana. Aos poucos, a expressão triste no rosto dele foi se transformando num sorriso e, Markie, é o sorriso mais bonito que eu já vi. E assim, começamos a nos ver e sair juntos quase todos os dias.

Olha só, eu não estou te substituindo, de forma alguma. Você sempre será o meu melhor amigo, mesmo que vá morar em Marte. Isso tudo com o JinYoung acabou sendo, de um jeito diferente, especial. Você me conhece, sabe que sou inteligente, mas tenho certeza de que nunca fui tão lento para perceber as coisas quanto dessa vez.

No começo, eu achava que só estava feliz por fazer uma coisa legal por alguém, mas tivemos uns dias chuvosos por aqui e, terça passada, ele faltou. Eu tenho certeza de que aquele foi um dos dias mais cinzas da minha vida, embora eu duvide que tenha sido por causa de toda a chuva. Dessa vez, eu não precisei do Bambam e do Yugyeomie me dizendo para perceber que a presença do JinYoung me fazia bem. Ainda assim, até pouco tempo, não passou pela minha cabeça que eu estivesse começando a gostar dele.

É, você leu isso mesmo.

Eu gosto dele, Markie.

Quando ele me abraça o meu coração dispara e tem horas em que eu não consigo parar de olhar para ele. Eu não disse isso para ele, nem para o Bambam, nem para ninguém. Só para você. Porque bom, eu sei que você me conhece melhor do que eu mesmo, e nesse momento eu estou perdido, mas de um jeito bom.

Não sei o que fazer. Não sei se ele gosta de mim. Eu acho que gosta. E não sei o que fazer se eu estiver certo e ele gostar de mim também. Quero dizer, você sabe que eu nunca fiquei com outro garoto. Só nunca tinha passado pela minha cabeça até então.

Acho que ele gosta de mim porque o Bambam diz isso, e ao mesmo tempo em que sabemos o quanto aquele baixinho pode ser observador, sabemos também o quanto ele entende tudo errado, algumas vezes. Tipo quando ele cismou que o Yugyeomie estava apaixonado por ele só porque se dispôs a ajuda-lo a estudar matemática, inglês e história para que o Bambam não repetisse o ano. Também acho que o JinYoung gosta de mim porque, da última vez que eu fiquei com uma garota (a Soojin, que era da nossa turma de Sociologia) ele viu e ficou realmente bravo, sem nem falar comigo por uns dois dias.

E eu só fiquei com ela porque queria ter certeza de que não estava entendendo errado meus sentimentos pelo JinYoung, e eu não estava.

Aish, acho que é isso.

Saudades,

JB

p.s.: só para você não achar que o mundo está entrando em colapso, as garotas ainda enlouquecem por mim. Até as da faculdade hahahaha.”

 

Terminei o e-mail e depois li de novo e de novo. Eu simplesmente não conseguia imaginar JB apaixonado por um garoto. O JinYoung devia ser muito, muito especial, se tinha conquistado o meu melhor amigo daquele jeito. Pensei em como eu poderia ajuda-lo de tão longe, de que maneira eu responderia ao seu e-mail e no quanto eu queria viajar de volta para a Coreia, para ver isso pessoalmente.

Antes que eu pudesse começar a digitar a resposta, meu celular tocou. Era Kathy, dizendo que, em quinze minutos, passaria na minha casa para me buscar. Eu só lembrava de que ela era mais velha que eu quando ela falava daquele jeito comigo, como se eu fosse seu irmãozinho e ela estivesse me levando para tomar sorvete.

“Eu te respondo mais tarde, ok?”, enviei para o JB. “Quero responder com calma!”

E, enquanto trocava o uniforme da escola por uma calça jeans e uma camiseta, peguei o celular e completei:

“Ele sabe da sorte que tem?”

Passei no banheiro, escovei os dentes e garanti que meu cabelo não estivesse uma bagunça, antes de descer.

Kathy já estava estacionando na entrada da minha casa quando eu saí, com Angela no banco do carona. Minha mãe as convidou para entrar, mas Angie descartou a possibilidade dizendo que me devolveriam para casa cedo, então não podíamos demorar muito.

Angela não ficou de castigo pela suspensão; sua mãe inclusive a apoiou por “defender um amigo” e disse que estava orgulhosa dela.  Me perguntei como os pais da Holly devem ter reagido, afinal ela tinha notas impecáveis, era de se esperar que mantivesse também um comportamento impecável... pelo menos aos olhos deles.

– Vamos jantar aqui? – Angie perguntou, pegando a bolsa enquanto saíamos do carro, no estacionamento.

– Eu acho que sim – Kathy respondeu. – Tudo bem para você, Mark?

– Pode ser, sim – respondi, simplesmente. Eu tinha começado a me perguntar o que faríamos por lá. Eu não sabia o que as meninas faziam quando iam ao shopping, e na Coreia éramos quase sempre eu, o JB, o Bambam e o Yugyeomie, de modo que as únicas meninas que gravitavam nosso grupo eram as que JB namorava. E as que ocasionalmente se apaixonavam pelo Yugyeom e o seguiam para todo o lado, com vergonha de falar com ele (mas não de falar com o Bambam. O Bambam falava com praticamente todo mundo).

Mas acabou sendo muito divertido. Fomos ver os horários do cinema, mas nenhum dos filmes pareceu muito bom a ponto de entrarmos em acordo sobre qual veríamos, então fomos tomar sorvete e passamos um bom tempo dentro da livraria, conversando sobre séries e escolhendo autores favoritos.

Jackson ligou para Kathy no meio da tarde e ficou realmente chateado por não termos chamado ele.

– Como poderíamos te chamar, Jack? Estamos falando de você! – Kathy mentiu, brincalhona. – Sim, só coisas boas.

– Tipo sobre como você é uma pessoa muuuuito carente de atenção – Angie completou, se aproximando do celular para que ele ouvisse. – E sobre como você está ficando meio... gordinho.

Kathy colocou no viva-voz a tempo de ouvirmos ele rir ao fundo.

– Muito convincente,  Angie. Oi, gente. Tuan, você está sobrevivendo ao passeio cheio de esmaltes? Elas já estão fazendo tranças no seu cabelo?

– Ainda não, – eu respondi. Fiquei um pouco envergonhado por ele ter direcionado a atenção para mim. Angie me notou corando e apertou minhas bochechas. – Mas estou aguardando ansiosamente por isso.

– Tarde demais, Wang – ela disse, – já o convertemos.

– Só me emprestem ele no fim de semana, sim? – ele perguntou.

– O que vamos fazer no fim de semana? – foi a minha vez de indagar.

– Sua parede, se você estiver livre.

Não é como se eu tivesse muitos planos para o fim de semana antes e não é como se eu tivesse muitos planos para o fim de semana agora, mesmo que tivesse um grupo de amigos. Mas me vi montando um relógio mental de contagem regressiva a partir daquele momento.

– Tudo bem, minha parede então. Quando você vem?

– Sexta à tarde, pode ser? Para comprarmos as coisas?

– Quer que eu passe o telefone para ele, Jack, ou vocês vão ficar namorando com todo mundo ouvindo mesmo? – Kathy perguntou, me fazendo ficar ainda mais vermelho.

– Não precisa ficar com ciúmes, Kath, você sabe que é a minha favorita.

– Que mentira!! – Angie comentou – Ok, Wang, nós temos muitas coisas para fazer agora, então vamos desligar.

– Falo com vocês depois.

Kathy e Angie precisavam comprar algumas coisas na papelaria para fazer um trabalho da escola, então passamos lá antes de irmos jantar. Eu acabei comprando uma nova lapiseira que eu achei legal na loja, então todos saímos carregando sacolas, afinal.

Eu e Angela comemos no McDonalds, enquanto Kathy preferiu algo mais saudável (ela estava tentando ser vegetariana, aparentemente). Conversamos sobre a escola e Kathy falou de seus planos pra faculdade. Ela já estava na fase de começar a preparar as applications para enviar. 

– Kath, – Angie a chamou – acha que devemos contar para ele?

– Não. – Kath sorriu, me tentando. – Deixa ele descobrir sozinho.

– Esse ele da equação sou eu?

– Claro, ué. Mas talvez seja mesmo melhor te deixar descobrir sozinho. – Angie disse, pegando uma das minhas batatas e mergulhando-a no ketchup.

– Contanto – emendou Kathy – que você nos ligue quando descobrir.

E então mudaram de assunto de novo, me deixando no ar e me ignorando quando eu insisti, de modo que preferi acreditar nelas quanto a ser melhor eu descobrir sozinho.

Kathy me deixou em casa primeiro, e quando cheguei, abri novamente o meu e-mail, ansioso para responder ao de JB. Precisei pensar algum tempo até que as palavras certas viessem à mente, porque eu entendia o quanto aquela situação podia ser frágil. Dependendo do que eu dissesse, podia acabar atrapalhando mais do que ajudando.

“Oi JB!

Estou com saudades também. Aliás, preciso estudar matemática essa semana. Temos prova e eu não sei se te contei, mas metade da minha nota nessa matéria vai depender de um trabalho. E a minha dupla é a Holly. Por favor, não me pergunte como isso aconteceu. Eu mesmo ainda estou tentando entender...

É óbvio que não é igual a nossa amizade, nossa amizade sempre será a melhor do mundo. Eu queria dizer que você devia ter me contado que não estava bem, mas você sempre se comportou como um hyung, e eu não esperaria que você fizesse diferente. Só... fico triste de saber que você também estava mal e não me contou. Entendo o porquê, e eu ia acabar me culpando por não poder fazer nada para ajudar, então me consola saber que tudo ficou bem. E devo agradecimentos ao JinYoung por isso.

Eu ainda estou tentando encontrar as palavras certas para responder às suas novidades, mas uma coisa, posso dizer com certeza: eu queria muito estar aí na Coreia, para ver isso pessoalmente. Não sei se eu teria percebido antes de você, mas pensando bem, se eu estivesse na Coreia, pode ser que você nem se aproximasse do JinYoung.

Ou pode ser que nós também fossemos amigos, eu e ele. Ele deve ser mesmo muito especial, e se você gosta dele, eu sei que gostarei também.

De qualquer forma, se você está descobrindo que ele te faz bem e te deixa feliz, bem, é tudo o que importa, e eu te juro, quanto a isso, fico realmente grato por ter me mudado para o outro lado do mundo.

Acho também que você me mandou esse e-mail mais como um boletim informativo do que como um pedido de ajuda; você sabe o que fazer. Você sempre sabe o que fazer. É só... fazer o que te der vontade. Que nem sempre.

Quanto a ele ser um garoto, bom, não acho que isso vá criar alguma dificuldade no quesito “como conquista-lo”, mesmo porque, pelo que você disse no e-mail, você já o conquistou. Acho que é muito difícil para as pessoas (todas elas, em geral mesmo) não se apaixonarem por você. Minha mãe diz isso também. É sempre “Ah, o JB é um garoto de ouro” e toda vez que você trocava de namorada, ela dizia que “quem saiu perdendo foi ela”, lembra?

Só vou exigir que você me mantenha informado, senão vou precisar pegar um avião pra aí, só pra conferir.

É sério, esse é meu conselho. Não se preocupe demais, só... faça o que parecer certo para você.

Estou feliz por você. E com saudades.

Mark”

Então desliguei o computador, enviei um SMS para JB, avisando-o sobre o e-mail e fui dormir; tão feliz por ele que acabei adormecendo com um sorriso no rosto.

Xx

O resto da semana passou tão devagar que quase pareceu ter demorado o dobro do tempo. Eu chegava em casa e fazia a lição de casa. Estudava matemática. Comia alguma coisa. Fazia mais alguns exercícios. Jantava. Olhava meu e-mail, para ver se tinha algo de novo. Revisava o conteúdo que eu tinha estudado no dia e ia dormir.

Estava com saudades do Jackson, da Angela e da Kathy, mas considerando que boa parte da minha nota de matemática seria avaliada no trabalho que eu faria com a Holly (e sobre o qual o professor não falou na quarta-feira), eu preferi não arriscar. Via Angela nas aulas que ela fazia comigo, almoçava com o grupo de amigos delas, mas depois de comer, passava na biblioteca, para pegar um livro de Literatura ou de Inglês.

Na sexta-feira, eu estava tão seguro na hora da prova que fui o primeiro a termina-la. Revisei-a duas vezes, procurando por erros de falta de atenção, e só tinha cometido um engano em um dos exercícios. Eu só havia resolvido a primeira parte da questão, então a corrigi e entreguei a avaliação para o meu professor.

Quando a tarde de sexta-feira finalmente chegou, mal podia esperar para ver o Jackson. Ele veio até a minha casa um tempo depois da aula, para planejarmos qual seria o desenho, afinal. Depois da semana estressante de estudos, ver seu sorriso foi o ponto alto do meu dia.

Fomos de bicicleta até a loja de tintas, comprar as que precisávamos. Acabamos levando uma lata grande de azul escuro, outra grande, de cinza e algumas menores com cores estratégicas, como preto, branco e amarelo.

– E aqueles potes de amostra? Podemos ficar com alguns? – Jackson perguntou para a atendente.

– Em geral nós não damos mais do que um ou dois... – Ela pensou por alguns segundos – Mas posso abrir uma exceção para vocês. Quais cores?

– Vermelho, roxo, verde e azul claro? – Ele sorriu.

A moça nos deu uma amostra grátis de cada cor, e Jackson ficou satisfeito.

– Pra qualquer detalhe diferente que a gente quiser fazer – ele se explicou para mim quando saímos da loja.

As latas de tinta pesando tanto na minha mochila quanto na dele não chegaram a ser um incômodo, porque chegamos rapidinho. A loja não era longe de casa. Jackson me acompanhou em parte porque já tinha esse costume, e em parte para me ajudar a deixar as latas de tinta no armário do corredor, porque só começaríamos no dia seguinte. Aquele dia era só o planejamento.

Não demorou muito até que nos despedíssemos e eu caí no sono trocando mensagens de texto com ele. Acabei dormindo super cedo, apesar da ansiedade.

Xx

Minha mãe tinha nos feito forrar o quarto inteiro com jornal. Disse que, do jeito que éramos bagunceiros, não era garantia de segurança nenhuma forrar só a parte próxima à parede e espalhou pilhas e pilhas de jornais velhos pelo chão do meu quarto. Ela, a mãe do Jackson e mais algumas amigas passariam o dia num spa. Mas antes de sair, fez questão de vistoriar meu quarto, garantindo que não tinha um centímetro da madeira do piso à vista.

O nosso planejamento acabou diferente da ideia original de Jackson, de misturar as coisas que eu gostava daqui com as da Coreia. As coisas que eu gostava daqui, eu lembrei para ele, estavam bem próximas de mim. Então, o projeto consistia em pintar a parede de azul escuro, como se fosse o céu da cidade de Seoul durante a noite, e fazer um prédio principal onde ficaria o meu quadro, assim as fotos apareceriam como janelas quando o pendurássemos. E em volta, outros edifícios mais ao longe. Escolhemos uma foto da cidade para termos como base.

Jackson tinha sugerido pintarmos também o teto, assim quando eu deitasse na cama, sempre teria uma noite estrelada me esperando. Liguei para a minha mãe, para perguntar.

– Nós liberamos uma parede, Mark – disse minha mãe, quando eu comecei a explicar. – Trabalhem com a tela que vocês têm, pequenos artistas. Quanto ao teto, cole algumas daquelas estrelas que brilham no escuro e pronto, já fica bom.

Jackson pareceu achar graça, e nos contentamos com o nosso espaço mesmo. Desenhamos o contorno do espaço que o prédio central ocuparia e pintamos o resto de azul escuro. A construção ficaria em cinza e as janelas, em preto ou amarelo, para que dessem destaque aos locais onde as fotos reais tinham sido tiradas.

O azul levou apenas uma mão de tinta. Almoçamos enquanto a maior parte secava, e começamos os desenhos trabalhosos depois, sobre o jornal, de barriga cheia.

Levou quase a tarde toda, mas só percebemos quando começou a escurecer lá fora e precisamos acender a luz do quarto para continuar trabalhando. Terminamos pouco depois disso e ficamos algum tempo deitados no chão, apesar do forte cheiro e dos pingos de tinta que acabaram se espalhando sobre os jornais, descansando.

– Precisamos de uma assinatura – Jackson ponderou. Ele mergulhou o pincel novamente na lata de tinta branca, depois o passou na palma de sua mão direita, até que ela ficasse toda coberta. Escolheu atenciosamente um lugar na parede e pressionou-a contra o azul que tínhamos como fundo. Quando ele retirou a mão, a impressão dela se tornou mais um destaque da parede. – Pronto, agora sim.

Me afastei um pouco da parede e examinei o trabalho concluído. Apesar não sermos desenhistas, tinha ficado realmente muito legal. Senti vontade de registrar aquele momento e, conferindo se minhas mãos estavam limpas, peguei a câmera na minha estante e tirei algumas fotos.

– Vai ficar mais legal quando pendurarmos o mural – Jackson opinou.

– Sorria, Jack – eu pedi, apontando a câmera para ele. Ninguém mandou me lembrar de que ele estava ali inteiramente disponível para ser fotografado ao lado da, agora nossa, parede.

Mesmo todo sujo de tinta, ele fez uma pose engraçada e sorriu daquele jeito que me contagiava e me fazia sorrir também. Bati uma foto dele e, satisfeito, guardei a câmera.

– E você não pretende sair nas fotos também? – ele se aproximou, tentando pegar a pequena máquina.

– Suas mãos estão imundas, Wang, nem pense nisso – eu afastava a câmera dele, segurando-o com uma mão e mantendo a outra esticada para longe.

– Então você bate a foto, mas tira uma também – ele insistiu porque sabia que me convenceria, de modo que acabamos fazendo mais algumas fotos. Por mais algumas, eu quero dizer cerca de vinte.

– Você está muito limpinho para alguém que trabalhou tanto – Jackson reclamou.

– É porque eu sou cuidadoso, diferente de certas pessoas – brinquei, cutucando-o. Finalmente, guardei a câmera na gaveta. Quando me virei novamente, Jackson estava na minha frente, com cara de bravo.

– Quem é que você está chamando de descuidado, Tuan? – ele perguntou, sério. Segurava um pincel sujo de tinta de forma ameaçadora. Tentei dar um passo para o lado, mas ele se aproximou ainda mais, me mantendo encurralado.

– Você? – eu disse, rindo e fechando os olhos, esperando a pequena vingança dele.

Ele passou o pincel na ponta do meu nariz.

– Ops – disse Jackson – desculpe. Foi sem querer. – Ele passou o pincel no meu pescoço, me fazendo rir de cócegas. – Acho que eu deveria ser mais cuidadoso.

Abri os olhos, encarando-o para saber se ele tinha ficado bravo de verdade ou só estava brincando comigo. Era a segunda opção. Ele ainda estava sério, mas um sorriso teimoso insistia em querer aparecer, e seus olhos não demonstravam raiva alguma. Eu devia estar muito engraçado com o nariz pintado de branco, porque quando olhei para ele preocupado, ele começou a rir.

Eu não me incomodei por ele ter me sujado de tinta; estava até um pouco aliviado por ele não ter ficado bravo de verdade. O Jackson era um pouco imprevisível e eu não queria que ele ficasse aborrecido comigo.

Tentei pegar o pincel da mão dele e sujá-lo também, mas ele colocou-o para trás das costas. Eu estava praticamente abraçando o Jackson e, ainda assim, não estava nem perto de pegar o pincel. Desisti e segurei seu rosto com as duas mãos, passando meu nariz sujo de tinta em sua face, satisfeito quando vi que a substância ainda não havia secado e a bochecha dele tinha um rastro branco agora.

– Isso é roubar! – Jackson protestou meio em choque. Continuava segurando o pincel às suas costas. E eu continuava com ambas as mãos em seu rosto. Nos encaramos por um breve momento, e a brincadeira deu lugar a um frio na minha barriga. Jackson deve ter sentido também, porque largou o pincel e ficou um pouco mais sério, me olhando de um jeito que fez meu coração acelerar.

Eu gostava dele.

Era bem simples, na verdade. Bem mais simples do que eu achava que seria, quando eu pensava nessa ideia de me apaixonar. Perceber isso me fez sorrir um pouco mais, e me senti meio idiota por demorar tanto para ter certeza daquilo. Quase que nem JB. E Jackson continuava me olhando, embora agora eu tivesse certeza de que ele fitava a minha boca. Ele tinha os olhos quase fechados e parecia um pouco... indeciso. Fiz carinho em sua bochecha com uma das mãos. Isso fez com que ele fechasse os olhos e respirasse fundo, virando um pouco o rosto e beijando a palma da minha outra mão. Senti suas mãos envolverem minha cintura, me trazendo para mais perto dele. Meu coração deu outro salto dentro do peito.

Eu o queria.

– Mark? – ele me chamou baixinho. Tão baixinho que sua voz saiu rouca, pouco mais que um sussurro.

Eu não queria responder, não queria saber o que Jackson ia me perguntar. Não agora, de qualquer forma. Eu achei que, se falasse qualquer coisa, estragaria aquele momento. E Jackson tão perto de mim; eu, com tanta certeza que não tinha espaço para sentir medo, os olhos dele fechados, suas mãos na minha cintura... Eu sabia que logo ele iria me encarar com aquelas íris castanho escuras, perguntando silenciosamente por que eu não tinha respondido.

Então, antes que ele fizesse isso, eu o beijei.

Foi apenas um selinho... Só coloquei meus lábios sobre os dele, sentindo o encaixe da boca macia de Jackson na minha e morrendo de vergonha logo em seguida. Senti minhas bochechas ficarem quentes e me afastei só um pouquinho. Teria corrido para o outro lado do mundo, se Jackson não estivesse tão determinado a me manter ali, perto dele. Eu podia sentir sua respiração um pouco descompassada em meu rosto, e dessa vez, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me beijou.

Se meu coração tinha se comportado daquela forma antes de Jackson me beijar, eu honestamente não sei como não tive um ataque quando senti sua boca na minha daquele jeito novo. Dessa vez não tinha sido um selinho; ele estava me beijando de verdade. Era um beijo lento, que em nada combinava com os meus batimentos acelerados, mas mesmo assim parecia a coisa mais certa do mundo.

A sensação da sua língua explorando a minha boca era entorpecente e, mesmo que eu provavelmente estivesse um pouco desajeitado, Jackson me deixava à vontade o suficiente para não me importar com isso. Eu só queria mais daquela sensação, como se alguma coisa dentro de mim tivesse entrado em ebulição. Percebi que minhas mãos tremiam um pouco, mas eu já não saberia dizer se ainda era de nervoso.

Eu não poderia ter um primeiro beijo melhor do que aquele. Era como se, de repente, eu tivesse consciência de cada pedacinho do meu corpo. As mãos dele apertando firmemente a minha cintura, mantendo meu corpo colado no seu, uma delas deslizando devagar para as minhas costas; as minhas, em seu rosto, lhe fazendo carinho de uma forma agora menos tímida, contornando a linha de seu maxilar, que se movimentava no mesmo ritmo do meu e, no meio disso tudo, a vontade de que aquele beijo durasse para sempre. Jackson puxou meu lábio inferior com os dentes, sugando-o antes de soltá-lo devagar. Aquela pequena provocação foi o suficiente para liquidar com o meu receio de fazer algo errado, e deslizei minha mão para sua nuca, puxando-o de volta para mim e fazendo com que ele sorrisse no meio do beijo; que deixava de ser lento.

Seus dedos se fecharam em torno da barra da minha camiseta, puxando-a para ele como se eu pudesse ficar ainda mais perto e me arrancando um pequeno suspiro. Não sei quanto tempo se passou, mas em algum ponto, Jackson diminuiu novamente o ritmo e me distribuiu uma série de pequenos beijos, na boca, nas bochechas, no queixo. Mantive meus olhos fechados, envolto pela sensação dos seus lábios na minha pele, tão quentes.

– Mark? – ele chamou; sua boca agora próxima da minha orelha. Levei alguns segundos para por os pensamentos no lugar, o raciocínio ainda como neblina.

– Hm?

Em vez de me responder imediatamente, seus lábios desenharam um trajeto pelo meu pescoço, intercalando entre beijos e mordidas; causando-me uma série incontável de arrepios que fez meu coração pular algumas batidas e minha respiração ficar ainda mais instável. Conforme seus beijos desciam pelo meu pescoço, eu inclinava a cabeça ligeiramente para trás, para que ele tivesse mais espaço. Mordi meu lábio inferior, me perguntando se aquilo era tão bom porque era o Jackson ou se era tão bom porque era bom mesmo. Se eu precisasse apostar, apostaria todas as fichas na primeira opção. Depois, ele fez o caminho inverso.

– Eu esperei muito tempo por isso. – Jackson sussurrou novamente em meu ouvido, e eu abaixei a cabeça, apoiando-a em seu ombro, e tentei controlar minha respiração. Fiquei grato por ele estar me pressionando contra a cômoda; eu não acho que seria muito bem sucedido em sustentar meu próprio peso naquele momento. Quase toda a minha concentração já estava no simples ato de respirar. Jackson continuou. – Mas valeu cada segundo de espera.

Eu sorri.

– Meninos, voltei. Desçam para jantar em dez minutos! – a voz de minha mãe veio do andar de baixo, junto com o barulho da porta abrindo e fechando. Olhei de relance o relógio: eram quase nove horas.

Jackson suspirou, deixou escapar uma risada baixinha e colocou sua mão na minha nuca, me dando um beijo na testa antes de dizer:

– Acho melhor arrumarmos essa bagunça. Mas sabe, se eu tivesse que adivinhar, diria que sua mãe vai gostar do que fizemos.

Olhei para ele, confuso, e devo ter parecido meio assustado, porque ele riu de verdade.

– A parede, Mark. Estou falando da parede.

Antes de descermos, eu sujei a palma da minha mão com tinta branca e a pressionei ao lado da marca onde Jackson tinha feito o mesmo. Ele me observava da porta, e sorriu para mim, me esperando. Agora sim, nossa parede estava pronta.


Notas Finais


Tcharaaam! FINALMENTE JACKSON E MARK SE PEGANDO ALELUIA, *solta fogos*
Ah, antes que eu me esqueça, tem uma coisa lindinha na vida chamada NaNoWriMo (National Novel Writing Month), cujo objetivo é escrever um livro ~~ou história~~ de 50 mil palavras em um mês.
Eu tô participando esse mês, então é, to na rush de escrever bastante pra ver se consigo chegar pelo menos perto dessa meta.

Outra razão pra eu ter demorado tanto, é que to escrevendo uma fic de BTS também, do NamJoon / RapMon com uma personagem original, que se passa pré-debut e tal. Eu só vou postar quando tiver terminado, porque aí eu evito de torturar minhas leitoras (que são anjos, eu já disse que agradeço todos os dias por vocês?), e ela não vai ser muito grande também, uns cinco ou seis capítulos. E isso me consumiu algum tempo.

Enfim, isso já tá absurdamente longo, então mil beijos.
E falem comigo! Eu não mordo! Pode perguntar pra lindinha da Lais, que veio falar comigo ontem. Eu amo quando vocês vêm falar comigo.
E beijo, Lais! <3

Beijos cheios de amor pra todas vocês.


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