História Tudo em seu tempo (SasuSaku) - Capítulo 13 - Retornos

Chegamos aos grandes portões de Konoha perto do anoitecer. Eu estava exausto, não apenas pela noite não dormida, mas pela situação toda, quando decidi voltar para Konoha, sair em uma missão era a última coisa que eu esperava.

Pelo menos tudo estava resolvido e agora a possibilidade de uma guerra eminente não pairava mais sobre a cabeça daqueles que jurei proteger, eu poderia realmente descansar, mesmo que fosse por apenas alguns dias.

Primeiro minha equipe e eu tínhamos que relatar ao Hokage todos os acontecimentos da missão, assim seguimos direto para seu escritório. Depois poderia ir para o meu apartamento, tomar um banho e descansar um pouco antes de encontrar Sakura, talvez convidá-la para jantar, afinal precisávamos começar a nos preparar para dar continuidade aos nossos planos.

Depois de contar a Kakashi tudo que aconteceu enquanto estivemos no país do Ferro, Sai se desculpou e se despediu de nós, saindo apressado para procurar sua noiva, pelo que eu entendi faltava pouco mais de uma semana para o casamento deles.

Hisoka também se despediu logo depois e foi para a sede da ANBU resolver suas pendencias antes de finalmente poder descansar também, assim ficamos apenas o Rokudaime e eu, pensei em ir descansar, mas precisava falar com ele o quanto antes, achei que era o momento certo.

– Eu preciso te pedir uma coisa...

– Sakura e eu conversamos bastante enquanto esteve em missão. Já agilizamos algumas coisas com relação as funções dela no Hospital. Shizune assumirá o Hospital principal e Ino a Clínica Infantil. Acredito que Sakura pretenda esperar que Ino volte da Lua de Mel para poder passar a administração totalmente para ela. Vai levar ainda algum tempo, mas tudo será resolvido e vocês poderão viajar sem preocupações.

– Ótimo. Imaginei que ela resolveria essas coisas, mas... não é bem sobre isso que preciso falar com você.

– Sente-se. Sobre o que quer falar então?

– Como você sabe, eu sou, já há um bom tempo o único do meu clã, e... bem eu não sei exatamente como fazer, embora tenha sido criado em uma família conservadora, convivi muito pouco com eles para aprender exatamente como são os procedimentos.

Kakashi me olhou sem expressão, tive esperança de que estivesse entendendo onde eu queria chegar, considerando o quanto sempre fomos parecidos, mas na verdade eu sabia que estava me enrolando com as palavras, eu que sempre fui muito direto, estava protelando. Kuso, por que era tão difícil transformar meus sentimentos em palavras? Parei meio segundo para respirar, sob seu olhar que se tornava curioso. Quando recomecei, as palavras começaram simplesmente a a sair.

– O que eu quero dizer, é que não pretendo apenas levar Sakura comigo como uma companheira de viagem – desviei o olhar. – Por isso preciso que faça uma coisa por mim. Você poderia que me acompanhar para falar com Kisashi e Mebuki Haruno? Essa função seria dos meus pais caso estivessem aqui, mas como não estão, imaginei que você poderia...

Poucas vezes na vida vi Kakashi tão emocionado, mesmo com a máscara era possível ver o quanto ele estava chocado e... feliz.

– Sabe Sasuke, há muito tempo eu também perdi todos aqueles que considerava minha família, até que três pirralhos, um tanto quanto desajustados, resolveram trabalhar em equipe e se tornaram minha nova família.

Ambos sorrimos com a nostalgia dessas palavras, realmente o time 7 era um grupo de desajustados que se tornou uma família a partir de seus laços pouco convencionais, forjados a base de nossas diferenças e semelhanças, que só vieram a tona por meio do trabalho em equipe.

– Será uma honra participar desse momento com vocês. – Podia jurar que sua voz estava levemente embargada, mas não durou tempo suficiente para que eu tivesse certeza. – Quando pretende falar com eles? – Voltou ao seu tom natural, indiferença calculada.

– Não vai demorar, mas inda não falei com a Sakura sobre isso.

– Entendo, neste caso estarei a disposição, quando decidir é só me avisar – laa estava novamente o sorriso sob a máscara, mas principalmente em seus olhos geralmente sem expressão.

Eu assenti e me virei para sair da sala, mas assentir me pareceu pouco como agradecimento para o que estava lhe pedindo. Parei ainda no limiar da porta e por sobre o ombro lancei um agradecimento real, não apenas por isso, mas por tudo que havia feito por mim todos esses anos.

– Kakashi, arigatoo!

A forma como seu sorriso se alargou, era muito mais do que um sensei feliz por seu aluno que havia retornado depois de se perder, era certamente muito mais próximo de um pai orgulhoso ao ver seu filho encontrando o próprio caminho.

Saindo do escritório do Hokage, fui para meu apartamento tentar descansar um pouco, as luzes do apartamento de Sakura estavam apagadas, então teria ao menos uma hora antes que ela saísse do plantão. Tomei um banho rápido e deitei para tentar cochilar um pouco, mas apaguei. Acordei com um barulho na minha porta me deixando totalmente em alerta.

– Sakura?

– Espero que esteja com fome, porque eu trouxe comida.

Saí da porta dando espaço para ela entrar. Parecia cansada, provavelmente um longo plantão, mas tinha um cheiro muito bom, de banho recém tomado e o cabelo estava úmido, imaginei que havia passado em casa antes de vir me visitar.

Sakura tirou as sandálias, foi em direção al balcão da cazinha e depositou lá as sacolas com a comida, depois me olhou de cima a baixo, supôs que estava procurando algum ferimento, que não encontrou.

– Correu tudo bem com a missão?

– Melhor do que esperávamos. Não precisei usar seu veneno.

– Ótimo. Guarde-o, por precaução.

– Aa. Como foram as coisas por aqui?

– Muito bem, consegui adiantar várias coisas, mas podemos falar disso depois do jantar, estou com fome e aposto que você também. Duvido que tenha se alimentado corretamente durante essa missão, ou dormido corretamente, aliás. – Me lançou um olhar reprovador.

Não havia como negar. Apenas fiquei quieto e rumei até onde ela estava retirando a comida das sacolas.

– Sakura.

A Haruno se virou um pouco alarmada. Não dei muito tempo para que ela me assimilasse qualquer informação, apenas fiz o que estava com vontade de fazer desde que abri a porta, a beijei. A forma como ela correspondeu ao meu beijo era o indício que eu precisava, para confirmar que a saudade que senti era recíproca.

Quando o beijo começou a ficar intenso demais, interrompi. Suas esmeraldas me fitaram atônitas por alguns segundos, depois ela corou e finalmente sorriu, entendendo a minha pequena “vingança” , enquanto me virava como a comoda nas mãos e seguia rumo as almofadas como se nada tivesse acontecido, como se meu corpo não estivesse perigosamente próximo de entrar em ebulição com apenas mais um simples toque seu.

Jantamos quase em silêncio, ambos estávamos com fome e cansados, mas depois do jantar sentamos no futon e conversamos sobre as coisas que teríamos que organizar para a viagem, tudo ainda superficial, já que ainda não considerava o momento certo para falar sobre o restante dos meus planos.

Ela me explicou sobre as soluções que Kakashi ajudou a pensar para Hospital e a Clínica Infantil, foi quando tocou no assunto sobre o casamento de Sai e Ino.

– Acredito que você já saiba – disse me entregando um papel muito bonito, com o desenho de uma peônia roxa – Sai e Ino me entregaram isso já há algum tempo, mas como não é o tipo de coisa que consideraria ir acabei nunca mencionando – como fiquei olhando o papel sem responder,  ela continuou. – Achei a ideia muito interessante. Sai costuma chamá-la de peônia, por ser a rainha das flores. Ele mesmo fez os desenhos, assim o convite representa uma mistura perfeita de ambos. Quando perguntei a Ino sobre o porque de ser roxa, já que não é muito tradicional, ela riu e me apontou suas roupas – ela realmente parecia estar se divertindo com o comentário. 

Era um convite, para o casamento deles. Eu nem sabia que havia sido cogitado como convidado. Se estivesse fora da Vila, nem me preocuparia com a possibilidade de ir a cerimônia, mas como estava na Vila, fiquei realmente em dúvida.

Os noivos não eram exatamente meus amigos, mas sabia que eram pessoas importantes para Sakura e Naruto. Ainda assim, o fato de não ter vindo para o casamento do loiro, tornava meio “errado" ir a esse casamento.

– Não precisa ir se não quiser. Todos entendemos que não é o tipo de coisa que te agrada.

Não respondi, mas ela leu minhas expressões suficientemente bem.

–Está tudo bem. Espero que não se importe de ficar sozinho no dia. Ino está trabalhando muito para que tudo fique perfeito e me mataria se eu não estivesse lá para elogiar. – Disse com um sorriso doce e divertido –Se quiser depois da cerimônia te conto como foi.

– Não se preocupe, já sei exatamente o que fazer neste dia.

Não houve questionamentos, ela apenas me deixou em meu próprio espaço e eu respeitei o dela.

Com o tempo, entramos em nossa pequena rotina. Quando Sakura ia para seus plantões, eu passava o tempo andando pela Vila, procurando lugares “promissores”, ou ficava no escritório do Hokage vendo como tudo funcionava, as vezes até ia ao setor de investigação ajudar em alguma coisa. À noite a buscava e jantávamos juntos no seu apartamento ou no meu.

Quando ela estava de folga visitamos os Uzumaki, saíamos para lugares em que podíamos relaxar juntos ou treinávamos. As vezes até mesmo com todos os membros do time 7. Eu estava reaprendendo a ter pessoas a minha volta e inegavelmente me divertindo na companhia delas.

Num desses dias de folga, fui apresentado oficialmente aos pais da Haruno, como seu “namorado”. Foi um imprevisto, eles chegaram quando estávamos fazendo almoço. Fiquei desnecessariamente alarmado, mas depois de alguns minutos as coisas começaram a fluir. Ambos me parecerem realmente felizes com a novidade, acredito que foi devido a alergia contagiante em que minha “namorada" parecia estar.

Assim os dias foram passando tranquilamente, como se o mundo estivesse entrando nos eixos, ou seria apenas eu? Talvez os dois. Eu estava vendo o mundo entrar nos eixos, porque minha vida estava entrando nos eixos. Era óbvio que isso se devia principalmente a convivência com uma certa iryo-nin de cabelos rosados.

Quando o dia do casamento chegou, pude ver Sakura saindo apressada para ajudar a amiga logo cedo, enquanto eu me preparava para fazer minhas próprias coisas.