O sol mal havia subido completamente, mas o som de explosões, gritos de esforço e impactos ecoava pela floresta ao redor do acampamento. Os alunos da Classe 1-A estavam todos em treinamento intenso, sendo desafiados no limite de suas capacidades.
Kirishima socava enormes blocos de pedra com os punhos endurecidos, Kaminari tentava controlar descargas de eletricidade em alvos distantes, enquanto Momo era forçada a criar objetos maiores e mais rapidamente do que nunca.
Mas entre todos, era impossível não notar Sasuke.
Com sua camisa jogada de lado, o suor escorrendo pelo corpo e os olhos afiados como lâminas, ele era um furacão de precisão e poder. Teletransportava-se de um lado ao outro com velocidade absurda, aparecendo atrás de alvos de pedra para destruí-los com chutes certeiros ou golpes com a katana de treino que Momo criara para ele.
A cada teleporte, sua respiração ficava mais pesada, mas ele não parava.
— Impressionante… — disse Pixie-Bob, observando com os olhos arregalados. — Esse garoto é um monstro no controle da individualidade.
Logo atrás dele, Bakugou gritava como um maníaco enquanto fazia seus braços explodirem com mais potência, atingindo troncos reforçados de árvores e fazendo-os voar como palitos de fósforo. Ele olhava para Sasuke de tempos em tempos, claramente tentando superar cada movimento do Uchiha.
Todoroki mantinha a expressão fria, mas os blocos de gelo que criava e derretia com seu fogo formavam verdadeiros campos de batalha. Aumentava a intensidade a cada minuto, tentando alcançar um equilíbrio total entre seus dois lados.
Midoriya, ofegante, saltava de um lado ao outro, com seus dedos envoltos por pequenas faíscas verdes. Seu controle sobre o One for All estava mais firme, e ele mirava em um boneco de combate com golpes calculados, alternando entre força e estratégia, como All Might o havia ensinado.
Enquanto isso, Kyoka, Ashido, Tsuyu, e muitos outros seguiam firmes, dando o melhor de si.
Era claro: Sasuke era o destaque. Mas Bakugou, Todoroki e Midoriya vinham logo atrás, formando o topo da turma.
Aizawa observava tudo com atenção, anotando mentalmente o desempenho de cada um. O treino havia começado… e só os verdadeiramente determinados sobreviveriam ao nível de exigência que estava por vir.
Sasuke parou diante de uma pedra colossal, com o dobro do seu tamanho e muito mais pesada que qualquer coisa que já havia tentado teletransportar. Seus olhos analisaram cada centímetro do rochedo. Estava ali por um motivo: desafiar seu limite.
Aizawa, que observava de longe, estreitou os olhos. Ele sabia exatamente o que o Uchiha estava prestes a tentar — e não gostava nem um pouco da ideia.
— Ele não vai... — comentou Vlad King, ao lado do professor.
— Vai sim... — murmurou Aizawa, com um suspiro cansado.
Sasuke fechou os olhos por um breve instante, respirou fundo e então estendeu a mão, sentindo o fluxo de energia se espalhar por seus membros. A grama ao redor da pedra começou a se agitar, como se fosse afetada pela pressão crescente.
— Vamos ver até onde você me leva... — ele disse em voz baixa, como se falasse com a própria individualidade.
Com um estalo seco no ar, o espaço ao redor dele distorceu por um segundo.
Um clarão.
E então — BAM! — a pedra desapareceu junto com Sasuke.
Segundos depois, o som de um crash ecoou do alto de uma encosta próxima. A pedra havia surgido ali, rachada no meio de tanto impacto.
Sasuke, no entanto, caiu de joelhos logo em seguida, bem ao lado do local onde reapareceu. Sangue escorreu de seu nariz de forma intensa, respiração descompassada e mãos trêmulas. Mas ele havia conseguido.
— Tsc… claro que ele conseguiu — disse Bakugou, cerrando os punhos, com uma mistura de raiva e admiração.
— Esse idiota vai acabar se matando — murmurou Aizawa, já caminhando em direção a ele.
Sasuke limpou o sangue com o antebraço, tentando se levantar. Mas mesmo em meio ao colapso físico, ele soltou um pequeno sorriso.
Ele havia rompido mais uma barreira.
Sasuke permaneceu ajoelhado por mais alguns segundos, o sangue ainda escorrendo de seu nariz, respiração arfante… Mas, de repente, algo inesperado aconteceu.
Uma gargalhada escapou de seus lábios. Não era irônica, nem debochada. Era uma risada solta, intensa, quase libertadora. Uma risada que ninguém ali jamais havia escutado sair da boca do Uchiha.
Todos pararam. O barulho dos treinos cessou por um instante. Midoriya o encarava com os olhos arregalados. Todoroki franziu o cenho. Bakugou virou lentamente na direção dele, completamente confuso.
— Ele... tá rindo? — murmurou Ashido, sem acreditar.
— Nunca ouvi ele rir antes — comentou Kyoka, com um leve tremor na voz.
Sasuke ergueu o rosto para o céu, ainda rindo, os olhos brilhando com uma mistura de adrenalina, exaustão e uma sensação indescritível de vitória.
— Eu consegui... — disse ele, entre uma risada e outra. — Eu consegui!
A risada foi diminuindo, dando lugar a um sorriso determinado, como se naquele momento ele finalmente tivesse entendido algo sobre si mesmo.
— Eu tô superando meus limites...
E naquele instante, todos entenderam: Sasuke não era só forte — ele era imparável.
Aizawa se aproximou com passos lentos, a expressão tão séria quanto sempre, mas com um leve suspiro de exaustão no olhar. Ele parou bem em frente a Sasuke, que ainda estava ajoelhado, com a pedra gigante agora a metros de distância, teletransportada com sucesso.
— Só porque eu disse que esse treinamento era parecido com morrer — começou o professor, olhando fixamente para o Uchiha — não significa que vocês realmente devem morrer.
Sasuke, ainda com o nariz sangrando e ofegante, olhou pra cima com um meio sorriso, ofegante.
— Foi mal... eu levei a parte do "superar limites" um pouco a sério demais.
Aizawa revirou os olhos, já tirando um lenço do bolso e jogando na direção dele.
— Apenas não desmaie de novo. Isso já tá virando rotina.
Sasuke limpou o sangue do rosto e se levantou devagar, ainda firme, ainda sorrindo.
— Prometo tentar... não morrer.
Sasuke limpava os resquícios de sangue do rosto enquanto observava o treinamento ao redor. Seu olhar fixou-se em Kirishima e Tetsutetsu, que trocavam socos como dois tanques em colisão, testando resistência e força bruta.
Ele arqueou uma sobrancelha, curioso. Fechou os olhos por um instante, canalizando sua energia. Então, num estalo, ele ativou seu teletransporte. Em um instante, Tetsutetsu apareceu no lugar de Kirishima, e Kirishima no lugar de Tetsutetsu — ambos completamente confusos, tropeçando um no outro.
— Hã? — Kirishima piscou, encarando o adversário à sua frente. — Tetsutetsu?
— O que foi isso?! — gritou o outro, olhando ao redor.
Sasuke levou a mão à têmpora, sentindo a cabeça girar violentamente. A visão ficou turva por um momento, como se tudo ao redor tremesse. O esforço para trocar duas pessoas pesadas de lugar de forma simultânea foi maior do que esperava.
— Tsk… — murmurou, se apoiando em uma pedra próxima. — Ok… isso foi insano até pra mim…
Kirishima percebeu e correu até ele.
— Cara, você tá bem? Aquilo foi irado, mas você parece prestes a cair!
Sasuke respirou fundo, tentando estabilizar a si mesmo.
— Estou bem… só… não estou pronto pra usar isso em combate ainda…
E mesmo tonto, um pequeno sorriso de canto brotou em seu rosto. Ele sabia que havia acabado de ultrapassar mais uma barreira.
Kirishima, ainda empolgado com o que acabara de acontecer, olhou para Sasuke com os olhos brilhando de curiosidade.
— Cara, isso foi insano! Mas agora fiquei com uma dúvida… como você ativa sua individualidade? Tipo, você tem que fazer algum movimento? Falar alguma palavra? Como funciona?
Sasuke, ainda recostado na pedra, olhou de canto para ele com sua típica expressão séria.
— Com a cabeça.
Kirishima piscou, confuso. — Tipo… mentalmente?
Sasuke assentiu, ajustando a postura. — Eu só preciso pensar no que quero trocar… e onde quero. Quanto mais rápido o pensamento, mais eficiente o teletransporte.
Kirishima coçou a nuca, rindo. — Cara… que resposta mais Uchiha possível. Mas é incrível. Realmente, só você mesmo pra aguentar algo assim com o cérebro.
Sasuke soltou um leve “hn”, fechando os olhos por um segundo, tentando conter a tontura que ainda insistia em incomodar. Mesmo com o corpo pedindo descanso, ele estava satisfeito. Estava evoluindo.
Monoma, que havia se aproximado sem que ninguém percebesse, cruzou os braços e soltou um comentário carregado com aquele tom ácido de sempre:
— Essa sua individualidade… impressionante, sim. Mas vamos ser honestos — ele disse, encarando Sasuke de lado — seria completamente inútil se você também não tivesse força e resistência física pra acompanhar.
Alguns alunos se viraram com expressões tensas, prontos pra uma resposta ríspida. Mas Sasuke apenas ergueu o olhar, fixo e calmo.
— Então é bom que eu tenha os dois — respondeu simplesmente, virando de volta para a pedra diante de si.
Monoma ainda tentou retrucar, mas ficou em silêncio por alguns segundos antes de murmurar:
— Tch… é por isso que ele é sempre o destaque.
Bakugou, do outro lado do campo, gritou:
— Cala a boca, Monoma, antes que eu te exploda pro meio da floresta!
..
..
Após uma manhã intensa de treinamento, Aizawa finalmente deu a notícia que todos esperavam:
— Hora da refeição. Vocês têm uma hora.
Um coro de comemoração ecoou pela floresta. Todos estavam exaustos e famintos.
Todoroki se aproximou da área designada para o preparo da comida e, com um movimento simples da mão, fez o fogo acender em instantes. Sem perder tempo, Sasuke, Momo e Bakugou já estavam organizando os ingredientes e utensílios. A sinergia entre os três era inesperadamente precisa.
— Uchiha sabe cortar carne como se fosse ninja mesmo — comentou Sero, observando os movimentos ágeis e precisos de Sasuke com a faca.
— Talvez ele seja um ninja em outro universo — retrucou Kaminari, sorrindo, enquanto salivava com o cheiro que começava a surgir no ar.
Já Bakugou… esse estava completamente envolvido no processo. Seus olhos focados, movimentos rápidos, e o tempero? Perfeito.
— Mano… eu achava que o Bakugou só sabia explodir coisas — comentou Kirishima, com os olhos brilhando. — Mas o cara cozinha como um profissional!
Até mesmo os mais céticos ficaram sem palavras ao provar os primeiros pratos. Momo, com sua organização impecável e conhecimento técnico, complementava perfeitamente a força bruta e o instinto culinário de seus colegas.
— Isso tá melhor que comida de restaurante! — exclamou Ashido, devorando o que podia.
Sasuke, mesmo em silêncio, recebeu vários olhares de aprovação. Bakugou, com um sorriso orgulhoso e arrogante, cruzou os braços.
— Claro que tá bom. Vocês acham que eu faço qualquer coisa pela metade?
— Ok, eu retiro o que disse sobre ele ser só um pavio curto — comentou Mineta, com lágrimas nos olhos. — Esse arroz tá me fazendo repensar a vida…
Enquanto todos comiam e elogiavam a comida, Sasuke deu mais algumas garfadas no arroz bem temperado e, com seu típico tom calmo e direto, soltou:
— Pra um cara que gosta de explodir tudo… esse arroz tá muito bom mesmo.
A turma inteira parou. Um silêncio quase sagrado caiu sobre o acampamento. Todos olharam em direção aos dois, boquiabertos. E foi aí que Bakugou, ainda mexendo uma panela, resmungou alto, mas com clareza suficiente para todos ouvirem:
— Hmph… e você também manda bem, Uchiha. Aquele corte na carne foi coisa de profissional.
Ashido deixou o prato cair no colo. Kaminari arregalou os olhos. Até Aoyama parou de brilhar por um segundo.
— Eu… eu tô vivo pra presenciar isso? — sussurrou Kirishima, como se estivesse diante de um fenômeno raro da natureza.
— Eles se elogiaram — comentou Midoriya, em choque. — Uchiha e Bakugou… se elogiaram.
— Isso tem que ir pro diário da classe 1-A — cochichou Mineta, puxando um caderninho do bolso.
Mesmo sem dizer mais nada, os dois apenas continuaram comendo. Era como se nada tivesse acontecido. Mas pra todo o resto… aquilo era histórico.
Kirishima e Kaminari estavam escorados em uma árvore próxima, rindo com as mãos atrás da cabeça, enquanto observavam Sasuke e Bakugou, lado a lado, lavando a louça e organizando o lixo após o almoço.
— Quem diria, hein? — disse Kirishima, com um sorriso travesso. — O durão e o explosivo, agora viraram os responsáveis pelo lixo da classe!
Kaminari gargalhou, apontando para os dois:
— Isso que eu chamo de desenvolvimento de personagem! Imagina a fanfic: "Sasuke e Katsuki — unidos pelo sabão em pó e o saco de lixo!"
Bakugou, com uma espuma escorrendo da luva de borracha, virou a cabeça lentamente, encarando os dois.
— Repete isso, Pikachu de feira. Repete.
Kaminari levantou as mãos, rindo mais ainda:
— Calma, calma! A gente só tá admirando o trabalho em equipe!
Sasuke, por outro lado, nem olhou. Apenas jogou mais um prato na água com um splash e respondeu, seco:
— Falem o que quiserem. Pelo menos a gente tá fazendo algo útil, ao contrário de vocês dois, que estão treinando a arte de serem inúteis.
Kirishima levou a mão ao peito, fingindo estar ofendido.
— Aí doeu, mano. Doeu no coração da amizade.
Kaminari riu e deu um tapinha nas costas de Kirishima:
— Relaxa, mano. Um dia a gente evolui pra lavar prato também.
Os dois seguiram rindo enquanto Sasuke e Bakugou continuavam o serviço, silenciosos, mas… estranhamente sincronizados.
..
..
A noite havia caído densa sobre a floresta, e as únicas fontes de luz vinham da lua entre as copas das árvores e das pequenas lanternas presas aos cintos dos alunos. A turma havia sido dividida em duplas para um novo tipo de treinamento de resistência e vigilância, mas, devido a um número ímpar de participantes — com cinco alunos sendo levados por Aizawa para atividades extras — Sasuke acabou ficando sozinho.
Ele caminhava em silêncio por entre as árvores, atento a cada som ao seu redor, sentindo a presença da floresta pulsar viva na escuridão. O frio da noite não o incomodava, tampouco o fato de estar sozinho. Pelo contrário — talvez ele preferisse assim.
Enquanto os outros se moviam em duplas, conversando em sussurros ou dividindo estratégias, Sasuke apenas avançava com passos firmes, o olhar sério e centrado.
— Treinamento em dupla... — murmurou para si mesmo, com um tom levemente irônico. — Quem precisa disso?
Ele se apoiou contra uma árvore, fechando os olhos por um instante, controlando a respiração. Seu corpo ainda estava cansado do treino diurno, mas sua mente permanecia afiada. Mesmo sozinho, ou talvez por estar sozinho, ele se mantinha em estado de alerta absoluto.
De algum ponto da floresta, gritos abafados ecoaram — provavelmente alguém caindo em alguma armadilha preparada pelos professores. Sasuke ergueu uma sobrancelha, mas não se moveu.
— Se não aprenderem a lidar com isso sozinhos, nunca vão evoluir... — disse em voz baixa.
Mesmo solitário, o Uchiha sabia exatamente o que estava fazendo. E se algum desafio ousasse cruzar seu caminho naquela floresta, que se preparasse para ser eliminado
Sasuke caminhava entre as árvores quando seu nariz captou um cheiro forte, ácido e desagradável. Ele franziu a testa, parando imediatamente. Inspirou com cautela e percebeu que aquele odor não era comum — era queimado, sim, mas havia algo mais... algo químico.
Em segundos, uma densa nuvem de fumaça passou diante dele, serpenteando como uma criatura viva entre os troncos. A coloração acinzentada com tons esverdeados era suspeita demais.
Sasuke recuou dois passos, cobrindo parcialmente o rosto com a gola da camisa, os olhos estreitos analisando a situação com precisão. Ele não precisava de muito para entender.
— Isso não é comum... — murmurou, observando a forma com que a fumaça se movia. — É denso demais... e está vindo contra o vento?
Foi o suficiente para acionar seu instinto. Ele arrancou um pano do bolso e molhou com um pouco d’água de sua garrafinha antes de amarrá-lo ao rosto. Não era um filtro perfeito, mas ajudaria a retardar qualquer efeito nocivo.
— Veneno. — concluiu. — Ou algum tipo de gás irritante. Alguém está fazendo isso de propósito.
Os olhos negros analisaram os arredores com frieza. A floresta que antes parecia apenas um cenário de treino noturno agora era um possível campo de emboscada.
Sasuke apertou os punhos, seus sentidos em alerta máximo. Alguém estava ali. E não era parte do treinamento.
Enquanto Sasuke mantinha a respiração controlada por trás do pano úmido, uma voz suave e firme ecoou diretamente em sua mente — clara como se fosse sussurrada ao pé do ouvido, mas sem qualquer som real ao redor.
— “Uchiha... me escuta?”
Ele piscou, surpreso por um instante. Aquela não era uma alucinação causada pelo gás.
— “Sou a heróina da telepatia. Não posso falar com todos de uma vez, então estou me comunicando com quem está mais isolado... e você está sozinho.”
Sasuke não respondeu em voz alta, apenas assentiu para si mesmo, em compreensão.
— “Vilões. Muitos deles. Invadiram a floresta durante a distração dos treinamentos. Estão espalhados. O foco deles é capturar alunos com individualidades fortes... e você está entre os alvos.”
A expressão do Uchiha se tornou ainda mais sombria.
— “Se puder, encontre os outros. Mas seja discreto. Eles estão preparados.”
Antes que a conexão mental se encerrasse, a voz finalizou com urgência:
— “Confio em você, Uchiha. Não caia nas armadilhas deles.”
A ligação mental cessou, deixando o silêncio opressor da floresta. Sasuke então estreitou os olhos e puxou a bandana da testa, prendendo-a com firmeza.
— Então é isso... — murmurou com frieza. — Querem brincar com fogo... Vão se queimar.
E desapareceu entre as árvores como uma sombra em movimento.
..
..
Em meio à floresta tomada por fumaça e tensão, Ochako e Tsuyu avançavam com cautela. Seus corações batiam acelerados enquanto observavam os arredores, atentos a qualquer som ou movimento.
Foi quando ouviram um ruído suave, quase um riso... vindo de cima.
— Achei vocês... — disse uma voz doce, porém carregada de algo sinistro.
De um galho acima, Himiko Toga surgiu com um sorriso perturbador, inclinando a cabeça de forma brincalhona, como se fosse uma criança em meio a um jogo inocente.
— Vocês são adoráveis... especialmente você. — apontou para Ochako, com os olhos arregalados e o rosto corado. — Eu quero você. Seu sangue, sua expressão quando está com medo... Tudo isso é lindo.
— Tsu, cuidado! — gritou Ochako, ativando sua individualidade para se afastar do alcance de Toga, que já havia saltado em sua direção com uma faca em mãos.
Tsuyu reagiu rápido, puxando Ochako com sua língua e a jogando para trás.
— Ela é rápida demais! — disse Tsuyu, recuando e assumindo uma postura defensiva. — Fique atrás de mim, Ochako. Ela parece instável.
Toga aterrissou com leveza no chão, lambendo os lábios e girando a faca entre os dedos.
— Instável? — ela riu. — Ah, não. Eu só sou honesta com o que sinto. E agora eu sinto que quero vocês... mortas.
Ochako e Tsuyu se entreolharam, sérias. Não poderiam vacilar. Toga era imprevisível... e mortal.
Ochako e Tsuyu se moviam em sincronia, desviando dos golpes de Toga, que dançava com a faca em mãos, tentando cortar qualquer pedaço de pele exposto. As duas já haviam sofrido pequenos arranhões, mas ainda estavam firmes, focadas.
Ochako respirava ofegante, tentando manter a concentração, quando, por um segundo, seu olhar se desviou para a lateral da floresta. Os galhos se moviam de forma estranha, e algo imenso parecia se aproximar. Seus olhos se arregalaram.
Do meio da vegetação densa, uma figura colossal emergia entre as árvores. Era um homem... ou pelo menos parecia um. Tinha o corpo descomunal, músculos saltando sob a pele, cada passo seu fazia o chão vibrar. O rosto era coberto por sombras e uma máscara, mas o mais assustador era o que carregava nas costas.
Preso por uma faixa branca manchada de terra e sangue, havia algo grande, quase tão alto quanto ele, coberto como se estivesse escondendo uma arma ou... algo ainda pior.
Ochako sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Não sabia quem ou o que era aquela figura, mas tinha certeza de que não estavam preparadas para enfrentá-lo.
A criatura gigante parou a alguns metros de distância, observando as duas com um olhar curioso por trás da máscara. O silêncio durou apenas alguns segundos antes que ele falasse, com a voz rouca e grave, quase como se estivesse se divertindo com a tensão no ar.
— Vocês não são os alvos… — ele disse, arrastando as palavras com certa malícia. — Mas quem disse que eu não posso me divertir um pouco com vocês?
Com um movimento lento e ameaçador, ele virou o corpo de lado e puxou a faixa branca das costas. O que surgiu diante dos olhos de Tsuyu e Ochako fez seus corações dispararem.
Era uma espada grotesca, diferente de qualquer outra. Quase viva.
A lâmina era gigante, com escamas que se moviam sutilmente, como se respirassem. A pele da arma era áspera e irregular, com aparência de um tubarão feito aço. Aquilo não era apenas uma espada. Era a Samehada.
O homem segurou a arma com uma mão só, como se fosse leve, mesmo com seu tamanho absurdo. Ela vibrou em resposta, como se tivesse fome.
Tsuyu recuou instintivamente. Ochako engoliu seco. Aquilo ia muito além de qualquer treinamento.
O golpe foi brutal, um arco selvagem da Samehada que rasgou o ar como uma fera faminta. Tsuyu saltou para o lado, girando no ar com seu instinto aguçado de sobrevivência. Ochako tentou fazer o mesmo, mas hesitou por um segundo.
Foi o suficiente para que a guarda dela ficasse completamente exposta.
O vilão sorriu.
A espada desceu.
O impacto jamais aconteceu.
Num estalo, o corpo de Ochako desapareceu no ar, envolto por uma distorção sutil, como se o espaço tivesse sido rasgado.
Ela reapareceu a poucos metros dali…
Diretamente nos braços de Sasuke.
Ele a segurava firme, com o olhar sério cravado no inimigo.
A aura ao redor do Uchiha era pesada, ameaçadora. Seu silêncio falava mais do que qualquer grito.
Ochako ainda em choque, apenas olhou para cima, vendo aquele perfil calmo, mas pronto para lutar.
— Você tá bem? — ele perguntou sem tirar os olhos do inimigo.
Ela assentiu com a cabeça, ainda sem ar.
Sasuke a colocou gentilmente de pé.
O jogo tinha virado.
Kisame observava tudo, os olhos brilhando de excitação enquanto a Samehada vibrava em suas mãos, quase como se sentisse o cheiro de sangue no ar. Ele soltou uma risada rouca e selvagem, carregada de diversão.
— Hahaha… então ele veio mesmo. O garoto Uchiha. — murmurou alto, para que todos ouvissem. — Um dos nossos alvos.
Seus dentes afiados brilharam na penumbra da floresta enquanto ele apontava a espada viva na direção de Sasuke.
— Me disseram que você era talentoso. Vamos ver se aguenta mesmo o peso do nome que carrega.
Seu olhar seguia firme, cravado em Kisame, que agora caminhava lentamente com a Samehada nas mãos, pronto para lutar.
— Cuidem da garota — disse Sasuke, apontando com o queixo para Toga, que observava a cena com um sorriso psicótico nos lábios. — Eu cuido do brutamontes.
Seu tom era seco, determinado, como se não houvesse espaço para objeção. A eletricidade no ar parecia se intensificar, e Kisame sorriu largo, sentindo a tensão subir como uma onda prestes a quebrar.
Sasuke avançou primeiro, os olhos atentos a cada movimento de Kisame. Com um salto veloz, tentou um chute giratório no flanco do inimigo, mas Kisame bloqueou com facilidade usando a lateral da Samehada. A espada viva soltou um som grotesco, como se tivesse gostado do contato.
Kisame riu e revidou com um golpe vertical. Sasuke saltou para o lado, mas a lâmina passou rente, cortando parte de uma árvore ao fundo como se fosse papel. Sasuke se abaixou e girou com uma rasteira, derrubando Kisame por um instante — mas o tubarão ergueu-se com um impulso bruto, como se não pesasse nada.
— Você é rápido, garoto… — disse Kisame, avançando com golpes pesados.
Sasuke bloqueava como podia, usando as mãos nuas e o bastão improvisado que havia pego de Momo. A madeira rachava a cada impacto. Ele tentou se teletransportar atrás de Kisame, mas antes que pudesse reagir, o vilão já havia se virado e lhe acertado um soco no estômago.
Sasuke voou alguns metros e caiu de joelhos, cuspindo saliva. Kisame caminhou em sua direção devagar, Samehada nas costas.
— Você é bom… mas eu sou um monstro no campo de batalha.
Sasuke limpou a boca com o dorso da mão e se levantou novamente, ofegante, mas sem hesitar. Os olhos ainda ardiam com determinação. Mesmo ferido, ele não ia recuar. Não enquanto todos ainda estivessem na floresta.
Sasuke girou o bastão de metal improvisado por Yaoyorozu nas mãos com firmeza, sentindo o peso e o equilíbrio da arma. Mesmo não sendo tão resistente quanto uma katana de verdade, era o suficiente nas mãos certas — e ele provaria isso.
Kisame avançou novamente com um corte diagonal da Samehada, e Sasuke se esquivou por pouco, deslizando por baixo do braço do inimigo. Com precisão, ele acertou dois golpes rápidos com o bastão no flanco esquerdo de Kisame, o som metálico ecoando pela floresta.
— Você usa esse bastão como se fosse extensão do seu corpo — comentou Kisame, rindo, mesmo após os golpes. — Mas não vai durar muito…
Sasuke respondeu apenas com o olhar, girando o bastão e batendo sua base metálica contra o solo, firme. Ele se lançou para frente com agilidade, desviando de outro ataque pesado da Samehada e cravando o bastão no chão, usando-o como apoio para alavancar uma voadora que acertou o queixo de Kisame.
O golpe fez Kisame recuar alguns passos, mas ele ainda sorria, como se estivesse se divertindo com a luta.
— Vamos ver quanto mais esse bastão aguenta antes de virar sucata, Uchiha.
Sasuke apertou a empunhadura com mais força. Enquanto tivesse aquele bastão, ele continuaria lutando — e mesmo sem ele, não deixaria Kisame passar.
Próximo capítulo: Floresta pt3
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