Cantas tú, grita el pulmón (Canta você, grita bem alto)
Que te escuche la nación (Que te escute a nação)
Día día hago yo (Dia a dia, eu faço)
De tu voz, mi alegria (Da tua voz, minha alegria)
- Eu vi o Aurek hoje. - Falei para Ruben enquanto víamos algum filme chato na TV.
- Sério? Você foi para 1957? - Me perguntou.
- Ah, claro. Fui lá só dar um oi pro JJ, e depois voltei, coisa rápida, sabe? - Ironizei.
- Sério? E como estão todos? Viu o seu Luis? Estou com saudade dele…
- Ai, Ruben, não seja idiota. - Joguei uma almofada nele, que estava sentado no chão. - É óbvio que eu não fui pra 1957, né? Eu não iria e voltaria tão rápido.
- Ah, sei lá… Com a Franken Tv, a gente pode viajar pra qualquer lugar e pra qualquer época tão rápido… Mas então, onde você viu o Aurek?
- Em uma praça aqui perto. Ele disse que o JJ está bem, mas… Será que ele está tão bem sem mim? Será que não sente saudade? - Fiquei cabisbaixa.
- Eva… - Se sentou ao meu lado. - Vai. pode ir.
- Quê? - Perguntei sem entender onde ele queria chegar.
- Você não está feliz, não tem mais aquele brilho no olhar, aquele sorriso, não parece mais a minha irmã, é nítido que você está triste, e… Eu não posso ser egoísta a ponto de não querer te ver feliz. Então vá, vá ver o JJ, seja feliz.
Eu acho que com essa nova realidade, não era só minha vida que havia mudado completamente, mas o meu irmão também, ele parecia outra pessoa, as vezes eu não conseguia o reconhecer, ele devia ter algum transtorno de personalidade, só pode, pois eu não entendia, como as vezes ele podia ser tão incrível, Ruben e seu dom de me surpreender.
- Ruben… Essa é a coisa mais linda que você já me disse… - Falei surpresa com a fala do meu irmão. - Eu não sabia que você se preocupava tanto assim comigo.
- É claro que sim, eu goste ou não, você é minha irmã, fazer o quê…
- Hey! - Dei com a almofada de leve no rosto dele.
- Brincadeira. Mas sério, pode ir, só que eu vou ficar, pelo menos, mais um pouco.
Olhei por alguns instantes para o meu irmão, ele havia me pegado tão de surpresa, que eu não sabia nem o que dizer, mas tinha amado a ideia dele. É, apesar de tudo, Ruben era um excelente irmão, ele podia ser bobo, atrapalhado, podia não ser tão inteligente e bastante ingênuo, mas não posso negar que ele tinha um coração imenso, por mais que não demonstrasse sempre isso.
- Mas… Eu não sei onde está a Franken Tv, eu não a vi em nenhum lugar. - Falei.
- Verdade… Onde será que o vovô colocou?
- Claro, deve estar na casa dele.
- Verdade, então vamos lá procurar. - Se levantou e fez menção em sair.
- Mas agora já está muito tarde, vamos amanhã.
Ruben concordou comigo e disse que no dia seguinte me acompanharia até a casa do nosso avô, e eu estava até começando a ter uma ideia para encontrar a Franken Tv, espero que dê certo.
XXX
- Obrigada. - Falou Martina assim que eu terminei de fazer uma trança em seu cabelo.
- De nada. - Sorri.
- Eva, você quer brincar de boneca comigo? A mamãe fez duas bonecas de pano novas pra mim, sabia? Olha só… - Pegou as bonecas e me mostrou.
- São lindas…
- Brinca comigo?
A olhei por alguns segundos, apesar de tudo, ela parecia ser tão fofa, acho que seria a única coisa que eu sentiria falta daquela realidade, ah, se eu pudesse ter o Martin e a Martina, pena que para ter um eu teria que perder o outro, e Martin que era meu irmão de verdade, eu precisava dar um jeito de trazê-lo de volta.
- Puxa, Martina, eu não vou poder, tenho que sair com o Ruben.
- Posso ir junto? Não aguento mais ficar aqui em casa, é entediante.
- Ah, não dá, é que nós vamos em um lugar que não pode entrar criança.
- Ai, que lugar chato! - Cruzou os braços e fez ‘’beicinho’’. - Outra hora eu posso sair com vocês?
- Outra hora pode sim.
Ela sorriu e logo começou a brincar com suas bonecas. Me levantei e fui até a porta, mas antes de sair, fiquei a olhando, voltei até a garota e lhe abracei.
- Vou sentir sua falta.
- Por que tá falando isso? - Parou de brincar e se pôs a me olhar. - Você vai demorar?
- Vou. Um pouco.
- Também vou sentir saudade. - Sorriu.
Dei um beijo na testa da garota e sai do quarto.
Ruben me aguardava na sala, estranhei por não ver os nossos pais, mas meu irmão disse que mamãe havia saído e papai estava no banho, por isso seria a oportunidade perfeita para irmos até a casa do nosso avô, e era o que faríamos. E pelo que andamos investigando, aquele seria o horário que vovô estaria na igreja, porque agora nessa nova realidade ele ia em todas as missas.
Chegarmos na casa do nosso avô, que era a mesma, porém parecia mais acabada, caindo aos pedaços, e então, Ruben tentou abri-la girando a maçaneta sa porta.
- Ah, claro, não estamos em 1957, ninguém mais deixa a porta de casa destrancada. - Falou meu irmão. - Como vamos entrar agora?
- Acho que eu já sei. - Falei ao ter uma ideia.
Cutuquei meu irmão, fazendo ele olhar para a janela que estava aberta. Fiz ‘’pezinho’’ para Ruben, que entrou primeiro pela janela, pude ver quando ele caiu no chão.
- Eu tô bem, eu tô bem. - Falou ao se levantar.
Me aproximei da janela e com a ajuda do meu irmão, eu pulei entrando na casa do vovô. Olhamos para os lados e não avistamos a Franken Tv, pois na sala tinha apenas um outro modelo de tv antiga, mas definitivamente, aquela estava longe de ser a Franken tv.
- Acho que sei onde pode estar. - Falei.
Fomos até o escritório do meu avô, e estava lotado por caixas e coisas velhas, mal conseguíamos caminhar, porém, consegui ir desviando de tudo, até que…
- É ela! - Falei ao vê-la. - Vovô sempre tão previsível.
- Você achou!
Nisso escutamos um barulho de porta e um assobio, pelo jeito vovô tinha chegado da missa, acho que calculamos mal o horário que ele chegaria.
- Vai logo, Eva. Vai, que eu me viro aqui. - Falou ao olhar umas vinte vezes para a porta do escritório, com medo do vovô aparecer.
Coloquei os números que tinham na parte detrás de TV no 1-9-5-7.
- Você vai ficar bem? - Perguntei.
- Vou sim. Pode ir.
Abracei meu irmão e me posicionei na frente da TV, e então eu sumi da casa do meu avô.
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