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História Um Conto diferente para Alice - Por favor, Alice


Escrita por: Teru_Arisu

Notas do Autor


Depois de décadas essa fic retornou dos hiatus \o/
(espero que ainda tenha quem leia isso T^T)

Saindo um pouco da comédia e entrando em um momento mais sério da história.

Por que o nome Alice?
Leiam antes que eu dê spoiller \-.-/

Capítulo 6 - Por favor, Alice


- Ainda iremos andar muito? – comecei a reclamar depois de duas longas horas caminhando sem rumo em meio a uma floresta totalmente fechada e que não parecia ter fim.

Após presenciar tanta afeição “rei e servo”, essa aberração felina me arrastou para a famosa floresta proibida e sem volta que todos evitavam, dizendo que “era o único caminho disponível”

 

Porque morrer não é o suficiente, precisar ser no pior lugar possível. Longe de todos.

 

- Pode ficar para trás se quiser. – falou com pouco caso, continuando a caminhar nos espaços tão pequenos entre as arvores.

 

- Poderia ir mais devagar pelo menos, não tenho tanta flexibilidade como você.

 

- Se não consegue me acompanhar te deixarei mesmo para trás.

 

- Ei! Cheshire! – chamava enquanto o via sumir bem diante a meus olhos. Continuei chamando e gritando, porem nada adiantava. Eu havia o perdido de vista. – Maldito seja esse gato. Ele realmente me deixou para trás. – comecei a praguejar.

 

Continuei andando sem rumo buscando pelo “gentil” gato que havia me deixado.

Comecei a ouvir choros de crianças a medida que entrava mais a fundo naquela floresta e uma frase que ficava se repetindo: “Eu não quero desaparecer...”

 

“... Logo mais uma Alice se juntará a nós...”

 

- Hey! “Princesa” – a voz de Cheshire seguida por um toque em meu ombro me assustou. Mas fiquei feliz por ser apenas ele. – Se por um acaso se perder de novo não voltarei para procurar novamente. – ate seu gênio insuportável não parecia tão ruim naquele momento.

 

Dessa vez o gato manteve o meu ritmo, ficando bem próximo de mim, apenas para confirmar que não me perderia novamente.

 

- Riku... – chamei para que aquele silencio não permanecesse. – Posso lhe fazer uma pergunta?

 

- Desde que não seja “já estamos chegando?” pode perguntar.

 

- Por que “Alice”?

 

- Foi o nome da primeira garota que descobriu esse mundo. Apenas adotamos esse nome para todos os curiosos que caem aqui.

 

- E quantas... Alices já vieram para esse mundo?

 

- Não era só UMA pergunta?

 

- Por favor, Cheshire, eu preciso saber um pouco mais sobre isso e como se encaixa comigo.

 

- Você é o quinto. – respondeu por fim.

 

- E o que houve com as outras...?

 

- Tudo leva a crer que morreram. Mas muito pensam que apenas fugiram ou desapareceram. De qualquer forma a morte era inevitável a todos eles.

 

- E o que me diferencia das anteriores que falharam?

 

- Simplesmente não sei o que te trouxe aqui alem de sua curiosidade. Você é como uma carta avulsa em um baralho, não pertence a nenhum grupo.

 

- E as outras Alices...?

 

- A primeira garota que descobriu esse mundo era sádica, sabia empunhar muito bem uma espada e não conhecia compaixão. Ficou conhecida como “Valete de Espadas” por sempre manter a linha de frente e governar com tirania. Matando todos que se opunham a ela. – pausou por um momento para retomar o ar. – Um dia, sem explicação. Ela desapareceu. Eu e mais um grupo de busca na época seguimos os traços de sangues que sempre deixava até pararmos em frente a essa floresta. Entendemos como um aviso para suspender a busca e esperar por um novo governante.

 

- Mas... estamos NESSA floresta, e...

 

- Há varias historias sobre esse lugar. Essa floresta é viva misticamente. E como um labirinto, fará de tudo para lhe enlouquecer e assim não encontrar sua saída. Pelo menos foi essa a dedução que a maioria de nós chegamos para o sumiço da terceira Alice...

 

- Terceira?

 

- Continuarei contado em ordem, okay?

- Ta... e a segunda Alice?

 

- A segunda Alice era um rapaz vivido – não fui o primeiro homem, isso é bom... acho... – Possuía uma bela voz e adorava cantar. Os chamávamos de “Reis de Ouros” por suas canções que encantavam a todos ao mesmo tempo em que deixava fluir falsidade em cada nota. Nunca descobrimos quem o assassinou, talvez um dos muitos que enlouqueceram com sua voz hipnotizante. O encontramos morto ao lado de uma bela flor em tom carmesim que brotava inocentemente.

 

- Não houve nenhuma Alice realmente boa?

 

- Todos são bons antes de experimentar o poder. Se você for alguém fraco de alma será tomado por essa dádiva que é uma maldição ao mesmo tempo.

 

- E quanto a terceira Alice?

 

- Devo admitir que era a minha favorita no começo. Cheguei mesmo a pensar “finalmente nosso mundo encontrou um bom governante”.

 

- O que aconteceu? – perguntei com receio, mas eu precisava saber.

 

- A terceira Alice era nossa pequena “Rainha de paus”. Era muito amável e querida por todos. Seus gestos e frases eram confortantes. E como em um feitiço, não havia quem não dê-se a vida por ela. Porem, atrás de tanta ternura, ela escondia seu verdadeiro “eu”. Seu maior medo era perder seu reinado e isso viria cedo ou tarde, pois não há como fugir da morte. Ela desapareceu por dois dias, retornando logo depois e dizendo coisas sem sentido como “já sei como eternizar meu reino”, “irei enganar a morte”.

 

- Ela estava louca, não há como “enganar” a morte.

 

- Mas há como apressá-la. – incrementou – A encontramos morta em seu quarto, com um punhal contra seu peito. E a seu lado uma pequena carta escrita antes de seu suicido.

“Se a morte deseja tanto minha alma cederei a ela e em troca poderei governar eternamente meu mundo”

 

- Ainda não entendi a ligação dela com essa floresta. – estava difícil encarar todas essas histórias das Alices anteriores. Não quero ficar. Não quero ser Alice. Mas preciso saber de tudo se quiser mesmo sair daqui.

 

- Segundo os irmãos Paradoxos, os quais não confio nem um pouco, e outros moradores desse mundo. A terceira Alice foi vista antes e depois de seu desaparecimento rodeando a floresta. Deduzimos que ela conseguiu encontrar uma saída, porem não antes de enlouquecer.

 

- Então temos chances de sair daqui. Desde que eu não ouça mais nada estranho... sinto que eu seria o único a enlouquecer já que, como as Alices, não pertenço a esse mundo.

 

- O que você ouviu? – me perguntou demonstrando uma real preocupação.

 

- Vozes e choros de crianças. Diziam coisas como “... Logo mais uma Alice se juntará a nós...”

 

- Ignorem isso. É a floresta querendo se aproveitar de seus medos. Basta ficar perto de mim e sairemos os dois daqui. – ele agora quer me proteger? Isso é realmente inesperado.

 

- Não pretendo me afastar – respondi ainda meio receoso. – Mas e quanto à quarta Alice?

 

- A quarta Alice era um casal de gêmeos, nosso “Ás de copas”. Duas verdadeiras crianças. Adoravam tomar chá com o Chapeleiro e o Coelho do Outono. Porem extremamente curiosos e despreparados para governar. Queriam explorar cada canto desse mundo e iam contra todas as regras. Descobrindo cenas de pena e terror sem fim desconhecidas por todos nós. Conhecemos nossos limites e sabemos onde acaba as maravilhas desse mundo e onde começa o pesadelo. Mesmo na atual situação que nos encontramos com mais um tirano no poder, ainda não passa nem perto do que aqueles irmãos sofreram. – fez mais uma pequena pausa antes de retomar. – Eles conheciam a historia das Alices anteriores e queriam encontrar a primeira Alice a todo custo, já que foi a única dada como desaparecida. E foi durante essa busca que desapareceram igualmente. Deixando-nos novamente a espera de uma nova esperança que nunca surgia. Não queríamos novas Alices, queríamos apenas um bom líder.

 

- Mas o mundo é de vocês, certo? Então por que esperar alguém de fora para comandar?

 

- Não sei se notou, mas não somos tão pacificadores, vivemos em constantes discussões e geramos guerra. Precisamos de um líder que seja capaz de controlar a todos e manter a paz. Senão ficaria cada um por si e nosso mundo ruiria. – esse lugar é muito mais complicado do que imaginei. – Com o desaparecimento da quarta Alice, começaram a discordância entre todos nós. Aqueles que esperariam pela nova Alice, os que queriam mandar nos demais segundo as suas regras, ou neutros, individualistas, e aqueles que só queriam causar tumulto.

 

- E você se encaixava em qual “categoria”?

 

- Eu estava entre os individualistas. Já havia seguido cegamente cada uma das Alices sem nenhum bom retorno. Então não queria mais saber de obedecer ninguém e estava pouco me importando se eles iriam matar um ao outro sem um novo líder. Por mim o mundo seria bem melhor sem eles.

 

- Isso foi realmente uma atitude egoísta... – deixei meus pensamentos falarem alto demais.

 

- Eu sei, mas naquele momento eu preferia ver tudo ruir. Assim como os dragões que morriam em meio à guerra que desbravavam entre si, apenas para saber quem era o mais forte.

 

- Dra... dragões...? Existem dragões aqui?

 

- Claro que existem. Não me ouviu relatando a Kisaki-sama sobre o dragão negro que aquele impostor tem como trunfo?

 

- Si... sim... mas... – preferia continuar acreditando que não houvesse mais.

 

- Havia muitos dragões no começo, a maioria convivia bem com os demais habitantes e a minoria que eram hostis, se acomodavam distante de todos, então não havia tantos conflitos. Porem após a perda da quarta Alice muitos começaram a usar os dragões como armas e dividiram-se em grupos. – suspirou.

 

- E você nessa história?

 

- Apenas acompanhava ao longe. Esperando restar apenas um grupo e finalmente por um fim em tudo e todos os que sobrassem.

 

- Você? Não me parece tão forte assim. Quer dizer, eles tinham dragões, certo?

 

- Na época eu era tão temido quanto um dragão, quase o mesmo nível de estrago. Minha única desvantagem era não voar – riu.- Mas agora a maior ameaça que posso causar é arranhar alguém, graças a Kisaki-sama...

 

- Como assim...?

 

- Essa coleira... – levando a mão ao pescoço. – Ela não é tão comum assim.

 

- Ela te levou até o esconderijo de Kisaki, certo? Não há mesmo como ser uma simples coleira.

 

- Não é só por isso... Essa coleira foi um presente de Kisaki-sama... nela contem um encanto o qual impede que eu perca o controle novamente.

 

- “Perder o controle”?

- Será melhor que nunca saiba. – sorriu para esconder certo nervosismo.

 

- Não sairemos tão cedo dessa floresta e pelo menos um de nós tem alguma história pra contar. – insisti.

 

Ele riu antes de prosseguir. – Não que minha história seja algo que valha a pena contar, mas já que insiste. – suspirou. – Durante o reinado das Alices eu era apenas como a maioria dos gatos. Preguiçoso, fugia de trabalhos que exigiam muita força e dormia quase o dia inteiro.

 

- Isso é realmente muito ameaçador. – ironizei.

 

- Eu precisava evitar adrenalina. Por isso tinha uma vida tão sedentária. As duas únicas vezes que excedi meus limites foram durante o reinado da primeira Alice e o tempo que ficamos sem um líder.

 

- E o que aconteceu?

 

- Não quero continuar falando sobre isso... – suspirou encostando-se em uma arvore. Seu olhar era fixo ao chão, totalmente triste e vazio. Algo muito ruim deve ter acontecido para deixá-lo assim, mas não insistiria mais por enquanto. – Já lhe contei demais.

 

- Espera! Só quero saber de mais uma coisa... – tentei prosseguir com o assunto. – Como o atual rei chegou ao poder?

 

- Após as desavenças e mortes sem sentido. Não havia mais confia entre ninguém. Era cada um por si. Sem esperanças de uma reconciliação. Isso até Kisaki-sama chegar nesse mundo.

 

- Ele não pertence a esse mundo?

 

- Ninguém sabe de onde ele veio, porem todos o respeitam. - sentando-se finalmente no chão e eu repeti o gesto. Precisava descansar afinal. – Havia algo diferente nele, sua presença transmitia confiança. Sempre pulso firme pra governar, porem gentil com todos. Conseguiu por fim a nossa guerra sem sentido sem usar de força. Então o aceitamos como rei até que a próxima Alice reclamasse por sua posição de direito.

 

- No caso eu... – conclui – Mas então... por que deixaram outro tomar o poder?

 

- Aquele homem chegou alegando ser descendente da primeira Alice e querendo tomar seu lugar como rei. Disposto a matar qualquer um que fosse contra. Estávamos fardos de tantas mortes e Kisaki-sama também não desejava iniciar uma nova guerra, deixando que aquele falsário tomasse o poder até que a verdadeira Alice viesse. Mas o tempo apenas passava e as esperanças que havíamos recuperado se perdiam.

 

- Eu sinto muito, mas não sei se posso ajudá-los...

 

- Aquele homem extinguiu os poucos dragões que ainda existiam e tornou nosso mundo nesse inferno que está agora.

 

- As quatro primeiras Alices eram comparada com as cartas de um baralho, certo? – ele apenas afirmou com a cabeça. – E todo baralho vem uma carta a mais, quase sempre deixada de lado. Talvez... eu seja essa carta... talvez... possa fazer algo se eu acreditar mais em mim...

 

- Sim, talvez esteja certo. – consegui fazê-lo sorrir depois de toda essa conversa. – Vamos, ainda temos que achar a saída dessa floresta.  

 

- Sim. – concordei.

 

Andamos até chegarmos a uma parte mais aberta da floresta. Não por ser uma clareira. E sim por ser uma parte que parecia ter sido pisoteada e devastada por algo bem grande. Claro que não queria saber o que era, mas Cheshire por outro lado...

 

- Ande logo. Precisamos continuar.

 

- Mas... está louco?! Se continuarmos por aqui podemos dar de cara com o responsável por esse estrago!

 

- E esta com medo?

 

- Isso é óbvio! Ainda quero sair vivo daqui.

Cheshire continuou caminhando um pouco mais a frente até parar. Percebi suas garras ficarem expostas, possivelmente deve ter ouvido alguma coisa.

 

- Riku... – ia chamá-lo, porem esse me fez sinal para que eu ficasse quieto. Ele realmente havia escutado alguma coisa.

 

- Fique quieto aqui e não se mova. – foi tudo que me ordenou fazer até se perder mais a frente.

 

E eu ficar quieto e tranqüilo?

Como?

 

Tudo que se passava pela minha cabeça era “Onde está aquele maldito gato”, “preciso sair daqui logo”, “por que fui atrás daquele coelho”, entre outras coisas. Mas acima de tudo, não quero nem imaginar quem foi o autor dessa destruição.

 

Péssima minha sorte como sempre, percebi um enorme vulto cobrindo o pouco de luminosidade que havia naquele lugar.

 

Gelei instantaneamente pensando no pior. E aquele seria meu fim.

Hesitei antes de conseguir encarar a fera que me atacaria ao perceber qualquer movimento em falso meu.

 

Estar frente a frente com aquele lagarto alado gigante não me ajudou recuperar a calma de nenhuma maneira. A única coisa que eu pensava naquele momento era “Quero sair desse pesadelo, preciso acordar”


Notas Finais


O próximo cap. é pra ser o ultimo, mas como nunca dá certo, digamos que terá no máx mais 2 capitulos para uma explicação melhor e não ficar tão comprido e cansativo
(eu particularmente odeio capitulos muito longos .-.)

Reviews?
Almas vivas para me animar aqui ;-;


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