História Um Dia. - 2

Ana

O avião não caiu. Ótimo sinal. Mala, mala, mala. Cadê minha mala. Meu estômago tava que nem em dia de vestibular, só que pior. Que que eu tava fazendo da minha vida mesmo? Achei a mala e pé na frente de pé me obriguei a caminhar em direção à saída. Eita que tanto de gente. Passei os olhos na multidão uma e duas vezes, pra só ver Vitória na terceira. O cabelo alto feito juba me fez pensar em "gosto muito de te ver, leãozinho" e um sorriso brotar dos meus lábios. Aí ela me olhou nos olhos e mesmo distante eu senti como se o mundo todinho tivesse deixado de existir. Aí ela sorriu. Vitória sorrindo é obra de arte digna de estar nesses museus de gente pomposa. E aí eu corri e cheguei no abraço dela que sempre foi tão casa pra mim, tão casa que me fazia sentir coisa demais que não cabia em mim e transbordava até virar lágrima. E lá estávamos as duas, feito duas bobonas, chorando no meio do aeroporto.

- Vi, eu tô aqui!!! - falei feliz me afastando um pouco pra olhar pra ela que me olhava de volta com aquele sorrisão que me inspirava tanto.

- Tu veio mesmo, Ninha!! Que saudade de tu, passarinha!!! - e me apertou de novo. Vitória era toda abraços. E o abraço dela tinha cheiro de fim de tarde com terra molhada do meu finzinho de mundo. Abraço da Vitória era casa.

Ela me arrastou aeroporto a fora e a cidade me assustou, mas ela tava tão empolgada e falava tanto que nem reparou. Eu só ouvia a voz dela como plano de fundo praquele filme que minha mente fazia daqueles prédios tão altos que me assustavam, bicho do mato.

- NaClara, tu tá me ouvindo, mulher? - Vitória me cutucou e eu só concordei, mesmo não sendo verdade. - Pois quando a gente chegar tu corre que Tiago mandou a gente chegar cedo.