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História Uma suposta facção de balé - Avant, en


Escrita por: ikus

Notas do Autor


OI, MEUS FACCIONÁRIOS!!! QUE SAUDADES DE VOCÊS. Como estão?

Eu tô com uma pequena ressaca pós fim de pré venda de Croack, mas passo bem hsuahsau Obrigada a todo mundo que me apoiou! 🥺

O capítulo de hoje é bem grandinho&boiola&revelador. Espero que aproveitem bastante!

Boa leitura e não se esqueçam de votar!
#EstrelandoOCoadjuvante

Capítulo 12 - Avant, en


Como nem Jimin nem Jungkook foram capazes de esboçar alguma reação, Hoseok apenas deu um sorriso educado antes de se embrenhar pelas prateleiras da loja. Sem saber como agir, Jungkook encarou Jimin, tentando avaliar seu semblante.

E o de fios rosa, por sua vez, apenas foi afundando na cadeira em que sentava. Afundando e afundando, até cair de bunda no chão, escondido atrás do caixa. Uma parte de Jungkook quis rir, porque foi meio fofo, mas a preocupação era maior. Porém, antes de poder pensar em qualquer palavra para consolar Jimin (quem sabe um abraço), Hoseok já estava de volta.

— Não sabia que você trabalhava! — ele falou amigavelmente enquanto apoiava um pacote de biscoitos e uma garrafinha de suco no caixa. Jungkook leu o código de barras do produto obedientemente e pegou o cartão que Hoseok oferecia.

— Trabalho.

— Deve ser puxado… — murmurou, pensativo. Jungkook apenas assentiu, não ficava confortável em reclamar de sua vida para os outros, sem contar que não sabia como Jimin poderia reagir àquela conversa. Não tinha nada contra Hoseok, claro, mas tinha acabado de fazer um amigo e não queria perdê-lo. — Bem, foi um prazer te ver fora da escola, Jungkook.

— Sim, igualmente. — Espantou-se com o fato de que Hoseok sabia seu nome, mesmo que fosse nada mais que o garoto apagado da outra sala. — Obrigado pela compra.

— Boa noite! — desejou antes de se afastar.

Jungkook assistiu a trajetória dele, e o sininho tilintou quando ele atravessou a porta. A crise que parecia iminente com a presença do grande inimigo de Park Jimin não deu nem um mísero traço de existência, e Jungkook, que esperava brigas dignas de novela, obteve o atendimento ao cliente mais rápido de sua vida. No final, só ficava aquela sensação estranha de que Hoseok era um cara legal mesmo.

— Ei, você tá bem? — Abaixou-se para encarar Jimin, ainda encolhido contra a bancada, parecendo uma bolinha de tão compacto. Suas bochechas tinham a mesma cor dos cabelos e parecia nervoso. E estava mesmo, o coração absurdamente acelerado mesmo sem nenhum tipo de esforço físico.

A única resposta dele foi assentir de leve com a cabeça, então Jungkook agachou, tentando espremer-se debaixo do caixa para puxar o seu amigo para um abraço. Jimin suspirou, sentindo-se bobo, apesar de acolhido. Mergulhou naquele calor que se tornou tão familiar em tão pouco tempo.

Percebendo que aquela posição estava muito longe de ser confortável para Jungkook, Jimin finalmente sacudiu a cabeça, recompondo-se. Tentou afastá-lo para ambos poderem se levantar, mas acabou desequilibrando e derrubando-o no chão. Jungkook só aceitou a queda e começou a rir.

— Gracinha, para de rir! — Jimin resmungou enquanto ajoelhava-se para socorrer aquele bobo, que se esparramou ainda mais no piso branco de seu trabalho. Daquele jeito, Jungkook parecia uma criança, de rosto sorridente e de alma leve. — Eu te derrubei, fica bravo!

— Foi de propósito? — Jungkook perguntou enquanto obedecia, achando engraçado o olhar de preocupação em Jimin. Engraçado e um alívio, pois não era mais aquele olhar nervoso.

— Não, mas eu te empurrei — murmurou enquanto se levantava e puxava-o pelas mãos. Jungkook aceitou a ajuda de bom grado, como sempre fazia na presença de Jimin.

— Então não fico bravo… — Finalmente em pé, puxou Jimin para outro abraço. — Você tá bem?

— Não se preocupe demais comigo, estou bem! — Fez um biquinho chateado enquanto tentava mergulhar em uma revolta que não existia. Jungkook apenas riu e deixou um carinho em seu cabelo. Suspirou, refletindo teimosamente se estava arrependido ao ter oferecido abraços infinitos a Jungkook. Mas sabia que não estava, gostava demais deles.

— Fico preocupado, sim… e tá bem mesmo?

— Sim, sim. — Desvencilhou-se e voltou a sentar na cadeira, folheando os cadernos nos quais estudavam, Jungkook fez o mesmo. — Só fui pego de surpresa, por isso reagi assim. Mas não precisa se preocupar, o Hoseok não vai contar sobre nós dois para o resto da escola.

— A gente já é amigo o suficiente pra eu te perguntar o que o Hoseok te fez?

— Não.

— Poxa, quando vou ser?

— Nunca.

— Que injustiça! — Agora foi a vez de Jungkook reclamar, bufando. — O Taehyung sabe! Por que eu não posso?

— Não era para o Taehyung saber, aquele maldito Danny Phantom descobriu sozinho. — Jimin suspirou e apoiou o rosto na mão, parecendo cansado. Não queria confessar a própria idiotice em alto e bom som.

— Droga, vou ter que descobrir sozinho então… mas eu sou muito ruim para essas coisas — choramingou e levou as mãos à cabeça, como se tal ato fosse ajudá-lo a pensar. Jimin queria que ele fosse dedicado daquele jeito em aprender matemática.

— Você pode simplesmente aceitar que eu não gosto dele e ponto final.

— Você não teria algo contra alguém e ponto final! Eu já disse que quero te entender que nem você me entende…

Jimin corou com a vontade tão pura e sensível de Jungkook, mas espantou a vergonha com um revirar impaciente de olhos. Lembrou que tinham pouco tempo até sua hora de ir embora e ameaçou tanto as bolas de Jungkook quanto de que iam atrasar o planejamento de estudos se continuassem de graça.

Jungkook, sem mais o que fazer por ora, aceitou e voltou a estudar com a cabeça de Jimin pesando em seu ombro mais uma vez. Sabia que ainda tinha muito a descobrir, mas seria paciente, que nem Jimin era quando alongavam juntos aos finais de semana, aumentando a intensidade de pouquinho em pouquinho para não machucar. Não queria que sua pressa em saber mais ferisse Jimin e queria que aquele coração tão delicado debaixo de toda a armadura fosse revelado por vontade própria.

Terminou os exercícios de números complexos notando que, de fato, eles não eram tão complexos assim. Jimin era muito mais, só que também era muito mais cativante do que aquele mundo de contas. Sabendo que já era hora dele ir, abraçou o corpo menor e enterrou o rosto nos ombros franzinos, porém fortes.

— Até amanhã, Jungkook… — Jimin sussurrou no ouvido dele ao reparar que a solidão começava a consumir seu amigo. Era difícil despedir-se depois de receber um abraço tão necessitado de presença, mas estaria ali no dia seguinte, e no outro também.

— Até amanhã, Jimin. — Jungkook respirou fundo antes de romper o toque, ciente de que teve demais da companhia dele. Sorriu como uma tentativa acalmá-lo ao cruzar com seu olhar preocupado. Jimin era muito fofo, apesar de fingir que não. — Vou ficar bem.

— Quem disse que estou preocupado com você? — Jimin retrucou com o nariz em pé, mas sorriu aliviado. Levou as unhas longas até os fios negros, acariciando-os para trás da orelha de Jungkook. — Te criei para ser um menino corajoso.

— Não lembro de você ter me criado — respondeu, e Jimin gargalhou, doce. Gostava do respondão que Jungkook havia se tornado. — E eu continuo sendo um menino solitário.

— Uma coisa não exclui a outra… — Abaixou o tom de voz. Ainda acarinhando os cabelos macios. — Enfrentar a solidão é um ato de coragem.

— Mas só você é corajoso entre nós… — Jungkook bufou. A ideia de ficar sozinho ainda aterrorizava-lhe.

— Já fui mais, agora é mais fácil, sendo sincero… eu…

— O quê?

— Não é nada, é algo bobo. Até amanhã, Jungkook… — Jimin corou e levantou-se de sua cadeira, colocando a mochila nas costas apressadamente.

— Jimin, por favor, me ensina… — Seus olhinhos redondos brilhavam tanto que Jimin não aguentou e cedeu. — Eu quero aprender também.

— Não sei se eu posso ensinar… — Mordeu os lábios, pensativo. — Acho que para cada um é diferente. Para mim, sempre foi uma escolha entre apenas duas possibilidades. Entre ser eu ou não estar sozinho. Mas quando eu fingia ser algo que não era, mesmo com a presença de outras pessoas ao meu redor, eu ainda me sentia sozinho, sentia falta de mim. É um vazio diferente… Conhecer esse vazio existencial mesmo com pessoas ao meu redor fez com que eu reconhecesse e valorizasse minha própria presença. Eu gosto da companhia dos outros, mas da minha também… e percebi que minha própria presença me é preciosa.

— Ah… — Jungkook mergulhou em pensamentos. — Parece bom isso… gostar da própria presença.

Jimin sorriu, gentil e triste, e afagou a cabeça de Jungkook mais uma vez. A ação estava cada dia mais automática. Jungkook tinha uma presença tão boa e amável, esperava que ele pudesse apreciá-la um dia também.

— É muito bom, mas não é sempre pacífico. Nem constante. Às vezes eu odeio ser eu e corro para o colo dos meus pais. Nessas horas, é bom saber que alguém me ama mesmo quando eu não compartilho o sentimento. — Deslizou as mãos do cabelo até o queixo alheio, sustentando-o provocadoramente como sempre fazia. Vestiu um sorriso mordaz nos lábios, pois só com ele era capaz de continuar falando. — Pode me chamar nos dias que estiver se odiando, gracinha, faço essa gentileza para você.

— Obrigado… — Jungkook sorriu, compreendendo plenamente o significado das palavras. Seu coração palpitava no peito, animado e acolhido. Amava o jeito marrento de Jimin, pois era dele que recebia as palavras mais doces. Entretanto, sabia que estava prolongando demais o tempo dele ao seu lado. — Até amanhã, vou ser corajoso.

— Bom menino! — Jimin riu e, antes que pudesse conter o movimento, inclinou-se rapidamente para deixar um beijo no topo da cabeça de Jungkook.

Completamente atônito com o próprio comportamento, Jimin virou a cara e saiu de trás do balcão apressado, atravessando a porta da loja sem nem olhar para trás. Jungkook apreciou o som do sininho agitado junto à quentura de suas bochechas, ambas características presentes também em seu peito.

Encarou as próprias mãos, tentando ao menos perceber sua presença ali, como Jimin disse. Tentou apreciar o próprio calor, os pensamentos confusos, mas logo suspirou derrotado e voltou a estudar. Não conseguia. Os corredores vazios começavam a intimidá-lo, causando aquela sensação estranha de filme de terror. Naquele momento, queria muito que a loja estivesse mais movimentada.

A única coisa que o acompanhava era o zumbido das geladeiras no fundo da loja e um carro eventual que passava na rua da frente. Queria movimento, mas sabia que quanto mais o tempo passasse, mais difícil seria tê-lo, pois a cidade adormecia junto à pequena vivacidade que Jungkook retirava do ambiente ao seu redor.

Estudou por mais meia hora antes de se levantar e caminhar entre as prateleiras, ajeitando os produtos já completamente alinhados. O relógio de parede do local era silencioso, então Jungkook nem possuía o tic-tac para averiguar se o tempo continuava passando. Cada vez sentia-se mais afundado naquela escuridão isolada no espaço-tempo de seu peito.

Por que não conseguia aproveitar o momento? Por que o silêncio lhe era tão ensurdecedor? Por que aquela leveza e felicidade que começava a povoar timidamente seus dias e suas horas restringiam-se a quando fazia balé ou estava com Jimin? Queria poder cultivá-las sozinho também, igual seu mais novo amigo fazia.

Tentou lutar e ser corajoso, porém aquele incômodo que borbulhava em seu âmago parecia expandir-se, fechar sua garganta, engolir seu corpo inteiro até que virou de vez um garotinho assustado. E ficou lá, sentado na cadeira atrás do caixa, guiado pelo piloto automático até dar a hora de limpar a loja, trancá-la e ir para casa.

O banho quente não parecia ser capaz de relaxá-lo e enterrou-se nos lençóis aflito se conseguiria pregar o olho. Respirou fundo, procurando algo para segurar-se, porque naquela noite tinha falhado com ele mesmo. Será que as palavras de Jimin no dia seguinte o encorajariam a tentar de novo? Esperava muito que sim, queria tirar forças para tentar novamente. Tinha que ser capaz de conseguir alguma hora.

Lembrou que seu celular estava descarregado e levantou-se para conectá-lo à energia, ou o alarme simplesmente não funcionaria. Percebeu, surpreso, que tinha recebido uma mensagem. Seu coração flutuou, animado e cheio de expectativas em ter algo que o arrancasse daquele estado de espírito estranho que estava.

Park Jimin �� [20:15]

Uma musiquinha para o bebezão dormir bem.

[link]

Boa noite, gracinha.

Jungkook clicou no link tão afoito que se fosse algum tipo de vírus seria uma presa fácil. Mas não era um vírus, mas sim um vídeo de mais de duas horas do YouTube. Reconheceu imediatamente a melodia que compunha a primeira música de Tchaikovsky para o Lago dos Cisnes. Suspirou, derretendo-se de alívio enquanto apoiava o celular na mesa de cabeceira ainda tocando a música, baixinho.

A calma tomou Jungkook tão rapidamente quanto todos os sentimentos negativos que lhe preenchiam antes. As pequenas preciosidades de seu dia serviram de gatilho para que voltasse a si como um passe de mágica. Riu, porque sempre achou a peça agoniante. O sofrimento escorria de todos os instrumentos da orquestra que formava o choro melódico sobre o cisne. Lago dos Cisnes era triste, mas Jungkook sentia-se muito feliz, porque para ele representava Park Jimin e aquele apoio para ser o que era.

Porque era o Lago dos Cisnes que dançava quando foi exposto e ameaçado com uma gravação. Quando foi afrontado pelo sorriso mordaz que agora sabia também ser ponte de sentimentos sinceros, frágeis e envergonhados. O começo de sua aventura de montar um complexo quebra cabeças: não Jimin, e sim seu próprio coração. O quebra cabeças de quem Jungkook era.

E porque agora era com o Lago dos Cisnes que mergulhava em um sono tranquilo, no qual nem sempre amava ser ele, mas tinha algo que amava e, quem sabe, alguém que o amava para lembrar-lhe daquele sentimento.

-��-

Era mais um sábado em que Jungkook mais parecia um membro da família Park do que da Jeon. Ao menos agora, com mais tempo de convivência, não estava tão perdido na rotina. Com os ensinamentos de culinária de Jimin durante a semana, até mesmo ajudava a preparar o almoço, e a cozinha que sempre pareceu apertada com aqueles três mostrou ser capaz de acomodar um quarto, porque a proximidade não era um problema.

Tinha acabado de servir o enorme jarro de limonada que tinha preparado na mesa dos Park quando Jimin apareceu carregando com luvas grossas a lasanha fumegante. Jungkook rapidamente colocou o descanso para panelas no centro do móvel para que Jimin a apoiasse. Assistiu a concentração do amigo ao fazê-lo, parecia uma missão de urgência mundial. Talvez fosse mesmo, a lasanha da família Park era deliciosa.

Assim que as mãos de Jimin se libertaram do vidro quente, Jungkook postou-se atrás dele para ajeitar o laço do vestido rosinha e esvoaçante que usava. O tecido era tão fino que não importando o quão bem amarrado era, o nó acabava desatando e escorregando no próprio aperto.

— Tá te apertando? — perguntou ao fazer o primeiro nó, a cintura de Jimin novamente marcada no vestido.

— Não, tá bom assim… — ele respondeu enquanto ajeitava seus cabelos, nervoso. Estava prestes a corar com todo cuidado e naturalidade vindos de Jungkook, mas concentrou-se em pensar em coisas revoltantes. Tipo ter acabado a época de mexericas e não achar nenhuma boa para comprar. Certamente seus pais fariam piadinhas se o vissem encabulado.

Jungkook concordou e pediu para Jimin apoiar um de seus dedos para segurar o primeiro nó enquanto caprichava no laço, que queria que fosse tão bonito quanto o modelo do vestido. E Jimin novamente teve o âmago tomado por aquele borbulhar estranho e cheio de ternura com a naturalidade que Jungkook tratava as roupas sempre erradas ao olhar dos outros.

— Que laço bonito… — Jina comentou impressionada enquanto trazia a salada. De fato, Jungkook tinha descoberto o inusitado talento de fazer laços bonitos. — Você vai ter que ser o amarrador oficial de vestido do Minnie, eu não sei fazer desse jeito, e o Bongcha é ainda pior do que eu.

— Não entendi por que eu tive que ser incluído na conversa… Estou sendo um cavalheiro representante da paz o dia inteiro! Aí recebo o quê? Ataques! — o homem mais velho reclamou, trazendo os pratos e talheres para que finalmente todos pudessem sentar à mesa.

— É que eu não paro de pensar em você, amor! — Jina justificou vestindo uma expressão de ingenuidade no rosto, tão claramente falsa que gerou uma risada coletiva. Mesmo sabendo que ainda era motivo de piada, Bongcha riu também antes de puxar o rosto da esposa com cuidado para um selinho. Não tinha culpa de ter se casado com a mulher mais adorável do mundo.

E Jungkook, que quase morreu de vergonha quando descobriu que adultos beijavam, nem desviou o olhar daquela vez, acostumado com a espontaneidade do carinho do casal. E parecia certo. Se não sentia vergonha em demonstrar seus sentimentos quando tinha a chance, por que deveria sentir com as demonstrações de afeto alheias?

Como estava mais perto da lasanha, acabou servindo para todos e, quando terminou, seu prato também já estava cheio da salada, e o copo quase transbordando de suco. O almoço tinha virado seu momento favorito do dia.

Jimin era o responsável pelas louças daquela vez, e Jina o ajudava a guardar as que já estavam secas e limpar a mesa. Enquanto isso, Jungkook e Bongcha sentavam no sofá e abriam o catálogo de filmes porque decidiram que aquela seria a noite do cinema. Ainda era de dia, claro… mas tinha que ter um aquecimento também. E tinham que escolher quais filmes veriam, claro, o que por si só era uma tarefa bem trabalhosa já que Jimin e Jina preferiam filmes de ação e Bongcha, comédias românticas. Este queria muito encontrar um aliado do romance em Jungkook, porém o garoto logo confessou que era adepto a filmes de herói.

No final, o primeiro filme escolhido não foi de nenhum dos dois gêneros e sim Billy Elliot, porque assim que viu o título, Bongcha teve certeza que aquele filme combinaria com Jungkook. Mas como seria uma maratonaKill Bill foi escolhido para acalmar a sede de sangue de Jina, Jimin e, aparentemente, Jungkook junto a Doentes de Amor, porque Bongcha se recusava a abrir mão de um romance. A noite seria longa.

Assistiram um episódio aleatório de Simpsons antes de Jimin e Jungkook subirem as escadas para estudar um pouco. Nem precisavam mais carregar a cadeira da sala de jantar para cima, porque Jina tinha cedido a cadeira de seu escritório para Jungkook. O garoto era quase um novo filho seu. Mas era mais forte do que ela, sempre sentia necessidade de paparicar quem sabia fazer bem ao seu amado filho.

— Essa forma de agressão é nova — Jungkook reclamou quando Jimin cuspiu a pasta de dente em cima da mão dele enquanto escovavam os dentes. As bochechas de Jimin queimaram.

— Desculpa! — As palavras saíram engraçadas de sua boca, ainda ocupada com uma grande quantidade de espuma. Jungkook prendeu o riso evitar cuspir também ao que lavava sua mão.

Jungkook foi enxaguar a boca, e Jimin aproveitou para se afastar, amuado e envergonhado de ter cuspido nele. Era o tipo de coisa que não seria muito improvável que fizesse de propósito, mas o deixava realmente incomodado quando era sem querer. Droga, ele mesmo não fazia sentido!

— Você tá meio distraído desde manhã… alguma coisa aconteceu? — Jungkook perguntou com a boca já limpa. Jimin foi enxaguar a sua a fim de ignorar o questionamento.

Logo encaminharam-se até o quarto de Jimin, que sempre fora o palco da vida do garoto de fios cor de rosa, mas fazia parte da coletânea de cenários de Jungkook também. Sentaram-se na frente da escrivaninha. Jimin olhava para qualquer canto que não fosse na direção de Jungkook, que sabia estar encarando-lhe pesadamente.

— Se você não falou nada até agora, é porque alguma coisa aconteceu… — concluiu, cada vez mais acostumado com o jeito do Jimin. — Por que você não pode me contar?

— Poder eu posso, mas… — Jimin suspirou pesadamente, afundando a cabeça entre os braços recostados na mesa. — É patético.

— Só você acha isso — Jungkook retrucou, acariciando as costas alheias. O toque do tecido leve do vestido preenchia-lhe de um conforto inexplicável. Jimin também o sentia, mas por causa de toques diferentes. — Eu quero muito, muito que você me conte! Se você me contar, vou ser o cara mais feliz do mundo! Se você contar, eu pinto as unhas do seu pé duas vezes essa semana!

Jimin ergueu o olhar para Jungkook, com uma expressão séria demais comparadas às palavras, o que deixava a cena mais cômica e até mesmo fofa. Jimin não aguentou e começou a gargalhar.

Jungkook o acompanhou, porque aquela risada era pura e contagiante, não conseguiria ficar de fora. Também era um alívio saber que Jimin não estava preocupado a ponto de enterrar o resto de suas emoções. O puxou para um abraço, seu maior e mais intrínseco direito naquela amizade.

— Confia em mim, por favor… — pediu baixinho, morto de vontade de saber mais do Jimin, assim como gostava de ser povoado de emoções, sentimentos e caracteres feito um livro. Aberto, mas só para Jimin.

— É pouca coisa… — Jimin suspirou entre os braços e o cheirinho suave do amigo, sabendo que não tinha mais como escapar daquele aperto de compreensão. — O Hoseok me convidou para a festa de aniversário dele…

— Ah… — murmurou simplesmente, sem saber o que pensar. Era bom? Ruim? Por que Jimin pensava tanto? — Tenho impressão de que só vou entender se você me explicar por que você odeia o Hoseok.

— Então, isso também é um problema… — Jimin, envergonhado, enterrou seu rosto ainda mais no peito de Jungkook, desejando fervorosamente que as palavras vergonhosas que diria fossem abafadas e escondidas. Mas Jungkook era muito atento, com certeza ouviria. — Eu na verdade gosto dele…

Jimin apertou os olhos com força, temendo receber milhares de questionamentos, de ser assistido com incredulidade por Jungkook como consequência de seus atos irracionais. Morria de medo de ser julgado e provocado, portanto, era uma posição da qual sempre fugiu. Feliz ou infelizmente, Jungkook sempre o fazia ir até lá por livre e espontânea vontade.

Mas Jungkook permaneceu em silêncio, esperando ouvir mais. Isto é, se Jimin fosse falar mais. Queimava de curiosidade, porém entendia que já tinha recebido muito além do que em qualquer outro momento e não queria forçar seu doce amigo a dar uma quantidade maior do que estava pronto.

Tranquilizado por aquele silêncio, Jimin respirou fundo e apertou o corpo de Jungkook com mais força contra o seu, apreciando a segurança que era construída naquele abraço e amizade. Apoiou o rosto de lado contra o peito dele, entendendo que não precisava se esconder porque Jungkook não se divertia com sua exposição, com sua vulnerabilidade. Novamente, ouviu o coração palpitante dele e foi inundado de alegria ao perceber que ele agora demonstrava a personalidade intensa como as batidas, sem precisar mais escondê-la.

E resolveu expor-se… só um pouquinho, como tinha prometido. Só um pouquinho, porque a sinceridade e coragem da própria exposição e confiança inabalável de Jungkook em si preenchiam-lhe de vontade de fazer o mesmo.

— Eu gosto muito do Hoseok… De verdade… Com gostar eu quero dizer… ai… ser apaixonado… Eu menti pra você, desculpa.

— Tudo bem… — Jungkook perdoou baixinho, levando seus dedos aos macios fios cor de rosa. Foi no automático, porque não sentia nenhum tipo de mágoa. Se não havia mágoa, as desculpas eram o resultado natural. Contudo, se perguntassem o que pensava daquela confissão, não saberia dizer. Talvez nem tivesse o que dizer. Os sentimentos eram do Jimin e não dele. E sabia tão pouco.

— Mas é verdade o que eu disse da gente ter sido amigo desde pequenos… Nossas mães realmente trabalhavam juntas e tudo mais…

— Entendo… — Jungkook murmurava apenas para demonstrar que ainda estava lá, ouvindo.

— Mas eu acabei com nossa amizade no final do ensino fundamental… Chamei ele de bobo, feio e chato e saí correndo. Ridículo, não? — Riu triste com a memória. Até hoje tratava o assunto daquele jeito: assustado, infantil e tomado pelo medo.

— Você nunca é ridículo… mas por quê?

— Foi quando eu resolvi voltar a usar as roupas que eu queria… Começou com o uniforme feminino — confessou, e a voz falhou. — A gente fazia parte de um grupinho de cinco amigos… E, no dia seguinte, só sobrou ele. É impressionante o quanto um garoto de saia é assustador, as pessoas me olham como se eu fosse uma assombração.

— Uma assombração muito bonita… — Jungkook devolveu em um sussurro, e Jimin riu, o peso no peito anuviando-se levemente com as palavras carinhosas.

— Sou — disse, tentando recuperar um pouco da confiança que normalmente era tão presente na sua voz, mas às vezes parecia ser exclusiva da sua máscara.

— Lamento que seus outros amigos não tenham sido verdadeiros…

— Não sei se eu posso dizer que eles foram falsos… — Jimin suspirou. — Acho que são apenas covardes e eu não consigo culpá-los por isso, sendo sincero. Eu mesmo vivi por muitos anos sem a coragem de… ser eu. São consequências demais. Como posso pedir que alguém as enfrente por mim?

— Por isso você afastou o Hoseok? — Jungkook finalmente foi atingido por uma onda de compreensão e sentiu-se bobo de não ter percebido toda a trama antes. Jimin sempre fazia de tudo para receber os olhares sozinho, para evitar que os outros fossem engolidos em sua história. Ele mesmo não era diferente. Na escola, fingiam que nem se conheciam.

— Uhum… — concordou e Jungkook sentiu-se pior. Pior, porque queria poder dividir os olhares que Jimin recebia, ser corajoso que nem ele, ser diferente e dar aquele apoio que o amigo nunca teve. Mas não podia. Chegaria aos ouvidos de seus pais rápido demais, e todo aquele sonho que vivia desmoronaria. Começou a temer não ser tão diferente assim dos outros. — Ele é… incrível, mesmo. Nunca aceitaria se eu pedisse que ele fingisse que a gente não era amigo na escola, então eu tive que cortar nossa amizade de verdade.

— Jimin… — Jungkook acomodou ele em seus braços melhor, desesperado em achar alguma forma de consolo por ali.

— Oi?

— Não sei, me perdi — respondeu por fim e Jimin riu curto. — É que eu não sei se admiro ou odeio esse seu jeito… Você é tão forte, mas é injusto… É injusto você apoiar e proteger todo mundo menos você… é como se você não se deixasse ser feliz.

— É que eu tenho meus pais… — suspirou. Não estava tão perdido nem sozinho assim.

— Espero que um dia você me tenha também — confessou Jungkook, e as bochechas de Jimin coraram. A facilidade com a qual Jungkook falava aquelas coisas realmente era… desconcertante.

— Claro que eu te tenho, gracinha, você é minha marionete por causa do vídeo, lembra?

— Desde que no fundo você saiba que estou aqui além do vídeo, por mim tudo bem — Jungkook respondeu, e Jimin suspirou.

— Quer que eu apague agora?

— Qual é o motivo de você não ter apagado ainda? — Jungkook fez mais uma daquelas perguntas que desarmavam Jimin, sempre acostumado a respostas. Mas o bailarino não tinha o que temer, se Jimin quisesse, poderia ter infinitos vídeos seus dançando balé, já que literalmente o acompanhava em todas as aulas.

— O mesmo pelo qual eu gravei… porque achei sua dança muito bonita, achei que deveria ficar registrado.

Jungkook, surpreso, afastou o abraço para buscar algum tom de brincadeira no olhar de Jimin. Contudo, não encontrou. No lugar, havia apenas timidez vulnerável e bochechas quentes, belas e cativantes. Aquele lado de Jimin era tão bonito também… e igualmente forte, apesar do próprio nunca reconhecer já que sua armadura sempre pareceu a mais resistente. Já no ápice de sua vergonha, Jimin continuou:

— Às vezes eu assisto de novo para ver o quanto você evoluiu… Fico com muito orgulho do dançarino que você é, de verdade… — Sua voz tremeu, junto às mãos apoiadas na cintura de Jungkook.

Com o peito palpitando como nunca antes, Jungkook sorriu, fora de si antes de puxar Jimin para um novo abraço. Gostava tanto de cada detalhe, cada pedacinho que Jimin revelava, que parecia surreal… Porque daquele jeito ele parecia exercer um papel principal junto a Jimin naquela grande novela da vida, porque tinha sua existência e paixão reconhecida na mesma medida. Porque todo aquele Jungkook que carregava consigo finalmente parecia real. E valioso.

— Então eu não quero que você apague… — respondeu por fim. Parecia certo Jimin ser guardião do Jungkook frustrado com a própria incapacidade de ir atrás do que lhe brilhava os olhos. Daquele que se debatia constantemente na própria gaiola até Jimin ir lá e abrir, com facilidade, a fechadura dela. Jimin era o perfeito guardião para aquele Jungkook, assim como era o catalisador do atual. — Queria muito que me guardasse com você…

— Você é um bobo… — Jimin resmungou contra o peito de Jungkook, percebendo que aquela situação era cada vez mais frequente. O calor do Jungkook, o das próprias bochechas queimando de vergonha, o acolhedor no coração acelerado. E, obviamente, suas reclamações. Sua rotina estava afogada naquilo.

— Sou — confirmou feliz. E alguns momentos de silêncio daquela forma permitiram que o raciocínio de Jungkook voltasse para as pontas ainda soltas do segredo de Jimin. Afastou-se para poder encarar o rosto do outro, que obviamente virava a cara, desconfortável com aquele tipo de situação. — Por quê?

— O quê?

— Eu tenho que ganhar do Hoseok na competição se você gosta dele?

— Ah… — Jimin levou as mãos aos cabelos, parecendo aflito. Não sabia como explicar aquilo, de verdade. Havia uma certa lógica em ter se afastado de Hoseok e fingir que não gostava dele, é claro, mas para que quisesse vê-lo perder na competição de dança… Duvidava que conseguiria achar um sentido naquilo, quanto mais explicá-lo.

Jungkook, percebendo a batalha que Jimin parecia travar na própria cabeça, apenas virou-se na cadeira em direção à escrivaninha e começou a pegar os livros e cadernos que usariam, já completamente acostumado com seu cronograma de estudos. Tinha muito o que falar e perguntar para o amigo. Por que a festa lhe deixava aflito? O que queria fazer? Como ele poderia ser um amigo tão bom quanto Hoseok foi?

Mesmo assim ficou quieto, porque sabia que os dois tinham um ritmo completamente diferente. Jungkook sempre estava desesperado para mostrar tudo que pudesse para quem se dispusesse a vê-lo, sempre contido porém igualmente prestes a transbordar tudo que era, tão necessitado daquilo que às vezes não entendia Jimin. Mas ele sabia que não poderia entender Jimin utilizando apenas sua perspectiva. Jimin sempre escondeu tanto para proteger-se que arrancar o que estava preso dentro de sua armadura despendia um esforço quase hercúleo.

E o de fios cor de rosa aceitou de bom grado aquele espaço que recebeu, a calma de não ter que estar em uma posição de vulnerabilidade tão extrema quanto antes preenchendo seus movimentos. Buscou o estojo brilhoso e tirou suas canetinhas coloridas de lá. As que tinham tons de azul, porque iam estudar geografia e geografia, em sua cabeça, era azul.

A tarde só não foi completamente preenchida de estudos porque no meio dela desceram para a cozinha para lanchar. Jimin pegou algumas frutas para fazer uma salada acompanhada de aveia e um pouquinho de cacau em pó e Jungkook preparou uma nova jarra de limonada, que foi compartilhada com Bongcha e Jina também.

— Desatou de novo… — Jungkook murmurou ao observar as costas de Jimin que subia as escadas na sua frente. Novamente levou suas mãos ao laço do vestido bonito no automático, fazendo Jimin parar no meio da escada também.

— Não precisa se preocupar tanto com isso, gracinha… Eu estou em casa mesmo, ninguém vai ver. Eu devia ter vestido algo mais prático…

— Tá bonito desse jeito e eu amarro rápido, coloca o dedo aqui… — pediu e logo tratou de fazer outro laço elaborado. — Pronto.

— Obrigado… — Jimin falou baixinho antes de voltar a subir as escadas, com Jungkook logo atrás.

Alongaram-se um pouco — mais Jungkook do que Jimin, porque ele estava de vestido daquela vez e ficou com vergonha da sua cueca aparecer — antes de voltar a estudar até o céu através da janela estar escuro e um cheiro de manteiga derretida esgueirar pela porta aberta. Era noite do cinema.

Finalizaram o último tema com pressa, as bocas aguando com o cheiro tão gostoso. Desceram correndo e deram de cara com uma grande vasilha de pipoca com queijo na bancada da cozinha.

— Finalmente vocês desceram! — Bongcha falou em um falso tom de revolta. — Pensei que eu ia ter que sequestrar vocês dois dos livros!

— Ignorem ele, meninos — Jina retrucou, rindo. — Ele não sabe como é tortuosa a vida de um aluno aplicado!

— Você também não sabe, querida. Colecionou tantas recuperações que dava para fazer um álbum de figurinhas… — reclamou.

— Igual você! — Devolveu e começou a levar a vasilha de pipoca que já tinha sido violada pelos dedos e bocas nervosas de Jimin e Jungkook para a sala, apoiando na mesinha de centro antes de acomodar-se no sofá.

Bongcha tratou de ir atrás e sentar do lado da esposa, a puxando em um abraço que gerou uma pequena discussão divertida sobre não conseguir alcançar a pipoca daquele jeito. Jimin sentou do outro lado da mãe, um pouco afastado para não ser atingido pelas gracinhas dos próprios pais, sobrando um espaço bem… Modesto para Jungkook sentar.

Acomodou-se do lado de Jimin, apertado entre o encosto de braço e o corpo menor. Ao perceber que o amigo corou com o toque tão insistente entre eles — que não era completamente desconhecido por causa dos abraços e das vezes que Jimin cochilava em seu ombro lá na loja —, Jungkook escorregou pelo sofá até sentar no chão, as costas apoiadas no móvel.

Quando o casal Park reclamou daquilo, alegou que sentia-se mais confortável daquele jeito e que, se quisesse, poderia sentar nas poltronas laterais também. Jimin, por sua vez, engoliu o orgulho e vergonha da proximidade para acomodar-se atrás de Jungkook e acariciar os fios longos dele. Eles eram carinhosos para tantas coisas… Poderia ser também.

Com cuidado por estar usando vestido, Jimin também esticou uma das pernas para fora do sofá discretamente, Kill Bill já sendo exibido na TV junto a litros e mais litros de sangue que faziam Bongcha torcer o nariz. Ficou ainda mais sem graça quando Jungkook apoiou a cabeça em sua perna, mas a tinha oferecido exatamente para aquilo… Inclinou-se para pegar mais pipoca e estufar sua bochecha dela. Felizmente, com o escuro, ninguém perceberia o quão tímido estava.

Tirando o nervosismo inicial daquela proximidade, o resto da noite transcorreu bem. Pararam os filmes algumas vezes para fazer mais pipoca — que parecia infinita —, ir ao banheiro e tomar um pouco de água. Jungkook continuou apoiando-se na perna de Jimin e recebendo um cafuné gostoso dos dedos que esperava não estarem cobertos de gordura da pipoca.

Logo depois veio Billy Elliot e, após este, finalmente a comédia romântica que Bongcha tanto esperava. Porém, na metade do filme toda a família Park, acostumada a dormir e acordar cedo, ressonava no sofá. Jungkook riu um pouco daquilo e decidiu pausar o filme.

A falta do som fez com que Bongcha acordasse. Tentou acordar a esposa para eles irem para a cama, mas ela só resmungou qualquer coisa e voltou a dormir. Também fez a tentativa de lembrá-la que os dois já eram velhos e não sobreviveriam a um cochilo torto no sofá que nem antigamente, mas aquilo não foi suficiente para convencer a mente sonolenta.

Reclamando que estava velho demais para aquele tipo de coisa, pegou a esposa no colo sob o olhar atento e silencioso de Jungkook. Ficou gemendo como se fosse um velho o processo inteiro, só parando para desejar a Jungkook uma boa noite.

E sobraram apenas Jimin e Jungkook ali, estando o primeiro completamente desmaiado de sono. Jungkook aproveitou o espaço vago no sofá para sentar-se também enquanto decidia o que deveria fazer, apoiando Jimin em seu peito para que sua posição não estivesse tão torta.

Poderiam dormir no sofá, mas aquilo seria completamente desconfortável. Jimin, sempre preocupado com postura, reclamaria até dizer chega, isso era certeza. Pensou mais, o olhar pousando no rosto adormecido e relaxado do amigo. Parecia tão delicado e tão puro que nunca diria que era capaz de fazer tantas expressões provocativas e debochadas quando acordado. Os olhinhos fechados eram adoráveis e suaves, e a boca farta formava um biquinho quase manhoso.

O peito de Jungkook aqueceu com a visão, porque algo dentro dele dizia que Park Jimin dormindo era o mais próximo que chegaria do Park Jimin inicial, o que não teve que moldar-se de forma a conseguir resistir ao preconceito alheio, o aprisionado. Sem conseguir conter, Jungkook acariciou com a ponta dos dedos as bochechas macias e fartas dele. Começou a sentir até vergonha, por parecer íntimo demais ver Jimin sem proteções daquele jeito.

Decidiu então seguir os passos de Bongcha e pegou ele no colo. O vestido esvoaçante de Jimin só fazia com que ele parecesse mais ainda uma princesa de filme, mas Jungkook refletiu que provavelmente nenhuma delas era pesada que nem ele, os músculos cultivados pelas artes marciais fazendo uma diferença brutal naquele momento.

— Jungkook? — Jimin chamou com uma voz arrastada enquanto era carregado escada acima e tentou abrir os olhos com dificuldade, pesados demais de sono.

— É o meu nome. — Riu fraquinho. Jimin não falou mais nada, o raciocínio lento demais para qualquer coisa. Jungkook chegou ao quarto do outro e o apoiou na cama macia. Felizmente a noite estava quente e não precisava se preocupar de tirar os cobertores debaixo dele.

— Você vai? — a voz rouca de Jimin perguntou, em uma frase confusa e incompleta pelo sono.

— Pra minha casa — Jungkook respondeu ao entender, a voz baixinha e macia para não atrapalhar o sono alheio. — Boa noite, Jimin.

Foi impedido de afastar-se com a mão de Jimin segurando a barra de sua camisa sem força, nem tentou desvencilhar-se, com medo de quebrar as unhas bem cuidadas de algum jeito. Segurou a mão dele com a sua para tentar soltá-la com cuidado, mas Jimin parecia resoluto em mantê-la ali.

— Tá tarde… — murmurou contra o travesseiro, tentando conseguir mais um fio de consciência com todas as forças. Sua lógica estava clara na cabeça: apesar de Busan ser uma cidade pacata, ainda era melhor evitar perambular durante a madrugada, porém não conseguia articular direito.

— Tá bom… Vou descer e dormir no sofá então. — Jungkook cedeu, mas foi puxado para perto com ainda mais insistência. Jimin estava quase conseguindo abrir os olhos.

— Cabe aqui… — suspirou com a voz pastosa e as bochechas de Jungkook coraram no momento que ele interpretou melhor o que aquilo queria dizer.

— Mas você se sentiria confortável em dormir comigo? — perguntou confuso, até para confirmar se tinha entendido certo. Jimin passou o braço no rosto, manhoso e cansado, para em seguida puxar Jungkook novamente até que ele sentasse na beirada da cama antes de rolar por ela, fazendo com que a saia do vestido subisse.

Por mais que Jungkook estivesse mais do que acostumado a ver cuecas, sendo ele um garoto também, inclinou-se para ajeitar a saia do vestido para baixo de novo, arrumando a roupa de Jimin. E, mesmo que aquilo fosse acontecer uma hora ou outra por causa do tecido escorregadio, soltou o aperto que o laço fazia na cintura dele para que pudesse dormir com mais conforto e aliviou o zíper nas costas.

— Eu confio… — Jimin respondeu em um sussurro, mas foi a frase que mais soou com o que seu pensamento queria realmente dizer.

— Tem certeza? — Jungkook ainda estranhava. Não via problema em dormir no sofá, apesar de saber que de fato cabia confortavelmente junto com Jimin na cama.

Jimin, sendo puxado de volta com insistência pelo sono, nem conseguiu falar mais nada, apenas ficou tentando puxar o braço de Jungkook repetidamente, apesar do aperto ser fraco. Parou apenas quando, com um suspiro pesado, o maior realmente deitou-se no colchão, apoiando a cabeça no mesmo travesseiro que o amigo.

Havia uma boa distância entre os dois, mas mesmo assim a proximidade era o suficiente para que a presença e respiração um do outro naquele espaço ficasse clara. Jimin parecia mais tranquilo ao finalmente ver Jungkook deitado, permitindo que o sono tomasse o controle de vez. Porém, ainda queria dizer uma das coisas que passou a noite inteira refletindo. Não sabia explicar direito por que queria a derrota de Hoseok, mas sabia de outra coisa que se tornara realidade nas semanas que passavam. Não sabia se o sono ia permitir que entregasse a mensagem direito, mas mesmo assim tentou, como um último esforço:

— Quero… você ganhe.


Notas Finais


MUITA COISA ACONTECENDO!!! NEM SEI O QUE PERGUNTAR PRA VOCÊS DESSE CAPÍTULO 😭 VAMOS POR PARTES:

Esperavam que a treta Hoseok x Jimin fosse "só" isso? A gente e o Jungkook esperando a treta braba nível novela mexicana e ops...

E o que acharam da boiolagem pós noite de cinema? Hihihi, Jimin é mto gado do Jungkook e nem percebe, como pode hsuahuas

Qual é sua parte favorita do capítulo? A minha é a confissão do Jimin que gosta do Hoseok, porque apesar de ser estranho, fez taaaaaaaaaanto sentido pro bichinho. Sofri junto com ele por ter aberto mão de tudo isso e de forma tão dolorosa.

Espero muito, muito, muito que tenham gostado! Escrevo essa bebê com todo o amorzinho do mundo! Muito obrigada a todo mundo que lê, comenta, favorita, vota, surta comigo e FICA ME ATAZANANDO COM FOTO DOS JIKOOK IDÊNTICOS AOS JIKOOK DE USFDB na #EstrelandoOCoadjuvante.

Beijinhos de luz e até dia 30/07, às 19:00!

Amo vocês!


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