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História Uma suposta facção de balé - Pas de Deux


Escrita por: ikus

Notas do Autor


Oi, oi, faccionáries! Que saudades, meu deus do céu 😭 como vocês estão??

Uai, ikus, as postagens de USFDB não estavam pausadas? Sim, esse é uma postagem especial porque amanhã USFDB faz um aninho 🥺 cresceu tão rápido minha pequena!

Boa leitura e não se esqueçam do votinho e, por favor, comentem! Me deixa muito muito feliz!
#EstrelandoOCoadjuvante

Capítulo 20 - Pas de Deux


O alongamento mostrou-se uma tarefa fácil, quase boba. Isso é, se comparado a deitar para dormir. Quando a luz principal do quarto foi trocada pela do abajur, permitindo a penumbra se esgueirar pelas paredes, a temperatura subiu ainda mais. Jimin abriu as cortinas antes de se acomodar na cama. Que coisa, esse aquecimento global.

Puxou os lençóis para se distrair, talvez ter algo para agarrar, mas a sensação do colchão afundando com o peso de Jungkook, logo atrás dele, era descomunal. Nunca fora tão sensível assim, que coisa chata! Fechou os olhos e segurou ainda mais os lençóis.

Jungkook, por sua vez, encarou a nuca alheia demoradamente, cheio de vontade de fazer algo. Será que era dar um abraço de boa noite? Mas Jimin, encolhido, não parecia interessado em nada disso. Só porque era muito bonita, continuou encarando a nuca adornada pelos fios cor-de-rosa por mais alguns segundos antes de se virar de costas e buscar o interruptor do abajur. Ambos suspiraram quando apenas a parca iluminação dos postes da rua chegava até eles. Era como se a falta de luz deixasse o ar mais quente, um tanto contra-intuitivo.

Fecharam os olhos, mas daquela vez dormir mostrou-se uma missão impossível. Jimin ficou ansioso com a própria estranheza; nunca tinha dificuldade em dormir. Jungkook encarava o contorno da porta, mas bem sentia que queria encarar outro, menos geométrico. Nada geométrico.

Respiravam profundamente, tentando convencer o corpo a dormir, mas a única coisa que receberam de volta foi rebeldia: de repente, sentiram o toque das costas alheias contra a sua, mas não lembravam de ter se movido. O corpo estava tão maluco quanto o clima.

O toque queimava. Não saberiam dizer se só de sua parte, mas do outro também. Apertaram as pálpebras fechadas, temerosos. O coração martelava tanto que temiam ser perceptível para o outro. Mas por que temiam?

A noite parecia ter sido passada em claro de tanto esperarem a vinda do sono. Porém, acordaram no dia seguinte, o que acusava terem dormido em algum momento. Quando? Difícil saber.

Pularam da cama assim que abriram os olhos, até mesmo Jungkook. Jimin lançou-lhe um olhar provocador e estava prestes a oferecer um deboche quando a visão do amigo, de cabelos negros bagunçados, olhos ainda semicerrados de sono e terrivelmente lindo o arrebatou. E o fez corar. E fez seu coração errar uma batida.

Nervoso, Jimin desistiu da zombaria e rumou até seu armário, pois se continuasse estranho daquela forma, poderia ao menos enterrar seu rosto quente dentro de alguma gaveta. Procurou uma roupa para fazer exercícios, pois, por alguma insanidade, prometera ajudar Jungkook com o balé.

Fugiu do uniforme de kung-fu, pouco prático e sem graça. Achou um short-saia esportivo rosa bebê, que combinaria muito bem com aquele seu cropped branco da Barbie. O armário fora mesmo uma boa escolha, gostava tanto de combinar as peças de roupa que se distraía um pouco do aquecimento global e sua misteriosa conexão com os olhos doces e cheios de remela do Jungkook recém-acordado. Este, por sua vez, pegou da mochila a roupa de balé. Cheirou-a.

— Tá fedendo um pouco, eu deveria ter pendurado no varal... — resmungou. Realmente, enfiar roupas suadas em uma mochila e deixá-las pernoitando lá não fora sua ideia digna de Nobel. Jimin riu (meio engasgado) e pegou um cabide de seu armário.

— Vou pegar uma roupa do meu pai para você. — Após um pequeno embate, tomou as roupas da mão de Jungkook e arrumou-as no cabide antes de pendurá-lo perto da janela para tomar um ar. Depois, fizeram mais uma pausa constrangida, porque todos os lugares tocados por mãos alheias durante a briga pela roupa fedida continuavam ardendo.

— Mas aí vou deixar a roupa do seu pai fedendo... — Jungkook torceu o nariz, doido para oferecê-los a chance de uma conversa normal. — Ele é tão legal comigo, merece coisa melhor.

Jimin riu. Um pouco menos engasgado.

— Eu lavo ela e a sua das aulas de balé depois que a gente treinar, pode ser? Crise evitada.

— Não, eu lavo! — A voz esganiçou-se. As bochechas de Jungkook coraram mais ainda. — Me apresenta à sua máquina de lavar que eu faço, não quero ser acomodado.

— Está nervoso, gracinha? — Jimin provocou, aproximando-se e inclinando-se em cima dele. — Desde quando você é tão resistente à minha ajuda? Vai mesmo fingir que não assisto você deixar a roupa fedida nas aulas de balé?

— Eu... — Jungkook engasgou ao observar Jimin tão perto, com aquele rosto tão bonito. Aquela boca tão bonita. Os olhos de Jimin repetiram o trajeto, mas no rosto alheio. As bochechas tornaram-se o epicentro de todo sangue do corpo, e afastaram-se em um pulo, como quem toca algo fervendo. — Só... Hm. Gosto da sua ajuda, mas quero ajudar também.

— Tudo bem, te apresento à máquina de lavar mais tarde. Vou pegar a roupa para você — disse Jimin, quase correndo para fora do quarto.

Passou na frente do quarto dos pais, mas a porta estava fechada, em vez de encostada. Então, desceu até o varal do quintal, torcendo para ter algumas roupas boas e secas. Felizmente, encontrou-as. Subiu e entregou-as ao Jungkook, vestido da sua melhor cara de paisagem.

Quando os dois estavam com as mudas de roupa em mãos, entreolharam-se, meio sem saber o que fazer. Porque já trocaram de roupa na frente um do outro várias vezes, mas daquela vez... algo era diferente. Jimin comentou, engasgado, que precisava ir ao banheiro, e lá foi se trocar. Aproveitou para lavar o rosto quente com água fria, tentando arrefece-lo. Depois, abriu a porta e Jungkook apareceu. Misericórdia. Nenhum deles teve coragem de trocar olhares pelo espelho do banheiro enquanto escovavam os dentes. Jungkook não se entendia, porque adorava olhar Jimin.

Enquanto desciam as escadas, Jungkook, que vinha atrás, recuperou seu ímpeto de observar Jimin; muito mais intenso do que de costume. Se o contorno do corpo de Jimin esboçado pelo pijama era lindo, nem tinha palavras para descrevê-lo agora. Jimin usava croppeds com frequência, mas era a primeira vez que Jungkook o via vestindo algo com cintura baixa acompanhando.

— Você tá muito lindo — falou, só porque as palavras pareciam fugir de sua boca. Engasgou mais uma vez. A pele bronzeada das costas de Jimin contrastando às peças claras prendiam seu olhar. Uma obra de arte.

— Você é um pervertido, gracinha! — Jimin resmungou, nervoso. E ficou mais ainda quando Jungkook não retrucou. Não desafiou sua armadura, como sempre fazia. Logo, sua voz minguou e só foi capaz de pronunciar timidamente: — Eu... eu deveria colocar uma blusa mais longa?

— Claro que não! — Jungkook respondeu de imediato, mas sua voz estava fina. — Você... se sente confortável na sua roupa agora?

— Hm, sim... — Jimin assentiu com a cabeça, virando-se para encarar Jungkook alguns degraus acima. Ambos estavam tão corados. Sentia-se confortável, mas sentia-se diferente também.

— Então não precisa de outra blusa — concluiu. Seus olhares cruzaram apenas para se desviarem de novo.

— Hm, e você acha minha roupa bonita? — perguntou Jimin, em um surto de coragem. Mas sua voz saíra tão baixa que desejou, no fundo, que Jungkook não tivesse ouvido.

— Eu te acho todo lindo — respondeu, mas engoliu em seco de imediato. Não tinha mentido, então não entendia o próprio nervosismo. Sempre se considerou ruim em contar mentiras, mas verdades nunca foram um desafio. Achava Jimin lindo. Dos pés à cabeça, de dentro para fora. Achava suas roupas lindas porque gritavam Jimin em cada detalhe. — Suas roupas também.

— Hm, entendi... — Sua voz sempre vacilava. Nervoso, Jimin terminou de descer as escadas e caminhou até o meio do quintal, com Jungkook ao seu encalço. Era melhor treinarem logo antes que... algo... desandasse? Ou alguma coisa do gênero, apesar de não saber tão bem o que temia.

Pararam no centro do quintal, descalços e sentindo a grama pinicar seus pés. Entreolharam-se. Era tão estranho. Tudo que sempre pareceu natural estava estranho, e não sabiam como transitar de um estado a outro. Não sabiam como voltar e gostavam de pensar que não sabiam como avançar. Mas sabiam, sim, só temiam a passada à frente; talvez pisasse em falso.

— O que eu faço? — Jimin perguntou, ainda mais nervoso; talvez arrependido de ter proposto a ajuda.

— Vamos tentar começar pelo mais fácil, olha. — Jungkook pegou o celular para colocar um vídeo, a fim de exemplificar melhor. Jimin gelou ao observar na tela as mãos do bailarino na cintura da bailarina. — Você salta, e eu tenho que fazer força para deixar o salto bem alto. E te amortecer na queda. Tem que parecer super leve. Esse é o problema do balé.

— Esse é o salto mais fácil?

Jungkook assentiu. Para provar, mostrou as outras variações: a bailarina correndo e sendo acomodada no ombro do parceiro; o bailarino sustentando-a por longos segundos acima da cabeça; e a temível pescada, em que ela foi lançada para cima e sua trajetória só interrompeu-se com o rosto a poucos palmos do chão. Mesmo assim, sua postura era perfeita, as pernas no ar em um lindo arabesque.

— Nossa! Mas o moço só segura ela com um braço... que perigo! — Jimin engasgou. — Sério que a professora quer que você faça isso?

— Né? Pelo menos o que a professora tá pedindo é um um pouco mais fácil, com as duas mãos... Mas acho que nesse vídeo que tô mostrando não tem esse. Enfim, acho que o mais básico de todos já tá desafiador o suficiente pra hoje. Eu não tenho força nos braços.

— Será que não sou pesado demais? — Mordeu os lábios. Agora que vira de fato a bailarina voar, estava certo de não ser capaz de fazê-lo.

— Você mesmo disse ontem que é até bom você ser mais pesado do que a Momo, que aí eu fico mais preparado. E eu concordo demais, quero ser capaz de fazer um Pas de Deux com qualquer pessoa, de qualquer peso!

— Hm... tá bom... — Jimin continuou trocando seu peso entre as pernas. O tom animado de Jungkook daquela vez não penetrara suas inseguranças.

— Ah, calma, você quer desistir? — Jungkook cuspiu, nervoso, temendo estar atrasado demais em fazer a sugestão. Talvez a pergunta do Jimin fosse uma forma dele dizer que não queria treinar. — Você pode desistir, tá? Eu peço pra treinar mais com a Momo depois da aula e...

— Não, não quero. — Jimin afastou o olhar e cruzou os braços, o rosto em chamas. — Só fiquei meio inseguro de te atrapalhar mais do que ajudar. Mas vamos tentar primeiro.

— Tá bom... — Jungkook concordou, engolindo em seco. Nem fizera esforço ainda e já suava. — Vem cá na minha frente então.

Jimin obedeceu. Seu coração martelava desesperado no peito. Piorou ainda mais ao parar na frente de Jungkook. Conseguia sentir o hálito dele em seus cabelos e, logo, o toque das mãos grandes em sua cintura desnuda. Ele segurava com firmeza. Arrepiava a pele.

— A sincronia também é importante, tá...? — Jungkook sussurrou. Jimin, apesar de agnóstico, quis afirmar a existência de um deus apenas para poder rezar a ele, de tão tenso. — Então, vou contar: um, dois e três. Aí você pula no três, pode ser? O salto é pra cima, então pode mergulhar bastante nos joelhos pra tomar impulso.

— O que eu faço com as pernas quando saltar? A moça do vídeo dobrou de um jeito bonito...

— Pode fazer o que quiser. É mais pra treinar a minha técnica do que a sua. — Jungkook observou a cabeleira rosa em sua frente assentir, meio à contragosto. — Podemos?

— Uhum.

— Um, dois e três!

Jimin saltou, meio curto. Jungkook mal sentiu ter ajudado em algo. O chão voltou rápido aos pés de Jimin. Ambos riram do fracasso, um pouco mais relaxados.

— É normal — Jungkook afirmou. — Tanto pra você pular deixando parte do peso comigo quanto pra eu conseguir absorver precisa de um costume e confiança. Vamos tentando mais vezes, te juro que dá pra sentir quando dá quase certo. Aí a gente tenta repetir o quase certo.

— Tudo bem.

Saltaram mais uma, duas, cinco e logo dez vezes. Apesar de longe de ser sedentário, Jimin sentia as pernas arderem, pois nunca saltara com tanta força e com tanta frequência. Como a moça do vídeo parecia tão leve? Sentia-se grudado ao chão; a gravidade era mesmo impiedosa.

— Vamos descansar... — Jungkook sugeriu, sua respiração era tão entrecortada quanto a de Jimin e a franja já grudava na testa com o suor. — Você já pulou um monte e a pegada da minha mão deve estar doendo em você, né? Desculpa, tenho que segurar com força.

— Só mais uma! — Jimin pediu, frustrado. — Sinto que agora vai dar certo.

Jungkook assentiu. Ajeitaram-se na posição e deram uma pausa para respirar fundo antes de Jungkook contar:

— Um, dois e três!

Força, ar e deslumbramento.

Jimin sentiu-se um pouco mais leve, apesar de não ter subido tão mais alto. Os braços de Jungkook ardiam.

— É isso, eu senti! — No chão, Jimin desvencilhou-se das mãos de Jungkook para abraçá-lo de frente, vitorioso. — Eu senti que dessa vez a gente estava no caminho certo!

— Sim, também senti! Senti a dor no braço. — Jungkook riu, apertando-o ainda mais firme, colando as peles em brasa, dessa vez pelo esforço físico. — Sério, vamos descansar. Preciso de uma pausa antes de dar certo. Quanto mais certo der, mais esforço pra mim, então né...?

— Ah, sim... — O rosto de Jimin queimou ao notar que tinha sido engolido pela empolgação do passo. Reparou melhor na situação: enfiara-se entre os braços de Jungkook, unindo os corpos e enlaçando o pescoço alheio. Nada muito longe dos toques com os quais já estavam acostumados, mas... Afastou-se, completamente sem graça. — Vou fazer uma limonada para bebermos.

E, antes que Jungkook sequer pudesse oferecer ajuda, Jimin saiu correndo para dentro de casa. O bailarino não o seguiu de imediato. Aproveitou para tomar um ar primeiro. Também estava todo nervoso. E quente. Seria a adrenalina do medo de se machucar com os passos de balé assomado ao exercício físico e àquele clima estranho? Não sabia, só estava perdido naquele tanto de sensações.

Quando adentrou a cozinha, foi até Jimin, que espremia limões na bancada. Como de costume, abraçou-o por trás, mas daquela vez ambos tensionaram por completo ao sentir o toque outrora tão familiar. Jungkook afastou-se de imediato, com o rosto fervendo.

Jimin terminou de encher a jarra, e ambos sentaram-se à mesa. Bebericavam o suco, calados. Não ousavam encarar um ao outro. Enquanto isso, Bongcha e Jina desceram as escadas com cara de sono. Jimin sabia que seus pais não costumavam dormir nem acordar tarde, ainda mais sua mãe, o que indicava que eles... não usaram a noite exatamente para dormir. Sua cabeça embaralhou-se ainda mais. Estava tão confuso.

— Bom dia, meninos! — Jina aproximou-se para deixar um beijo no topo da cabeça de Jimin e depois na de Jungkook. E, ao passo que o melhor amigo do seu filho ofereceu aquele sorriso fofo dele de volta, o dito cujo parecia prestes a explodir de tão vermelho e mal conseguiu oferecer a limonada. Jina amava ser tão esperta. — Eu e o seu pai vamos sair pra ir pro museu daqui a pouco, abriu uma nova exposição que eu queria ver e...

— Nós vamos?! — Bongcha arregalou os olhos, confuso. Sua esposa quase caiu na risada, pois imaginava o cérebro dele soltando fumaça tentando lembrar quando combinaram o tal museu, mas manteve-se firme. Quase brava.

— Não acredito que você esqueceu, amor! — falou em tom de sermão e foi até ele. Puxou seu quadril para tentar convencê-lo a subir de volta. — Foi aquele dia, antes de dormir, lembra? Que falei que eu queria fingir que era cult pra ter assunto com o pessoal do trabalho. Você que sugeriu!

— Me desculpa, amor, não lembro. Mas vamos, sim! Gosto de museus — ele concordou, ainda confuso, e a puxou para um selinho, tentando compensar a falta de lembranças. — Só vou preparar um café pra gente e pros meninos...

— Não! — É, agora Jina já não se achava tão esperta. — Essa exposição tá tão popular que você precisa chegar antes e pegar os ingressos! A gente tem que sair rápido, dormimos demais! A gente toma café lá. Tenho certeza que os meninos conseguem fazer um café da manhã.

Bongcha abriu a boca para retrucar algo, mas foi interrompido pelo olhar insistente da esposa. Entendia o que estava acontecendo? De forma alguma. Até porque longos anos de casamento não desenvolviam telepatia, infelizmente. Apenas estava ciente de que Jina não agia assim, então aceitou. Estranho. Ela não estava de TPM, havia dormido bem e sem nenhum tesão reprimido, os três catalisadores de comportamentos estranhos. Encontrava-se até mesmo curioso para entender a variável nova da equação.

— Tudo bem, amor. Vou ficar devendo essa pra vocês, meninos, pelo bem do meu casamento — brincou e beijou o pescoço de Jina antes de caminhar de volta às escadas. Jungkook entretia-se com a cena; Jimin, desesperava-se. — Vou me arrumar.

— A gente poderia aproveitar e ir para o teatro depois, que tal? — Jina foi atrás dele, mas falava alto para se fazer ouvir por todos. — Talvez tirar hoje como nosso dia de casal...

— Nosso dia de casal não foi ontem? Não que não possa ser hoje também.

— Hoje é nosso dia de casal cult!

As vozes morreram quando a porta do quarto deles bateu. E sobrou, mais uma vez, aquele silêncio estranho entre Jimin e Jungkook. Jimin, é claro, tinha hipóteses muito bem embasadas para justificar o comportamento estranho dos pais, mas não queria encarar de frente nenhuma. Sério! Toda vez que as encarava, mesmo usando o cantinho de olho de sua mente, seu corpo parecia prestes a pifar.

— Eu adoro seus pais — Jungkook comentou. — Até quando eles são estranhos, são muito engraçados.

— Também. — Jimin engasgou-se com as próprias palavras.

— Hm? Também o quê?

— Hm... Tudo. Também concordo que são engraçados. Também adoro meus pais. Eles também adoram você.

— Sério mesmo? — Jungkook arregalou os olhos, mas depois ficou com uma cara pensativa. — Ah, acho que na verdade eu sei disso. Eles me tratam tão bem que sinto mesmo que eles me adoram. E eu adoro isso.

Jimin, finalmente, reuniu coragem para observar Jungkook de volta. Ficou sem ar com o sorriso dele. Terno, carinhoso. Feliz em cada detalhe. Permitiu-se sorrir junto, pois sempre fora da opinião de que Jungkook merecia todo o carinho do mundo. Ele merecia ser adorado e saber que o era. Droga, como o amava.

A conversa tímida, talvez até mesmo uma quase-conversa, foi interrompida quando Bongcha e Jina desceram, dessa vez com roupas de sair, rosto lavado e cabelos penteados. A expressão de Bongcha tinha passado de confusa para terrivelmente suspeita, e as hipóteses de Jimin clamavam por atenção ao ver o sorriso... diferente do pai.

— Bem, estamos indo, né, amor? — Jina perguntou retoricamente. O marido balançou a cabeça em concordância como se fosse um bonequinho cabeçudo que adornavam painéis de carro em filmes de Hollywood. — Não nos esperem, vamos voltar só de noite, preciso demais de um intensivão de ser cult. Vocês cuidam da casa pela gente?

— Claro! — Jungkook sorriu, desavisado. Jimin, cada vez mais certo do que acontecia, enterrou o rosto nas mãos, preocupado. Nervoso. Com o coração galopante no peito. Ele e Jungkook... cuidariam da casaSozinhos.

O som da porta da frente batendo, anunciando que apenas os dois sobraram, flutuava pelo ar, prolongando-se por vontade própria. Ei, estou aqui. Planando, sem querer interromper seu trajeto até os ouvidos e cessar de vez.

Mas quando o silêncio tomou seu lugar, foi pior ainda. Jimin levantou-se, agitado.

— Quer que eu faça o café?

— Melhor a gente terminar de treinar primeiro, ou a gente vai botar tudo pra fora.

— É verdade...

Em um combinado que dispensou palavras, ambos apoiaram os copos vazios de limonada na pia e voltaram ao quintal. Por que a presença de Jungkook seguindo seus passos era tão gritante para Jimin? Sempre esteve ali. Sempre próximo.

Porque as mãos em sua cintura faziam sua pele queimar tanto? Ele, Jungkook e todos os humanos possuíam uma temperatura corporal similar então... O pior era não querer admitir a resposta. Flertar com tal resposta fez suas mãos tremerem, sua mente nublar. A voz doce de Jungkook fazendo a contagem parecia longe, como submersa em água. Seu corpo parecia igualmente inerte. Tudo parecia tão pesado. Sentia-se à deriva.

Mas, no automático, pulou, buscando repetir os movimentos da última vez, em que oferecia parte de seu peso ao Jungkook. Dessa vez, foi mais alto. Sim, alto a ponto de fazer seu coração falhar um compasso do ritmo acelerado do qual não conseguia fugir. Era aquela a sensação de estar nas nuvens?

A volta ao chão, porém, parecia estranha, apesar de Jimin não ser capaz de identificar o problema, muito menos mitigá-lo. Os braços de Jungkook cederam, assim como seu equilíbrio. Quando viu, o bailarino cambaleou alguns passos para trás. Quando perceberam, estavam caídos na grama.

Jimin tomou um susto. Sabia cair, mas não tinha colocado na conta de que Jungkook o segurava e, desse jeito, não tinha mais onde aterrissar além de em cima dele. Com um revirar gélido no estômago, rolou para o lado com rapidez, soltando de sua cintura as mãos firmes. Apoiou os cotovelos na grama para erguer a parte de cima de seu corpo.

— Jungkook, você se machucou? — O medo fundia-se ao nervosismo. Jimin era puro pânico. Investigou, com desespero, a expressão levemente contorcida do amigo. Era pesado demais! E se tivesse quebrado algum osso dele? Suas mãos, nervosas, queriam tateá-lo todo, em busca de algo estranho.

— Não, só doeu. — Jungkook trocou a expressão de incômodo por uma risada, pois Jimin preocupado era fofo também. Abriu os olhos e tombou a cabeça repousada no solo para o lado, a fim de observá-lo suspirar de alívio e enfim permitir que os dedos buscassem seus fios negros. Jungkook adorava a sensação das unhas longas afundando em seu cabelo. — E você? Te machuquei?

— Não, estou bem — respondeu. E sentiu as mãos de Jungkook repousarem em seu corpo, verificando se estava bem mesmo. — Foi legal. Eu gostei da sensação antes de cairmos.

Bem como da sensação depois de cair.

— Também gostei. — Jungkook ofereceu um sorriso pequeno e sincero, emoldurado pelas bochechas coradas de esforço e de... Bem. Não sabia se conseguiria continuar se desviando da gênese do vermelho de seu rosto, do bombear de seu coração.

Em um combinado silencioso, continuaram deitados na grama, sem intenções de levantar.

Porque gostavam. Jimin de acariciar os fios negros; Jungkook de ser acarinhado. Jungkook de sentir a presença de Jimin; Jimin de receber o calor dele pelos toques. Gostavam de como o peito se agitava quando se viam refletidos nos olhos um do outro. De como os rostos pareciam tão perto e de como as mãos se acomodavam tão bem no contorno alheio.

Gostavam muito de como as respirações se misturavam. E até mesmo daquele clima maluco que esquentava de repente.

Gostavam-se.


Notas Finais


Só lembrando que EU AVISEI QUE VCS IAM TERMINAR O CAP QUERENDO ME BATER, E VOCÊS PEDIRAM O CAPÍTULO MESMO ASSIM! Favor, baixar as facas!

E aí, o que acharam do capítulo? Eu passo mal com a tensão deles, de verdade 😭 namoram tanto tanto!!!

Como sempre, muito, muito, muito obrigada mesmo a todo mundo que lê, comenta, vota e surta comigo lá na #EstrelandoOCoadjuvante! Passar esse tempinho sem postagens recorrentes só me fez relembrar mais ainda quanto eu amo meu docinho e quanto amo compartilhar com vocês 😭 então mto obrigada mesmo! Saudades!

Ah, minhas revisões têm ido bem, mas resolvi realmente só postar USFDB quando terminar Empresário mesmo, porque está beeeeem puxada a minha rotina, e ter esse tempinho para cuidar de cada uma com calma tá me ajudando! Mas isso também quer dizer que temos data marcada para a volta! (Isso é, se não postar algum capítulo antes de comemoração a algo, claro! Pra saber se vai rolar, só seguir me seguir nas redes sociais (callmeikus em quase todas))

Beijinhos de luz e 03/06 às 19:00! Amo vocês!


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