História Unbelievable - Oh Rafael... Por que tão tentador?

Era só essa que me faltava, passar a madrugada presa em um elevador, com Rafael ainda por cima. Apertei o botão de emergência e nenhuma reação externa após 10 minutos. 

Então sentei por lá mesmo e fiquei mexendo no celular. Ele se sentou do meu lado, todo curioso, querendo saber o que eu estava fazendo. Na verdade eu apenas tentava evitar contato visual, mas ele não poderia saber disso nunca. Então coloquei em um jogo qualquer.

- Estou jogando, Rafa.

- Deixe-me jogar?

- Pode sim, só se me emprestar o seu.

- Fechou.

Então peguei o celular dele e fui fuçar nas fotos, sei que é errado, invasão de privacidade, mas quê que tem? Eu não tinha nada a esconder dele, então ele também não tinha que ter nada a esconder de mim, éramos tipo BFF's, mas com uma pequena pitada de atração um pelo outro, isso era fato.

Cada foto mais ridícula que a outra com aquela namoradinha dele, e cada foto mais maneira dele com os nossos amigos, e com os amigos dele também. Encontrei duas ou três fotos minhas durante o treino (what? Talvez tiradas sem querer - ou não), e algumas fotos antigas dele. Fotos dele criança, fotos dele na seleção sub 17, e fotos dele no Fluminense. Uma foto em especial me chamou a atenção, quer dizer, não só uma foto, mas algumas fotos. Como ele mudou, ele era tão franzino, tão magrinho... 5 anos fazem um bem
para uma pessoa. Peguei a foto e mostrei pra ele.

- Como você era magrinho, franguinho - disse rindo.

Ele riu, e depois disse.

- Ah é franguinho? - levantou a blusa, segurou a minha mão e a levou até o abdômen dele. 

Não sei o que deu nele para fazer isso, mas que ele fez, ele fez. E aquilo foi demais pra mim, me levou aos delírios e eu tentei disfarçar, mas era inevitável. Estávamos muito perto um do outro, e a minha vontade era de beijá-lo, e a dele também. Quando me dei conta estávamos quase nos beijando.

Quase.

Finalmente chegaram os funcionários da manutenção do elevador. E eu sinceramente não sabia se eu ficava feliz ou triste.

Nós o agradecemos e fomos para o carro, como se aquele clima não houvesse rolado.

O levei até sua casa, ele agradeceu e eu fui em direção ao meu ap, muito pensativa. Eu agi errado, quase traí Fernando por causa de uma maldita tentação, e se não fosse os funcionários da manutenção eu teria traído.

Não consegui pegar no sono. Era impossível dormir com aqueles pensamentos, e com uma certa consciência pesada. 

Fiquei ouvindo músicas e quando me dei conta já era de manhã. E minha folga. 

Fernando havia dito que viria me visitar, fiquei esperando o dia inteiro e nada dele vir. E quando liguei para ele de noite, disse que teve que ir a Madrid por conta da mãe dele. Podia ter avisado antes, não é mesmo?

Podia, mas não avisou. Aproveitei o resto do meu domingo jogando um pouco de Fifa, e analisando algumas táticas dos próximos adversários. Tomei um remédio para dormir, porque eu estava um pouco conturbada, e me sentindo sozinha.

Na segunda eu acordei melhor, pelo menos acordei animada. Arrumei minhas coisas e fui para o treino. Cheguei um pouco atrasada, mas estava feliz.

Eu e Brendan começamos o treino e no meio tempo que fui tomar um pouco de água, percebi Rafael mancando um pouco e alguns reds ao redor dele. Me assustei.

- Quê que tá acontecendo Rafael?

- Meu tornozelo, Mary.

- Vamos pra sala de exames agora!

Nunca tinha presenciado uma lesão daquelas no tempo que eu estava no Liverpool, parecia ser grave, Rafa estava com muita dor. 

Entramos na sala de exames, e eu me sentei do lado dele, ele estava com medo de ficar muito tempo fora dos gramados, e não era só ele, era eu, Brendan, os companheiros de time e claro, a torcida se soubesse. 

- Mary, e se for grave?

- Calma Rafael - e coloquei a mão na coxa dele, foi algo completamente involuntário - não vai ser nada grave.

Nossos olhos se encontraram por mais de segundos, e outro clima estava no ar. Assim não dava! E desse jeito eu não resistiria por muito tempo, ainda mais do jeito que Fernando estava sendo largado comigo...