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História Unexpected - Capítulo 23


Escrita por: Camolesi

Notas do Autor


Oi bbs,
Vocês são muito lindxs sabiam disso? To cada vez mais radiante com a resposta de vocês (mesmo ainda ter recebido algumas ameaças também no capítulo anterior). Vocês amam o drama e eu também, mas a verdade do que houve chegou.
Uma dica: se vocês lerem o capítulo anterior de novo e depois lerem este talvez entendam melhor.

PS: Estou chocadíssima de ter conseguido postar três dias seguidos, isso é o que seus comentários fazem comigo kkkkk.

Capítulo 23 - Capítulo 23


Fanfic / Fanfiction Unexpected - Capítulo 23

“E Julieta?” – O bolinho em seus braços se mexeu como quem identifica aquele nome e também gostaria de noticias.

“Doutor Rômulo esta terminando de fechar os pontos sobre o corte. A cirurgia ocorreu muito bem.” – E com essas palavras, boa parte da tensão que tomava conta de seu corpo foi embora. Aurélio solta um suspiro de alivio juntamente com todos os presentes, seus olhos azuis pousam-se sobre o rostinho de sua filha que inocentemente dormia, as lágrimas que ainda caiam de seus olhos agora eram um misto de alivio e dor, afinal, Julieta ainda não estava fora de perigo.

“Qual o próximo passo, doutor?” – O filho do Barão se pegou perguntando com os olhos ainda hipnotizados pela filha.

“Precisaremos que as damas deem um banho na paciente e...” – Aurélio não deixou que ele continuasse.

“Eu faço isso”

“Mas papai...” – Ema repreende, mas também é cortada pelo homem.

“Conheço minha Julieta, ela não gostaria que ninguém a vissem assim, frágil. E muito menos que tocassem em seu corpo. Eu faço isso.” – Ele diz determinado e irredutível.

“Eu concordo. Minha mãe não queria que nem mesmo eu a visse durante o parto” – A tensão só é quebrada quando o filho da Rainha se pronuncia, e Aurélio é grato por sua fala.

“Tudo bem, é importante que mantenham a temperatura dela estável. Estaremos revezando durante as próximas vinte e quatro horas, eu e Doutor Rômulo, para acompanhar seu estado. Estaremos limpando seu corte e prevenindo uma infecção. O que nos importa agora é que Dona Julieta consiga acordar, quando e se isso acontecer, o perigo já terá passado.”

As instruções são ouvidas com esmero, cada um balançava a cabeça já rezando para que os olhos chocolate se abrissem mais uma vez. O doutor volta para dentro do cômodo e o silencio era menos pesado que o anterior, finalmente eles viam a esperança de que tudo acabasse bem no fim das contas.

“Meu sogro, o que podemos fazer para ajudar?” – Ernesto pergunta baixinho, com medo de perturbar o momento, mas já não aguentava mais permanecer quieto, esperando. Ele alisa as costas de sua esposa e observa o sogro respirar fundo algumas vezes antes de sua voz levemente rouca de choro diga suavemente.

“Poderiam trazer o berço de minha filha até aqui.” – O mais velho acaricia o queixinho da bebê com o dedo indicador enquanto ele pensa no que precisava fazer.

“Papai, não acha que é melhor que a bebê fique...” – E mais uma vez Aurélio se mantem irredutível.

“Não quero separar mãe e filha. Talvez sua irmã não consiga nem mesmo... conhece-la.” – A garganta se fecha mais rápido do que ele prevê e a preocupação ainda é muito presente, a aflição de que aquele ser indefeso não conhecesse o amor de sua vida tirava seu folego.

“Tudo bem.” – Ema preferiu não mais duvidar dos métodos de seu pai e nem de suas decisões. A filha mais velha se aproxima do e passa seu braço direito sobre os ombros largos dele o abraçando de lado, a ponta dos dedos do braço livre tocam o bracinho do bolinho tranquilo que ela já podia chamar de irmã. A emoção toma conta dela tão rapidamente que já se vê com os olhos cheios de lágrimas e a voz embargada – “Ela é tão linda” - Os dois sorriem largamente ainda com os olhos atentos à bebê.

“A bebezinha mais linda do vale” – Aurélio declama.

“E tem com certeza o pai mais babão de todos” – Camilo provoca se aproximando batendo fraquinho nas costas do futuro padrasto, o irmão mais novo acaricia os poucos fios de cabelos escuros da irmãzinha, também levemente emocionado. Sua fala provoca um riso emocional de todos, a pressão dos acontecimentos desaparecendo pouco a pouco dos ombros pesados.

O momento foi cortado quando as grossas portas de madeira foram abertas pelos médicos que já carregavam suas maletas para se despedirem. Rômulo pediu que Aurélio tivesse cuidado em não mexer no local onde Julieta recebia soro e informou que voltaria dali uma hora para avaliar seu estado.

Aurélio de relance teve a imagem do corpo de sua noiva sobre a cama e fechou os olhos tomando a coragem de adentrar o quarto que já havia se tornando alvo de tanta preocupação e dor em um espaço muito curto de tempo. Ele pousa um leve beijo na testa da filha pequena e toma o primeiro passo, agarrando-se a aquele bolinho como se sua vida dependesse disso, o que de certo modo dependia mesmo, afinal, aquele serzinho que havia acabado de nascer, lhe dava a força que necessitava para seguir em frente.

Ele teve a impressão de ouvir Darcy e Ernesto confirmarem que trariam o berço para o quarto como lhes foi pedido. Jane saiu para amamentar Charles e Camilo foi pedir aos empregados que fizessem o jantar. Ema desceu com Elisa para trazerem até Aurélio tudo que ele precisaria para banhar Julieta.

A movimentação foi abafada pela porta que foi fechada assim que ele havia adentrado por inteiro no local, o único som que ouvia era a respiração leve da filha nos seus braços. Ele percebeu que a poltrona vermelha havia sido movida para perto da cama e foi ali que sentou-se, bem perto de Julieta.

“Oi meu amor” – Ele sente as lágrimas quererem inundar seus olhos pela milésima vez naquele dia. Ele observa cada traço do rosto da noiva e Julieta parece dormir pacificamente, os cabelos macios se espalhavam pelo travesseiro, os lábios estavam levemente roxos, o peito subia e descia num ritmo constante. Os olhos dele se atrevem a se atentar ao vestido dela, um vestido de cor azul que agora tinha manchas vermelhas principalmente a partir do quadril.

Na base da barriga, Aurélio podia ver que onde estava o inchaço que abrigava a filha do casal, havia um inchaço mais baixo e o vestido havia sido cortado as pressas. O tecido estava colado ao corpo pela mancha de sangue fresco e ele não teve forças para tentar olhar seu corte, ainda.

O filho do Barão ajeita sua filha a apoiando nas coxas, a segurando com um braço enquanto os dedos da outra mão tocam os dedos brancos de Julieta. Ele sente sua pele quente e as lágrimas descem da emoção que é incapaz de conter, a pele dela estava quente, quente como seu sorriso, quente como seu humor, quente como a vida que ela o proporciona. Ele agarra seus dedos e os entrelaça com os seus e fica assim por longos minutos, os olhos hipnotizados pela beleza da noiva que mesmo tão debilitada era a mulher mais linda do mundo.

“Oi meu outro amor” – Ele diz emocionado quando seus olhos azuis encontram-se com outros olhos azuis que o analisam. Ele sorri largamente ao constar que o maior desejo de Julieta havia se concretizado, a filha deles tinha seus olhos, tão azuis quanto os dele talvez até mais, ele não saberia dizer. A menina o observava com curiosidade e silenciosamente. O filho do Barão aproxima mais a cadeira da cama e aproxima o próprio corpo de Julieta, ambas as mãos ocupam-se em segurar o bebê firme ao aproxima-la da mãe.

“É a mamãe, minha filha.” – o bebê demora alguns instantes para deixar os olhos azuis do rosto dele para observar o da mãe, que estava muito perto. Aquela menina parecia entender o que se passava, ela estica ambos os bracinhos como quem quer trocar de colo e a dor de não poder dar o calor de Julieta para sua filha é o próximo sentimento que o abate.

O bolinho se mexe mais em suas mãos até que ele a aproxima mais e a garotinha consegue tocar os dedinhos gordinhos e delicados na bochecha da mãe. O momento é de completa conexão entre as duas e Aurélio permanece na mesma posição até perceber que a garota o observava novamente.

“Ela é forte meu amor.” – O pai a coloca sobre o próprio peito de forma que toda a frente da garotinha estava deitada sobre seu peito largo, ele segurava seu pescocinho delicado com uma mão enquanto com a outra segurava seu corpinho pelo bumbum – “Você já deve saber o quanto ela quer te conhecer, ela sussurrou a você pelo último mês inteiro a ansiosidade que sentia. Ah, ela ficará imensamente feliz em ver seus olhos, minha filha.” – Ele fala para a bebê sentindo o tronco da filha subindo e descendo em contato com o dele – “Eu te amo minha princesa” – Aurélio beija sua bochecha macia e a vê de olhos fechados novamente, ressonando baixinho.

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A água é morna e molha a esponja macia, a cristalinidade do líquido já havia sido substituída pela cor vermelha que ele retirava do corpo de Julieta há algum tempo. Ele tem a face pacifica, as mãos trabalham habilidosamente enquanto a mente viaja para fora daquele quarto e se afunda mais e mais em seus devaneios que eram tomados por imagens de uma vida dolorosa sem Julieta.

Aurélio já não era capaz de frear as dúvidas de sua mente, já era incapaz de frear a imaginação de montar hipóteses de como seriam os momentos que passaria ao lado da filha que, até o momento, ele havia se visto incapacitado de escolher entre os nomes que o casal havia escolhido como possibilidades. Esses momentos seriam iguais aos que teve com Ema quando pequena? Seriam mais dolorosos ao não ter Julieta ao seu lado do que fora sem a mãe da filha mais velha?

Ao terminar de enxugar o corpo da noiva, ele retira a colcha bege debaixo dela tomando cuidado com seu corpo frágil, em seguida ele a veste com um vestido branco leve que havia no armário. A cada minuto os pensamentos se tornavam mais e mais perturbadores, o peito se apertava e ele agradecia por não ter mais lágrimas para derramar.

O tecido claro contrastava com a pele levemente morena de Julieta. Ele aproveitava ao deslizar o tecido pelo corpo dela, para tocar-lhe e sentir seu calor, um calor que ele temia que ela perdesse, um calor que no momento era tudo que ele tinha dela, um calor que o mantinha esperançoso.

Quando os olhos pousaram no corte que a cirurgia deixou, sentiu-se arrepiar inteiro. O corte era vertical começando no umbigo e terminando-se na base de seu ventre, os fios da costura saiam nas extremidades e a pele estava vermelha ao redor do mesmo. A visão lhe causava uma espécie de orgulho pela força que aquela mulher tinha, mas a dor era extrema ao imaginar no quanto seu corpo sofria, mais uma invasão lhe foi causada e isso o agoniava.

“Porque esta pensando nisso Julieta? Seu filho!” – Ele ouviu o sussurro e os olhos já arregalados sobem para o rosto dela instantemente. Ele tem certeza que havia imaginado aquilo... Certo?

“Julieta?” – Ele pergunta terminando rapidamente de abaixar o vestido e corre para mais perto de seu rosto – “Julieta meu amor?!” – Ele chama por ela já um pouco desesperado. Não havia sido coisa de sua cabeça, ele ouviu sua voz bem baixinha e rouca, quase num sussurro, mas ele tinha certeza. Rômulo abre as portas do quarto e ele rapidamente conta o que ouviu.

“O senhor tem certeza?”

“Tenho sim. Estávamos no maior silencio de todos, não é minha imaginação Rômulo! Não é!” – A voz é tremula e um tanto aflita. O jovem doutor assente e avalia os olhos de Julieta enquanto Aurélio se mantém ao lado do berço da filha que dormia tranquilamente de barriga para baixo. Os olhos do amigo voltam-se aos azuis e ele lê decepção em sua face, um suspiro sai de seus lábios e ele prefere então manter-se quieto enquanto Rômulo limpa o corte de Julieta. O noivo segura sua mão e deposita um beijo sobre seus lábios como em todas as vezes que o médico precisava toca-la, o movimento trazendo-lhe uma tristeza profunda.

“Parece que tudo corre bem. Deixe-me perguntar, a sua filha já foi alimentada?” – Recebendo um aceno negativo do pai da criança o médico continua – “Seria mais prudente se Jane a alimentasse, não sabemos quanto tempo Dona Julieta permanecerá incapaz” – Aurélio concorda com um aperto no peito, Julieta sentiria uma profunda tristeza ao não ter sido a primeira a alimentar sua filha, mas com toda certeza o médico tinha razão. Ao se despedir de Aurélio e prometer voltar em uma hora, pai e filha saem do quarto de Julieta rumando até a esposa de Camilo.

“Jane?” – Aurélio chama pela loira ao entrar no quarto do neto, a mulher sobe seus olhos para o futuro sogro e abre um pequeno sorriso nos lábios – “Posso pedir algo um tanto... delicado?” – Ele respira fundo ao receber o aceno positivo da outra – “Poderia alimentar minha filha? Tenho certeza que Julieta acordará logo, mas até lá não posso perdê-la também”

“Meu sogro, claro!” – Ela se levanta da cadeira pousando Charles no berço e caminhando rapidamente até a porta – “Será uma honra” – Ela sorri verdadeiramente agora, e mesmo que lhe cause uma dor profunda separar-se da pequena, ele entrega seu bolinho agora já previamente limpo nos braços da bondosa Jane que caminha até a cadeira, sentando-se logo em seguida.

Mesmo que quisesse manter-se ali para ver a primeira vez que sua filha seria alimentada, ele se viu incapaz de acompanhar o momento, preferindo fechar a porta e sentar-se ao pé da madeira escura, esperando para tê-la nos braços novamente.

E ele espera e espera, ouve várias vezes um choro pequeno e incomodo da filha dentro do quarto, mas mantem-se sentado, os olhos encarando o chão, sentindo-se derrotado. Ele toma um breve susto ao ter a porta aberta e Jane saindo com seu bolinho, que se mexia incomodada e chorava timidamente, em um quase um resmungo, nos braços da nora de Julieta.

“Eu sinto muito, Senhor Aurélio. Eu tentei de tudo, mas ou ela não tem fome ou não quer ser alimentada por mim” – O olhar da loira é de pura tristeza e decepção, ela solta um suspiro enquanto ele se levanta.

“Ela não mamou nem um pouco?” – Jane balança a cabeça de um lado para outro e aquilo trás confusão e preocupação para Aurélio que toma a criança de seus braços delicadamente. Agradecendo, ele parte para o quarto novamente, enquanto conversa com a filha – “Por que não quis comer, meu amor? Sua mãe ficará tão triste de não ter se alimentado ainda. Não tem fome meu anjo?” – A voz dele era suave e baixinha, ambos os olhos azuis encaravam-se e um sorriso doce tomava os lábios do recente papai.

“Como ela esta?” – Camilo surge à frente deles dois, sendo contagiado pelo sorriso do noivo de sua mãe.

“Não quis comer, o que...” – Ele teria continuado a explicar se seu nome não houvesse sido gritado de maneira desesperada. Os dois homens arregalaram os olhos e olham o corredor a frente deles e voltaram a encarar-se por poucos segundos. Camilo foi o primeiro a correr até o quarto da mãe, sendo acompanhado de Aurélio que vinha com um passo mais lerdo devido à criança nos braços.

“Mãe! Mãe!” – O filho mais velho da Rainha segura os ombros da mulher mantendo-a no lugar, Julieta tremia violentamente, tinha gotas de suor na testa que escorriam para os cabelos. O noivo rapidamente coloca a filha que ainda estava acordada no berço e toma o lugar de Camilo.

“Rápido Camilo! Chame Rômulo!” – O homem corre porta afora deixando um assustado Aurélio para trás – “Julieta! Julieta, por favor!” – Ele mal respira, o medo toma conta de seu sangue o mantendo paralisado naquela posição, colocando pressão nos braços da noiva colando-a no colchão. O rosto dela mexia-se por todas as direções e mesmo assim ela não havia aberto os olhos.

“...Eu já estava a caminho” – Ele ouve a voz do médico explicando-se á Camilo – “Senhor Aurélio, pode solta-la” – E quando o noivo faz isso, o corpo dela volta a debater-se. O médico mais do que rapidamente abre a maleta procurando uma agulha e um remédio que são aplicados nela às pressas.

“O que houve?” – Aurélio pergunta.

“Pode ser uma reação de seu corpo, esta delirando. Ela esta com febre, preciso de agua fria e compressas para abaixar a quentura o máximo que pudermos.” – Antes mesmo que o viúvo pudesse mexer-se, Camilo corre mais uma vez indo atender o pedido do médico.

“Ela gritou! Gritou meu nome e Camilo também ouviu!” – Ele esta ofegante e a agonia toma o peito dele que a vê tremer menos agora, o remédio fazendo efeito.

“Eu acredito no senhor. Mas Dona Julieta está em perigo ainda, estar falando não significa que esteja acordada, ou bem, e preciso que entenda isso.” – Rômulo é calmo ao explicar, ele toma o braço de Julieta que estava furado permitindo a passagem do soro para sua veia, e retira a seringa. Com calma, ele troca o saco e faz um novo furo na pele branca.

“Aqui Rômulo” – Camilo aparece com Mercedes atrás que trazia uma bacia nas mãos e várias compressas enquanto o príncipe do café trazia uma jarra. Aurélio permanece escorado ao lado da filha que acompanhava toda a movimentação emitindo sons agudos. Mercedes despeja o liquido na bacia e molha os panos colocando-os sobre a testa, colo e nuca de Julieta.

Como pai protetor que já estava se manifestando nele, Aurélio pega a pequena nos braços novamente, segurando-a contra seu peito e acariciando suas costas tentando mostrar-lhe que tudo ia ficar bem, mesmo que nem ele mesmo acreditasse nisso.

“Aurélio!” – O som de sua voz sai muito baixinho, abafado e ofegante como se ela fizesse muita força para deixar as sílabas escaparem. Os pés do noivo alcançam a cama em alguns longos passos e logo ele senta-se retirando a mão das costas da bebê e pousando-a sobre a bochecha quente da mulher.

“Estou aqui meu amor. Estamos aqui Julieta” – Ele inclina-se trazendo a menininha junto dele para perto da mãe. Ele cola suas testas e respira o ar que ela expele pela boca por alguns instantes deixando um beijo em seguida em sua bochecha.

Todos permanecem no mesmo lugar pelo que parecem muitos minutos, Mercedes sempre trocando as compressas, Rômulo avaliando o corte da barriga da mulher e Camilo observando a progenitora do batente da porta.

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“Você tem que acordar! Vamos! Acorde!” – O grito dela o desperta num salto, e automaticamente acordando a pequena que dormia tranquilamente sobre seu peito, ambos na poltrona vermelha do lado da cama. O choro do bebê interrompe qualquer pensamento que toma sua mente.

“Oh meu amor, shii, calma” – Ele afaga sua costa e segura seu pescoço para que ela mantenha-se no lugar e não acabe caindo do peito do pai. As lágrimas da filha molham sua pele nua e causam-lhe um pequeno apertar no peito. Ele resolve se levantar e passa a balançá-la em seus braços mudando a posição.

Os olhos azuis dele ficam atentos no rosto de Julieta, ela parecia pacifica, não mais tremia ou se debatia, nem mesmo parecia tê-los acordado no meio da madrugada. Ele voltou a sentar-se com a filha na poltrona assim que esta voltou a dormir.

“Por favor! Por favor!” – A voz de Julieta estava mais clara agora, mais forte e agora ele pode identificar a dor em seu tom, uma agonia que quebrava-lhe o coração.

“Esta tudo bem, meu amor!” – Ele alcança seus dedos mais uma vez acariciando a costa da mão dela. O corpinho que usava seu peito de colchão mexe-se incomodado com a posição e ele retira sua mão da dela para segurar melhor a filha.

“Aurora... Seu nome será Aurora” – A mulher declara e Aurélio demora vários segundos para entender do que ela falava. Ela falava daquele bolinho vestido num macacãozinho delicado na cor amarela que dormia tranquilamente em seus braços, ela falava da filha deles – “O nascer do sol para o próximo dia. Um dia sem mim, a aurora de todos os seus dias sem sua mãe” – O peito do homem parou de bater, somente para voltar a bater como louco. Estaria Julieta se despedindo da filha deles?

Ele sentiu as lágrimas caírem sem que percebesse, os braços envolveram Aurora mais apertado sentindo-se perdido no mundo, um mundo onde a mulher de sua vida havia lhe dado uma filha e se despedia da vida diante de seus olhos. Ele abafa os próprios soluços mordendo os lábios, tentando deixar mãe e filha terem seu primeiro e último momento.

“Eu a amo tanto... Esperei por você durante nove meses milha filha, posso esperar mais uma vida.” – Ele sente a dor da perda assim que as palavras são sussurradas pela mulher de sua vida, que ele sabia que estava perdendo aos poucos. A vida não podia ser tão injusta, ele não conseguia respirar, a dor era tamanha que sentia-se sufocar.

Em um movimento rápido, ele levanta-se e coloca Aurora em seu berço. Ele arruma seus pequenos e finos fios de cabelo e aperta os lábios, tentando suportar aquela dor por ela, pelo seu nascer do sol. Ao pensar que Julieta escolheu o nome daquele serzinho em suas últimas palavras, mata-o mais um pouco, e uma nova onda de lágrimas toma conta dele.

Ele dá passos lentos em direção á porta, o peito completamente dilacerado, nos pensamentos imagens dos sorrisos de Julieta, de seu olhar cheio de vida, de seu corpo no dele, a força dela, os momentos deles juntos, a sua voz doce, ela acordando ao seu lado... Todas essas imagens o fazendo perder as forças e caminhar mais e mais lentamente quase não conseguindo mover os pés, como se o peso do mundo o puxasse para baixo. Ele chora como um menino, pois ele se sentia um menino, completamente infeliz nesse mundo infeliz onde a vida lhe sorria apresentando-lhe a felicidade plena com uma mulher incrível, e lhe batia na face logo em seguida ao tira-la tão cedo de perto dele.

Ele esta tão perdido em sua dor, em sua aflição, que os ouvidos não registram o soluço alto que a garganta dela deixa escapar enquanto as lágrimas molham o rosto delicado de Julieta.

“Aurora!” – Ela chama e ele sente o mundo parar. Os pés paralisam e ele prende a respiração não querendo virar o corpo e encontra-la fria e inerte, com medo de que o que acha que ouviu seja projeção de sua mente tentando poupa-lo. Ele registra então, finalmente, um soluço alto e em segundos ele está ao seu lado e vê aqueles olhos que o fazem perder o chão, abertos e arregalados.

“Julieta!” 


Notas Finais


E então? Ficou claro o que aconteceu? Se tiverem dúvidas, me perguntem nos comentários que posso explicar, as vezes eu fico com medo de não entenderem o que eu quis dizer.
Vocês gostaram? Ainda querem me matar?


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