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História Unhearted. - Vinte e nove.


Escrita por: Bandit

Capítulo 15 - Vinte e nove.


Fanfic / Fanfiction Unhearted. - Vinte e nove.

Ryan

 

— Nós vamos almoçar. Você vem, Ryan? — Spencer passa o braço sobre meus ombros, apontando para a lanchonete do outro lado da rua. Ele toma cuidado para não tocar minha ferida de uma semana.

— Ahn... pode ser.

Meu amigo sorri e me puxa para dentro. Os outros já estão sentados numa mesa ao lado da janela, falando com uma garçonete que gargalha. Sento com quatro pessoas entre Brendon e eu. A sensação de ser quatro é estranhamente apavorante.

— Você vai mesmo para Utah? — Juliet põe uma batata na minha boca. Ela sempre tenta me alimentar de alguma forma. Aquiesço. — Por que não escolheu um lugar mais perto?

— Eu não sei, na verdade.

Brendon Urie apoia os cotovelos na mesa e leva o enorme copo de café aos lábios. A ferida em seu rosto já sumiu, mas três pequenas e brancas cicatrizes ainda precisam desaparecer. Meu estômago despenca.

— Preciso tomar um ar — murmuro, deslizando pelo banco para fugir do estabelecimento.

O ar gelado entra pelo meu casaco e eu estremeço, agarrando meus braços numa tentativa falha de me manter aquecido. O manto está com Spencer, e não voltarei para pegá-lo.

Do outro lado da rua, os lados saem correndo pelos portões aos gritos. As turmas do ensino médio são as únicas que continuarão pelas próximas três semanas de aula.

— Você quer minha jaqueta? Parece estar congelando — a voz de Brendon Urie surge ao meu lado.

— Não. Estou bem.

— Tem certeza? — ele insiste.

— Tenho, Brendon, eu tenho.

Ele para ao meu lado e coloca as mãos no bolso. Olha para a escola fixamente como se ela fosse a coisa mais interessante do mundo.

Rio baixinho de suas sobrancelhas franzidas.

— Você vai ao baile de formatura? — ele enfim vira para mim.

— Provavelmente sim — resmungo. Não se vai a um baile sozinho. — Você vai com a Hayden?

— Ela convidou a Tunny, uma garota da sala — ele me lança um sorriso pequeno.

— Eu lamento.

Nós voltamos a olhar para a frente.

— Você quer ir comigo?

Paro por um segundo, abaixando a cabeça para olhá-lo. Ele está com os lábios crispados e os olhos tímidos, mas não desvia um segundo do meu rosto. Ele está falando sério, porra.

Meu coração dá um salto.

— Então... — ele sopra. Dou de ombros.

— Pode ser.

Ele toca meu rosto e me beija no maxilar antes de me abraçar. E eu o abraço de volta, embora não aperte para não fazer esforço no braço machucado. O abraço dele parece casa.

Brendon beija minha testa e se afasta, com as bochechas coradas. Ainda estamos estranhos, de qualquer forma.

— Então... eu te pego amanhã às oito? — ele toca meu queixo com a ponta do dedo. Não me afasto.

— Eu moro a dois quarteirões daqui, Brendon. Posso vir andando.

— Então... eu te pego às oito — ele pisca. — Eu o vejo depois, Ryan Ross — Brendon beija minha bochecha e sai correndo para o outro lado.

Coço a nuca ao sentar ao lado de Juliet de novo. Os três olham para mim com sorrisinhos estranhos.

— Ele contou para vocês, não foi? — puxo meu café, assistindo suas cabeças balançarem rápido como num musical de A Família Addams.

— Você aceitou? — Hayden pergunta como uma criança animada.

— É claro que ele aceitou! — o meu amigo grita um pouco alto. — Veja essas bochechas coradas!

— Deuses — murmuro, escondendo o rosto entre as mãos.

Hayden soca meu ombro por cima da mesa, gargalhando. Os outros dois fazem a mesma coisa.

— Imagino o que vai acontecer depois desse baile — Spencer comenta, e enfia o sanduíche na boca.

Deixo-os pouco tempo depois, na direção oposta à deles. Abraço a jaqueta e subo as ruas em direção ao hospital.

A recepcionista sorri para mim, e estica a mão.

— Seja bem-vindo, Ryan, querido — ela é simpática. — O que deseja?

— Quarto 29, por favor.

— Você tem certeza? — a jovem moça muda de expressão e estreita os olhos, subitamente preocupada. Aquiesço. — Joshua, leve Ryan Ross para a ala 3.

Subimos um lance de escadas e dobramos duas esquinas até chegar a um corredor longo com várias portas brancas e com trancas fortes. Alguns gritos são altos e pedem por liberdade, e por um segundo o lugar soa como o manicômio de um filme de terror.

Ele destranca o quarto da Sarah e entra comigo. Ela está sentada numa mesa com bonecos de massinha de modelar em suas mãos.

— Sarah? — ela pousa seus grandes e inchados olhos azuis em mim, mas não há nada neles. Sento à sua frente.

— George Ryan Ross — ela sorri dolorosamente. — O que faz aqui?

— Precisava falar com você — seguro a miniatura do Adam Levine, jogando-a de uma mão para outra.

— Sobre...

— Você ter me atacado — ela revira os olhos, largando a massinha na mesa. Faço o mesmo. — Por que você fez aquilo?

— Quer mesmo saber? — aquiesço. — Você gosta do meu namorado... digo, ex.

— Quem te disse isso? — meu coração falha uma batida.

— Eu vi como você olhava para ele. E quando ele sorria... — ri amargamente. — ... você ficava como aquelas menininhas apaixonadas que a gente vê na televisão.

— Sarah...

— Quando ele olhava para você ou te elogiava, você ficava tão vermelho que mais parecia um pimentão. E todas as vezes que ele tocava em você... porra, seus olhos brilhavam tanto que pareciam estrelas — ela sorri. — Ele me falou sobre o universo um dia, logo depois de vocês saírem. Eu pude sentir o coração dele de uma maneira que nunca senti antes.

— Sarah...

— Eu vi quando ele te beijou no meu aniversário, Ryan. Pareceu uma cena de filme, realmente — seus olhos estão cheios de lágrimas. — Eu achei que era a bebida, porque vocês sumiram. Aí no dia seguinte eu fui atrás dos dois, mas nenhum tinha marcas nem pareciam culpados, então apostei que estavam bêbados demais para fazer qualquer coisa.

— Foi por isso que você... fez tudo aquilo no cinema?

— Eu queria que você visse que era meu homem. E que eu podia satisfazê-lo como ele fazia comigo — ela aponta para si. — Mas, bem, acho que não deu muito certo.

— Então foi esse seu motivo para me atacar? Por que eu gosto do seu namorado e ele me beijou depois de um porre?

Ela pensa. E pensa. E pensa mais um pouco.

— Basicamente.

— Poderia ter falado comigo — esfrego as mãos. — Eu teria ficado o mais longe possível.

— Você era o meu melhor amigo, Ryan! E estava apaixonado pela porra do meu namorado! — ela soca a mesa. O enfermeiro aproxima-se cautelosamente. — Não vou esganá-lo, Joshua — fita o homem, que dá um passo para trás. — Eu realmente não ligava que você estivesse “amando o Brendon”, porque se aprende a lidar com isso quando se entra num relacionamento. Eu só precisava que você soubesse que eu tinha planos com ele, que eu necessito dele para viver, mas você não ligou para isso. Sua vontade era arrancá-lo de mim e nunca mais olhar na minha cara.

Meu queixo vai parar no chão.

— Diga a verdade, Ryan. Você faria isso.

— Eu nunca pararia de falar com você se você não tivesse atirado um prato em mim na semana passada, porque eu gosto mesmo de você — ela franze as sobrancelhas. — Eu não sou uma criança, Sarah, e não pararia de falar com minha melhor amiga por que “estou namorando o ex dela”, porque eu saberia que ele estava noutra e você também.

— E por que continuaria falando se eu teria perdido para você?

— Isso não é a porra de uma competição, Sarah! — bato na mesa também. A miniatura do Adam cai. — Amigos são assim. E Brendon Urie é algo antigo para mim, algo que acontecia antes mesmo de você saber quem ele era. Não pode me culpar por isso.

— E qual é a próximo história agora? Ele já esteve com outros caras também? — mordo a boca. Jon me falou das experiências gays dele na última terça, quando dormi na casa dele e de Dallon. — Já chega, Ryan. Vai embora.

— Sarah, eu não quero que acabemos assim — coço os olhos. — Não quero que me odeie por gostar dele, e não quero que fique aqui como uma louca quando eu sei que você não é.

— Eu mandei você ir embora, Ross — ela volta a segurar a massinha verde. — Boa sorte com o Brendon. Ele gosta de torta de limão caseira e tomar café sob o cobertor.

— Sarah... — insisto.

— Não esfregue na minha cara que ele prefere um homem a mim. Não me faça ficar pior.

Saio do quarto na companhia do enfermeiro e saio pela porta principal para encontrar o sol alaranjado desaparecendo. No caminho para casa, Dallon brota do meu lado com um sorriso.

Ele sempre está por perto.

— Hey, apressadinho — Weekes me beija no rosto. — O que há?

— Sarah.

— Foi visita-la e ela teve outro ataque? — ele me abraça e me puxa pela rua.

— Ela me viu beijá-lo na festa.

— Isso parece triste, mas ela precisa de ajuda — dá de ombros. — Então... vai para o baile? Você nunca usou o terno que sua avó deu.

— Jon é um maldito tagarela — rosno. — O que ele falou?

— Que Brendon Urie te convidou e comprou um terno novo apenas para isso — ele morde os lábios lascivamente. Cruzo os braços.

— Sabe que só vou porque não tenho outra pessoa para me acompanhar e é meu último baile — encosto no peito dele. — Ano passado fui com a Sarah e só fizemos encher a cara por sermos solteiros.

— Isso é cômico — Dallon ri. — Eu odiava os bailes da escola e ia para pegar os acompanhantes “heteros” no banheiro masculino. Sempre deu certo — nós atravessamos a rua, e ele muda. — Diferente de mim, você está indo com o cara que gosta, então respira fundo e seja um deus.

— Não dá para ser um deus para Brendon Urie.

— Calado, Ryan Ross. O amor te faz um deus — ele aperta meu rosto.

— Eu nunca vou admitir que isso é amor!



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