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História Unknown Feelings - III- 3 segundos se passam até a primeira 1 palavra ser dita


Escrita por: KarmaKamikaze

Notas do Autor


Oe
Gostaria de agradecer à @BuSunako pelo apoio<3
Bem, ela deveria ser betada, mas Debs tava ocupada então... pode ter erros ;-; perdoem
Amanhã eu 'to betando melhor e posto mais um cap pra compensar a semana passada.
Beijinhos, Lindjos e lindjas

Capítulo 3 - III- 3 segundos se passam até a primeira 1 palavra ser dita


E meus dedos tremem em antecipação até que sua doce voz toma toda a sala. Ele vira a cadeira até nossos olhos se encontrarem trazendo um sentimento reconfortante que me cerca como corvos cercam uma carcaça. Na sua mesa estava o belo nome gravado numa placa de metal.

 

Matsumoto Hideto.

 

— Pode me chamar de Hide, Yuu. — Diz calmamente lendo sua ficha, ao perceber minha tensão levanta a vista até me encarar por alguns segundos.

 

— Certo... — Digo nervoso.

 

— O que te traz aqui? — Diz apoiando as mãos sobre as pernas cruzadas enquanto seus olhos curiosos me analisam.

 

— Um amigo te indicou e eu... Eu... — Uma súbita vontade de chorar toma conta de mim.

 

— Calma, pode falar, estou aqui para ouvi-lo, ajudá-lo e para fazer você se sentir à vontade. Tudo o que você falar será mantido em sigilo, tenha noção disso.

 

Seus olhos me observavam e analisavam de um modo tão delicado e amigável que chegava a me assustar um pouco, seu sorriso enfeitando o rosto simples adornado por belos cabelos vermelhos. Já que foi me dada essa abertura, desato a chorar com os dedos rápidos girando os anéis dos meus outros dedos.

 

— O meu problema é um cara. Um cara que adentrou minha vida há quinze anos e que deixou um buraco enorme que eu só consigo fechar temporariamente com bebida, cigarro e remédio pra dormir. O desejo tão loucamente puro que tenho por ele me fez desejar a morte, já que não o tenho e pelo jeito nunca o terei... Eu não sou ninguém, Hide-sama — Lágrimas tracejam meu rosto em seu próprio ritmo e caminho, como gotas quentes de água. — Eu era tão feliz quando não conhecia o amor de perto ou não tinha a noção de que uma família me faria falta, mesmo que eu não tivesse chegado ao ponto de constituir uma. Eu queria, ainda quero, mas só se for com meu loiro, meu Kouyou... Mas meu Kouyou não é meu e nunca será, porque eu sou um puta de um fracassado que não tem forças suficientes pra ser homem e encarar essa coisa toda de frente.

 

— É apenas ele que te deixa assim? Com esse buraco e todo esse sentimento de inferioridade? — Sua expressão analítica não se dissipa.

 

— Creio que sim. — Respondo de supetão.

 

— Já pensou alguma vez que as coisas dão errado porque quando você tenta fazer por onde tê-las, você se equivoca e faz tudo errado? — Diz com simplicidade.

 

Eu? Errado? Sim, eu me sinto errado e estranho o tempo todo, mas não nesse sentido. Não desse jeito. Eu corro atrás das coisas que eu quero! Sim, eu faço isso.

 

Eu faço isso?

 

— Você já correu atrás do que quer com real garra e força, como do modo que você pensa e julga ser o certo?

 

 

Mais uma vez. Eu já fiz isso?

 

 

Mesmo sob toda escuridão tudo parecia tão claro antes de eu pôr os pés nesse lugar, mas agora tudo se tornou confusão e breu. Estaria eu, me auto aprisionando de tudo sem saber? Julgando as coisas de modo errado e as deixando passar?

 

Estaria eu, vivendo do modo errado todo esse tempo?

 

Bem, eu não sei.

 

— Você não acha que tenha sido você que teria criado toda essa situação? Que isso não passa de um bug de seu cérebro e coração atormentados? Será que essa foi e realmente a única coisa que te veio em mente? Não te veio a ideia de mudar tudo e lutar por algo?

 

— Sim, Hide-sama, se você tivesse me perguntado isso há dez anos eu responderia com entusiasmo, que eu tenho muitas opções e que poderia lutar por elas sem o mínimo de esforço. Porém toda minha força de vontade se foi. E pelo que percebi nesses últimos minutos foi apenas por minha causa. — Ele acenava com a cabeça enquanto anotava coisas.

 

— Yuu, você percebeu que deixou de viver por opção? — Hã? Não estou vivo?

 

— Como assim? — Pergunto exasperado.

 

— Você escolheu sobreviver quando poderia viver se parasse para pensar do jeito certo.

 

— E qual seria o jeito certo?

 

— Logo, logo descobrirá. Nosso tempo está acabando, mas antes de você ir quero que me responda uma coisa. — Aceno com a cabeça à espera de sua pergunta — Se você realmente pudesse morrer você acha que morreria por si ou por seus erros?

 

Erros. É verdade, mesmo achando que estava certo eu errei esse tempo todo, sendo guiado pela infantilidade da auto exclusão e do mal julgamento das coisas.

 

— Nos vemos semana que vem Yuu. Pense bem no que te falei. — Ele se levanta, seguido por mim, fazemos uma reverência quando uma mão sua aperta a minha enquanto a outra repousa em meu ombro, como um sinal de compreensão.

 

— Obrigado, Hide-sama.

 

* * *

 

K

 

Eu não acredito que eu perdi todo esse tempo e agora ele está realmente distante, tão distante que não posso ler suas expressões nem ouvir sua voz desafiante. Tão longe que a corda que nos ata ao peito se esfacela cada dia mais, inchando meu coração até que ele pare um dia, pare por ele. Mesmo perdido em meio ao emaranhado de todos esses sentimentos, eu adoraria tê-lo como meu último céu.

 

* * *

 

Meus pés me levam até minha casa, pois minha mente se tornou tão absorta em pensamentos que nada me limpava a mente.

 

Nada além de música.

 

Ah... Música lembra-me Kouyou, fracasso e alegria. Uma combinação que é cheia de ingredientes faltando, mas que eu posso passar fome até supri-los. Como um sonho que não consigo alcançar as notas que me levam à um mundo só meu onde posso ter devaneios com a pele alva de Kouyou esperando para ser marcada com meu indelével toque. Coisa que só se tornaria real em sonhos, o que na verdade nem era tão real. Era apenas mais um devaneio.

 

Ao pensar na morte só me vem a vontade de ir para algum tipo de céu, mesmo que eu não saiba para onde vou nem tenha nenhuma religião que me prenda a esse pensamento, mas quero ir para o último céu, onde eu posso calmamente desfrutar do que eu gosto. Algo como uma manhã fria com Kouyou ao meu lado, esse definitivamente seria um ótimo último céu.

 

Quantas estrelas cadentes rasgaram o céu carregando o peso de um homem enlaçado pelo amor desconhecido, pelo sentimento desconhecido.

 

Quantas lágrimas me rasgaram as bochechas com o peso do arrependimento?

 

Decido sair de casa.

 

Trajando um sobretudo preto e por dentro uma camisa com capuz caminho pelas ruas frias de uma Tóquio invernal. São cinco da tarde e o que mais se vê são famílias, andando alegremente com seus pais, mães, avós e crianças. Com belos sorrisos estampados no rosto, me fazendo lembrar da minha própria infância. Quando saía de tarde com meus amigos e primos para patinar no lago próximo de casa, quase quebrando o gelo de tantas quedas que eu levava. Ah, era dolorosa, a queda, mas era uma dor tão infantil e sem importância que se curava rapidamente dando lugar a alegria. Agora minhas quedas só dão lugar à um buraco irrompendo o gelo e me afundando na frieza depressiva. Sem ar. Sem volta. Como tudo dentro de mim estava agora. Congelado pela tristeza.

 

Minha infância... Foi muito boa, fim dos anos 70 início dos 80, me lembro dos meus pais escutando Bonnie Tyler e dançando no meio da sala, meu sorriso estampado no rosto por saber que iria ficar tudo bem. Mas, até mesmo minhas melhores lembranças de infância se interligam com minha situação atual. Bonnie Tyler... Me lembra Total Eclipse of the Heart...

 

"Once upon a time I was falling in love, now I'm only falling apart"

 

Mas que merda, como eu posso associar uma coisa tão pura quanto minha infância e as músicas que meus pais dançavam a esse tormento que minha vida está agora? Não tem saída, não posso negar o que sinto.

 

É verdade.

 

Em um conto de fadas eu tinha me apaixonado, mas agora nesse mundo cruel e real eu só estou caindo aos pedaços, como se algo obscuro e triste tivesse tomado conta do amor que havia em meu coração.

 

Continuo andando calmamente com as mãos no bolso, observando as belas famílias. Uma senhora vendia rosas e pais davam dinheiro aos seus filhos para que comprassem rosas para suas mães e um ciclo de surpresa e gratidão os rodeava de um jeito tão puro.

 

Talvez eu possa mostrar ao Kouyou que tudo isso é o puro sentimento que eu tenho, posso pedir desculpas, posso me declarar. Decido comprar as rosas e levá-las diretamente a ele. O certo seria contar o que estava acontecendo comigo, pedir desculpas pelo incômodo e agradecer a compreensão.

 

* * *

 

Meus pés cambaleiam na noite fria enquanto junto os lábios num assobio triste. A noite caiu tão rapidamente quanto a neve que caía em meus ombros, logo as ruas estavam repletas de pequenas montanhas branquinhas. Ao chegar ao conjunto de apartamentos do Kou, avisto sua janela aberta, mas as luzes estavam desligadas, vou até a portaria, mas não tem ninguém. Decido entrar mesmo assim, acho que não tem problema. Vou até o último andar, ele sempre fica lá quando não quer ficar no apartamento. Ando calmamente saindo do elevador até próximo à beirada do telhado, avistando fios tremulando no ar, devem ser os cabelos do Kouyou. Sigo sorridente até lá, quando tudo se torna uma neblina confusa e obscura.

 

Era uma bandeira do Japão, bastante velha.

 

Tudo parecia um sonho frustrante, uma neblina sombria, um engano infantil. Ele não estava ali, era a pura ilusão de uma mente conturbada. Um deslumbramento inconsciente, demente.

 

Minhas mãos repousavam de modo descuidado ao lado do corpo, ombros caídos e olhos paralisados. A que ponto eu cheguei?! Como eu pude chegar até aqui? Kouyou literalmente me desmontou e como um guerreiro ferido e traído sou conduzido pelos meus pés enquanto minha mente se martiriza incansavelmente.

A neve caía incessantemente trazendo uma completude à rua, mas não a mim. Era possível apenas ouvir meus passos... Parecia tão tarde, até meus ouvidos serem invadidos por passos rápidos e nervosos. Uma criança corre descontroladamente até passar por mim e por fim se esborracha no chão.

 

— Ai, droga. — Sussurra para si mesmo. Era um garoto de 9 ou 10 anos, cabelos negros e olhos tristes, parecia estar com frio e com fome. Tiro meu casaco e coloco por cima dos seus ombros.

 

— Obrigado. — Diz fazendo uma reverência.

 

— Venha, vou te ajudar. — Digo.

 

— Mas, mas eu não consigo andar. — Diz apontando para o joelho. Me abaixo de costas para ele, que sobe em minhas costas.

 

O levo para minha casa, que não estava muito longe. Ele assobiava e observava a rua distraidamente. Quando chegamos dou uma camisa e um short velho meu, com certeza vai ficar um pouco grande, mas ele é alto para uma criança de nove ou dez anos, e o encaminho para o banheiro.

 

Quem é esse garoto?


Notas Finais


Desculpem a formatação, tudo será resolvido amanhã
Beijinhos
Tia Lana ama vcs
Obrigada @BuSunako
Obrigada por ler, pessoal <3


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