História Vermelho e azul - Púrpura.

Aconteceu tudo muito rápido. Antes de qualquer pensamento, de qualquer palavra.

Em um momento a beldade de cabelos escuros estava deitada, no outro Victor se encontrava quase que hipnotizado pelo olhar rubi, e então, numa fração de segundos, ambos estavam no chão com a fera prestes a matar o de cabelos platinados.

As mãos no pescoço do maior era macias, pareciam ser tão frágeis, mas exerciam uma força que claramente podiam mata-lo com facilidade. Mas não eram apenas as mãos, as enormes presas estavam prontas para dilacerar qualquer pedaço  de carne que quisesse e as unhas, que quase pareciam garras, pareciam laminas afiadas. Aquele ser de singular beleza era sem dúvidas um vampiro, mais que isso, era um vampiro forte.

"Uma fera com fome e ódio, você disse?" Victor pensou olhando para o rapaz acima de si. Sim, havia fome ali, muita fome, mas... Não era ódio... Talvez decepção, mágoa, tristeza, raiva, mas não ódio. Ele sentia que não estaria durando tanto tempo se estivesse diante de ódio.

"Vitya..." O de cabelos escuros sussurou enquanto apertava aida mais suas mãos ao redor do pescoço do maior, sentindo-o respirar com mais dificuldade. Sua voz estava rouca, sua garganta estava seca a um ponto que cada respiração parecia doer. Talvez fosse a sede... mas talvez fosse seu corpo querendo externalizar a dor que já sentia, talvez quisesse chorar. Mas não se deixaria abater, não ainda. Com essa contradições de pensamentos as mãos se apertaram um pouco mais. Ele sentia a pulsação das veias e artérias do pescoço do outro, pulsos que pareciam o chamar, pareciam atiça-lo mais e mais.

"Victor..." O platinado falou tirando o vampiro de seus devaneios. "Meu... nome... é... Victor..." Falou forçando o último ar que tinha.

"Não brinque comigo! Como você pode..." Respondeu o outro tirando uma das mãos do pescoço e usando-a para pegar o pulso esquerdo do maior, olhando-o incrédulo.

Largou-o numa velocidade incrível batendo de costas com uma das paredes do cômodo, respirava com dificuldade, seu pulso estava acelerado, as paredes pareciam cada vez mais próximas, aquela sensação de afogamento, aquela dor que não ia embora, as pupilas contraídas, o corpo liberando adrenalina fazendo-o ficar alerta a tudo. Tudo! Ouvia o sangue correr, o som de cavalos correndo ao longe, via a poeira que refletia um pouco de luz, os desenhos do papel de parede do quarto, sentia uma leve brisa que vinha da unica abertura do quarto, sentia cheiro de mofo e... Hortelã...

Victor tossia tentando recuperar o ar que faltava em seus pulmões. Seu pescoço doia, assim como a parte de trás da cabeça. Se sentou olhando para seu quase assassino. Ele estava mal. O que estava acontecendo? Ele não sabia, mas ao vê-lo daquele jeito algo dentro de si começou a borbulhar, era um instinto que ditava o que deveria fazer. Se levantou rapidamente indo para perto do outro.

Silêncio. Victor se aproximou ficando de frente para o vampiro que olhava em todas as direções, puxando seu rosto de forma que fizesse se olharem. Os olhos carmesim se fundiram aos azuis. Púrpura. O tempo pareceu parar, porém, muito pelo contrário, o relógio a tanto parado começou um tic-tac calmo e ritmado.

"Quem é você?..." O vampiro perguntou. Era uma sensação... A sensação de estar sendo acalmado.

"Meu nome é Victor Nikiforov, o quinto chefe da família Nikiforov." Falou vendo o vampiro desviar o olhar.

"Quinto... você diz?" Perguntou sorrindo.

Era, sem dúvidas, o sorriso mais triste que Victor ja havia visto em sua vida.