1. Spirit Fanfics >
  2. Vermelho e o Sabor do Infinito >
  3. A palavra é de prata e o Zitao é de ouro

História Vermelho e o Sabor do Infinito - A palavra é de prata e o Zitao é de ouro


Escrita por: rainfiorest

Notas do Autor


Eu queria poder dizer que não me esqueci, mas isso seria mentira rsrsrsrs me perdoem T_T

Este é o último capítulo da fanfic e da saga. Acho que ainda não estou bem consciente disso, sabem? É o fim. Acabou. É meio estranho. Foram vários meses a trabalhar nesta saga e vários meses a postar, e agora chegou ao fim e é... bizarro.

Muito obrigada por todo o vosso carinho até aqui. Obrigada pelos vossos comentários maravilhosos, por lerem, por chegarem até aqui, pelo vosso apoio incondicional. Tia Rafa adora-vos. <3

Capítulo 4 - A palavra é de prata e o Zitao é de ouro


Fanfic / Fanfiction Vermelho e o Sabor do Infinito - A palavra é de prata e o Zitao é de ouro

 

Yifan conseguiu uns bons beijos e apalpões, mas chegou a casa estando de volta à estaca zero. Como é que Zitao podia ser tão tapado e não perceber que aquelas declarações de amor eram lírica camoniana? Bufou, analisando a tarde e procurando onde é que tinha falhado. Depois desistiu e voltou a pegar na folha das dicas, decidido a optar por algo mais suave desta vez.

E a primeira coisa que fez foi ir buscar um dos móveis caros que havia na sala do terceiro andar (ou pediu para irem buscar, porque quem é rico pode) e ir perguntar à dona Clotilda se ainda tinha daquelas velas aromáticas guardadas.

Duas horas depois ― e até teve de pedir para lhe levarem o jantar ao quarto para não ter de parar a tarefa ― tinha um altar digno de igreja montado. Até conseguiu imprimir algumas fotos de Zitao, printadas do Instagram dele, e pendura-las por cima do cálice de sangue de virgem (cof água com groselha cof), o quarto inundado com o cheirinho a caramelo e canela das velas, e uma figura de ação do Batman a servir de estatueta sagrada (fora o melhor que encontrara).

Ajoelhou-se em frente ao altar (em cima de uma almofada fofinha, evidentemente) e juntou as mãos como costumava ver as pessoas a fazer nos filmes.

― Olá, kokodeus. ― começou, mas não sabia o que mais era suposto dizer. O menino do vídeo não especificara essa parte.

Lembrou-se que nos filmes as pessoas diziam uma cantilena meio estranha, com rimas e isso tudo. Apressou-se a pesquisar a letra dessa música, passando por vários termos de busca antes de descobrir que aquilo, na verdade, se chamava oração. Com esta aberta no telemóvel, inspirou fundo e começou:

― Kokodeus que estais nos céus, Koko seja o vosso nome. Ah… ― espreitou novamente a letra ― Venha a nós o vosso Koko; seja feita a vossa Kokoisse, assim no shopping como no ginásio; o Koko nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem não é Koko, e não nos deixais cair fora do Koko, mas livrai-nos dos anti-Koko... ― parou. Sentia que faltava qualquer coisa, mas não havia mais nada depois. Revirou a memória em busca da palavrinha que faltava. Ah, lembrou-se! ― Ámen.

Mas não podia ser só aquilo, pois não? Não compreendia como é que ia conquistar o seu milagre só por assediar uma deidade. Tinha de haver mais alguma coisa, não? Encarou o seu altar, as fotos de Zitao (ele estava tão bonitinho naquela selca que dava vontade de chorar), o cálice com o sangue falsificado, as velas, as suas mãos ainda unidas… Se calhar tinha de formular em voz alta o seu desejo? Nos filmes também faziam isso.

― Então… oi, tu aí em cima. Ou você. Não, a ama sempre disse pra não tratar as pessoas por você, que é má educação…* Hm… senhor? Senhor deus? Então, tudo bem? Eu tinha um favor para lhe pedir, sabe? Quero dizer, deve saber, porque é deus**, então é omi…oni… ah, não sei dizer essas palavras complicadas que as pessoas religiosas dizem. Desculpe, sou muito noob nisto de deus e tal. Mas voc… o senhor sabe tudo e está em todo o lado, n’é? Então eu não preciso de lhe dizer porque é que estou aqui…e… ah… ― pigarreou; sentia que estava a falar sozinho e que isso era meio idiota, mas já tinha começado e iria acabar também, porque Wu Yifan não deixava nada pela metade ― Então, senhor deus, será que podia fazer a crush perceber que eu sou o seu senpai? O seu oppa? O seu sugar daddy? Porque se ele quiser eu posso ser o que ele quiser, só preciso que ele note que eu o notei. Hmm… ámen? ― fez uma pausa, como se esperasse uma resposta, mas sendo recebido pelo silêncio ― Por favor, se me está a ouvir, dê-me um sinal. ― e tornou a esperar.

E esperou mais um pouco.

E mais um pouco.

E mais um…

O telemóvel apitou, notificando de uma nova mensagem, e Yifan nunca antes o agarrara tão depressa na sua vida. Abriu a notificação, excitadíssimo.

 

+desconhecido

Fale GRÁTIS para todas redes nacionais durante 48h por apenas 5w por minuto. Ligue 12345 para ativar esta OFERTA exclusiva!

 

Yifan também nunca antes atirara o telemóvel ao chão com tanta rapidez na sua vida.

 

✶✶ ♪ ✶✶

 

Tudo bem, ainda não estava tudo completamente perdido. Talvez aquilo tivesse sido o seu sinal de deus. Não diziam que o outro deus, o tal Deus, escrevia direito por linhas tortas? Talvez o Kokodeus fosse igual.

Tentou escrever uma carta de amor ― mesmo não havendo cacifo para a deixar e mesmo sendo pior que péssimo em palavras―, mas teve a excelentíssima sorte de entornar coca-cola em cima dela antes de a conseguir meter sequer num envelope. E ele ainda pensou em escrever outra ou tentar alguma das outras dicas do papelinho, mas algo no seu subconsciente lhe dizia que cantar Whitney Houston ou fazer um flashmob iriam correr muito, terrivelmente, mal. Então desistiu.

Atirou com o papelinho das dicas para o lixo e decidiu procurar uma nova estratégia. Como é que as pessoas normais faziam estas coisas? Não podiam simplesmente chegar ao pé da crush da dizer ‘olá, gosto de ti, queres namorar?’. Isso era um absurdo. Anos e anos de comédias românticas tinham mostrando a Yifan que uma declaração de amor só é válida se for acompanhada de algo grandioso ― com invasões de estações de rádio, ou em frente a um estádio inteiro de futebol, a meio do casamento de alguém ou ― pasme-se ―, na maior loucura, com frases bonitas.

Yifan não conseguia imaginar-se a fazer nenhuma dessas coisas. Mas sabia que o que sentia por Zitao era infinitamente grande.

Suspirou, olhando para o altar que tinha construído com tanta dedicação. Porque é que era tão difícil?

Decidiu procurar inspiração na prateleira de DVDs da mãe; ela estava sempre a dizer que as comédias românticas tinham sido a origem do seu casamento, então não custava dar-lhes o benefício da dúvida.

 

 

✶✶ ♪ ✶✶

 

Yifan não compreendia como é que não tinha pensado nisso antes, mas, agora que a ideia se desenvolvia na sua mente, sentia-se bastante idiota por não ter tido aquela ideia genial mais cedo.

Iria chamar Zitao para ver um filme com ele.

No escurinho, no silêncio, entre uma manta quentinha, o cheiro das pipocas e a tensão causada pelo filme… seria mais do que perfeito.

Deixou tudo pronto quase uma hora antes de Zitao chegar. A ansiedade fê-lo subir a descer as escadas cinco vezes, beber uns oito copos de água e trocar de roupa três vezes. Quando a campainha tocou, estava a meio de se pentear pela quarta vez e quase espetou o pente num olho com o susto.

Correu escadas abaixo como se a dona Clotilda não estivesse já a abrir a porta. Zitao cumprimentou a senhora com um sorriso simpático e entrou, dirigindo-se a um Yifan demasiado nervoso e nervoso estático, ali no fundo das escadas.

― Oi. ― disse o mais velho, esboçando um sorriso, subitamente tímido. A dona Clotilda abanou a cabeça, fechando a porta, e foi-se embora. Tinha ar de quem queria bater em Yifan por ser otário.

― Oi. ― Zitao parou em frente a Yifan, inclinando a cabeça com um sorriso curioso. O mais velho teve de se lembrar a si próprio que era suposto ser encantador e simpático, não calado e estranho.

― Vamos subir? ― conseguiu perguntar, fazendo sinal para as escadas. Zitao não respondeu, mas acompanhou-o até ao quarto de Yifan. Este cedeu-lhe a passagem e limpou as palmas das mãos (húmidas) nas calças. ― Então, o que te apetece ver? ― sentou-se na berma da cama, como se estar em pé lhe tirasse a coragem. Zitao fez um muxoxo e sentou-se ao seu lado, pensativo.

― É mesmo para ver um filme? ― perguntou, curioso.

― Sim.

― Não era nenhuma desculpa só para eu cá vir?

Yifan revirou os lhos, dando uma risada sarcástica. Pff! Como se ele alguma vez tivesse feito isso! (Já tinha feito.)

― Nope ― pestanejou da forma mais inocente que conseguiu ― Apenas quero a tua companhia. Não pode ser?

Zitao encolheu os ombros, mas não parecia convencido. Yinfan esticou-se sobre a cama, pegando no comando da televisão, e deu uma palmadinha ao seu lado para que Zitao lhe seguisse o exemplo ― o que ele fez. Depois dedicaram-se a fazer zapping na lista de filmes apresentada até se fartarem e escolher um qualquer.

E correu tudo bem, até à parte em que o filme já ia a meio e nada de Yifan ganhar coragem para se virar para Zitao e dizer as famosas palavrinhas que devia dizer. Virou-se para Zitao, sustendo a respiração. A luz parca que vinha da televisão criava sombras escuras no rosto dele, fazendo os seus olhos parecerem mais brilhantes e o cabelo mais preto. Yifan pensava que ele estava concentrado no filme, até o mais novo virar subitamente o rosto e o encarar de volta.

― Está tudo bem? ― perguntou, com um toque de malícia na voz. Yifan soltou o ar num só sopro, antes de morder o lábio inferior e se remexer, desconfortável. Zitao ergueu uma sobrancelha.

― Claro. ― respondeu Yifan, forçando um sorriso descontraído. Zitao encarou-o um pouco mais, antes de abrir um sorriso malicioso e se remexer. Quando Yifan se deu conta, tinha o outro no seu colo, os braços nos seus ombros e aquele cheirinho a Tao a entrar-lhe pelas narinas.

― Hoje estás muito calmo ― comentou o mais novo, ajeitando-se melhor no colo dele. Yifan mordeu novamente o lábio, achando aquilo tudo demasiado para o seu coração fraquinho demais. E ele ia responder, mas subitamente Zitao estava a beijá-lo e a mexer-se demasiado no seu colo, mesmo por cima do Fan Júnior, e os seus resquícios de sanidade começaram a ir pelo ralo; ainda mais apertou o corpo esguio do mais novo contra o seu e este soltou um daqueles gemidos deliciosos que ele adorava. E foi uma questão de tempo até mais de metade das roupas de ambos irem parar ao chão e estarem ambes mais do que sedentos um do outro.

 

Contudo… não podia falar com Zitao sobre a sua paixão não-platónica depois do sexo. Era um facto universalmente conhecido que qualquer tipo de declaração pós-sexo era falaciosa e fruto das hormonas inflamadas.

Forçou-se então a afastar-se, quando ganhou coragem de largar a boca deliciosa de Zitao, encarando por um momento o rosto do outro enquanto ele não compreendia o que se passava: os olhos fechados, os lábios entreabertos e húmidos, as maçãs do rosto salientes e o cabelo escuro despenteado.

Mas Yifan estava a demorar demasiado a despir-se, ou a fazer fosse o que fosse, e Zitao voltou a abrir os olhos para descobrir que o outro estava apenas parado a olhar para ele.

― Tudo bem? ― perguntou, numa voz ligeiramente roca que dificultou a decisão de Yifan. Mas não podia recuar. Quer dizer, até podia… mas não devia.

― Taozi, eu preciso de falar contigo. ― anunciou, nervoso. E Zitao levou alguns segundos a absorver as palavras, pestanejando confuso. Depois suspirou, frustrado, e arrastou-se de cima de Yifan para se sentar. Yifan seguiu-lhe o exemplo.

― Tem de ser agora?

Yifan acenou afirmativamente.

― Depois podemos continuar onde ficámos?

― Dependerá de ti. ― esboçou um meio sorriso malicioso, lambendo os lábios ao deslizar os olhos pelo corpo de Zitao. O volume nos seus boxers gritava por Yifan. Mas focou-se rapidamente no rosto dele para não perder a razão.

― Vai afetar a nossa relação? ― insistiu o mais novo.

― Talvez. Mas depende mais de ti.

Zitao suspirou profundamente, soltando de seguida um grunhido frustrado. Mas acenou calmamente com a cabeça e aguardou pacientemente que Yifan falasse.

― Então… ― pigarreou, sentindo-se muito nervoso e muito analfabeto por não saber que palavras usar. Mas acabou por ficar demasiado calado por demasiado tempo, procurando uma forma de expor os seus sentimentos sem parecer completamente brega. Perdera tanto tempo a planear a festa que não pensara no que iria dizer realmente no momento em que se fosse declarar.

― Droga, Fan. ― suspirou Zitao, chamando à sua atenção. ― Não me digas que andas a foder outra pessoa? É isso?

― Não! ― Yifan arregalou muito os olhos, levantando um pouco demais a voz, demasiado chocado com a ideia. Há algumas semanas talvez não fosse uma pergunta chocante, mas agora era. Só a ideia de fazer fosse o que fosse com outra pessoa que não Tao já deixava Yifan doente. ― Não, credo, não.

E viu os lábios de Zitao abrirem-se e os olhos arregalarem-se e os ombros ficarem tensos, e soube que Zitao estava a começar a ligar os pontos. Ótimo, talvez assim Yifan não tivesse de usar demasiadas palavras. Ele não era bom com palavras.

― A questão é mesmo essa. ― disse, antes que se arrependesse ou perdesse a coragem ― Não quero foder mais ninguém. ― e mordeu o lábio, deixando a poeira assentar enquanto Zitao o encarava com surpresa.

― Ok. ― disse este por fim, tenso ― Não precisas. És livre de…

― Não. ― interrompeu. Que droga, estava a ser tão difícil fazê-lo entender. ― Estou a tentar dizer que gosto de ti. Tipo, não apenas sexo, ‘tás a ver?

Pronto, tinha dito. Mais objetivo que isso não podia ser, pois não? E pela forma como as bochechas de Zitao ficaram rubras, achou que, pelo menos daquela vez, a mensagem tinha chegado. Quando recuperou, mas ainda corado, Zitao deu uma risada suave e disse, num tom leve:

― Isso é a pior declaração de amor que eu já recebi, Fan.

E Yifan grunhiu de frustração, não evitando revirar os olhos com a prepotência do outro.

― Não sou um personagem dos teus livros. ― retrucou, levemente irritado.

― Pois não. ― riu de novo. ― Mas não faz mal. ― e sorriu daquela forma bonita que Yifan adorava, engatinhando até Yifan e pendurando-se no seu pescoço ― Também gosto de ti, Fanfan.

E foi a vez de Yifan arregalar os olhos e ficar paralisado, demasiado estupefacto por aquele um por centro ser real e Zitao realmente o corresponder. Onde é que estavam as câmaras? Ia processá-las por invasão de privacidade. Mas só depois de recuperar do choque. E do beijo que Zitao lhe deu segundos depois, doce e molengo.

Yifan estava habituado a beijar Zitao como se fossem coelhos no cio e o mundo fosse acabar dali a dez minutos. Mas estava agora a descobrir que beijá-lo assim, devagarinho e sem segundas intenções, era infinitamente melhor. E que abraçá-lo com força, só para o ter mais perto, era quentinho e agradável e sabia bem.

✶✶ ♪ ✶✶

 


Notas Finais


*Os meus queridos leitores brasileiros decerto não compreenderão porque é que ‘você’ é má educação aqui; estive quase para não incluir esta parte, mas achei que também não fazia mal ensinar algo novo aos meus leitores não-tugas. Então, é assim: como bem sabeis, em Portugal usamos vários pronomes da segunda pessoa: o tu, o você, e ocasionalmente o vós. Vocês aí no Brasil praticamente só usam o você. Portanto, como temos vários pronomes, também temos as nossas regras no que toca ao uso destes. Assim sendo:

Tu = apenas para pessoas na nossa idade ou mais novas, ou pessoas com quem tenhamos intimidade para tratar desta forma;

Você = pessoas mais velhas ou com alguma autoridade; CONTUDO o ‘você’ é omisso e não deve ser DITO. A abordagem deve ser feita com recurso a outras formas de chamamento ou pelo próprio nome da pessoa; por exemplo, em vez de dizer ‘você gostou do bolo?’, deve dizer-se ‘o senhor gosto do bolo?’ ou ‘o João gostou do bolo?’. Apesar de muita gente usar o ‘você’ de forma explícita, é considerado rude e mal educado dizer a PALAVRA em si num diálogo.

Vós = só se usa nalgumas regiões, nem vale a pena explicar.

Resumindo: é muita frescura; mas os coreanos são piores.





**eu usei deliberadamente ‘deus’ em minúsculas porque, tecnicamente, ‘Deus’ com maiúscula é nome próprio referente à entidade conhecida como ‘Deus’ ou ‘Jeová’; enquanto ‘deus’ é um nome comum referente a uma deidade. E este Kokodeus é uma deidade, mas não é Deus. Faz sentido?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...