História Vestígios do Destino - Escura e Sombria

Já se passaram dois dias e Daniel não veio mais aqui como havia me prometido. Confesso estar um pouco decepcionada, pois realmente achei que ele viria. Não consigo entender, depois de tudo que nós conversamos. Ele parecia tão confiável.
 
E agora, o que irei fazer? Não da para simplesmente fingir que nada aconteceu.  Há tanto tempo não me sentia tão feliz, tão livre e agora esse é o final? Preciso fazer alguma coisa.
 
Luna começa a andar em volta de seu quarto completamente pensativa. Ela sabia que não poderia deixar isso acabar, ela teria que dar um jeito. Ela estava decidida a encontrar Daniel novamente.
 
 
-Já sei. Luna levanta o dedo rapidamente. Uma expressão de coragem toma forma em seu rosto.
 
Há dois dias, durante minha conversa com Daniel ele comentou que morava a mais ou menos sete quarteirões daqui, em um beco bem escuro. Qual era mesmo o nome da avenida? Marsilda, Marsilca, Marsilac isso Marsilac!. Eu vou dar um jeito e vou até lá essa noite quando Ronan for dormir.  
 
Luna não aguentava mais esperar, já era noite, e ela já estava completamente pronta para sair daquele lugar. Ela não via a hora de poder correr o mais rápido possível. Daniel a inspirou a fazer o que ela mais queria a anos. Finalmente ela estaria livre.
 
Estou com os ouvidos colados na porta do meu quarto, não ouço mais se quer qualquer ruído, é agora ou nunca. Com passos leves vou até a janela e começo a observar tudo lá em baixo. A rua esta vazia com apenas alguns carros passando rapidamente. Lá estão as pequenas pedrinhas grudadas nas paredes elas são a minha única chance. Devagar subo no parapeito da janela e encaixo meu pé na primeira pedrinha. Meu Deus da muito mais medo do que eu imaginava.
 
Luna tremia muito, suas mãos suavam e ela estava muito fria, o medo estava estampado em seu rosto, mas ela sabia que precisava assumir esse risco.  Um pé depois do outro, sem olhar para baixo, suas mão que estavam a alguns segundos no parapeito agora já estavam nas pequenas pedrinhas, era quase impossível se equilibrar ali. O vento forte fazia seu cabelo bater em seu rosto o que dificultava ainda mais a descida.
 
Só falta um pouco para conseguir, vamos Luna você consegue. Meus dedos já estão doendo.  Ainda faltam umas quinze pedrinhas. Estou na metade do primeiro andar, vou ter que pular.
 
Luna pulou e bateu as costas no chão. Ela havia conseguido com apenas alguns arranhões.
 
Me levanto rapidamente. Nunca estive tão aliviada na vida. Começo a correr velozmente pela rua vazia tocando algumas flores rosadas que ainda estavam molhadas da chuva de hoje de manhã. Saltitando pela rua avisto uma mulher ruiva vestida formalmente, seu salto parecia ter uns sete centímetros, ela estava concentrada na ponta da calçada provavelmente esperando um taxi. Acho melhor pedir informação.
 
-Boa noite, você saberia me dizer onde fica a avenida Marsilac?
 
-Hmm...acho que sim, você vai seguir reto mais 3 quarteirões e depois virar a esquerda, lá vai ter um posto de gasolina, ai é só você virar a direita.
 
-Muito obrigada.
 
Continuo a correr. O vento parece aumentar a cada segundo. Há alguns postes de iluminação, mas a maioria não funciona e alguns piscam a todo o momento. A rua esta completamente vazia o que me da um pouco de medo de continuar, mas logo avisto um beco completamente sombrio. Cubro meu corpo com os braços e enquanto ando observo todos os lados sem parar.
Quando finalmente entro no beco noto um cachorro vindo em minha direção, logo dou passos grandes e rápidos para trás sem tirar os olhos arregalados do cão que continua a vir em minha direção. Ele começa a correr rapidamente até que uma corrente amarrada em seu pescoço o prende, o que o faz parar bruscamente. Suspiro aliviada. Ele começa a latir sem parar. Se eu tentar passar por ali ele obviamente vai me atacar.
 
-O que eu vou fazer agor...
 
Mas antes de terminar a frase um homem alto da um assobio fazendo o cão correr até ele.
 
-Quieto rex, pra que latir tanto?
 
Eu tento sair dali sem ser notada pelo homem, mas a tentativa foi em vão.
 
-Ei, você. O que faz aqui?
 
-Eu só estava procurando uma pessoa, um amigo. Mas tudo bem eu já estou indo embora.
 
- Não, espera.
 
Ele começa a se aproximar, e eu a me afastar, mas ele me segura pelo braço.
 
- Ora, Ora, o que temos aqui. O que uma garota como você esta andando neste beco essas horas? Quem está procurando?
 
Ele tem olhos grandes e claros, cabelos escuros como os de Daniel, parece ser apenas um pouco mais velho do que eu.
 
- Você conhece algum Danie...
 
-Quieta, pra dentro agora. Ele aponta para uma porta a minha frente
 
- O que? Eu não vou entrar em lugar nenhum, me larga.
 
- Se eu fosse você eu entrava agora. Ele diz apontando para trás de mim.
 
Noto três homens altos, grandes e suspeitos vindo em nossa direção. Não tenho tempo para pensar e nem muita escolha, entro na porta e logo em seguida ele entra também fechando-a e trancando.
 
-O que você quer com o meu irmão? Ele me pergunta com um tom curioso
 
- O que? Daniel é seu irmão? Pergunto surpresa.
 
-Não vai me dizer que você é a tal da misteriosa Luna.
 
- Sim, sou eu, mas Daniel não me disse que tinha um irmão.
 
-Agora você já sabe prazer Steven, o que quer com ele?
 
- Ele disse que iria me ver a dois dias, mas não foi, então eu lembrei que ele havia me passado esse endereço, então eu vim.
 
Steven acende uma luz e olha pela janela. Estou em uma casa que mais parece um esconderijo. A sala é pequena e nela tem um Sofá grande com uma TV a sua frente. Mais ao lado há cadeiras debaixo de uma bancada de mármore, que dava espaço para uma Geladeira e um fogão. Há também duas portas que provavelmente dão para o quarto e a outra para o banheiro.
 
-Já foram embora, e acho melhor você ir também.
 
- O que, mas e o Daniel?
 
- Você não vai gostar de saber.
 
- Eu não vou embora até saber o que aconteceu com ele.
 
Steven me olha com preocupação e anda até uma das portas abrindo-a e me convidando para entrar. Eu ando em sua direção e entro em um quarto com duas camas e um abajur ligado. Avisto Daniel em uma das camas e ando em sua direção até perceber marcas roxas e arranhões em seu rosto. Assustada sento no canto da cama e puxo devagar o cobertor que cobre seu corpo. Seus braços estão cheios de cicatrizes e machucados.
 
-Ele está inconsciente. Diz Steven.
 
- MAS O QUE ACONTECEU? Pergunto assustada.
 
- Acho melhor você perguntar pro Daniel, quando ele acordar. E aproposito não acho que seria seguro você sair essa hora da noite, e Daniel não me perdoaria se acontecesse algo com você. Pode passar a noite ai na minha cama, eu vou dormir no sofá.

 
-Não, eu não posso ficar, tenho que voltar.
 
-Só vou deixar você sair amanhã cedo. Diz ele com um olhar intimidador e fechando a porta do quarto.
 
Luna cobre novamente Daniel, e o olha por alguns últimos instantes até deitar na cama de Steven e dormir profundamente.