Choi Dahyun ganhou uma competição de digitação durante o ensino médio e se gaba disso desde então, embora Seungcheol, seu irmão mais velho, sempre fale que ela se exibe demais.
Generosa, competitiva, orgulhosa e competente eram alguns adjetivos que geralmente lhe eram atribuídos pelos seus colegas engenheiros da empresa, mas um que ela não gostava quando escutava fazendo referência a si mesma era…
― Que droga, Hansol! Já faz dez minutos!
Impaciente, seus amigos atribuíram o apelido "Pavio Curto" para a Choi e ela não podia retrucar o fato, uma vez que realmente não tinha muita calma.
A engenheira não conseguia entender porque seu colega de trabalho e superior tinha visualizado o pdf que havia mandado do projeto da reunião que teriam com os acionistas de uma empresa de energia solar e não tinha ao menos mandado de volta um "ok".
Precisava da confirmação de que ele havia aberto o documento para ir embora, suas preciosas Pringles a esperavam em casa, junto com uma jarra de suco de uva que havia feito questão de fazer e guardar na geladeira para ficar gelado quando fosse beber.
Queria apenas encerrar o dia às oito horas da noite, horário que dava no relógio de seu computador, e ir para casa adicionar mais doramas em sua lista e escolher um para começar a assistir. Talvez começasse Pretendente Surpresa, um romance cairia bem, ou Vincenzo, já que adora o Song JoongKi, mas Vernon não estava colaborando.
Quando recebeu uma notificação no celular, desbloqueou o aparelho imediatamente, sendo preenchida por uma sensação de frustração ao ver que era apenas o porteiro de seu apartamento avisando que o irmão da moça havia passado lá para deixar uma caixa de livros.
Para tentar se distrair enquanto o Hansol provavelmente lia seu projeto, entrou nas redes sociais que tinha e depois de ficar atualizando a página pelo que pareceu uma eternidade ― apenas dez minutos ― estressada, Dahyun se levantou da mesa do próprio escritório e rumou com seus saltos até a porta, atravessando toda a imensidão chamada de corredor até o elevador.
Apertou o botão do andar seguinte ao que trabalhava e sentiu a caixa metálica subir, não demorando muito para que as portas se abrissem novamente e a moça saísse.
Andou mais ou menos vinte passos até ver a porta com o sobrenome do engenheiro e administrador que era seu superior, bateu três vezes na porta e esperou uma resposta.
Nada.
Bateu mais três vezes e continuou recebendo o silêncio anterior até que decidiu abrir a passagem mesmo sem permissão.
Estava pronta para falar algo, mas sua voz morreu aos poucos assim que viu a cena em sua frente.
Vernon, com a gravata frouxa e os fios castanhos bagunçados, segurava o celular em uma das mãos enquanto o outro braço estava apoiado com o cotovelo na mesa e a mão levantada, mantendo ― com muita dificuldade ― sua cabeça no ar.
Os olhos do homem mantinham-se fechados e sua respiração era pesada, mostrando que havia cochilando há algum tempo. Faltava apenas babar enquanto dormia.
Dahyun mordeu o lábio inferior, se aproximando devagar para os sapatos não denunciarem sua presença, e esticou-se para ver a tela do celular do chefe, onde estava sendo mostrado o pdf do projeto que havia mandado ao homem nos últimos vinte e pouco minutos.
Vernon parecia tão exausto que até a própria Choi compreendeu a situação um tanto cômica e até um pouco fofa do outro, já que o rapaz nunca dormia em serviço.
Soltou um suspiro contido e tirou o aparelho lentamente das mãos do maior, desligando o telefone e afastou o notebook de perto dele. Dahyun, com cuidado, apoiou a cabeça de Vernon com uma das próprias mãos e abaixou o braço que antes estava levantado, fazendo o homem deitar sobre os músculos. Pegou a jaqueta azul dele, antes pendurada sobre a poltrona, e jogou-a sobre os ombros do Hansol.
― Você sempre foi assim, até na faculdade. ― Disse baixinho, o que fez Vernon soltar um pequeno resmungo. ― Fez dois cursos ao mesmo tempo e quase morria de estudar, o que você teria feito sem mim naquela época?
Dahyun deixou um sorriso escapar e acariciou os fios escuros do amigo, deixando um bilhete em um dos post-it amarelos que ele tinha.
"Me responda depois."
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