– Vocês gostariam de me explicar o que significa isto?
– Entre e sente-se primeiro, Fred – Justin disse naturalmente olhando das fotos para ele – Bom dia – deu passagem para que ele pudesse entrar.
– Bom dia. Eu ainda estou esperando uma resposta; então, quando quiserem... – ele disse firme sem ser agressivo; e nos encarando, permaneceu em pé.
– Pois bem. O quê quer que falemos? Nós realmente estamos juntos – sem escapatórias, ele disse passando o braço por meus ombros, o que me restou abraçar-lhe a cintura – Eu poderia negar nosso envolvimento na cara dura, mas não mais. E sequer seria possível diante disto – balançou as fotos em sua mão.
– Megan... – dei um pulo assim que ele disse meu nome – O que tem a dizer?
– Eu? – acenou positivamente com a cabeça – Ah tio, o quê quer que eu diga? Aconteceu. O Justin... – o olhei e sorri sentindo minhas bochechas esquentarem – Eu sei que sou inconsequente e que armei uma confusão das grandes; nós conversamos sobre isso e o fato é que mesmo sabendo que toda essa confusão poderia vir à tona, nós não nos afastamos. Pelo contrário, nos aproximamos mais. Eu sei que sou jovem demais pra saber de sentimentos, mas se isso não for amor, eu não sei o que é. E o caso é que aconteceu e ninguém pode mudar o passado – desvencilhei meus braços dele e sentei no sofá passando as mãos no rosto – Eu disse que não queria vir morar com ele, mas quem me escuta? – cruzei os braços.
– Ma como assim Megan? – Justin disse curvando o cenho.
– Longa história. Um dia ainda te conto...
– Enfim... Eu deveria estar chocado, mas surpreendentemente não estou – sentou-se basicamente estagnado no sofá à nossa esquerda, respirando fundo.
– Não? – perguntamos numa só voz.
– Não, mas estou chocado por não estar chocado – mexeu na gola da camisa. – Crianças, por Deus... Eu sei que sou um tio legal e compreensivo, mas certas coisas têm limites. Há quanto tempo... Vocês... – agitou as mãos, sem completar sua pergunta.
– Aconteceu algum tempo depois que ela chegou. Foi... – ele pausou procurando a palavra.
– Inevitável – eu completei, mesmo com o pensamento longe – Por favor, tio; não nos separe. Eu sei que tudo tem um limite, mas poxa, todo mundo merece ser feliz – pedi recuperando os sentidos, olhando diretamente para ele.
– Megan, Megan... E se eu dissesse que não é comigo que vocês devem se preocupar? A verdade é que eu passei as últimas horas convencendo Jeremy a não jogar essas fotos na cara do juiz que cuida do seu processo. E a propósito, eu vi o resultado da briga que vocês tiveram ontem, e isso é o que me deixa triste. É deplorável, tanto pra você, quanto para ele, Justin. – deu para perceber a preocupação e desapontamento claramente em sua voz.
– Jeremy, sempre Jeremy! Ele provavelmente não contou que fez chantagem para não falar sobre nós. – Fred o encarou incrédulo desta vez – Não precisa estranhar... Ele pediu as ações da Megan na empresa, em troca pelo silêncio dele. E então, quem é o deplorável agora? – Justin cruzou os braços; a raiva era eminente a cada silaba articulada.
– Por Deus, o que você está me dizendo? – passou as mãos no rosto, subindo para os cabelos – Eu chego para falar sobre essa relação ilícita de vocês e acabo descobrindo que seu pai, que me fez vir aqui, praticou chantagem e coação... Acho que todos nessa família estão perdendo o juízo. Tem mais alguma coisa que queiram me contar? – alternou o olhar entre nós.
– Acho que não... Enfim, Jeremy é só mais um canalha bastardo do tipo “a ocasião faz o ladrão”. Foi tolice ele pensar que com chantagem iria conseguir algo desse calibre – ele riu em ironia e continuou – Ao contrário do que possam estar pensando, eu ainda tenho noções de responsabilidade. Talvez mais ainda – olhou-me por um segundo.
– É talvez, em partes... E falando em responsabilidade, já entrei em contato com o Dr. Stewart para o requerimento a sua guarda, Megan. E a partir de hoje você irá morar comigo – sequer fiquei surpresa, mas isso não impediu o fato do meu coração querer sair pela boca.
– Era de se esperar – revirei os olhos sentindo um bolo formar-se em minha garganta.
– Era de se esperar? Não mesmo. Você pode ficar com a guarda dela, mas...
– Você quer ir preso? Porque é isso que vai acontecer se insistirem nisso – o precaveu com o óbvio – Esperem pelo menos Jeremy desistir dessa maluquice, ou então que Megan complete no mínimo dezoito anos – fez uma cara engraçada de “duuh” – Eu não estou interferindo na relação de vocês diretamente; na verdade eu só não quero que chegue ao conhecimento da justiça, porque se chegar... É bom nem pensar.
Só uma observação: o tio Fred será o melhor tio do mundo para sempre.
– Meu aniversário é dia 13 de dezembro. Estamos no começo de novembro... – o encarei, mantendo a voz segura, embora suave, diante de sua expressão nada feliz – Sei que temos de esperar mais algum tempo, mas não vejo alternativa melhor. Eu não quero você preso; e como tio Fred disse, é bom nem pensar – balancei as mãos e a cabeça espantando os maus agouros.
– Pois eu prefiro ir preso. Isso é como ceder os gostos de Jeremy, mesmo que indiretamente, vocês não o percebem? – rosnou relutante. Cabeça dura.
– Isso é ser egoísta – Fred e eu dissemos uníssonos – Às vezes a raiva pelo seu pai te deixa completamente cego – continuei esbravejando – Você já parou pra na sua mãe ou nos seus irmãos? “O Justin foi preso”. Como acha que eles reagiriam? – nesse momento, eu queria ter batido nele, mas me controlei. Amos estavam sérios e prestando atenção no que eu falava – E se você está achando que vou colocar algum disfarce ridículo pra ir te visitar numa penitenciaria, você só pode ter perdido o juízo – finalizei e os dois começaram rir como se estivessem assistindo algum show cômico.
– Enfim, a Megan tem razão – tio disse já relaxado – Justin, leve em consideração que essa é a chave para a liberdade de vocês; se assim posso dizer. Não será permanente. É só uma questão de ser paciente e não meter os pés pelas mãos.
– Ainda não estou feliz com isso, mas tudo bem. Já que não há outro jeito mesmo... – deu-se por vencido, dando de ombros; voltando a ter uma sombra encobrindo seu belo rosto.
– E eu menos. – puxei seu queixo, beijando a linha tensa em seu maxilar. Soou um pigarreio.
– Bom. Você terá que ir comigo, já sabe... – disse meio sem jeito – Então, faça uma mala com algumas coisas e depois pedirei para algum empregado buscar o restante de seus pertences.
– Mas hoje? Agora? – contestei curvando o cenho.
– Não. Pensei em ser no mês que vem... É claro que é hoje. Se eu não chegar com você em casa, Jeremy provavelmente terá outro chilique e sabe Deus no que isso resultaria.
– Era sobre isso que eu estava falando; estamos indiretamente presos às vontades dele...
– Você fique quieto – o interrompi – Já falamos sobre isso. – o impedi de remoer as putarias de Jeremy – Uh, vou arrumar minhas coisas e em seguida poderemos ir. – levantei e comecei me dirigir até a escada.
– É... Ah... Eu posso subir? – ouvi Justin dizer sem jeito. Virei para olhá-los.
– Vá – maneou as mãos e ele levantou-se apressado – Calma, garoto. Ela não vai fugir.
– Já não tenho tanta certeza disso – falou em meio ao percurso até mim.
Chegamos ao meu quarto e logo fui para o closet pegar uma mala, voltando e a colocando em cima da cama. Nunca foi tão difícil fazer uma mala.
– Pode me ajudar? – pedi abrindo os zíperes.
– Não vim aqui para te ajudar a preparar suas malas – olhei para ele que estava a poucos metros atrás mim – Bebê, eu não quero te perder assim – passou os braços por minha cintura e me envolveu com vontade, deixando-me tão presa nele, ao ponto de sentir o contorno perfeito de seu corpo em minha costa.
– Você não está me perdendo – apoiou o queixo em meu ombro – Encare isso como férias de mim... Não será agora que você se livrará de Megan Bieber. – senti seu riso junto a mim.
– Isso foi estranhamente reconfortante – plantou um beijo abaixo da minha orelha – Mas não diga isso; você sabe que pertence a mim – sussurrou ao roçar os lábios no mesmo ponto.
– Nós pertencemos um ao outro. – virei-me alcançando sua boca com a minha em necessidade. Não seria um exagero dizer que eu necessitava daquele beijo para viver. Dele.
Lágrimas desceram antes que eu pudesse controlá-las, mas já não me importavam mais. Justin tinha meu rosto entre suas mãos, passando os polegares pelos tênues caminhos molhados.
– Você é linda – disse ele capturando meus lábios em rápidos movimentos. Segundos depois eu estava presa na parede, tentando de forma desajeitada me livrar da camisa dele.
Quando finalmente consegui, o puxei com toda força contra mim; esmagando meus seios no roçar dos nossos corpos pelo espaço inexistente entre nós. Escorregando pela parede, acabamos no chão; ele por cima de mim, dentre minhas pernas empurrando-se suavemente pelo tecido de algodão da calça de moletom em meu short jeans.
Enlacei as pernas em seus quadris, apertando-o com tal força, que chegaria ao ponto de ter câimbra em meus membros. Gemi em súplica, arranhando a pele de minhas coxas, sem me importar se depois arderia ou se ficariam marcas. Erguendo minha blusa, Justin distribuiu chupões pelos montes esféricos dos meus seios, e tão rápido quanto à velocidade da luz, me desfiz em minha calcinha; tendo os choques do orgasmo alastrando-se de meu interior para cada músculo em meu ser.
– Bebê, eu te amo tanto – murmurou deixando seu peso cair sobre mim.
– Amo você também – minha voz saiu trêmula e embaçada.
Passou-me para cima, me fazendo sentar em suas pernas. Sentado no chão, rodeou-me a cintura com uma mão e puxou-me a nuca com a outra, logo selando nossos lábios mais uma vez, antes de levantar comigo; e só então se dispões a me ajudar fazer a mala.
[...]
– Tudo pronto? – tio Fred perguntou já em pé.
– Acho que sim, só peguei o básico – falei ao terminar de descer a escadaria.
– Certo. Estou me sentindo um fora da lei por apoiá-los nisso, mas vocês são meus sobrinhos favoritos, e formam um belo casal – tentou soar engraçado, mas não gerou – Não fiquem assim, pelo amor de Deus... Tudo isso passará bem mais rápido se vocês não se martirizarem – olhamos para ele sem expressão – E vamos achar um jeito de vocês se verem uma vez ou outra, satisfeitos? – demos de ombros dando um sorriso técnico.
– Nas condições em que estamos isso é luxo, então... – falei e os dois acenaram positivamente.
– Bom, vou esperá-la no carro. Os deixarei à vontade, mas comportem-se – ele disse e eu corei acompanhando Justin numa risada. Logo foi em direção à porta e saiu.
O silêncio inoportuno deu-se no local por alguns segundos.
– Então, – pegou minhas mãos e as levou até a boca depositando um beijo em cada – Se quiser fugir, é só me ligar – seus olhos brilharam e por um segundo eu senti seriedade em suas palavras.
– Não vamos estragar tudo fugindo. – falei analisando seus traços – Por mais tentador que seja – ele sorriu e abraçando-me, traçou um caminho de beijos do meu pescoço para minha boca. Leve, doce e possessivo; uma mistura perfeita que somente ele sabia equilibrar... Insano e apaixonante.
– Sentirei sua falta. – seus lábios tocaram minha testa suavemente.
– Eu sei, sou o brilho da casa... – ele sorriu exibindo seus dentes perfeitos – Brincadeira; sentirei muito a sua falta.
– Da forma mais absurda que alguém pode sentir a falta de outro alguém. Não, estranhe, tenho lido poesias... – ri batendo em seu peito.
– Já que é assim, escolha ou escreva alguma poesia para mim – brinquei.
– Tudo bem... Darei um jeito de entregar no seu aniversário – ergui as sobrancelhas. A buzina soou, para minha profunda tristeza.
– Chegou a hora. Ai que droga isso – respirei me recompondo – Senhor Bieber, espero vê-lo muito em breve.
– O mesmo lhe digo senhorita.
O envolvi em meus braços e aspirei seu cheiro fortemente, como se aquela fosse minha última respiração.
– Eu te amo – em uníssono, foi a derradeira coisa que dissemos.
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