História War Of The Elements, interativa - Prólogo

❛❛Jupiter 25, 1500.                                                                                 《(!)¡ Hetérea, cidade dos deuses…

Yshar saía da carruagem revestida em ouro. Não deveriam ser mais do que dez horas quando saíra para uma visita a uma velha amiga, mas a lua já enfeitava o céu, mesmo que não parecesse que tinha demorado tanto tempo. 

A jovem deusa caminhava altiva em direção à imensa porta de entrada. Ela clamava que com aquela postura, seu desconforto não transparecesse. Sua cabeça parecia querer explodir a qualquer instante. Até mesmo o som de seus sapatos chocando-se com as escadas lhe agoniava. Mal podia esperar para sentar-se em sua cama e só sair de lá novamente quando desejasse ou aquela maldita dor de cabeça passasse. 

Não precisou de mais do que um leve empurrão para que a porta se abrisse com sua chegada. 

O estrondo da porta se fechando reverberou pelas paredes de mármore. Certo, aquela maldita dor de cabeça ainda lhe mataria, de certo. Com a porta já fechada, Yshar caminhou pelo hall de entrada, na ânsia de chegar, finalmente, em seu quarto. 

Entretanto, ao chegar aos pés da escada, passou ligeiramente o olhar por onde aquela escadaria se dividia em duas. E não foi surpresa nenhuma encontrar seu pai lá, de alguma maneira ela sabia que ele a estava esperando.

Calmamente, mas permanecendo com sua postura altiva, ela subiu as escadas, indo de encontro à Nihazr. 

Então parou, não muitos passos à frente dele, o manto obscurecido se destacando em meio ao ambiente tão iluminado.  A cada passo que dava, Yshar só conseguia se concentrar na leveza com a qual o manto se movimentava, conforme as passadas do pai. 

— Aconteceu algo de importante enquanto eu estava fora? — questionou Yshar, de alguma forma conseguiu achar sua voz no meio daquela dor que lhe atormentava. 

Ele sorriu, aquele típico sorriso que dava quando iria falar alguma besteira sem sentido algum. 

— Imagino que sim, querida, me diga você. 

Embora quisesse muito apenas ignorar suas palavras, uma curiosidade lhe rodeava a mente. Normalmente ele era mais misterioso do que isso, talvez dessa vez fizesse sentido.   

— Vamos logo, sem rodeios, pai, minha cabeça parece querer explodir hoje. 

Nihazr se aproximou mais dela. Sua mão ganhou destaque entre os emaranhados fios vermelhos da filha. Se aproximando, ele deu lhe deu um leve selar paternal nos cabelos e passou a encará-la com um olhar, estranhamente, orgulhoso. Um daqueles olhares que recebia quando ainda era pequena, mas conseguia controlar seus poderes melhor do que seus três irmãos, o tipo de olhar que sentia saudades de receber.  

— Você é igual a mim, filha. 

Yshar não conseguiu entender o que estava acontecendo antes de ele abraçá-la, porém, por uma breve instante, ela jurou ter visto os olhos do pai lacrimejarem.

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Era seu último dia de trabalho antes das férias. Deveria admitir, estava ansioso por poder passar mais tempo com seu pequeno filho. 

Trabalhar no castelo acabava lhe tomando muito tempo. Não que o trabalho não lhe agradasse. A questão era, afinal, que nas últimas semanas não andara passando muito tempo com sua família, o que, de fato, estava lhe estressando e muito, sem contar nas brigas que tivera com sua esposa durante esse tempo. De qualquer forma, no dia seguinte poderia levar os dois para um passeio em família, nada de errado poderia acontecer. Apenas mais um dia, e teria as suas férias. 

O guarda, que coincidentemente passava em frente à entrada do salão, olhou em silêncio para o rei. Sob o brilho cru da luz, o sangue manchava suas roupas outrora galantes. A capa branca que pendia de seus ombros, no chão, estava rente ao corpo do sábio rei de Ingne. O tecido refinado das vestes do homem agora estava encharcado com o líquido escarlate. Formando uma poça  jocosa, espalhava o aroma de ferro que atraiu-o para o cômodo em que o rei, normalmente, ficava. 

Pelo visto, as coisas poderiam sim dar errado. 

Ainda resignado, o guarda andou para mais perto do corpo inconsciente do governante, o clima leve com que caminhava em direção ao seu posto se foi assim que pisara no salão. 

O cheiro do sangue real ficava cada vez mais forte conforme se aproximava. 

Já perto do corpo, o guarda agachou-se. O rei estava morto, ele sabia, não teria como ver todo aquele sangue e ainda achar que ele estava vivo. Mas tinha de ter certeza, portanto, ele se aproximou, pousando os dedos em seu pescoço, procurando por um resquício de sua pulsação, mesmo que fraco. 

Nada. 

O rei estava morto.