História Waves - Good Girl

O som das ondas quebrando era como músicas para meus ouvidos. O vento vindo do mar batia em meus cabelos. Se eu permanecesse com os olhos fechados até poderia considerar a hipótese de estar sentada na branca e macia areia das praias do Rio de Janeiro, mas como sempre a realidade arruma um jeito de nos acordar dos devaneios.

Ao abrir os olhos pude ver a areia um pouco escura de São Francisco, e o mar que nunca perdia o encanto, estava sempre ali com as águas cristalinas quebrando no litoral.

Mais uma vez a minha atenção foi desviada para o celular ao meu lado, que não parava de tocar. Era Scarlet.

"@ScarletFoster: @BeaHudson Cadê você peste?"

"@ScarletLambert: @BeaHudson Realmente espero que você volte a tempo de se arrumar pra festa, porque eu quero uma roupa sua."

"@ScarletLambert: @BeaHudson @CharlieFoster Se você sequestrou minha amiga pra escutar mais um de seus ensaios de garagem, eu te mato."

"Scarlet Mozona: Vou achar que dessa vez você foi comida por tubarões, cadê você peste?"

"Charlie Lindão: Dá sinal de vida por que a Scarlet ta enchendo o meu saco"

Ri com todas as mensagens e mentions no twitter e logo respondi. Levantei da areia e calcei meus chinelos, subindo em minha bicicleta e indo para minha casa.

A construção verde clara já estava em minha visão, sendo assim desci da bicicleta e caminhei em direção a garagem, onde abri e guardei minha bicicleta.

Depois de entrar em casa mandei uma mensagem para Scarlet, avisando que eu entraria no banho agora, mas que ela já poderia vir, já que a mesma sabe onde eu escondo a chave. Antes de tudo fui para cozinha e vi um bilhete pendurado. Retirei o imã que o prendia e peguei uma maça do cesto, começando a ler o mesmo logo em seguida.

"Beatrice, Tive uns problemas no trabalho e tive que ir para a empresa mais cedo, devo voltar um pouco tarde por causa do jantar que meu chefe organizou. Sua mãe deu um passadinha na loja e depois vem direto para o jantar, vejo você e Isaac mais tarde.                                                                                                                                                                                                                                                Papai."

Meus pais tinham essa mania de fazer coisas clichês como deixar bilhetes colados na geladeira e coisas do tipo, eu adorava isso.

Caminhei até meu quarto e tomei um banho demorado. Ao sair do box escutei uma música vindo do quarto, o que significava uma coisa: Scarlet havia chegado. Abri a porta do banheiro depois de vestir uma calça de moletom e uma blusinha branca.

-Finalmente!-Scarlet estava deitada na cama com os cabelos negros espalhados pelos travesseiros.- Preciso da sua ajuda pra escolher uma roupa.- Ela pegou sua bolsa da Tommy, já que ela iria dormir aqui essa noite, da mesma ela tirou uma saia justa vinho e uma parecida preta.- Preciso de uma blusa sua que me faça escolher entre essas duas.- Ela disse sorrindo.

-E eu preciso da sua ajuda, my darling.- falei, abrindo o closet.- com a roupa- Disse, pegando uma calça branca justa e tacando a mesma em cima de Scarlet.- Meu ponto de partida.

Se passaram uns 20 minutos até escolhermos as roupas certas, Scarlet iria com uma saia preta justa e uma blusinha solta e um salto da mesma cor, ela me fez vestir, junto da calça branca, uma cropped preta e um salto, não tão alto, também preto.

-Olha, você tá gata.- Ela disse, terminando minha maquiagem.- Eu faço milagres minha querida.

-Odeio quando você cisma em me maquiar.- Falei revirando os olhos, sorrindo.

-Pera ai.- Ela falou, indo em direção a porta e olhando de um lado para o outro.- Não tem música ruim tocando, não tem amigos gatos andando de um lado pro outro. Cadê o Isaac?

-Ele foi na casa do Tyler.- Respondi, Isaac era meu irmão gêmeo, que não parecia nada comigo, Scarlet costumava dizer que nós falamos do mesmo jeito, mas a opinião de Scarlet não valia muito nesse quesito, afinal, ela é a Scarlet.

-O amigo gato ou o mais ou menos?

-O mais ou menos.- Disse rindo.- O gato é o Dylan.

-Verdade, nunca vi tão lindo.- Ri alto depois do comentário da morena em minha frente.- Que foi? Eu hein, parece louca.

-Vamos logo, já ta na hora da festa.- Falei, pegando minha bolsa em cima da cama e colocando dentro meu telefone celular.

-É essa a casa?- perguntei, olhando pela janela do carro e avistando uma mansão de frente pra praia, parece clichê, mas essa é novidade para festas dadas por Jake Parker, que sempre dava as melhores e mais inusitadas festas de São Francisco, uma vez ele roubou o Hiate do padrasto e deu uma das melhores festas do ano, foi a mais falada do colégio.

A mansão branca era basicamente de vidro, onde as luzes coloridas atravessavam a vidraça e o som dava a impressão que tudo tremia. A casa era de frente para o mar, que aparentemente estava de ressaca.

-Vamos?- Scarlet disse, abrindo a porta do New Beetle amarelo.

-Vamos.- Desligando o ar condicionado, girei a chave a sai do carro, indo em direção a festa.

O cheiro de bebida e drogas infestava o lugar, tudo ali fedia a álcool e baseados.

-Mas que porra de cheiro é esse.- Disse, colocando a mão em meu nariz.

-Festas de Jake Parker, já devia estar acostumada flor, já que o melhor amigo dele tem uma crush em mim, e me convida pra todas as festas. Nunca vi, parece até um psicopata.- Scarlet disse, fazendo uma careta.

-Quem parece um psicopata?- Caleb, o amigo psicopata, disse, chegando por trás e colocando a mão no ombro da morena. Scarlet revirou os olhos azuis antes de virar e sorrir ironicamente

. -Adivinha queridinho.- Falou, enquanto apertava as bochechas do mesmo.

-Eu vou dançar.- Falei rindo, tendo em mente que depois ela iria me encher o saco por quase deixa-la sozinha com Caleb.

-Eu vou com você.-Ela disse arregalando os olhos, em um pedido de socorro. -Então vem logo.- Peguei a mesma pelo pulso e a levei para a pista de dança. -Tá na hora de sair da seca né garota.- Ela disse alto em meu ouvido por conta da música.- Até eu tenho que pegar alguém essa noite, vamos combinar.- Ao terminar a frase, a mesma deu uma golada na bebida em suas mãos.

-Não sei não. Não tem ninguém que preste, os mais bonitinhos ou são gays ou tem um puta jeito de psicopata, tipo aquele ali.- Respondi, apontando para um loiro de cabelos um pouco longos que olhava fixamente para alguma menina na pista de dança.

-Erick Evans.- Scarlet tinha o dom de saber o nome de tudo e de todos, parecia até mesmo uma stalker profissional, daquelas que acham o perfil só de olhar o rosto.- Se formou no fim do ano passado, depois de repetir 2 anos.

-Sabe, as vezes eu tenho medo de você.- Falei rindo.- Sabe a vida de todo mundo.

-Não é verdade, aquele ali eu não conheço.- Falou se referindo a um garoto com a pele branquinha e cabelos um tantos escuros, que andava pelo salão em direção ao bar.

-Ele até que é bonitinho.- Admiti.

-Fala sério Beatrice, você tem 16 anos na cara, tá na seca, até eu que não fico com um garoto a 2 semanas já to sentido o meu bv voltar. Qual é, carne fresca e de boa qualidade. Além do mais é o penúltimo dia de verão, aproveita garota- Scarlet falou em um meio de termo de sério com brincadeira.

-Eu vou deixar pra você.

-Não é meu tipo.- Respondeu.- Ele é meu tipo.- Mexeu a cabeça para indicar o moreno alto andando do outro lado da pista de dança.

-Tudo bem, me convenceu, ok? Mas eu não vou nele e, sei lá, dar um chegada como uma puta.- Falei rindo.

-Você é fresca, hein.- Ela disse com voz esganiçada.- Olha, deixo você usar um dos métodos Scarlet, mas só hoje.- Ela fez uma pausa e pegou um copo qualquer.- derruba nele.

-Oi?- perguntei, arqueando as sobrancelhas.

-Só derruba.- Ela disse por fim, me empurrando e indo em direção ao moreno alto do outro lado do salão.

Olhei em volta e respirei fundo. É Beatrice, você está fora de forma. Esperei o moreno chegar mais perto e apareci "sem querer" em sua frente, batendo no mesmo com meu copo.

-Desculpa, ai meu Deus, você tá todo molhado, ai droga, deixa eu te ajudar.-Falei rápido, talvez até muito rápido, e pude vê-lo sorrir de lado.

-Não tem problema, eu precisava mesmo me refrescar.- Ele sorriu, e, não sei por que, eu não conseguia desviar meus olhos de seu sorriso.- Sammy.- Falou se apresentando.

-Bea.- Disse sorrindo.

-Então, Bea, quer dançar?

-Por que não?- Respondi rindo.- Mas vou logo avisando que não sou a melhor dançarina.

-Também não sou tão bom assim.- Sorriu.-Talvez um pouco.- Esticando a mão, como se fosse um galã se filme de época, Sammy me levou para a pista dança.

A música Good Girls, do 5SOS tocava no fundo, enquanto nós dançávamos e conversávamos ao mesmo tempo.

-Então quer dizer que você é uma Good Girl?- Ele disse com um sorriso galanteador.

-Good girls are bad girls that haven’t been caught.- disse sussurrando em seu ouvido, e logo depois dando uma risada baixa. Pude senti-lo sorrir, e logo suas mãos estavam em volta de minha cintura e sua boca se aproximava de meus ouvidos.

-"She said to me, forget what you thought, cause good girls are bad girls that haven’t been caught."- Ele sussurrou, e logo seus lábios estavam tão perto dos meus que era possível sentir sua respiração. Em uma fração de segundos nossos lábios estavam colados, assim como nossos corpos, dando início a um beijo lento, que aos poucos foi ganhando intensidade.

-Acho melhor irmos lá pra fora.- Ele disse sorrindo, após o beijo ser interrompido por conta da falta de ar.

-Tudo bem por mim.- Sorri, e mais uma vez fui guiada pelo pulso por Sammy, para fora da mansão, indo em direção a praia, perto de um posto de salva vidas.

-Alguma coisa que eu deva saber sobre essa garota misteriosa?-Sammy disse, colocando seu braço em volta de meus ombros enquanto sentávamos na areia.

-Bem, meu nome é Beatrice Hudson, tenho 16 anos, sei surfar, não sei dançar;- Falei e ri.- e o resto você vai ter que descobrir.

-Samuel Wilkinson, 17 anos, não sei surfar, sei dançar, e o resto você terá que me conhecer para descobrir.- sorriu sarcástico.- me passa seu número.- Ele disse, me dando seu telefone, e então salvei meu telefone no mesmo.- Bea Linda, sério?

-Eu não devo contar mentiras.- Falei, colocando as mãos atrás da cabeça.

-Nisso você tem razão.- Sam se aproximava lentamente, selando nosso lábios mais uma vez naquela noite. Nos afastamos e encostei minha cabeça em seu ombro, tento a vista do mar. Mas alguma coisa estava errada. Tinha muito movimento na beira da praia para aquela hora da noite, umas oito pessoas riam perto do litoral enquanto um menino moreno saia da água molhado e com uma expressão preocupada no rosto.

-O que está acontecendo ali?- Perguntei me levantando.

-Aquele ali é o Cameron?- Sam semicerrou os olhos.- É, é o Cameron.

-Sam.- chamei a sua atenção.- Aquilo na água é sangue?

-Puta que pariu.- com as mãos na cabeça, corremos para junto das pessoas na beira da praia.