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História We are Better Together - OITNB


Escrita por: brunacezario

Notas do Autor


Quem estava com saudade das bíblias? Chegaram até a perguntar se eu estava bem por não postar mas elas, mas eu to tão bem que aqui está uma bíblia cheia de doce pra continuar contribuindo com a diabete de vocês.

Ótima leitura!

Capítulo 21 - OITNB


- Esse livro é realmente sobre a sua vida amorosa? Sobre sua história de amor com a Alex em uma prisão?

Essa era a pergunta que Piper mais ouvia desde que o livro havia sido lançado.

No começo ela não sabia dizer se as pessoas perguntarem isso com tanta surpresa era bom ou ruim, mas depois de uma semana de intermináveis entrevistas e sessões de autografo ela percebeu que aquilo era uma coisa boa. As pessoas queriam mesmo saber como acabou uma história de amor completamente conturbada.

O sucesso que o livro estava fazendo ainda era uma surpresa para Piper. Quando Alex lhe informou os números parciais de venda ela custou a acreditar.

Nunca duvidou do poder surpreendente que as redes sociais da Floresta Encantada tinha. Os fãs da editora - e dos escritores em si - eram totalmente fiéis.

Quando o livro foi divulgado no mês Encantado gerou divisão de opiniões. Muitos ficaram ansiosos pelo livro e muitos falaram que seria somente mais um romance convencional que todos sabiam como ia acabar.

Eles estavam errados.

A crítica bombardeou o livro - da melhor forma possível - com seus elogios.

Orange is the New Black passou mais de 36 horas como o assunto mais comentado. Todo mundo só falava sobre o livro. Todo mundo só falava sobre a escrita envolvente e em como o casal principal era tão desgraçado a ponto de torcerem para que tudo ficasse bem.

A maioria dos comentários era de pessoas dizendo que tudo indicada que não existia a menor possibilidade das duas ficarem juntas e que o final seria o mais trágico possível - ninguém estava acostumado com uma história de amor entre duas mulheres que dava certo -, mas não custava nada torcer pelas duas, sofrer pelas duas, brigar com as duas a cada capítulo que passasse, independente de como terminasse a história valeria a pena e a pessoa que criou uma história de amor tão diferente merecia todo o amor do mundo.

Mas a primeira entrevista que Piper e Devon deram sobre o livro ser baseado em uma história real fez as vendas triplicarem e ninguém mais se importava com o final do livro, as pessoas começaram a se importar em como a história terminou na vida real.

Portanto lá estava Piper no Good Morning América junto com Devon contando mais uma vez a história.

Só que dessa vez parecia que era a primeira vez que ela estava contando.

- Como você teve a ideia de escrever esse livro? Você simplesmente acordou e disse "Hoje eu vou escrever sobre o amor que me levou para prisão"?

- Não. - soltou um riso. - O Devon sempre quis. - o rapaz fez um positivo com a cabeça com um sorriso convencido. - Quando ele ficou sabendo de toda a nossa história ele sempre dizia que ia escrever um livro sobre. Eu cheguei até pensar que ele estava escrevendo o livro escondido. - o tom divertido arrancou risos da plateia. - Mas até que um dia nós dois estávamos almoçando juntos e eu disse "Por que não?".

- Ela não disse "Por que não?". Ela me fez pagar o almoço e disse que tinha um milhão de condições antes de aceitar escrever o livro. Vocês não sabem o inferno que foi ser co-autor dessa mulher.

- Todas as personagens desse livro existem? Tudo que está escrito aqui aconteceu de verdade?

- Até coisas que eu não queria que tivessem acontecido. - respondeu Piper em tom divertido arrancando risos de Devon. Ele sabia muito bem ao que ela estava se referindo. - Essa foi uma das minhas condições. As garotas que foram presas junto comigo eram minhas amigas. Uma vez eu contei uma história sobre elas que foi totalmente mal interpretada e eu não queria que isso acontecesse novamente. Não comigo escrevendo.

- Eu não quero soltar spoiler, mas... O que aconteceu com você e a Alex depois do final do livro?

- Resumindo... – antes de completar Piper abriu um largo sorriso e olhou para a plateia, mais especificadamente para a primeira fileira, em uma cadeira do meio que era onde Alex estava sentada. Motivo pela qual parecer que essa era a primeira vez que ela estava contando a história em público. Era a primeira vez que Alex foi a um programa ao vivo assisti-la. Alex retribuiu o sorriso e mandou uma piscadela para ela. – Nós casamos.

No mesmo segundo no telão atrás de Piper começou a passar várias fotos dela com Alex. Todos ali na plateia abriram um sorriso, encantados em como as duas eram realmente lindas juntas e felizes em saber que depois de tudo que passaram lendo o livro – ou pelo que estavam passando – elas ainda estavam juntas e pareciam muito felizes. Pareciam um daqueles casais que iam viver mais de 100 anos juntos.

- Vocês casaram? Vocês estão casadas?

- Estão. – Devon tratou de responder. – Eu sou a prova de que elas casaram. Olha... – apontou para a tela que mostrava uma foto do casamento com os três. – Eu fui padrinho do casamento das duas. Essas duas são a prova de que o amor vence qualquer coisa. Por isso insisti tanto para que Piper escrevesse a história.

- Eu terminei o livro em dois dias porque eu queria mesmo saber até onde a história ia, mas era difícil acreditar que as coisas dariam certo aqui fora. Desculpa, eu sou uma romântica, mas tem até uma citação no livro que diz que as coisas na prisão são totalmente diferentes do lado de fora. Aqui fora você tem espaço.

- Não é só espaço que você tem aqui fora. Aqui tinha uma vida normal nos esperando e até casarmos aconteceu tanta coisa... – soltou um riso. - Esses dias estávamos até conversando sobre isso, ninguém consegue acreditar que nós realmente continuamos juntas e que casamos, às vezes nem a gente acredita.

- Ninguém acredita porque o livro muitas vezes parece que deixa claro que Piper e Alex são duas pessoas que se amam, mas que nunca iam conseguir ficar juntas.

- Por que por um tempo parecia ser verdade, mas a gente se amava e quando saímos estávamos empenhadas a fazer o relacionamento dar certo. E eu acho que conseguimos. – o sorriso orgulhoso que abriu era totalmente voltado para a Alex que a assistia parecendo que estava hipnotizada pelas palavras da esposa. – Quer dizer... Nós casamos, nós tivemos filhos...

Antes de Piper completar Diane invadiu o palco correndo para o meio das pernas da mãe arrancando um “awn” em uníssono da plateia.

Outro motivo de parecer que era a primeira vez que estava contando a história era que os filhos também estavam presentes no programa.

- Essa aqui não pode ouvir a palavra “filhos” não é Di? – a garota estava tão encantada com o estúdio que só ficava olhando para os lados com curiosidade e apontando. – O que foi? Quando não está na frente das câmeras não para de falar um minuto e agora ficou muda?

- Olha eu, mamãe. – apontou para a tela em sua frente. Arrancando mais “awn” da plateia. – Você também. – Piper de um beijo na bochecha dela, se divertindo com todo o encantamento da filha. - E o Devon.

- Vocês têm filhos?

- Três. – a câmera correu a plateia procurando pelas duas crianças que faltam. Lucas foi encontrado no colo de Alex. – Aquele é o Luc e Alex está se escondendo atrás dele, então não façam ela falar porque senão vocês vão acabar com meu casamento e o Chris... – a câmera achou o garoto comendo um donut com um dos produtores. – Encontrou alguém que lhe dê comida, como sempre. São nossos trigêmeos.

- Nós pensamos que o livro era cheio de surpresas, mas vocês se superaram. Quando vai ser lançado o próximo livro com a história de vocês aqui fora?

- Eu ainda estou tentando convencê-la sobre isso.

- Eu preciso ser sincera... Administrar uma empresa de produtos naturais é mais fácil do que escrever um livro. A experiência foi boa, mas a não ser que a Alex queira escrever a segunda parte, eu acho que não vai ter.

- Ainda bem que a Netflix existe. Nunca se sabe quando vão querer fazer uma série sobre o livro.

Piper riu.

O livro poderia ter sido um sucesso, mas não acreditava que alguém algum dia inventaria de fazer uma série sobre ele. Não tinha chegado a essa proporção ainda.

Devon sorriu concordando com o que a apresentadora acabara de dizer. Nada impedia o livro de virar uma série e se fosse da Netflix seria melhor ainda. Eles provavelmente conseguiriam passar toda a essência do livro.

Se ele soubesse a dor de cabeça que o agradava no futuro...

- Têm duas perguntas que eu preciso fazer caso contrário o pessoal de casa nunca mais vai nos dar audiência na vida... O que é o clube das ex-presidiárias? – uma foto de uma das reuniões do clube apareceu no telão. – Todas elas são amigas que vocês fizeram na prisão?

- Tirando aquela ali – apontou para a Polly – que as únicas vezes que pisou em uma prisão foi para me visitar... Sim, todas estavam na mesma prisão que a gente. Nicky, Flaca, Danny e Jess.

- A Jess?

- Elas são até irmãs agora. – Piper fez um positivo com a cabeça, concordando com Devon. – Eu vou convencê-la a escrever o segundo livro para vocês entenderam toda a segunda parte da história porque teria que ser um programa de cinco dias para contar tudo.

- Por favor... Irmãs? – Piper riu da expressão ainda incrédula da apresentadora. – A última pergunta é: Para quem não leu o livro ainda por qual capítulo vale a pena ler? Eu tenho o meu favorito, mas quem ainda pretende comprar o livro... Qual o capítulo que a pessoa vai olhar e dizer “nossa, ainda bem que eu comecei a ler esse livro”?

- Pode ser três? – a apresentadora assentiu. – O primeiro capítulo, claro. Foi onde tudo começou. O “7 de Junho”.

- Sério mesmo?

- Eu fui bastante julgada nas redes socais por causa da sequencia desse capítulo, então sim... Passou a ser um dos meus favoritos. E o terceiro seria o “Preciso dizer que eu te amo pra você lembrar?”.

- Esse é o meu favorito. – admitiu Devon. – Não sei quem inventou essa história de que homens não choram porque quando eu peguei esse capítulo para ler eu quase não consegui terminar por causa de visão embaçada e tive a certeza que quem não queria que as duas ficassem juntas esse capítulo foi decisivo.

- Não vão pela opinião do Devon não, ele chorava até nas partes de comédia. – bateu de leve seu braço no braço de Devon.

A entrevista rolou por mais alguns minutos até finalmente encerrarem o programa.

Alex pôde ter fugido do ao vivo, mas não conseguiu fugir dos bastidores. Assim que a entrevista acabou e ela foi de encontro a esposa a apresentadora aproveitou a oportunidade de puxar assunto que não pôde puxar no ao vivo.

A morena não se importava de conversar com as pessoas nos bastidores. Sabia que com o sucesso do livro coisas assim aconteceriam e ainda bem que ela estava nesse ramo fazia um bom tempo para saber que era passageiro. Portanto não tinha problema nenhum quando engatavam uma conversa com ela. Só era alguém que não gostava de estar na frente da câmera e por isso que fugiu das primeiras entrevistas que a Piper deu, mas precisava estar em alguma delas e precisava levar os filhos também era importante para Piper, mesmo a esposa dizendo que não. Mas as entrevistas no ao vivo deixaria para a esposa e o Devon. Eles faziam um ótimo trabalho juntos.

Era engraçado como as pessoas realmente se importavam com as duas. No começo acharam que as pessoas queriam saber mais sobre a vida pós-livro por curiosidade, mas perceberam que todos os leitores realmente se importavam com as duas. Todos se apegaram aos personagens, a única diferença era que os personagens existiam e eles podiam ter contato, diferente da maioria das histórias.

***

- O que você está fazendo aqui? - perguntou Nicky após quase trombar com Alex no corredor da editora. - Pensei que eu só fosse te ver a noite.

- Eu trabalho aqui. - mostrou várias sacolas de comida em sua mão. - Está com fome? Comprei naquele restaurante chinês que você gosta. Para você também Flaca. Larga esse telefone. - Flaca fez sinal com a mão para que Alex ficasse quieta. - Nem uma secretária eu tenho mais... E sei que está uma loucura aqui por causa do Orange.

- Eu sou sua secretária! - exclamou Flaca com a mão abafando o telefone para quem quer que estivesse do outro lado da linha não a ouvisse. - Eu sei que eu fui promovida, mas eu não vou te deixar nas mãos de qualquer secretária. Quando acabar essa loucura do Orange eu prometo que vou entrevistar novas secretárias para você.

- Desliga esse telefone! - balançou as sacolas. - Vem almoçar. Ainda tem alguns detalhes que quero discutir sobre a sessão de autógrafos de hoje. - Flaca fez sinal pedindo para que ela entrasse no escritório e que ela iria logo em seguida. - Flaca praticamente expulsou Alex de sua frente com o gesto a mandando entrar logo no escritório. - Pode falar Nicky. - colocou as sacolas em cima da mesa de reunião. - Eu sei que você deve ter pensado em centenas de piadas enquanto assistia ao programa.

- Você pensa muito mal de mim, Vause. - pegou um rolinho primavera de dentro de uma das caixas. - Eu estou orgulhosa de vocês. - Alex a encarou descrente. Não poderia ser só aquilo. Era com a Nicky que ela estava falando. - Eu casei vocês. Eu acreditei em vocês. Agora vocês estão até contando toda a história que eu presenciei na televisão porque vocês estão casadas e com filhos. - deu de ombros mordendo o rolinho primavera. - Eu não vou te zoar dessa vez. Claro que aquela sua cara de besta merecia virar até gif. - Alex riu. Ai estava. - Mas eu não vou te zoar dessa vez. Eu estou realmente orgulhosa de vocês duas.

- Eu também estou orgulhosa de você, Nicky. - apoiou a mão no ombro da amiga. - Tem dois anos que você está noiva da Jess. - Nicky fez uma careta. Não podia ser por cinco minutos uma amiga normal que as pessoas tiravam vantagem. - Eu não estou te zoando. Eu estou falando sério. Vocês duas só não casaram ainda por não entrarem em acordo sobre o casamento...

- Eu realmente não sei o que aquela louca quer e já cansei de tentar descobrir então nós ainda vamos ficar noivas por um bom tempo.

- A Nicky Nichols que eu conhecia jamais diria isso.

- Quando nos tornamos esse tipo de pessoa?

- Eu sempre fui esse tipo de pessoa. - abriu um sorriso superior. - Mas se você está se referindo a pessoas que viraram gente... - deu a volta na mesa para pegar seu lugar e finalmente poder começar a comer. Estava faminta. - Eu realmente não sei.

- Você ultimamente anda com um sorriso muito idiota, você sabe disso, não sabe? - Alex deu de ombros colocando um punhado de comida na boca. - Flaca se você não vier comer agora você vai ser expulsa do clã das trevas.

- Eu não posso entrar para o clã das trevas... - sentou-se a mesa. - É proibido para maiores de 16 anos.

- Tem o lançamento do segundo livro dessa trilogia esse ano ainda? - Alex perguntou e Flaca só assentiu. - Eu preciso de férias!

***

- Pode desfazendo esse sorriso. - disse Piper ao se aproximar da mesa do restaurante que Jessica e Polly estavam sentadas a esperando. - Eu só não desmenti a história de sermos irmãs porque senão o assunto não ia terminar nunca.

- Eu sei que esse seu coraçãozinho já me aceitou como sua irmã... Merda! - exclamou olhando para o celular. - Minha mãe nunca está na cidade quando eu preciso dela.

- Sua mãe é uma das melhores advogadas do país. - relembrou Polly.

- Mas às vezes ela poderia ser uma das melhores avós do país também. Quem vai ficar com a Amy no fim de semana enquanto eu vou para o congresso?

- Não me diga que a Nicky vai nesse congresso também? - indagou Piper totalmente abismada. - O que aconteceu que ela não acha mais esses congressos chatos mesmo sem ter ido em nenhum?

- O congresso é em Las Vegas. Ela está jurando que vamos passar dois dias jogando nos cassinos e bebendo.

- Eu tenho quase certeza que ela não está errada. - respondeu Piper. - É Vegas! Mas se quiser eu e Alex cuidamos da Amy. Eu não quero saber de sessão de autógrafos esse fim de semana. Eu só quero saber da minha família.

- Você poderia querer saber da minha família também e ficar com o Finn e o Bem no final de semana. Eu e o Larry ainda não tivemos uma lua de mel descente.

- Se tivesse planejado o casamento... - o tom de Jess era julgador.

Resumo da história: Certo dia Polly acordou e aceitou o pedido de casamento do Larry.

Mas ela não queria uma grande festa. Não queria alarde. Polly só queria casar com o pai dos seus filhos e Larry estava de acordo com isso.

Portanto nesse mesmo dia eles foram para o cartório, casaram e deram um jantar no mesmo dia para contar a novidade.

Os pais do Larry não ficaram felizes com o casamento repentino, mas como eles já haviam pulado todas as fases mesmo de um relacionamento normal não tinha muito o que argumentar.

- Não tenho problema nenhum em ficar com o Finn no fim de semana também, mas sabemos que o Ben não dorme longe de você.

- Pelo menos um dos meus filhos me ama, não é mesmo?

- Até ele descobrir que faz parte dos desastres naturais. - disse Jess. - Ainda não acredito que você admitiu que somos irmãs em rede nacional.

- Eu não admiti nada Jess. E eu nunca vou admitir. - com um sorriso, Jess só assentiu com a cabeça descrente. Piper revirou os olhos. Por dentro estava se divertindo com a alegria cheia de provocação da irmã, mas não podia dar confiança. - Será que podemos pedir? Eu estou morrendo de fome.

***

Não que ela odiasse ficar sentada por duas horas assinando livros. Era gratificante ver todas aquelas pessoas enfrentando uma fila só para ouvi-la ler um de seus trechos favoritos e depois ter o livro autografado.

Ela gostava de saber o que as pessoas achavam da história. Gostava de saber qual era o capítulo ou o trecho favorito dos leitores. Também gostava de ouvir suas histórias e em como o livro de certa forma ajudou a pessoa a voltar a acreditar no amor. Ela gostava de saber que de alguma forma compartilhar a história de Vauseman fez alguma diferença.

Mas ela não gostava tanto quanto o Devon.

Meia hora de sessão de autografo já deixava seu maxilar doendo de tanto sorrir. Algumas vezes as pessoas comentavam algo que ela não sabia o que dizer ou que nem fazia sentido e para não deixar a pessoa sem graça ela sorria e acenava. Enquanto Devon parecia que tinha nascido para aquilo. Algo que ele tinha mesmo. Nunca conheceu ninguém que levava com mais naturalidade e animação uma sessão de autógrafos. Ele realmente gostava de ter aquele contato com os fãs. Ele sempre sabia o que responder. Ele sempre estava por dentro de todas as piadas. Às vezes ele sabia mais o que responder sobre o Orange is the New Black do que ela mesma.

Definitivamente ser escritora não era algo que Piper Chapman queria como uma carreira permanente em sua vida. Estava muito feliz com a empresa que tinha com Polly de produtos naturais.

- Pode assinar para mim, por favor?

A voz conhecida fez com que Piper levantasse o olhar rapidamente abrindo um dos sorrisos mais sinceros daquela noite. Aquele sotaque russo era inconfundível.

- Red? O que...? O que você está fazendo aqui?

- Estou tendo uma noite de Cinderela. A fada madrinha me concedeu uma noite para vir a sua sessão de autógrafos. Então eu não tenho todo o tempo do mundo Chapman. - colocou sua cópia do livro em cima da mesa. - Eu quero meu autógrafo.

- Caralho Piper! Essa é mesmo a Red? - Devon perguntou sem conter sua animação. Piper só assentiu com um sorriso. - Será que você podia me dar um autógrafo?

- Claro garoto porque quem escreveu um livro de sucesso foi eu né? - respondeu em tom sarcástico. - No dia que eu escrever um livro terei o prazer de te dar um autógrafo, mas hoje é a minha vez. - fez sinal para que Devon autografasse seu livro também. - Vamos logo. Vocês estão empacando a fila.

- Red? - foi a vez de Alex se surpreender com a presença da russa. - Oh meu Deus! Quando você foi solta? Por que não falou para gente?

- Eu quis fazer uma surpresa. Não é todo dia que se pode ir a uma sessão de autógrafos da Chapman.

- Você foi solta? - Piper franziu o cenho. - Eu pensei que você só tivesse vindo para minha sessão de autógrafos. Você disse...

- Chapman, você é importante, mas não ao ponto de Litchfield me dar uma licença para vir a uma sessão de autógrafos sua.

- Mas eu sou importante. No seu primeiro dia solta você veio a minha sessão de autógrafos. Só se esse não for o seu primeiro dia solta...

- Esse é o meu primeiro dia solta. Fui solta depois que te vi no programa de televisão e eu fiquei muito feliz com tudo que assisti.

Piper sorriu.

Novamente um dos sorrisos mais sinceros daquela noite.

Não era todo dia que ela recebia um elogio pessoalmente de Red. Não era todo dia que ela recebia elogio algum de Red e só a russa sabia o quanto era importante para ela ouvir algo assim.

- Mamãe, eu quero esse. - Lucas mostrou um livro de colorir na mão direita. - E esse também. - Lucas mostrou outro livro de colorir na mão esquerda.

- Você já não tem um monte de livros desse em casa? - Lucas fez um negativo com a cabeça. Daqueles ele não tinha mesmo. - Tudo bem. - estendeu a mão para o filho lhe entregar os livros. - Luc, você lembra da Red? - o menino fez um negativo com a cabeça. - Ela é como se fosse uma segunda mãe para a mamãe.

- Ela é minha vovó que nem a vovó Carol e a vovó Michelle? - perguntou com o seu olhar voltado para Red. Queria que a resposta viesse mais da russa do que da mãe. Fazendo a vontade da criança, Red assentiu com a cabeça. Seria um prazer ser avó de uma criança tão fofa quanto Lucas. - Chris! Olha... A gente tem outra vovó.

- Como é seu nome? - Christopher perguntou.

- Red.

- Igual seu cabelo?

Red fez um positivo com a cabeça entre risos.

Alex e Piper tinham conseguido. Eram mães das crianças mais adoráveis do universo inteiro.

- Eu pensei que fosse alguma brincadeira de primeiro de abril quando falaram que você estava aqui.

- Quando me falaram que você agora realmente penteava o cabelo eu também pensei que fosse brincadeira de primeira de abril.

As duas se abraçaram.

- Você deve ser a Amy. - a menina fez um positivo com a cabeça, envergonhada. Não fazia ideia quem era aquela mulher em sua frente. - Você não é mãe dessa menina.

- Ela é sim. – Amelia disse em tom firme. - E ela também é. - agarrou-se na perna de Jess que tinha acabado de chegar. - As duas.

- Você sabe que toda a boa educação da Amy veio de mim. - disse Jess em tom convencido. - E agora a maior parte da boa educação da Nicky também.

- Eu sempre tive fé em você. - disse Red com um sorrisinho ignorando completamente a careta que Nicky estava fazendo.

- Se fecharem a porta dessa livraria vamos ter uma prisão em plena Time Square não é mesmo?

- Nós não nos conhecemos, mas eu tenho certeza que você é a mãe da Piper. Vause falou muito sobre você.

- Falou? - Carol perguntou surpresa. Podiam jurar que ela abriu um sorriso quase imperceptível.

- Falou. Você é totalmente desagradável da mesma forma que ela me contou. - todas ali se seguraram para não rir da expressão de indignação de Carol ao ouvir aquilo.

- Vocês são todas iguais mesmo. Não sei como a Jess tem amizade com vocês. Única pessoa de boa educação. - saiu praticamente desfilando.

As três finalmente puderam rir. Se amavam a Red em Litchfield iriam amá-la o dobro agora que ela estava solta.

A sessão de autógrafos deu início a uma reunião do clube das ex-presidárias, ainda mais quando Polly, Flaca e Danny juntaram-se a elas.

Como de costume, tiveram que explicar para Red porque Polly fazia parte do clube sendo que ela nunca havia sido presa.

Diane também foi apresentada para a nova avó. Ficou feliz em saber que além de ter uma avó com o mesmo nome que o dela, tinha uma avó que “falava engraçado”.

Com o fim da sessão de autógrafos, o clube das ex-presidiárias foi para um restaurante. Na verdade Piper quase as obrigou a irem ao restaurante pelo simples fato de ter passado a noite dando autógrafos enquanto todas estavam colocando a fofoca em dia. Era totalmente injusto com ela.

- Você precisa abrir um restaurante, Red! – Jess deu a ideia em algum momento da conversa. – Sério.

- Só se eu cometer outro crime para abrir um restaurante. Eu vou resolver algumas coisas fora da cidade, mas mesmo assim não vou ter dinheiro para abrir um restaurante.

- Mas nós temos! – Alex e Nicky se surpreenderam por terem dito juntas. – Nós financiamos o seu restaurante Red. – completou Alex.

- É o mínimo que podemos fazer depois de tudo que você fez pela gente. – continuou Nicky.

- Nós também podemos ajudar não é Pol? – disse Piper. – Quer dizer... Agora eu tenho uma renda extra.

- Contanto que eu possa comer de graça. – respondeu Polly. – Por mim podemos ver amanhã onde vamos abrir esse restaurante.

- Eu também quero ajudar. – disse Jess. – Eu quero experimentar todos os pratos que Red sabe fazer usando uma galinha.

- Eu não posso aceitar.

- Não se recusa um presente. – disse Alex. - E é isso que nós vamos te dar quando você voltar para a cidade depois de ter resolvido suas coisas. Nós não viramos alguém na vida a toa.

Como Red poderia recusar aquilo? Estava orgulhosa de suas meninas e até emocionada ao ver com seus próprios olhos que todas as fotos que mandavam e novidades que contavam pelo telefone não era exagero, pelo contrário, elas estavam até melhores do que tudo que contavam. Elas estavam mais maduras. Elas tinham mesmo virado alguém na vida e nada enchia mais seu coração de alegria em saber que nenhuma daquelas mulheres ali – com exceção da Polly – voltaria para a prisão.

***

- Al?

Piper estranhou todas as luzes da casa apagada. Até o andar de cima parecia estar totalmente apagado. Colocou sua chave na mesa que tinha na entrada e acendeu a luz do corredor. Estranhou mais ainda que mesmo depois da luz acesa nenhum dos cachorros veio recebê-la. Na sua cabeça não tinha feito nada para aborrecer os bichinhos, portanto não tinha explicação para a ausência deles. A não ser que tenha feito alguma coisa sem querer, como passar o dia inteiro fora de casa sem ter tempo para dar atenção a eles, nesse caso até seus filhos não estavam muito felizes com ela dias atrás.

Mesmo com a pouca idade eles reclamavam da ausência da mãe nos últimos dias em coisas comum do dia a dia como buscá-los na escola ou tirar um dia para fazer o jantar. Foi uma noite de muita conversa até conseguir convencê-los de que ela não ia abandoná-los. Por isso também que eles foram ao Good Morning América dias atrás. Poderiam não entender exatamente o que a mãe estava fazendo em todos aqueles programas de televisão – ou naquele programa – mas pelo menos eles estavam lá com ela.

- Terremotos?

Na entrada da sala pisou em um ursinho e quando entrou no cômodo de vez parecia que um furacão tinha passado por lá. Não tinha a menor condição de andar dois passos sem pisar em algum brinquedo. Marca registrada de seus filhos. E ainda assim nenhum sinal deles. A luz do quintal também estava apagada assim como a luz da cozinha.

Piper estava prestes a pegar o celular para ligar para a Alex quando...

- Atacar!

Piper foi surpreendida por tiros vindos da pistola de bolinhas que os desastres naturais – e sua esposa – tinham.

Tinha esquecido totalmente que eles prometeram revanche referente ao dia que ela pegou todos de surpresa com a pistola de água na piscina.

Foi baleada e assim que caiu no sofá na tentativa falha de se defender as bolinhas as cinco crianças – e os cachorros - pularam em cima dela com a alegria contagiante que só eles tinham a ponto de fazê-la esquecer de todo cansaço que estava sentindo.

- Vai ter volta! – fez cócegas em Christopher que era um dos mais próximos de suas mãos, arrancando mais gargalhadas do filho e suplicas para ela parar com as cócegas. – Vocês me aguardem porque vai ter volta. – deu um beijo na bochecha de Amelia. - Você também Alex Vause. – recebeu um beijo da esposa. – Eu pensei que fossemos do mesmo time.

- Eles me fizeram de refém. – jogou-se no sofá ao lado de Piper e metade das crianças que estavam em cima da loira foram pra cima dela. – Você me deixou sozinha por duas horas com eles. Nem o time mais forte do mundo consegue vencê-los.

- Nós somos os melhores. – disse Lucas.

- Só por hoje. – respondeu Piper. – Agora eu quero saber quem vai ser o primeiro a tomar banho e ganhar o direito de escolher o cardápio de hoje?

Em uníssono todas as crianças gritaram que elas e como em um passe de mágica desceram do colo das duas e correram para a escada.

- Cuidado para não cair! – advertiu Alex. – Depois desse fim de semana você vai querer voltar para as suas sessões de autógrafos.

- Eu nunca mais vou querer fazer sessões de autógrafos na minha vida. – o tom era manhoso. - Esses últimos dias provaram que isso é coisa do Devon, não minha. Ainda não entendi porque eu não podia ser a autora anônima ou que podia ficar tudo no nome do Devon.

- Isso é castigo por ter escrito o livro pelas minhas costas.

- Eu aprendi a minha lição. – levantou do sofá. – Acho melhor vermos como está a competição do banho, caso contrário vamos encontrar os dois banheiros inundados que nem da última vez.

- Tudo bem. – puxou Piper pelo punho para que ela caísse em seu colo. A loira riu com o gesto e ganhou um beijo demorado da esposa. – Agora podemos ir.

- Eu te amo, sabia?

- Eu causo isso nas mulheres mesmo. – respondeu em um tom convencido ganhando um leve tapa no braço. – Não se pode mais nem dizer verdades nessa casa.

Após o banho – que deu o direito de todos escolherem o cardápio com muita pizza e sorvete - depois de todos os brinquedos guardados, eles jantaram na sala revezando entre o videogame e jogos de tabuleiro.

Era impressionante como cinco criaturinhas fazia uma sexta-feira a noite ser totalmente agradável e divertida.

Se fosse há alguns anos com toda certeza a definição de diversão para uma sexta-feira a noite não seria aquela. Hoje em dia pensar em qualquer outra coisa que não envolvesse as crianças chegava a ser estranho.

Elas ainda tinham algumas noites somente delas. Aproveitavam quando tinham essas noites, mas elas ainda preferiam as noites que passavam em família e diferente de muitas pessoas que achavam um pesadelo muitas crianças em um mesmo ambiente elas amavam quando Amelia e Finn se juntavam ao fim de semana em família. Tudo ficava ainda melhor com a presença dos dois.

- Eu acho que não tem espaço para nós duas. – Alex olhava sua cama dominada por crianças com ternura.

- O importante é que eles finalmente dormiram.

- Daqui a pouco tem mais.

Em completo silêncio Alex puxou a esposa pela mão para fora do quarto e a levou até o quintal da casa onde sentaram no banco de madeira ao lado da porta de vidro.

- Eu posso te perguntar uma coisa?

Piper olhou a esposa com curiosidade. Desde quando elas faziam esse tipo de pergunta uma para a outra?

- Claro!

- Eu sei que está no livro e tudo mais, mas... – soltou um suspiro. Nunca sabia se era uma boa ideia tocar naquele assunto. – Nós nunca conversamos realmente sobre o seu tempo na segurança máxima e na ala psiquiátrica. É por você acha que eu não me importo que nunca conversamos sobre isso?

- O que? Não, Alex. Não! – soltou um riso, tranquilizando Alex por saber que ela tinha levado a pergunta numa boa. – Eu só... Eu não lembro direito como foi minha estadia na segurança máxima. A maioria das coisas que eu sei foi porque a Nicky me contou. E eu não gosto de lembrar de quando eu estava na ala psiquiátrica. O Devon até se ofereceu para escrever essa parte, mas para isso eu teria que contar para ele e... – fez um negativo com a cabeça. – Foi horrível. É algo que eu não quero passar nunca mais na minha vida e se eu não falo sobre isso não é porque eu acho que você não se importa, eu sei que você se importa, mas é que eu não gosto de relembrar de tudo aquilo e no livro eu descrevi da forma mais rasa possível.

- Amor...

Ela não sabia muito bem o que dizer. Nunca sabia o que dizer quando o assunto era Piper e a ala psiquiátrica. Sempre quis entender mais sobre o que ela passou, mas ao menos tempo sempre respeitou o espaço de Piper. Nos olhos dela ficava evidente como ela odiava aquele assunto.

- Eu estou bem. – aconchegou-se sua cabeça no peito de Alex. – Muito bem. Berdie me ajudou muito na época. E essa vida normal me ajudou também. Essa vida normal com você. Então eu sei que nunca mais vou passar por aquilo de novo.

- Se depender de mim... – deu um beijo na cabeça de Piper. – Não vai passar mesmo.

Então...

***

- Daqui a pouco elas vão ter que abrir uma creche fora da Floresta Encantada. – disse Nicky com um sorriso divertido vendo a foto que Alex tinha mandado das crianças dormindo em sua cama. – Não sei como elas conseguem fazer essas crianças dormirem tão cedo. Tenho certeza que elas colocam alguma coisa no leite delas.

- Nicky, você quer casar comigo?

- Se eu não quisesse casar com você, eu não teria te pedido em casamento Jessica.

- Eu estou falando agora. – virou Nicky para que ela pudesse ver a capela que estava na frente das duas. – Você quer casar comigo agora?

- Em uma capela? Em Vegas? Você está louca? E seu casamento dos sonhos?

- Eu nunca falei que queria um casamento dos sonhos.

- Pelo amor de Deus! Como alguém que não tira a palavra casamento da boca não quer um casamento dos sonhos? Eu não vou casar com você em uma capela em Las Vegas com um juiz bêbado para depois você dizer que é infeliz no casamento por não ter tido seu casamento dos sonhos. Nós não vamos casar em Las Vegas, Lane.

- Minha mãe que sempre quis um casamento dos sonhos. Querendo ou não eu sou a princesinha dela. Por que você acha que não casamos ainda? Todo aquele casamento perfeito não é coisa minha é coisa dela. Ela quer que eu tenha o que ela nunca teve, mas a única coisa que eu quero é você, Nicky. Casar com você aqui em Vegas ou em qualquer lugar que não tenha centenas de pessoas.

- Você acabou de gastar seus votos, não acabou?

- Não. – respondeu não tão certa se a pergunta era mesmo séria. – Você quer ou não quer casar comigo?

- Antes de eu responder isso... Eu vi você toda feliz usando um véu. Eu me apavorei quando vi você toda feliz usando um véu. Você de noiva faz parte do seu casamento dos sonhos.

- Nós estamos em Las Vegas. Se eu subir em uma das mesas do casino pedindo um vestido de noiva em menos de 30 segundos eu terei dezenas de opções.

- Só gostaria de lembrar que foi por crises como essa que você foi presa.

- Eu não estou em crise. – revirou os olhos. – Minha vida vai muito bem, obrigada.

- Tudo bem... – puxou Jess pela cintura para mais próxima de si. - Eu quero casar com você, Lane.

Jess abriu um dos seus sorrisos mais iluminados por tamanha felicidade e beijou Nicky.

Se a loira tinha alguma duvida que por aceitar casar com a noiva em uma capela em Las Vegas acabaria se tornando um completo arrependimento depois, depois daquele beijo ela teve certeza que Jess estava falando sério. Ela não se importava com o casamento em si e sim em estar casada. Estava conformada que jamais iria entender por completo a futura esposa.

- Vocês sabiam que estão se beijando na frente de uma capela e que isso aqui em Vegas praticamente a tornam oficialmente casadas? – Annie, parcialmente bêbada, perguntou.

- Nós seremos oficialmente casadas assim que vocês conseguirem um vestido para a Jess.

- Vocês vão casar ali? – Fernanda, fazendo uma careta, apontou para a capela. – Nem bêbadas vocês estão para inventarem de casar em Las Vegas.

- Deixa elas. – Annie passou seus braços entre os ombros de Jess e Nicky, quase derrubando toda a bebida do copo que segurava na mão esquerda em Nicky. – Pelo tempo que elas estão noivas essa é a única chance que elas têm de casar, senão vão ser noivas pelo resto da vida. Não vem empatar não!

- Isso não é verdade! – exclamou Nicky. Annie só assentiu com a cabeça. – Vocês vão ser nossas testemunhas ou vamos ter que pegar dois bêbados em algum caça-níquel?

- Eu vou te ajudar a procurar uma aliança. Fernanda que está mais sóbria ajuda a Jess a achar um vestido. Eu acho que tem uma loja de striper...

- Nos encontramos às 22:30. – disse Fernanda. Se desse ousadia para Annie bêbada daqui a pouco as amigas estariam casando em um bordel.

Assim que Jess chegou a entrada da capela com um vestido branco um pouco a cima do joelho - estavam em Las Vegas. Era totalmente impossível encontrar um vestido de noiva mais decente que aquele. - Nicky entendeu como as pessoas se sentiam quando estavam prestes a casar com a pessoa amada.

Jess havia trocado o véu por uma tiara branca que combinou perfeitamente com o vestido.

Estava com uma maquiagem leve. Nunca precisou mais do que aquilo. O sorriso sincero que trazia no rosto sempre fez um ótimo trabalho sozinho e naquele dia em especial não era diferente. Nem o melhor maquiador do mundo conseguiria deixar nenhuma mulher tão linda daquela forma.

Todas as histórias que Nicky ouviu sobre a ansiedade e o frio na barriga eram verdadeiras. Ainda bem que quase não tinha bebido naquela noite, senão teria que usar o banheiro urgentemente.

Mas tudo foi esquecido assim que seu olhar encontrou-se com o de Jess. Abriu um largo sorriso ao ver a noiva andando em sua direção acompanhada de Fernanda.

Naquele momento nem parecia que fora elas tinham mais quatro pessoas dentro daquela capela e duas delas estavam parcialmente bêbadas. Parecia que elas eram as únicas pessoas, não somente naquela capela, mas no mundo.

Outra história que se confirmava sobre se casar: A sensação de todo o restante do mundo ter parado e só ter as duas se movimentando. Se perdendo nos olhares e sorrisos.

Tanto que elas não ouviram absolutamente nada que o ministro dizia e muito menos as reações de Annie a cada linha do que o ministro dizia. Com toda certeza ela era a pessoa mais animada da cerimônia tendo em vista que as duas amigas estavam muito ocupadas em seu mundinho de olhares e sorrisos.

Mas não era para menos, assim que Jess viu Nicky em um vestido preto um pouco a cima do joelho também a vontade que teve era de cair na gargalhada. Quando o assunto casamento ainda era proibido no relacionamento das duas, antes mesmo de Jess ir a África, Nicky tinha falado que se algum dia fosse casar, com toda certeza casaria de preto pelo simples motivo de estar de luto por sua vida de solteira. Imaginou que ela casaria com qualquer roupa preta, menos com um vestido, mas ela estava casando com a Nicky, nada era previsível quando o assunto era sua futura esposa.

- Os votos.

Foram despertadas do transe ao ouvirem essas duas palavras do ministro.

- Os votos? Certo... – Nicky olhou para Annie que estava muito ocupada flertando com um dos médicos que também tinha ido para o congresso que estava tão bêbado quanto ela. Único “conhecido” que estava são o suficiente e que tinha uma filmadora para filmar o casamento. – Annie cadê as alianças?

- As alianças? – Annie olhou ao seu redor e abriu um sorriso aliviado quando viu as alianças de ouro em formato de dado dentro de uma taça vazia. – Aqui! – tropeçou no vento quase se estatelando no chão, mas conseguiu entregar as alianças para ambas. – Prontinho.

- Eu, Nicky Nichols, aceito você, Jessica Lane, como minha esposa. Para sempre.

- Nicky... – Jess foi obrigada a cortá-la. Estava se segurando para não rir. – Você está usando os votos do Clark?

- Você não me deu muito tempo para pensar nos meus votos, deu? Não, não deu! E eu até que tentei pensar em alguma coisa, mas só o episódio do casamento de Lois e Clark vinha na minha cabeça porque você me arrastou para esse mundo de séries de super-heróis e eu nunca mais consegui sair e... – soltou um suspiro, revirando os olhos. – Tudo que o Clark disse para a Lois é o que eu quero dizer para você porque com você ao meu lado eu nunca vou estar sozinha. Você é a mulher com o coração mais puro que eu já conheci e quando eu estava perdida você me trouxe de volta, mesmo que você estivesse lá na África e eu estivesse te odiando por isso. – Jess soltou um riso, totalmente emocionada. Era impossível não deixar as lágrimas rolarem só pelo simples fato da Nicky ser a Nicky e ter seu jeito único de fazer as coisas. – Então, nesse dia, nesse momento eu prometo o resto da minha vida a você. Por que mesmo quando eu era uma idiota que não sabia lidar com os meus sentimentos você acreditou em mim, acreditou em nós duas e nunca desistiu, mesmo quando aparecia que sim. Você fez até com que eu odiasse menos a porra do amor. – levou a aliança em formato de dado até o anelar de Jess. – Eu te amo, Jessica Lane e vou te amar para sempre.

Annie praticamente pulou do banco gritando e aplaudindo. Segundos que foram necessários para que Jess se recuperasse e pudesse dizer os seus votos.

- Já que estamos citando Smallville... – deu uma fungada. Às vezes não era fácil ser a manteiga derretida que ela era. – Eu realmente queria que meus votos fossem perfeitos, ainda mais quando se trata do nosso amor, mas assim como a vida, nosso amor sempre foi uma bagunça. – Nicky assentiu com um pequeno sorriso. Não poderia concordar mais. – Eu realmente não sei ao certo quando eu me apaixonei por você, eu só sabia que se eu seguisse com esse relacionamento seria o relacionamento mais complicado da minha vida. Ainda não sei quem eu estava querendo enganar quando disse que odiava relacionamentos complicados... – as duas riram. – Só sei que quando eu estava na África eu só conseguia pensar que não queria passar mais nenhum momento da minha vida sem você por mais impossível que fosse. E aqui estamos... E eu prometo que sempre vou acreditar em nós duas porque eu sei que você também acredita. Você é meu verdadeiro amor – levou a aliança em forma de dado até o anelar de Nicky. - e eu te amo e vou te amar para sempre.

Se o ministro as declarou casadas, elas também não ouviram. Assim que terminaram a troca de olhares após os votos, seus lábios se encontraram e elas trocaram um beijo completamente apaixonado. Elas finalmente estavam casadas.

- Alex! – Piper exclamou animada olhando alguma coisa no celular. – Oh meu Deus, Alex! Vem logo aqui. Você precisa ver isso!

- Pipes pode parando de olhar essas lojas online de brinquedos. – colocou a bacia de pipoca em cima da mesa de centro. – Nós não vamos comprar mais lego nenhum para essas crianças. – sentou-se ao lado de Piper no sofá. - Daqui a pouco no lugar de roupa no guarda-roupa deles vamos guardar legos.

- Não é isso! – exclamou ofendida. Quem vê pensa que ela era a mãe louca dos legos só porque no último mês tinha comprado três bacias de legos. – Jess e Nicky casaram! – quase esfregou o celular no rosto da esposa devido a tamanha felicidade.

- Eu não acredito que essas duas casaram bêbadas em Las Vegas. Deixaram nós duas cuidando da filha delas e casaram bêbadas em Las Vegas. Eu queria ser convidada para esse casamento.

***

- Oh meu Deus! – exclamou Jess perplexa ao olhar seu celular. – Quem foi que postou foto do casamento no instagram? – Annie só levantou a mão, estava muito ocupada tomando um drink de canudo. – Você acabou de fazer com que eu fosse deserdada, Annie!

- Adorei a surpresa. O casamento estava ótimo, Jessica. – Nicky soltou uma gargalhada assim que terminou de ler o comentário que Michelle deixou na foto que Annie havia postado em seu instragram. – Eu amo a sua mãe.

- Eu tenho quase certeza que ela não nos... – arregalou os olhos assim que viu a foto de sua mãe no visor do celular. – Por que ela não está dormindo ainda? – o tom de voz era choroso. – Oi mãe. – tentou parecer o ser humano mais amável do mundo.

- Por que você me odeia Jessica? Eu fui uma mãe tão horrível assim a ponto de você casar em Las Vegas? Por que você não me mata de uma vez ao invés de ficar fazendo essas coisas horríveis com a pessoa que a única coisa que fez a vida inteira foi te amar?

- Eu tenho quase certeza que ouvi essas mesmas palavras quando eu fui presa e você ficou meses sem falar comigo por causa disso.

- Eu deveria mesmo passar meses sem falar com você de novo! Eu sabia que você não queria o casamento dos sonhos que eu queria para você, mas não precisava fugir para Las Vegas só para não me convidar. Eu só não vou ficar sem falar com você porque eu tenho uma neta e ela vai ser a única que vou amar daqui para frente.

- Mãe...

- Quando você voltar eu vou dar uma festa comemorando essa palhaçada.

- Tudo bem...

- Podem ficar na suíte presidencial do hotel. Eu pago! – Jess não soube o que dizer. Estava levando uma bronca segundos atrás e agora a mãe estava pagando uma suíte presidencial? – Mesmo que você tenha casado escondida eu desejo todo felicidade do mundo para você e a Nicky. Eu te amo, filha.

- Mas você não acabou de falar que só ia amar a Amy daqui em...

- Eu vou desligar agora antes que eu me arrependa de ter dito que eu te amo. Todo a bebida é por minha conta também.

- Eu também te amo mãe. – desligou o celular. – Minha mãe disse que toda a bebida é por conta dela!

Com toda certeza Annie foi a que mais comemorou aquela notícia e sem perder tempo pediu o espumante mais caro que o garçom tinha.

- Vocês casaram! – exclamou Piper assim que Jess atendeu a videochamada. – Vocês viram mesmo se o casamento é válido? Por que demoraram tanto para casar...

- O casamento é legitimo Chapman. – respondeu Nicky em tom de tédio.

- Vocês não estão bêbadas? – perguntou Alex perplexa. – Vocês casaram em Las Vegas e não estão bêbadas? Como assim?

- Desde quando eu fico bêbada? – indagou Jess.

- Ah mas hoje você vai ficar! – exclamou Annie com a garrafa de espumante na mão. – Ei Piper! – acenou com a mão que estava com a taça vazia. – Está faltando você aqui. Olha o que eu tenho... – balançou a garrafa de espumante espalhando bebida para tudo quanto é lado. – Achei muito errado a Jess casar sem você aqui.

- Nós também... – respondeu Piper. – Por isso que quando vocês voltarem nós vamos dar uma festa.

- Não se preocupe... Minha mãe já está organizando uma, mesmo depois de me deserdar.

- Você ainda vai acabar matando a sua mãe, Jess. – disse Alex em tom divertido. – Ela é uma ótima mãe, não merece essas coisas que você faz com ela.

- Vai se foder!

- Nossa! – Alex fingiu surpresa com o linguajar da cunhada. – Dois minutos casada com a Nicky e já está assim? Vou fazer a Britney e pedir a anulação desse casamento é agora.

- Vocês duas são ridículas, sabiam? – disse Nicky. – Nós vamos desligar porque hoje eu vou embebedar a minha esposa.

- Se você me embebedar eu tenho certeza que não teremos noite de núpcias hoje.

- Tudo bem... – Piper fez uma careta. – Informação demais. Felicidade para vocês duas e a primeira coisa que eu quero quando vocês voltarem para Nova York é o vídeo desse casamento, vocês ouviram?

- Se o médico bêbado que contratamos e que a Annie com toda certeza vai transar com ele mais tarde ter mesmo gravado essa vai ser a primeira coisa que vamos mostrar para vocês quando voltarmos. – respondeu Nicky. – Eu disse que esses congressos em Las Vegas nunca eram congressos, não disse?

Uma vez disseram que a nossa felicidade é naturalmente proporcional em relação a felicidade que fazemos para os outros.

Elas deveriam estar fazendo muitas pessoas felizes, pois a felicidade que sentiam elas podiam assegurar que nunca sentiram na vida e era a melhor sensação do mundo. Sensação que elas duvidavam que iria desaparecer tão cedo.


Notas Finais


Família Vauseman estão com uns planos ai de irem para a Disney no próximo capítulo.

Até o próximo capítulo <3


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