- Gravou? – perguntei a Gerard já impaciente de ver aquela cena que, por um lado, era muito bela, mas mesmo assim.
- Sim Lizzie, sim! – sorri perversamente.
- Ótimo. Agora com licença.
Levantei-me da poltrona do cinema e andei confiantemente até meu “alvo”. E lá estava ele sentadinho no cinema, todo fofo e querido com alguma vadia que minha mãe não fazia ideia. Hm. Isso ia ser interessante. Fiquei até com um pouco de... Pena? Hm. Não.
- Ah, olá! Não sabia que você vinha ao cinema, bom, com a minha querida mãe você nunca veio. Todo caso. Num filme de romance? Mas lá em casa você só assiste ação. Mas, hm. Talvez seja a companhia. – sorri inocentemente.
Robert – vulgo “padrasto” – não sabia o que fazer ou como reagir. No mesmo momento ele tirou os braços que antes estavam envolta do pescoço daquela outra pobre alma que não sabia do que ele era capaz e continuou me encarando. Levaram-se cinco minutos até ele finalmente reagir.
- Lizzie... Você não deveria estar na escola? – perguntou autoritário.
- Hm. E você não deveria estar trabalhando? – respondi ainda sorrindo perversamente. – Ou esqueceu do trabalho? Ou tirou uma folguinha e pensou “Hm, seria legal trair minha amada namorada hoje! Vai ser legal. Imagina que bacana se a filha dela me encontra no cinema, haha, mas não ela tem aula”.
- Você olha como fala comigo garota.
- Ou? – perguntei inocentemente. – Um carro vai passar por cima de mim, não é mesmo?
A mulher que estava com ele já havia levantado e ido embora a uns três minutos atrás e ele nem mesmo tentou impedir e isso se tornava cada vez mais engraçado.
- Bom. Eu vou voltar ali pros meus amigos, mas tenha um bom filme. Nós conversamos em casa, quando minha mãe estiver junto. Sabe, ela vai gostar de saber. – sorri e dei as costas pra ele, voltando a me sentar ao lado de Frank e Mikey.
Robert continuou me encarando por algum tempo e depois acabou levantando e indo embora. A mulher com quem ele estava ficou esperando na entrada do cinema o que significava que ela sabia de tudo. Vadia. Vai morrer no inferno junto com aquele babaca quando eu acabar com ele. O que vai ocorrer em breve, é claro.
- E ai, como foi? – Ge perguntou animado.
- Melhor impossível. A cara que ele fez? Impagável. Ai como me amo. – nós rimos e logo que o filme começou ficamos quietos, não gastei meu dinheiro a toa afinal de contas.
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- Vamos a onde agora? – estávamos saindo do cinema neste exato momento. O filme até que era legal, meio melosinho, mas faz parte. Não fui eu mesma que escolhi então.
- Eu? Pra casa. – respondi sorrindo – Quero falar com mamãe antes que ele chegue. Isso se já não estiver lá inventando mil desculpas.
- Ah, mas a gente ia beber. – Frank fez bico e eu apertei suas bochechas.
- Outro dia, pra comemorar, quem sabe? – ri – Enfim pessoal, vou indo.
- A gente te leva. – Ray falou já começando a andar.
- Não precisa. Posso ir de metro. Na verdade acho que até estou com saudades de andar de metro. – ri.
- Ok então. – eles deram de ombros. – Tchau Lizzie.
- Tchau.
Dei uma passadinha antes na loja de instrumentos para poder namorar a guitarra nova que eu queria. Sei que tenho uma e que larguei ela a muito tempo no meu quarto. Mas hoje em dia qualquer motivo para irritar minha mãe era bem vindo e eu sei muito bem que ela odeia barulho lá em casa de tarde porque ela queria dormir. O que tornava uma guitarra nova perfeito e, como já estava namorando essa a muito tempo, não vi melhor hora.
Sai da loja não muito tempo depois porque dinheiro para comprar estava faltando e caminhei calmamente em direção a porta de saída. Mal coloquei os pés pra fora alguém me segurou pelos braços e me levou até o estacionamento. Não conseguia ver quem era, mas assim que a pessoa falou já descobri.
- Fica quietinha ou vai ser pior. – ouvi a voz dele e meu sangue subiu. O desespero que havia tomado meu corpo quando ele me agarrou foi todo embora e só o ódio prevaleceu. Ele não estava mesmo fazendo isso, estava?
Robert me jogou no banco de trás do carro e entrou do lado do motorista, deu partida no carro e saiu do estacionamente do shopping.
- O que vai fazer? – perguntei com raiva – Me sequestrar?
- Hm. Talvez.
- Minha mãe vai desconfiar seu idiota. Isso não vai dar certo.
- Não se eu disser que você resolveu fugir para outra cidade. – sorriu – Ainda mais porque, hm, algumas roupas sumiram do seu guarda-roupa. – ele jogou uma mochila que obviamente só podia ser minha, na minha cara e eu constatei por ela ter sido mal fechada, que haviam roupas minhas ali dentro.
- Isso não vai ser legal? Outra cidade! Vamos ter uma viagem e tanto hoje, mas primeiro.
Aproveitando que ele desceu do carro, escondi meu celular convincentemente no meu sutiã (técnica infalível de garotas, não é mesmo?) e então esbocei minha melhor cara de calma.
- Vamos dar uma amarradinha por aqui.
E, por fim, ele amarrou minhas mãos para trás do meu corpo e ainda ousou colocar uma mordaça na minha boca. Ah, claro que, dessa vez, ele foi inteligente e também amarrou minhas pernas. Ou o chute que ele iria ganhar seria épico.
A parte boa disso tudo é que ele estaria ferrado quando eu conseguisse me recuperar de onde quer que ele me leve. A parte ruim é que, bom, sabe-se lá pra onde ele está me levando.
Mas isso vai ter troco.
Ah se vai.
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