História We know - Nós sabemos

P.O.V Camila

Acordei na manhã seguinte com o barulho de um celular tocando e quando percebi, era o celular da Lauren que já tinha levantado assustava e o procurava pelo quarto, no meio das roupas jogadas pelo chão. Detalhe: ela estava pelada. Nua. Nuazinha da Silva na minha frente. Fui desperta dos meus pensamentos quando ela atendeu ao telefone e disse algo como “Ta certo, nós já estamos indo”. Sentei na cama e puxei um lençol para esconder meu corpo que também estava sem roupa e quando ela percebeu que eu estava acordada, não parecia nem um pouco incomodada pela situação em que estava, apenas veio até a cama, sentou ao meu lado e beijou a minha testa..
- Bom dia, Camz. Dormiu bem? - me limitei a sorrir e balançar a cabeça afirmativamente. Ela olhou para o celular em suas mãos e pareceu lembrar o que tinha que me falar – Ah! A Mani ligou, disse que tentou falar com você, mas ninguém atendia. Temos que ir, a gente meio que sequestrou a casa dela, né? - ela riu e iniciou um caminho maravilhoso de beijos no meu pescoço, me fazendo deitar devagar na cama com seu corpo por cima – Além do mais, temos uma festa pra ir mais tarde…
Os beijos dessa mulher me deixavam fraca, me deixavam total entregue pra ela e acho que era algo do seu conhecimento, pois ela fazia sempre que tinha oportunidade. Deslizei meus dedos pelas mexas do seu cabelo tão macio, mesmo depois de acordar e acabei a abraçando pelo pescoço, um abraço lotado de carinho e cumplicidade, apenas sussurrei pra que ela ouvisse:
- Obrigada pela noite, você foi maravilhosa. - ela deixou um beijo na minha bochecha e me olhou com aqueles olhos de camaleão que a cada momento está em um tom diferente.
- Se alguém vai agradecer, esse alguém sou eu, morena. Eu adorei o jantar, adorei a noite, adorei nós. Queria até fazer mais aniversários durante o ano – rimos juntas e eu acariciei de leve seu rosto enquanto observava seus detalhes e me apaixonava mais ainda.
- Podemos repetir a noite sem necessariamente ser uma data comemorativa… - eu disse e logo percebi o sorriso sacana dela, dando um tapinha em seu ombro assim que percebo – Ei! Eu falei sem segundas intenções, sua safada.
- Desculpa, Camz – ela ainda ria, mas já levantava e procurava por suas roupas – Mas era impossível não pensar maldade com você deitada pelada na mesma cama que eu. - voltei a sentar e localizei minha calcinha perto do guarda-roupa, então quando ela me deu as costas, corri, peguei a calcinha e vesti, voltando a caçar meu sutiã e vestido.
- Vou fingir que acredito em você, sua ninfa. - ela se virou e por um momento pareceu perder a fala ao me ver só de calcinha, mas logo colocou um dos seus sorrisos safados e disse.
- Considerando a noite, acho que somos um casal de ninfas, morena – ela ria sem vergonha alguma, já vestida com sua calça e sutiã. - Enquanto você termina de se arrumar, eu vou procurar minha camisa lá embaixo e colocar as coisas no lugar. - passou por mim, me deu um selinho e saiu do quarto.
Respirei fundo e achei o resto da minha roupa, indo até o banheiro e tentando arrumar o cabelo e o vestido da maneira que melhor disfarçasse que passei a noite transando com a Lauren. Meu deus, eu passei a noite com ela e foi uma das melhores noites da minha vida. Ela sabia ser sexy e sensual e ao mesmo tempo, ser carinhosa e me deixar relaxada. Era uma troca de conhecimento, por mais que eu fosse totalmente inexperiente, nós conhecemos o corpo uma da outra de várias maneiras e eu já me sentia quente apenas com as lembranças. Após arrumar o quarto, sai da casa e Lauren já tinha arrumado nossa bagunça e estava sentada no jardim me esperando. Me aproximei por trás dela e cobri seus olhos, sussurrando um “adivinha quem é?” no seu ouvido, e ela, como sempre, soube o que falar pra me derreter.
- É a dona dos meus melhores beijos. - nós rimos e eu a abracei pelo pescoço, deixando um beijo demorado na sua bochecha. - Vamos, né? Antes que nossos pais coloquem a polícia atrás de nós.
Voltamos pra casa e quando ela parou na porta da minha, pedi pra ela esperar, entrei rápido em casa e voltei com o presente que tinha comprado. Lauren me esperava na cozinha, conversando com minha mãe que aparentemente não se importou da princesa dela ter dormido fora de casa com uma “cafajeste”. A caixa do coturno estava embrulhada perfeitamente pela moça da loja, e fiz questão de prender um bilhete na caixa:
“Lolo, aproveite seus novos coturnos e sempre que usá-los, pense em mim. A propósito, você fica extremamente linda quando os usa. Feliz aniversário, minha diaba!”
Fomos até a sala e ela abriu o presente, não escondendo a surpresa e a felicidade pela escolha, mas logo deixando-o de lado pra me abraçar forte e me roubar vários beijos e mordidinhas. O momento foi interrompido por um “cof cof” da minha mãe, logo ela me largou e apenas segurava minha mão, olhando apreensiva pra minha mãe que já ria da sua reação.
- Oi, pombinhas. Lauren vai ficar pra o almoço?
- Ah, não, dona Sinu, obrigada, mas minha mãe me mata se eu não for logo pra casa.
- Pois ela está certa. Vocês jovens adoram sair e não dar notícias, não temos mais idade pra esse tipo de sofrimento, minha filha – ela ri e volta pra cozinha, me deixando sozinha com uma Lauren tensa, até que ela disse:
- Eu fico pensando, sua mãe é tão legal e eu já fico nervosa perto dela, imagina se ela fosse brava e ciumenta?
- Se ela fosse brava e ciumenta – a abraço pela cintura e selo nossos lábios – provavelmente você só teria acesso a essa boquinha aqui se oficializasse o compromisso e sentasse naquele sofá ali pra namorar sem mãos bobas – ela riu de uma maneira gostosa e segurou meu rosto, beijando meus lábios de maneira terna e carinhosa, depois falando devagar e com calma:
- Não seria uma ideia tão ruim, o proibido é mais gostoso – corei instantaneamente e desviei o olhar – Mas agora eu realmente preciso ir, meu bem – recebi mais uma chuva de beijos – Vamos nos falando pra combinar sobre a noite, ok?
A levei até a porta e a vi se afastar no seu tão amado MC, me deixando naquela porta mais boba e trouxa por ela. Assim que caminhava pra meu quarto, ouvi minha mãe comentar “A noite foi boa, ein”, apenas ri e falei pra mim mesma “Você não sabe o quanto!”.

P.O.V Lauren

Eu voltei pra casa tão radiante que ao menos me importei com as broncas dos meus pais sobre ter demorado pra voltar pra casa. Naquele dia eu era a mulher mais feliz da cidade e provavelmente do mundo. Acho até que nunca mais lavaria aquela camisa pra sempre olhar aquela mancha de vinho e lembrar das consequências. Subi para meu quarto e coloquei uma playlist do Ed Sheeran pra tocar e aquilo tudo parecia fazer sentido pra mim. Peguei meu celular e enviei um trecho de uma das músicas pra Camila:
Lauren: “and your heart's against my chest, your lips pressed to my neck, I'm falling for your eyes, but they don't know me yet”
Camila: eu quem deveria dizer que me apaixonei pelos seus olhos. Você não faz ideia do efeito que tem em mim quando me olha… 
Lauren: na verdade, eu tenho, você fica nervosa hahahaha
Camila: hahaha idiota. Que horas vamos sair hoje? Mani disse que ela e Ally iam no carro dela.
Lauren: então iremos nós, Dinah e Vercy no meu carro. 21:30 hrs eu passo na sua casa e depois pego as meninas. Já preparam as identidades falsas? 
Camila: QUE?
Lauren: hahaha to brincando, senhora certinha, essa balada que vamos é +16, mas se quiser bebida alcoólica, vão ter que me convencer a comprar
Camila: eu sei umas táticas….
Lauren: ok, já pode parar por aí. Ah, hoje vou usar meu novo coturno pra me exibir pra certas pessoas.
Camila: Hum, espero que não seja pras vadias da balada…
Lauren: fica a dúvida no ar…
Camila: tchau, Lauren, vou dormir meu sono da beleza. Beijos
Lauren: hahahaha tchau, ciumenta. Mesmo você não precisando disso, bom sono. Beijos
-
Enquanto eu me arruma pra tão esperada balada com as meninas, Taylor estava sentada na minha cama conversando comigo e usando meu notebook.
- Laur, que foto linda a Camila postou de vocês duas!
- Como assim você já segue a Camila?
- Ué, tem que conhecer a cunhadinha… - ela disse rindo e colocando o cd de Arctic Monkeys pra tocar enquanto volta a atenção pra mim, que estou parada de calcinha e sutiã na frente do guarda-roupa sem saber o que vestir. - Você bem que poderia largar o estilo gótica e usar um vestido sensual, né? - olho pra ela e levanto uma sobrancelha, em sinal de questionamento.
- Não, não poderia, sua intrometida, eu tenho que vestir o que me deixa confortável e feliz, e isso inclui uma calça – disse rindo e separando uma jeans clara e a vestindo, me virando em seguida pra minha irmã – Tay, o que você acha da Camila?
- Acho que ela é muito linda e aparentemente muito carinhosa. E te faz bem…
- Ela faz sim – volto a olhar o guarda-roupa e separo duas camisas de manga comprida, uma preta e uma azul-escuro, mostrando as duas pra que ela escolhesse.
- Fico feliz em te ver assim, maninha. Espero um dia achar um boy que me deixe do mesmo jeito – ela sorri e aponta pra camisa preta, que logo tratei de vestir e dar uma boa olhada pra ela.
- Acho bom a senhorita parar de pensar nessas coisas e focar no seu estudo – sento na cama também e começo a calçar os coturnos novos que a Camila me deu.
- Todo o ciúme que o papai não tem comigo, você tem, né? Aiai – ela suspira mas logo volta sua atenção pra meus pés – QUE COTURNO LINDO!
- Foi a Camila quem me deu – olho orgulhosa pra meus pés – Ela é realmente maravilhosa e eu tô me esforçando pra fazer isso dar certo – encaro minha irmã e abro meu sorriso mais apaixonado ao lembrar dos momentos da noite anterior – Ontem ela preparou um jantar só pra nós com direito a comida japonesa, Tay…
- Eu to chocada, nunca vi você falando assim, nem imaginei que ia ver – de repente seu celular toca e ela confere a notificação, abrindo aquele sorriso bobo que eu imagino fazer quando a Camila me manda mensagem – Bom, eu vou pra o meu quarto. Se divirta, maninha, se beber, não dirija! - dá um beijo na minha bochecha e sai correndo do meu quarto. Suspiro e dou risada dos meus próprios pensamentos. Minha irmãzinha não é mais tão criança e é difícil pra mim admitir isso. Eu sou ciumenta e superprotetora, meu jeitinho.
- 
Eu sei que sempre digo que babo quando Camila aparece arrumada na minha frente, mas é algo que não consigo controlar nem disfarçar, e ela sempre percebe, pois ela já vem ao meu encontro com um ar risonho no rosto.
- Oi, Lolo, você está linda!
- Olha quem fala – fico um tempo a olhando enquanto ela entra no carro e puxa meu rosto pra um selinho rápido. Antes de ligar o carro, aceno pra dona Sinu que permanecia parada na porta de casa olhando a filha sair. - E então, o que quer ouvir hoje? Aí no porta-luvas tem uns CDs, hoje você será a DJ.
Quando passamos por uma casa próxima à casa dela, percebo Camila acenar animada pra alguém e quando olho pelo retrovisor, vejo um Austin não tão animado quanto ela, me fazendo rir baixo enquanto ela escolhe um CD.
- Ele gosta de você né?
- Sim…
- Otário. - ficamos em silêncio depois disso. Confesso que bateu aquele ciúme na hora e a vontade de perguntar mais coisas, mas preferi me controlar pra não estragar a noite. Relaxei quando comecei a ouvir os primeiros toques de Chocolate e percebi que ela colocou The 1975 justamente pra me deixar calma. Camila passou sua mão pelo meu braço e quando parei na porta de Vero, ela fez questão de segurar meu rosto e dizer:
- Acho que o que importa pra nós é que eu não gosto dele, não é?
Não resisti e abri um sorrisinho quando a ouvi, aproveitando pra roubar alguns selinhos que quando começariam a se transformar em um beijo, ouvi batidas no vidro do carro e vejo Vero, Lucy e Dinah perfeitamente arrumadas e deslumbrantes. Destravei as portas de trás do carro pra que elas entrassem e logo recebi uma chuva de reclamações:
- Quer dizer que eu sou obrigada a ficar na rua perigosa esperando as bonitas se pegarem, né?
- Você pode ir de táxi, Dinah… - respondi e olhei pelo retrovisor pra ver a reação da minha amiga.
- Percebe Ivair, a petulância da cavala? - Lucy solta o meme e assim nós fomos até a balada, entre risadas e provocações.
-
Não foi complicada a entrada, já que como eu era aniversariante da semana, tive direito a entrada VIP e alguns acompanhantes, logo, deixei os nomes da Ally e Mani pra quando elas chegassem. Lá dentro as pessoas já pulavam, cantavam e dançavam ao som de algum DJ. Tratei de deixar sempre o corpo da Camila perto do meu, eu sabia muito bem como as pessoas agiam nesses lugares e eu não queria ter que lidar com engraçadinhos importunando minha morena. Fomos direto pra uma área externa onde tinham alguns sofás espalhados pelo ambiente com pequenos grupos neles. Cumprimentei uma galera conhecida da época que eu era festeira, fingi que não vi algumas ex ficantes que sei que poderiam me trazer algum problema e me sentei em um dos sofás com as meninas. 
- Lolo, você vai comprar bebidas pra nós, né?
- Claro que não, agora eu sou uma adulta responsável por vocês.
- Porra, Lauren, deixa de ser vacilona e compra alguma coisa lá. - Dinah dizia enquanto se afastava da gente pra falar com um pessoal de outro grupo. Logo fiquei tensa pois percebi que era o pessoal que costumávamos fumar maconha e eu tinha parado de fumar desde que comecei a sair com a Mila.
- Vocês não vão beber, fiquem quietas, não é justo o aniversário ser meu e eu não beber. Da próxima vez, acho bom as outras já estarem com a carteira de habilitação porque eu não serei a motorista pra sempre.
- Você reclama demais, viu – Camila disse enquanto me puxava pela mão – Vem, vamos dançar pra melhorar esse mau humor. - voltamos pra pista e logo a batida mudou pra algo mais sensual, fiz questão de segurar Camila por trás pela cintura e movimentar nossos corpos como se fosse um só.
Ela segurava nas minhas mãos e as guiava pelo seu próprio corpo, indicando os lugares que deveriam ser tocado durante a dança e isso incluíam suas coxas, algo que automaticamente me fez colar mais nela. De repente aquele lugar parecia mais quente e eu me sentia bêbada sem ter tocado em nenhuma gota de álcool, a música agora era apenas um barulho baixo e as pessoas ao redor eram apenas vultos. Naquele momento era só eu e ela, eu e minha menina, como tinha que ser. 

P.O.V Camila

Eu e Lauren já dançávamos a um tempo e a presença daquela mulher tão perto do meu corpo me deixava muito nervosa e sem pudores, então resolvi ir ao banheiro conferir minha aparência:
- Lolo, pega algo no bar pra gente beber, tô quase desidratada de tanto dançar, e enquanto isso, eu vou ao banheiro – ela concordou e eu me infiltrei naquela multidão a procura do banheiro. Quando finalmente achei e me olhei no espelho, quase morri com a quantidade de suor no meu corpo, mas logo tentei me secar e diminuir a tragédia. Ouvi a porta abrir e fechar, mas não me importei em olhar até ouvir uma voz conhecida:
- Só pode ser o destino juntando a gente de novo…
- Laura??? O que você está fazendo aqui?
- Oi, Mila, muito bom te ver também – ela respondeu irônica enquanto se aproximava e aquilo não me agradava – Eu estou fazendo o mesmo que você, me divertindo, e achei que nós poderíamos fazer isso juntas, o que você acha?
- Eu acho que isso não vai acontecer, Laura.
- Por que? Você disse que a gente poderia sair.
- Sim, mas como amigas. Eu estou com alguém.
- Eu vi, eu vi vocês lá fora. Jauregui? Você já teve um gosto melhor pra mulheres, Mila.
- Laura, eu e a Lauren estamos muito bem e eu realmente não quero estragar isso, peço que você entenda.
- Não, Mila, eu não entendo, sabe – ela já estava parada na minha frente enquanto eu estava encostada na pia. - A gente tinha algo tão legal, eu posso te dar uma segurança maior, mesmo em outra cidade. Aquela ali vai te magoar e você sabe disso, ela faz o mesmo com todas. Nós sabemos que isso vai acontecer. Nós sabemos. - então ela ultrapassou todos os limites ao pressionar seu corpo contra o meu, me deixando presa entre ela e a pia e segurando meu rosto, falando com a boca muito próxima a minha – Fica comigo, eu garanto que não vou te fazer sofrer.
Eu já tentava me soltar a todo custo e virava o rosto pra os lados pra que meus lábios não tocassem os dela, mas a Laura aparentava uma força maior do que achava que ela tinha e em determinado momento, além de me prender com seu corpo, ela cobria minha boca com uma das mãos pra que eu não gritasse.
- Camz, você demorou e eu resolvi vir atrás pra… - A Lauren parou na porta do banheiro assim que viu a cena e arregalou os olhos.