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História Whatever - Não era a intenção


Escrita por: shotales

Notas do Autor


Tá né
O que posso dizer
Desculpem o atraso =/

Capítulo 29 - Não era a intenção


Quando acordo, já é de tarde e Rafael ainda dormia, abraçado em mim. Minhas costas doem, por ter dormido de mal jeito.

Penso em deixar Rafael dormindo mais um pouco, mas mudo de ideia. Se dormirmos muito, de noite não vamos ter sono. E vamos continuar não dormindo direito. Eu o cutuco, e ele acorda resmungando e se espreguiça.

– Que horas são? – ele pergunta assim que senta na cama. Pego o celular dele, que estava ali do lado, para confirmar e o respondo. – Boa tarde, então – ele fala. Sorrio e o respondo, igualmente.

Nós levantamos e vamos tomar banho – um de cada vez –, ele me disse para ir primeiro, então fui. Quando saí, tinha café passado pronto. Então antes de ele ir tomar banho nós nos sentamos e tomamos café enquanto conversávamos.

 

Já fazia um tempo que eu estava mandando mensagens sem parar pra Luíza. Ela respondia algumas, mas sempre dizia q queria um tempo e que depois entraria em contato comigo. Eu estava digitando uma resposta quando Rafael puxou o aparelho das minhas mãos.

– Larga um pouco isso e me dá atenção – ele fala e larga o celular do seu outro lado, onde eu não alcançava, no sofá.  – Por favor.

Solto uma pequena risada anasalada, e digo que tudo bem. Mas nenhum de nós sabia sobre o que falar, então ele sugeriu assistirmos a um filme. Acabamos escolhendo um de comédia, que estava sendo pior do que eu imaginava.

No seu ombro tinha uma almofada, onde eu tinha apoiado minha cabeça. Então levanto o rosto para que pudesse vê-lo enquanto fala.

– Quer mesmo continuar assistindo isso? – ele abaixa o olhar para o meu rosto e sorri, sem descolar os lábios.

– AINDA BEM que tu perguntou. Esse filme ta um saco – rio.

Nós ficamos nos encarando por um tempo, sem falar nada, os sorrisos desaparecendo de nossos rostos aos poucos. Seu rosto foi se aproximando do meu aos poucos, até nossos lábios roçarem uns nos outros, sem realmente nos beijarmos.

Me ajeitei no sofá, ficando de frente para ele. Então me aproximei novamente e o beijei. Começou um simples selar de lábios, até ele pedir passagem com a língua e eu a dar. Cheguei para mais perto dele, e ele se virou para mim. Eu coloquei minha mão em seu rosto e ele segurou minha cintura. O beijo continuou calmo, sem pressa para acabar.

O beijo até que durou bastante, mas ele o separou. Tirei minha mão de seu rosto para pousa-la em seu colo. Ele colocou a própria mão no meu rosto e acariciou minha bochecha com o dedão, e então disse:

– Acho que te amo.

 

Já fazia uma semana desde que ele me disse aquilo. Não vou dizer que foi uma surpresa muito grande ouvir aquilo dele, eu só não esperava. E no momento não soube o que fazer, então apenas sorri sem falar nada. Ele me abraçou e se levantou e foi até seu quarto.

Não sei o que ele foi fazer lá, e também não fiquei para descobrir. Assim que ele saiu, me levantei e fui embora. Não peguei minhas coisas, nem nada. Saí com a roupa do corpo e o celular que estava no bolso. Eu só não queria ficar lá, então saí.

Eu só fui parar para pensar no que eu iria fazer quando já estava a duas quadras do prédio dele: eu não poderia voltar para casa – se é que ainda fosse a minha casa -, acho que a Luíza entenderia, mas também não queria forçar a barra quando ela disse que não queria me ver ainda.

Não poderia pedir ajuda pro Luba, ele provavelmente discordaria da minha atitude e só atrapalharia. Além de que não sabia se ele ainda estava viajando. O Alan não era uma opção. Tá certo que ele me ajudou a encontrar a Luíza e quando eu fiquei mal. Mas, ainda sim, não tinha toda essa intimidade com ele; além de que ele provavelmente falaria com o Rafael.

A melhor escolha, no momento, seria pedir ajuda para o Felps. Eu sei, ele e o Rafael são melhores amigos, mas eu confio nele. E quem melhor para falar sobre o Rafael a não ser o melhor amigo dele? Eu não estava totalmente certa dessa escolha, mas era o que faria. Então liguei para o Felipe e expliquei a situação.

Um tempo depois, ele estava com o carro estacionado na minha frente. Sorri, e entrei no carro. Ele me levou para o apartamento dele. Confesso que fiquei bastante tentada a bater na porta da Luíza, que era do lado oposto do corredor, e ficar com ela de novo, como as melhores amigas que sempre fomos e eu esperava que ainda fossemos. Mas não o fiz, apenas entrei no apartamento do Felipe.

Não sei quantas vezes me desculpei por causar tantos problemas e atrapalhar. Mas mesmo ele dizendo todas as vezes que entendia e não tinha problema, ainda não parecia o suficiente. Sinceramente, para mim, a pior parte de todas as trapalhadas que estão acontecendo na minha vida ultimamente é, sem dúvidas, ser um peso morto que depende dos outros.

Era como se eu fosse uma criancinha de novo, que não pode fazer nada sozinha. E eu odiava tanto isso, nunca me senti tão frustrada.

Se eu quisesse, não poderia pegar minhas coisas e ir para longe de tudo, passar um tempo sozinha para pensar. Porque eu estava doente, sem minhas coisas e não teria para onde ir.

Então eu só ficava por aí, de casa em casa, perturbando aqueles que eu considero meus amigos e me sentindo um lixo por isso. A única coisa que me consolava naquele momento era que uma hora tudo isso iria passar, e que eu só estaria piorando as coisas se tentasse dar uma de independente e sair por aí fazendo tudo o que quisesse e não aceitando a ajuda de ninguém.

Felipe me abraçou, como se soubesse exatamente do que eu precisava, e disse que ia ficar tudo bem, que logo ia passar. Eu queria muito acreditar, de verdade, mas alguma coisa dentro de mim insistia em sussurrar no meu ouvido que aquilo era mentira e que eu só estava estragando tudo.

Por um momento, pensei em como estaria a minha vida agora, se eu não tivesse saído do lado de minha mãe na Inglaterra, feito o que ela sempre sonhou pra mim e não tivesse seguido meus próprios sonhos. Cheguei à conclusão de que estaria bem melhor.

Mas, naquele momento, decidi que era melhor ignorar aqueles pensamentos e focar no presente. Então soltei um longo suspiro, afastando aqueles pensamentos, e me sentei.

Naquele dia, eu contei tudo para ele. Falei sobre por que Luíza estava daquele jeito e como eu me sentia em relação a isso. Contei o que aconteceu entre eu e o Rafael, e expliquei que não tinha certeza e que não sabia se estava pronta. Disse como eu estava me sentindo nos últimos dias, que eu só queria desaparecer.

Ele ouviu tudo em silêncio, o que ajudou muito, e no final ainda me deu alguns conselhos.

Eu disse que queria um tempo longe do Rafael pra pensar um pouco, e que não podia voltar pra casa por causa da Luíza. Ele disse que eu poderia ficar na casa dele por enquanto, mas que teria de me entender com os dois uma hora ou outra.

E aqui estou eu, há uma semana no apartamento dele, e gastando todo o dinheiro que eu consigo com o YouTube para me sustentar e não dar despesas para o Felipe.

Eu estava sentada no balcão da cozinha, com a cara deitada no mármore gelado, quando ele sentou na minha frente para conversarmos.

– Tu não pode ficar assim pra sempre, Vih – ele diz e solta um suspiro. – Tem que falar com os dois e resolver a situação.

– É – gemo em desgosto, só de pensar, e levanto o rosto. – Eu tenho. Só queria que fazer fosse tão fácil igual a falar.

– Eles vão entender, todos têm os seus problemas. – Essa pequena frase me fez perceber uma coisa, que só me deixou pior ainda. Mas que não vem ao caso agora, eu lidaria com isso mais tarde. – E ficar deixando pra depois não vai ajudar em nada.

Ele estava mais que certo, isso era incontestável. Mas também não era só isso: eu não poderia ficar aqui para sempre, seria inconveniente. Não posso abusar da vontade de me ajudar do Felipe, e eu meio que já tinha passado dos limites. Não era problema dele, era meu, e não era justo eu meter ele no meio.

– Eu vou lá agora – disse decidida, já me levantando.

Felipe me desejou sorte e me observou sair do apartamento dele.

 

Primeiro, eu iria falar com Luíza, que estava literalmente a alguns passos de distância.

Eu bati na porta e esperei. Ela abriu a porta sem falar nada e apenas deu espaço para eu passar. Entrei. Ela fechou a porta e se virou pra mim. Nós nos sentamos, e ela ia começar a falar, mas eu não deixei e falei primeiro.

– Não precisa dizer nada. Desculpa. Nada do que eu tenho feito até agora ta sendo certo, e a culpa de tudo estar indo por água abaixo é inteiramente minha. Então, por favor, me deixa falar primeiro.

Ela assentiu com a cabeça, devagar.

Então, com a permissão dela, eu comecei meu longo monólogo.

Eu me desculpei muitas vezes, e devia. Falei sobre o Vinicius, eu disse que não gostava dele e que me sentia mal por ela ter visto aquilo, porque eu entendia. Eu disse que amava ela, que era minha melhor amiga e que eu não queria que ela sumisse assim. Porque eu me importava e ficava preocupada. Disse que queria poder ajudar e estar ali quando ela precisasse, mas que ela tinha que me contar as coisas. Eu falei sobre o Rafael e como estava confusa. Disse como me sentia em relação a tudo e como só queria não ter causado tantos problemas.

Ela também se desculpou também. Nós nos abraçamos e ela chorou um pouco. Disse que sentia minha falta e que queria muito que eu voltasse. Também insistiu em me levar de carro até a casa do Rafael para eu poder falar com ele, já que eu não podia dirigir por enquanto.

E eu fui.

A conversa com o Rafael foi diferente. Foi muito parecida, mas diferente ao mesmo tempo.

Quando cheguei lá, mandei mensagem pra ele dizendo que estava em frente ao prédio e que queria conversar. Luíza disse que voltaria pra casa, e que eu a chamasse quando quisesse voltar. Rafael desceu até lá em baixo e me convidou para entrar. Mas eu disse que não queria conversar no apartamento dele.

Então nós ficamos ali mesmo na calçada.

 

Eu não fazia ideia de por onde começar. Tinha medo de ser indelicada ou acabar falando algo que o machucasse. E além disso, estava sendo muito difícil conseguir botar todos meus pensamentos em palavras.

Ma eu tentei. Tentei do fundo do coração e não sei se não teria sido melhor eu ter ficado quieta.

– Eu... – comecei, não sabendo como continuar.

– Antes de tudo – ele disse – eu sei que foi muito de repente aquilo que eu disse, mas eu estava falando a verdade. E não precisa falar sobre isso, eu só não quero que tu se afaste.

– Não... Eu quero falar, eu tenho que dar uma resposta.

Um segundo de silêncio antes dele acenar com a cabeça.

– Me desculpa por ter ido embora daquele jeito, sem dizer nada. Eu devia ter ficado e falado tudo o que eu vim dizer agora naquela hora. – Suspirei. – Mas eu não sabia o que dizer, eu não queria mentir.

Levantei o rosto e o encarei nos olhos.

– Eu to realmente muito confusa. Eu não sei o que eu to sentindo e eu não acho que tu mereça alguém que não consegue entender nem a si mesma. Eu também acho que te amo, mas... – eu não sabia mais o que dizer, então não disse.

Ele se aproximou de vagar e deixei que ele me envolvesse em seus baços. Ele beijou o topo da minha cabeça e sussurrou um “ta tudo bem”.

Depois disse ele buscou minhas coisas e me encontrou na calçada de novo para me entrega-las.

– Até mais então – ele diz com um sorrisinho de lado.

– Até – respondo e aceno com a mão antes de me virar e sair andando.

Na esquina eu paro e chamo a Luíza.


Notas Finais


Até o próximo


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