Após a deliciosa porrada que o Dave me deu,fui embora. Caminhei alguns poucos quarteirões até chegar ao apartamento de Nina. Ela ainda não tinha chegado em casa e o tédio me dominou,me fazendo iniciar uma bela faxina em casa.
Mente vazia é oficina do diabo. Sabia que se ficasse em inércia minha mente me levaria diretamente para a morte de minha mãe. A faxina me manteu afastada desses pensamentos por um tempo,mas, conforme as horas foram passando,as memórias foram mais fortes do que eu e me entreguei à tristeza.
Como eu havia terminado de arrumar tudo,me sentei no chão da sala e me entreguei as lágrimas. Chorei por um bom tempo,soluçando,sentindo a dor rasgar meu peito. Minha cabeça latejava pela dor da pancada e pelo tanto que eu chorava.
- Mariah! - Nina gritou abrindo a porta com força. Ela entrou com um sorriso de orelha a orelha na sala,me fazendo limpar as lágrimas em uma falha tentativa de não mostrar o choro. - O que aconteceu? - Sua expressão feliz mudou para preocupada em um segundo.
- Nada,não foi nada. - Respirei fundo,tentando me recompor enquanto levantava do chão.
- Claro que aconteceu! Me diz por que você estava chorando! Alguém te machucou? - Se aproximou de mim,segurando minhas mãos me puxando para sentar no sofá.
Sentamos e pensei se diria algo ou não. Eu nunca fui o tipo de pessoa que guarda o que sente. Eu não consigo esconder. Se estou feliz,animada ou triste a pessoa vai perceber. E eu sempre gosto de revelar meus sentimentos para quem eu confio,mas sobre aquilo,eu não sabia se deveria falar. Eu estava com medo.
- Nina,promete que não vai contar nada para ninguém? - A fitei seriamente.
- Claro,moça. Vai ficar entre nós. Mas me diga. - Falou num tom de preocupação.
- Nina,minha mãe foi assassinada.
Ela arregalou os olhos e segurou a respiração por um segundo.
- Meu Deus,Mariah! Quem fez isso,quando foi?
- Eu não sei quem foi. - Menti. - Foi na noite que eu fugi. Eu disse para vocês que fugi porque não aguentava mais vê-la apanhar,o que em parte é verdade. Mas naquela noite ele estava fora e eu estava dormindo... Quando acordei,ela já estava morta. - Não sei se a mentira tinha colado,mas eu não podia dizer que meu padrasto foi o assassino. Simplesmente era difícil demais para mim.
- Eu sinto muito,Mariah! Olha,se você quiser,pode morar comigo o tempo que precisa e pode contar comigo para tudo! Eu prometo que vou te ajudar em tudo o que você precisar. Vou ser como uma irmã mais velha. - Disse olhando profundamente em meus olhos e eu senti como se ela fosse um anjo enviado por Deus para me confortar.
Sorri fraco,mas aliviada por ter tirado todo aquele peso de minhas costas. O fato de saber que Nina se importava comigo me revigorou. Eu não estava sozinha.
- Nina,muito obrigada por tudo,de verdade. Você é muito maravilhosa para existir.
- Eu existo,mas vamos sacudir a poeira. Vem cá,me dá um abraço. - Ela me puxou e demos um abraço desajeitado por estarmos sentadas. - Olha,hoje eu vou trabalhar. Podemos ver o lance do seu trabalho.
Me afastei.
- Ah,podemos mesmo! Mas você vai trabalhar? Como groupie?
Ela sorriu.
- Depende. Se tiver algum rockstar que me interesse... Sim! E ainda acho que você deveria tentar ser groupie.
- Nina,eu não vou ser groupie!
- Olha,eu sei que o problema é você ser virgem,mas eu posso falar com algum rockstar fofo! Eu poderia conversar com o Eddie Vedder,Jeff Ament ou Stone Gossard... Eles seriam fofos e cuidadosos,tenho certeza!
- Sua proposta é tentadora. Eu transaria com todos eles,mas não!
Nina sorriu enquanto balançava a cabeça.
- Vamos nos arrumar!
Então,eu e Nina começamos a tomar banho,nos vestir e se maquiar. Ela pôs alguns rocks bem animados e enquanto nos vestiamos,cantávamos e dançávamos. Nina me emprestou uma roupa,já que o que eu tinha trago nas três mochilas não servia para ir a uma boate.
Descemos e entramos no carro.
- E aí,Nina! Como foi o negócio do carro com o Krist? - Perguntei colocando o cinto de segurança.
Ela sorriu enquanto ligava o carro.
- Demorou porque tivemos que pegar o carro morto naquela rua,mas depois que ele foi resgatado,consertaram o meu rapidamente. O do Krist vai ficar mais um tempo lá.
- E foi só isso? - Arqueei as sobrancelhas.
- Claro que não! - Ela deu um sorriso malicioso. - Fomos para um motel.
Abri a boca surpresa.
- E aí?
- Que sexo,minha amiga,que sexo. O Krist adora falar palavras sujas e é ótimo na cama,meu Deus! - Se abanou com as mãos. - Sem contar que ele ainda me pagou.
- Mas ele é enorme! Você deve ter sofrido muito. Tem o que de altura? 1.60?
- Sim,mas na horizontal todo mundo é igual. - Me deu língua e voltou a prestar atenção no trânsito.
- Vai rolar de novo?
- Quem sabe? - Ela deu de ombros. - Mas e você? Deu tudo certo na lavanderia?
- Ah... Você não sabe o que aconteceu...
Comecei a contar tudo o que aconteceu na lavanderia e a cada palavra que eu dizia,achava que os olhos dela iriam saltar para a fora de tanta surpresa.
- Você ficou sozinha com o Dave e foi embora da casa dele? - Gritou.
- O que tem? - Retruquei.
- Menina,ele é um tesão! Vocês poderiam ter aproveitado!
- Ah,nem ligo para ele. Além de ser babaca foi um lerdo!
- Mas ele te ajudou na lavanderia e você gostou.
A Nina tinha razão,mas preferi ficar quieta.
Finalmente chegamos a boate - vivas - e eu senti o clima do lugar. Era um ambiente bem grande,escuro,com várias luzes neons,quadros de bandas,mesas com cadeiras,banheiros e um bar com banquinhos.
Eu e Nina seguimos para a boate e conversamos com o dono,que aceitou que eu trabalhasse lá. Eu trabalharia todos os fins de semana,na parte da noite. E já começaria naquele dia mesmo. O homem me deu um avental - que era o uniforme - e o vesti,indo para o barzinho.
Nina conversou com alguns conhecidos e quando estava pronta para sentar no banquinho do bar,ela arregalou os olhos.
- Você. Não. Sabe. Quem. Está. Aqui. - Falou,pausadamente.
- Quem? - A fitei,explodindo de curiosidade.
- Jeff Ament e Stone Gossard! - Gritou.
- Mentira! - Exclamei.
- Precisamos falar com eles.
- Nina! - Segurei seu braço. - Você conhece eles? - Perguntei.
- Sim. Já transei com o Eddie Vedder.
- E como foi?
- Ele faz o serviço bem feito! - Piscou e foi em direção aos dois.
Eu podia sentir as borboletas em meu estômago e a timidez consumindo meu corpo. Eu pude observar Nina conversando com eles e logo em seguida,todos vieram em minha direção.
- Meninos,essa é minha amiga,Mariah Wood. Mari,esses são Stone Gossard e Jeff Ament. Guitarrista e baixista do Pearl Jam.
- Oi meninos. - Acenei timidamente.
- Oi,Mari. Posso te chamar assim? - Ament indagou. Senti meu coração bater mais forte.
- Pode sim. - Sorri.
- Muito prazer,Mariah. - Stone sorriu. Sorri de volta.
Os três sentaram nos bancos e o assunto começou a surgir. Os meninos foram super simpáticos comigo,o que me conquistou. Jeff vez ou outra lançava um sorriso lindo para mim,que fazia uma tremedeira surgir dentro de mim.
Nina e Stone conversavam próximos e lançavam olhares sugestivos um para o outro.
- Mariah,você se importa de ficar com o Jeff? - Nina levantou do banco seguida de Stone.
Olhei para Jeff e depois para Nina.
- Não. - Respondi insegura.
- Jeff,tá tranquilo para você? - Gossard indagou.
- Vão lá. Fiquem tranquilos.
E os dois saíram juntos do bar,me deixando sozinha com Jeff. Eu estava muito nervosa com a presença dele. A todo instante seus olhares encontravam o meu,me deixando tímida.
- A Nina é doidinha! Acredito que você já esteja acostumada com esse jeito dela. - Jeff puxou assunto.
- Eu a conheço há pouco tempo,mas já acostumei mesmo. - Sorri enquanto organizava alguns copos.
- Ah sim. - Suspirou. - Quantos anos você tem?
- Dezoito.
- Nossa,você é novinha. - Deu uma risadinha.
- Sim. - Sorri. - E você?
- Vinte e oito. - Segurou a cerveja. - Caminhando para os trinta.
- Estou me sentindo um bebê perto de você.
- Idade é só um número,não quer dizer nada. - Deu de ombros e depois deu um longo gole em sua cerveja. - Você não bebe?
- Não. Na verdade,eu nunca bebi.
- Não? - Ele perguntou,surpreso.
- Não. - Levantei uma das sobrancelhas.
- Experimenta. - Empurrou a lata em minha direção. - O primeiro gole é meio amargo,mas a segunda desce como água.
- Tá bom,vou ver se é muito ruim. - Peguei a latinha e virei,sentindo aquele líquido descer pela minha garganta. Tinha um gosto estranho,mas era bom. - Ah,dá para beber.
Sorri e Jeff fez o mesmo. Ele rolou os olhos pelo ambiente e viu um homem acenar para ele.
- Mariah,se importa se eu sair um instante? Um amigo meu está aqui.
- Tudo bem,pode ir lá.
Jeff sorriu novamente e levantou indo em direção ao homem. Voltei a organizar as coisas no bar quando um homem alto parou em minha frente com um sorriso estranho que fez um frio percorrer minha espinha.
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