O final de semana passou como um foguete. Eu e Nina passamos a maior parte do nosso domingo escutando música,vendo filmes e comendo besteiras. O dia todo foi divertido,mas a madrugada não foi tão boa. Mais uma vez eu tive pesadelos com a morte de minha mãe que tiraram o meu sono. Acordei no meio da noite e não consegui pegar no sono,me obrigando a ficar olhando pela janela,imaginando se alguém tinha achado o corpo de minha mãe ou qualquer outra coisa. Aquilo me fez mal e fiquei o dia inteiro angustiada,deprimida. Nina percebeu o meu estranho comportamento e ficava o tempo todo questionando o que estava acontecendo,mas eu não queria falar.
Já estávamos no fim do expediente quando Nina me pediu para atender os novos clientes.
- Mariah, atende elas para mim? Preciso terminar esse milkshake. - Apontou para uma mulher brincando com a filha sentada em uma das mesas.
- Tá.
Caminhei até as duas e pude perceber o amor entre elas. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas tive que ser firme. Eu não podia me abater por conta dos meus sentimentos.
- Posso ajudar? - Perguntei.
- Claro. - A mulher sorriu. - Eu vou querer um café sem açúcar, e você meu docinho? - Perguntou para a filha.
- Eu quero bolo de chocolate, mamãe.
- E um bolo de chocolate, por favor.
Anotei o pedido e voltei para a cozinha com o coração na mão. Ver aquela cena só trazia lembranças minhas com minha mãe. Nós sempre nos demos muito bem e era difícil aceitar que nunca mais a veria. Meu pensamento ficou atormentado e para distrair minha mente, preparei o pedido das duas. Saí da cozinha e fui até a mesa com a bandeja na mão.
- Aqui está, senhora. - Falei, deixando a bandeja em cima da mesa.
- Obrigada. - Agradeceu.
Retirei-me pronta para voltar para o balcão, quando ouvi a mulher me chamar.
- Ei, garçonete, o pedido está errado.
Engoli em seco e voltei até ela. Nisso pude ouvir risadas indicando que novos clientes entravam no local.
- O que tem de errado? - Perguntei, sentindo vontade de chorar. Era meu segundo dia de trabalho e já estava eu fazendo besteira.
- Eu pedi café sem açúcar e este aqui está parecendo mel de tão doce.
- Me desculpe, eu vou trazer o pedido correto. - Coloquei a xícara de café de volta na bandeja.
Me virei para andar em direção a cozinha,quando um rapaz alto tombou comigo no mesmo instante,fazendo o café quente cair em minha blusa e a xícara cair no chão junto com a bandeja. Olhei para ele com a boca aberta por estar surpresa, e percebi que ele era Dave acompanhado de Krist e Kurt.
- Dave, você é tão feio, mas tão feio que assustou a Mariah. - Krist falou rindo junto com Cobain.
- Cala a boca, Krist! - Dave gritou.
Me abaixei para catar os cacos de vidro do chão,totalmente irritada por ter café manchando minha blusa branca. Lágrimas começaram a escorrer em meu rosto. Dave abaixou e colocou a mão em meu ombro.
- Mari,me desculpe,eu não sabia que você ia virar em minha direção.
- Tudo bem. - Respondi,sem olhar para seu rosto.
- Deixa que eu te ajudo. - Começou a catar os cacos junto comigo,os colocando na bandeja.
Funguei e percebi os olhares curiosos de Kurt.
- Olha aí,Dave,fez ela chorar! - Kurt falou num tom preocupado.
- Ela não está chorando por isso. Está? - Me olhou esperando a resposta.
- Eu não tô chorando por isso,seu idiota. - Peguei a bandeja e levantei com raiva.
Levei a bandeja até o bacão sobre os olhares preocupados de Nina e corri para fora da lanchonete. Fui para um beco que tinha ali do lado e me encostei na parede,deixando as lágrimas rolarem. Estava tão concentrada em meu sofrimento que nem vi Dave se aproximar.
- Mariah?
Não respondi,apenas continuei escondendo minhas lágrimas com as mãos.
- Mari,o que aconteceu? - Por algum motivo,a forma como ele chamou,me fez amolecer e sem pensar muito,juntei nossos corpos num abraço apertado. Passei meus braços por sua cintura e encostei a cabeça em seu peito,sentindo seu corpo se tensionar. Aos poucos ele foi relaxando e me envolveu em seus braços.
Ficamos um tempo daquele jeito e Dave não disse nada,apenas me deixou desabafar através das lágrimas. Depois de chorar,fiquei um pouco envergonhada por ter desabado daquele jeito e soltei Dave,sentando no chão e abraçando as pernas.
- O que aconteceu? Por que estava chorando? - Perguntou sentando ao meu lado.
- Não foi nada. - Funguei.
- Como assim não foi nada? Você encharcou minha blusa de lágrima e agora diz que não foi nada?
- Dave,não quero falar sobre isso. - O fitei.
- Por quê? - Arqueou as sobrancelhas.
- Porque eu não quero!
- Tudo bem,não vou te obrigar já que não quer falar. - Levantou as mãos em sinal de desistência.
- Obrigada. - Suspirei.
- Bom,já que você não quer falar sobre isso e está toda triste,toda depressiva,eu tenho algo a fazer sobre isso.
O fitei em silêncio,esperando ele seguir em frente.
- Quer sair comigo hoje?
Me espantei com sua pergunta,eu realmente não esperava.
- Sair com você? Quando?
- Hoje à noite. Você chegou em Seattle há pouco tempo,está triste,precisa se divertir um pouco e eu sou o cara certo para isso. - Disse sorrindo,dando um leve soquinho em meu braço.
- Convencido. - Sorri.
- Te busco às oito.
- Eu nem disse se aceitei.
- E nem precisa. Eu sei que você vai porque está a fim de mim. - Ele mascou o chiclete,todo seguro do que dizia.
- Dave,você é muito convencido! - Revirei os olhos.
- Eu sou bonito,sexy, - se aproximou - e você está doida para me beijar que eu sei. - Falou olhando minha boca. Por um segundo eu fiquei presa àquele clima,mas consegui sair.
- Grohl! - Repreendi. - Se você continuar de graça,eu não vou sair com você!
Ele sorriu e se afastou novamente.
- Mariah! Para de ser depressiva e sorria.
- Do nada? - Franzi o cenho.
- Você não pode ser séria sempre!
- Como assim? - Questionei,confusa.
- Quero que você sorria!
- Então me faça rir,oras. - Cruzei os braços.
- Como?
- Descobre!
Dave me lançou um olhar travesso e começou a me cutucar com o dedo,me fazendo rir.
- Cócegas não! Eu sinto muitas cócegas.
- Tem cócegas e é burra de ter dito isso,porque agora eu vou te infernizar!
Então,o chato começou a me fazer cócegas a ponto de eu ficar fraca de tanto rir e deitar no chão. Ele subiu em cima de mim,me deixando no meio de suas pernas e sentando em cima da minha barriga,atrapalhando mais ainda minha respiração. Ele estava gargalhando mais do que eu.
- Você... Vai... Me... Matar. - Disse,arfando.
Dave gargalhou mais uma vez e me olhou,dessa vez,fazendo uma pequena besteira. Ele abriu tanto a boca que seu chiclete caiu em meu rosto.
- Dave,seu porco,seu chiclete caiu na minha cara! - Resmunguei. - Sai daqui! - O empurrei.
- Come,tá gostoso ainda.
Fechei a cara e pequei o chiclete,o grudando em seu nariz.
- Vai mesmo querer brincar disso comigo? - Me olhou com uma expressão séria.
- Vou. - Lancei um olhar desafiador.
- Você que pediu...
40 minutos depois...
- Dave Grohl,você é um idiota! - Nina resmungava passando o pente agressivamente em meu cabelo.
Depois que eu grudei chiclete no nariz do Dave,ele simplesmente se vingou grudando o chiclete no meu cabelo. Obviamente eu surtei e dei uns tapas neles,correndo de volta para a lanchonete para pedir ajuda a Nina. Antes de ir para casa,tivemos que fechar a lanchonete e só aí fomos liberadas. Dave,Kurt e Krist vieram com a gente.
- Foi ela que começou! - Ele se defendeu.
- Eu que comecei? Você que tem down e deixou o chiclete cair na minha cara! - Bufei.
- Tinha tanto lugar para você grudar chiclete e grudou logo no cabelo dela? Se eu não conseguir tirar vamos ter que cortar. - Nina continuou a pentear.
- Não vou cortar o cabelo!
- Então torça para a Nina conseguir tirar. - Krist entrou no assunto.
- Eu sou groupie e garçonete,não cabeleireira. - Nina disse,arrancando algumas risadas de nós.
- Se a Nina não quiser,eu posso cortar. - Kurt se ofereceu,fumando um cigarro.
- Tá irritadinha,pigmeu? - Krist provocou Nina.
- Fica na tua,gulliver!
Depois de alguns minutos,Nina conseguiu tirar o chiclete de meu cabelo e os meninos decidiram ir embora.
- Te busco às oito,hein? - Disse Dave fechando a porta.
Nina estava sentada no sofá e me lançou um olhar malicioso.
- Vai sair com o Dave?
- Sim. - Sentei ao seu lado. - Mas não é um encontro. - Me prontifiquei.
- Eu nem pensei nisso,você que está se entregando. - Ela riu. - Finalmente vai rolar o beijo entre vocês!
- Eu não vou ficar com ele,Nina!
- Por quê? Ele está tão na sua!
- Porque nós somos só amigos. Eu não tenho interesse nele!
- Me engana que eu gosto! É obvio que você está interessada e sabe muito bem que por ele já tinha rolado.
Revirei os olhos.
- Escuta o que eu estou falando,nunca vou ficar com o Dave!
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