História Winx e os Deuses Gregos - A Batalha Final

O vento frio combinava com as nuvens de chuva que se formavam no céu daquela tarde.

Os semideuses já haviam retornado de suas respectivas missões e também estavam, junto de todo o acampamento, prontos para a batalha. As armaduras e as espadas que empunhavam causaria medo em qualquer pessoa que tentasse os contrariar.

A diretora se sentiu na obrigação de dizer algumas palavras para os adolescentes. Era uma batalha perigosa, ela não podia negar isso. - Espero que estejam todos prontos! Quero dizer uma coisa antes de irmos, é arriscado para todos nós então se alguém não quer participar dessa luta, fique a vontade para voltar para suas casas ou para o acampamento.

Ninguém falou nada. Não haveriam desistências, todos ali só desejavam acabar com a ameaça de uma vez por todas e voltar a ter uma vida "normal", se é que existe essa opção para semideuses.

-Ninguém desiste? - Saladdin ergueu as sobrancelhas. Novamente, ninguém disse nada.

-Então vamos para a luta, o exército de Valtor está a caminho! - todos seguiram Faragonda. O lugar indicado pelos deuses era um campo aberto bem próximo dos muros do acampamento Meio-Sangue.

-Onde estão os deuses? - perguntou Stella olhando para o céu.

-Eles estão chegando. - Saladdin fez um sinal para que todos ficassem em posição de ataque.

Zeus, Poseidon, Deméter, Atena, Ares, Apolo, Dionísio surgiram entre as nuvens escuras do céu. Hades e um exército de mortos vivos surgiram de um buraco no chão, todos os deuses montados em bigas de guerra, prontos para enfrentar Valtor e protegerem seus tronos no Olimpo.

-Deus... - sussurrou Timmy impressionado com a presença as divindades.

-Deuses! - corrigiu Atena, fazendo o mesmo se encolher e Tecna rir baixinho.

-Estavam ansiosos pela minha chegada? Por favor galera, não precisa me aplaudir! - disse Apolo retirando os óculos escuros e sorrindo.

-Ah não. De novo não. - sussurrou Stella com as mãos no rosto. - Será que pode fazer a exibição de toda a sua glória depois que ganharmos?

-Por favor querida, você sabe que minha beleza é indiscutível. - o deus do sol rebateu se olhando no reflexo da biga de Ares. - Não fique brava, você é tão bonita quanto eu.

Stella corou e deu um sorrisinho quando alguns semideuses riram da atitude infantil de Apolo. No fundo ela gostava dele, bem no fundo. - Obrigada... Eu acho.

Zeus pigarreou, interrompendo a discussão entre pai e filha. - Nobres semideuses, obrigado pela ajuda que todos vocês prestaram ao Olimpo. Estamos agradecidos por vocês

-Lá estão eles! - Poseidon apertou com mais força seu tridente.

Do outro lado Valtor surgia entre a neblina de chuva, seguido por Icy, Hera, Afrodite, Hermes, Ártemis, deuses menores e por diversas espécies de monstros desconhecidas pela maioria dos meios-sangues.

-Vocês realmente vieram! - gritou Valtor, a voz fria arrepiando os pêlos dos corpos dos filhos dos deuses. - Pensei que iriam desistir!

Os elementos naturais entraram em evidência: raios, árvores, luz, água... Tudo que fazia referência aos deuses começou a se agitar e eles bradaram diante do exército inimigo, erguendo suas armas.

-Atacamos no meu sinal... - disse Zeus quebrando o silêncio que se instalou quando ambos exércitos ficaram frente a frente.

-AGORA! - gritou Ares repentinamente contrariando as ordens do pai e avançando em direção a Valtor.

Os semideuses obedeceram ao deus da guerra e gritaram, correndo até os monstros e começando a batalha final.

Flora correu em direção a bruxa do gelo, que soltava raios de neve por toda parte junto de sua mãe, Quione. Levantou a espada para ataca-lá mas Icy foi mais rápida e a impediu, desviando para longe.

-Sua louca! - a garota gritou, os cabelos platinados voando para todos os lados com o vento. - Vou te dar uma surra agora.

-Não encoste nela! - Deméter rugiu.

-Claro, a deusa do mato vai salvar a pobre menininha. Que brega! - Icy zombou.

-Você quem pediu! - raízes de árvores saíram do chão e agarraram Icy e sua mãe, as prendendo no chão.

-Menos duas. - Deméter limpou as mãos e olhou para uma impressionada Flora. - Desculpe por tratá-la mal como fiz outro dia. Eu a amo tanto quanto amo todos os meus outros filhos.

Flora segurou as lágrimas que queriam escapar dos olhos. - Tudo bem...

-Espero que me perdoe, filha. - a deusa levantou o rosto da garota com as pontas dos dedos. - E cá entre nós... Você é a filha mais valente que eu já tive!

A morena sorriu. - Certo, mas agora vamos para a luta!

Os deuses olhavam impressionados para a organização pai e filha durante a luta. Todos temiam Hades, isso não era novidade, mas vê-lo lutar ao lado de Musa sem tentar matá- la ou algo do tipo surpreendeu muita gente.

-Por aqui! - Musa gritou rendendo um deus menor. - O que vamos fazer com eles exatamente? Não consigo segurar até o fim da batalha.

Hades refletiu por um tempo. - Tive uma idéia!

Uma cratera se abriu de repente e o deus do submundo empurrou o refém dentro. Musa o olhou assustada. - Calma, é só uma passagem para um lugar que os imobilizara. Eles ficaram presos até que Zeus decida o que fazer.

-Certo. - eles tinham tudo para ganhar, e Musa fazia questão de acabar com Valtor.

Outros semideuses que estavam arrasando ao lado do pai eram Aisha e Brandon. Os três invocavam ondas e surfavam por cima delas, derrubando os inimigos e até mesmo competindo entre si.

-Agora vamos ver quem consegue ficar mais tempo em pé em uma dessas belezinhas. - disse Poseidon vendo os dois filhos se posicionarem lado a lado e prontos para surfar. - Preparar, já!

Um onda gigantesca surgiu e ambos subiram em cima, mas por conta de desequilíbrio, Aisha se apoiou no irmão e o derrubou no chão.

-Ai. - Brandon murmurou colocando as mãos nas costas. - Caramba Aisha! Para que me empurrar assim?!

-Eu sou a melhor e pronto. Não é pai? - ela sorriu vitoriosa.

-Err... - Poseidon pensou em uma forma de não injustiçar o filho que se machucou mas também não contrariar a filha raivosa. - Que tal voltarmos para a batalha, hein?

-Eu vou matar mais que você! - Aisha desafiou sacando a espada.

-Claro que vai, você quase me matou! - disse Brandon revirando os olhos e causando riso no deus dos mares.

-Você não vai ganhar! - Mitzi gritou avançando em Valtor, mas o homem fora mais rápido de que seus golpes e a pegou pelo pescoço.

-Não faça isso! Solte-a Valtor! - exigiu Afrodite, mas ódio brilhava nós olhos azul acinzentados do deus. - SOLTE-A.

-Você jurou que não faria nada com qualquer um dos filhos de meus aliados, muito menos com as semideusas! - argumentou Ártemis, aquele sentimento de raiva vindo a tona. Se tinha uma coisa que ela não poderia permitir era ver uma mulher sofrendo nas mãos de um homem.

-Valtor! - insistiu Afrodite, vendo que o deus estava muito mais preocupado em sufocar a menina do que com o restante da guerra. Os aliados deles estavam infelizmente caindo deixando e a vitória do acampamento cada vez mais próxima.

Sem resposta, a deusa desistiu de esperar e partiu para cima de Valtor, sendo seguida por todos os antigos deuses que estavam se aliando a ele.

-ARGH! - Valtor gritou sendo envolvido por um brilho de fogo. Os deuses voaram para longe dali como se fossem feitos de bonecos de pano. Era tarde demais, o deus estava mais poderoso e sanguinário do que nunca.

-SE AFASTE DELA! - uma voz berrou. Nabu sorriu ao perceber de quem se tratava. Seu pai estava montado em uma biga dourada e ardia em chamas assim como Valtor.

Ele pulou em cima de Valtor e ambos começaram uma luta corporal, dando tempo para que os outros deuses se recuperassem e voltassem a lutar.

-Hefesto? Que surpresa saber que você trocou de lado novamente. - Valtor chutou o deus para longe, mas Hefesto se recuperou rapidamente.

-Não encoste um dedo em um dos compistas ou acabarei com você! - o deus rugiu.

-E como vai fazer isso, ferreiro?

-Tenho alguns truques na manga. - Hefesto assoviou e alguns touros mecânicos invadiram o campo de batalha, derrubando inimigos e salvando até mesmo a pele de alguns campistas.

-Obrigada. - Mitzi sussurrou se levantando do chão com a ajuda de Nabu. Ela olhou para Hefesto, abrindo a boca para dizer as palavras de desculpa.

-Não tem de quê, filha de Afrodite. - ele coçou a nuca nervoso.

-Você realmente a salvou! - gritou a deusa do amor. - Obrigada, eu agradeço.

Hefesto corou. - Contanto que você volte para nosso lado, eu a desculpo.

Afrodite sorriu e se afastou com marido, deixando Mitzi e Nabu olhando para ambos os deuses que lutavam lado a lado. É, até que Mitzi não era 'tão' ruim assim.

Hermes viu seu objeto mágico voar para longe de suas mãos assim que um dos touros esbarrou nele sem querer.

-Desistiu de lutar ao lado dele? - perguntou Riven entregando o cajado mágico onde continha as duas cobras nas mãos de seu pai.

-Não sei o que deu em mim, mas peço desculpas por te decepcionar. Desculpa por não te defender e ser um péssimo pai. - gritou Hermes em meio os gritos dos semideuses matando um animal que tentou avançar em Riven.

-Eu te perdoo... Se você prometer me dar um cajado mágico desses!

Hermes riu, abraçando o filho e ambos correndo de volta ao campo de batalha.

-VOCÊS REALMENTE LUTAM BEM! - gritou Apolo vendo Helia atirar algumas flechas no minotauro que avançava no chalé 7.

-Obrigado! - Helia gritou de volta, feliz por poder impressionar o deus do arco e flecha. Mas a criatura não perdoou e avançou na direção dos dois, Helia fechou os olhos e aceitou que aquele seria o fim.

Permaneceu assim e percebeu que muito segundos haviam se passado e nada aconteceu. Abriu os olhos e encontrou o minotauro derrotado, flechas por todo seu corpo.

-De nada! - gritou Ártemis com a mão na cintura e segurando seu arco e flecha de prata.

-Ártemis! - o gêmeo da deusa da lua correu até ela e ambos ficaram frente a frente.

-Desculpa. - Ártemis falou, olhando para Helia em seguida. - Para todos vocês. Eu me aliei a Valtor e me arrependo muito, nunca devia ter traído aqueles que eu amo e tenho o dever de proteger.

-Tudo bem! - Helia gritou de volta vendo a mulher sorrir, algo que não se vê todo dia, não é mesmo?

-EU TE AMO MANINHA! - Apolo gritou tascando um beijo na bochecha da deusa.

-Eca. - ela esfregou a mão no local tentando limpar.

-Está bem, isso foi muito estranho. - Helia disse correndo para longe e voltando a lutar.

-TIMMY! Beber agora não! - Tecna gritou ao ver o ruivo aceitar um copo de whisky de Dionísio.

-Relaxa, você sabe que eu fico mais forte quando eu bebo. - ele falou, a mesma fumaça que ela viu outro dia saindo dos seus lábios e corroendo a pele de outro monstro.

-Caramba! Isso é muito legal! - Dionísio falou

-Eu disse que conseguia! - o ruivo se gabou.

-Eu nunca vi esse poder em qualquer filho meu antes. Como vai chamar?

-Estou pensando em bafo da morte... - disse o garoto com a mão no queixo.

-Isso é estranho, isso sim. - disse Tecna, sentindo uma mão repousar em seu ombro. Era Atena, sua mãe.

-Estanho é pouco. - concordou a deusa da sabedoria com seu tom de superioridade. - Mas... De certa forma, isso foi incrível.

Timmy sorriu ao ser elogiado pela deusa. - Obrigado.

-AH! - Bloom gritou arrancando a cabeça de um monstro que quase atingiu Tecna. A rodada nem teve tempo de agradecer já que também acabou defendendo Bloom de outro monstro que queria atacá-la.

-Obrigada. - ambas disseram em uníssono, correndo juntas para lutar um pouco afastado.

Timmy viu os olhos de Atena brilharem de orgulho. - São minhas garotas!

Zeus se encurralou entre dois deuses que nem ele mesmo sabia quem eram (ironia, não?). Ele levantou seu raio mestre para dar um choque mas um dos atrevidos acabou por pegar sua arma.

-AH! - antes que ele pudesse reagir uma voz gritou pulando e agarrando seu raio, usando para aniquilar as duas figuras. Suspirou, teria que cuidar daquilo mais tarde.

-Hunhum. - o deus limpou a garganta olhando para o filho.

Sky tirou um pouco da franja loira do rosto e sorriu estendendo o raio para o pai. - Tome, aqui está.

-Parece que você não é tão traidor quanto dizem. - Zeus disse com grosseria.

-O que quer dizer? - Sky perguntou no mesmo tom, surpreendendo o deus já que ninguém ousava gritar com ele (a não ser Hera).

-Quer dizer que não é porque seus amigos aceitaram suas desculpas que seus pecados diante do Olimpo desapareceram. Você ainda é um traidor! - os olhos azuis do deus brilharam de raiva, assim como os de Sky.

-Está certo então! - o loiro correu para longe, ainda segurando o poderoso raio mestre.

-PARE! - Zeus gritou atraindo a atenção de alguns dos que lutavam mas já era tarde. O loiro chegou até a figura pálida que se recuperava no canto do campo de batalha e lhe entregou o raio mestre.

-Você por aqui? - Valtor questionou sorrindo. - Você nunca me decepciona, filho de Zeus.

-Sky, você jurou estar do nosso lado! - gritou Bloom, os olhos cheios de lágrimas se aproximando perigosamente de ambos, Valtor brincando de invocar alguns raios no céu.

-Eu não jurei nada! - ele disse secamente. - Para vocês eu nunca vou ser nada além de um traidor! Então aqui estou eu, o traidor do acampamento meio-sangue!

Valtor riu com sarcasmo, se aproximando de Sky e colocando as mãos em seu ombro. - Muito bem loirinho, você fez uma escolha sábia.

O garoto estava sem expressão no rosto, escondendo todas as suas emoções. Virou de costas e andou para longe junto com o deus. Todos os semideuses pararam de lutar por um instante, sentimento de traição e raiva fervendo dentro de todos eles.

-N-não acredito! - Bloom tremeu de raiva. Acreditar em Sky, considerar perdoa-lo e o que viveram assim que ela chegou ao acampamento... Tudo isso foi uma mentira. O loiro nunca mudaria e estave trabalhando com Valtor o tempo todo. Realmente, quem é tão burro de acreditar em uma mudança tão repentina de comportamento?

-Eu sinto muito. - ele sussurrou. Uma lâmina pequena saiu da manga de sua blusa de frio, sendo cravada no pescoço do deus e arrastando até a altura dos ombros.

-AH!! - Valtor gritou, um misto de surpresa e raiva. Ele não estava acreditando que haviam conseguido pegá-lo de surpresa.

Em questão de segundos o corpo com vida de Valtor foi tomando uma cor acinzentada, Musa já sabia o que aquilo significava. A derrota.

-Seus... Seus... - ele gaguejou, sangue dourado saindo por toda a extensão do corte.

-Foi mais simples do que eu pensei. - murmurou Poseidon colocando as duas mãos nos ombros dos filhos.

Até mesmo os monstros e aliados de Valtor pararam para assistir a cena que menos esperavam ver: o líder dele sendo derrotado.

Um a um, as criaturas desapareciam a cada urro de dor do deus.

-E agora... - Hades fez surgir um buraco no chão. - Você vai direto para o Tártaro.

E assim aconteceu: Valtor desacordado foi teleportado para a maior prisão de inimigos dos deuses e criminosos perigosos.

A chuva que ameaçava cair durante toda a batalha finalmente não se segurou mais e caiu, as gotas molhando a todos os soldados.

-Mas como...? - murmurou Atena vendo Hades comemorar com uma dancinha divertida.

-O que aconteceu com ele? - disse Faragonda ainda não entendendo a situação.

Brandon sentou no asfalto molhado. - Vencemos.

Os semideus respiraram profundamente como há meses não conseguiam, a aflição e medo desaparecendo dos corpos de cada um, paz pairando em seus jovens corações.

Acabou.