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História Wolves (Jungkook - BTS) - Silêncio


Escrita por: Ludus e Meraquia

Notas do Autor


Sim, é a Akira na capa :)

eu quero surtos depois desse capítulo
se preparem pra muito drama

Música recomendada: Bury a friend – Billie Eilish

boa leitura 💖

Capítulo 11 - Silêncio


Fanfic / Fanfiction Wolves (Jungkook - BTS) - Silêncio

    Não demoramos muito após o velório. As pessoas foram sumindo, e com elas, eu, Jeon e Lolla também fomos. A chuva já havia passado, o tempo úmido e o silêncio ajudavam minha mente a pensar. Tentava bolar um jeito de conseguir avisar a alcateia, procurar os caçadores e manter o Jeon a salvo, tudo ao mesmo tempo. A cada segundo que se passava, mais perto me encontrava de uma ideia – ou de um colapso.

Imagino meu pai me deserdando ao saber onde estava e que sofri uma meraquia por um humano, um riso de nervoso me escapa e reflito sobre isso. Sabia que agora as chances de que meus parentes machucassem Jungkook eram baixas, mas ainda tinha receio que o julgamento e a pressão ferissem ainda mais do que machucados físicos fizessem.

Levo minha atenção até o garoto que agora estava concentrado em fazer um café. Os devaneios que passavam por sua cabeça eram quase visiveis, me pergunto o que se passava em sua mente. Me aproximo de suas costas, abraçando seu troco por trás e apoiando meu rosto entre as omeoplatas, inalando o cheiro familiar em busca conforto.

— Uma moeda por seus pensamentos. — dito e ouço um suspiro por sua parte.

— Eles não valem uma moeda. — Sua voz vazia me traz confusão. — Querem organizar um grupo de caça mas a guarda florestal não irá permitir, então vão fazer ilegalmente.

Engulo seco e fico séria. Raiva e indignação me envolvem.

— Isso é inaceitável...

— Eu sei. — Se vira em minha direção e se apoia na bancada atrás de si. — São só animais, estão tentando sobreviver. Deveriam colocar uma cerca ou algo que os mantessem longe, mas só isso. — Exala inconformado.

Me acomodo ao seu lado, pensando em como seria se soubesse o que realmente é o culpado por tudo isso. Será que iria ter medo de ficar perto de mim?

— Vou ver se Dolores está bem, ela parecia muito abatida hoje mais cedo. — avisa e segura minha mão como sinal de conforto, em seguida se retira, indo visitar a vizinha.

Sento no sofá, apoiando o rosto em minhas palmas, perdendo o fôlego por alguns segundos e me deixando finalmente cair na real quanto a tudo isso. Estou a ponto de enlouquecer e tudo o que se repete na minha mente é que tem um caçador que esteve disposto a matar um ser humano para fazer com os licantropos ficassem encurralados. Sabem que eu estou aqui, que minha alcateia está por perto, querem nos destruir ou talvez algo pior.

Ao afundar em nervosismo, minha cabeça pesa e fico tonta. Hiperventilo e sinto os olhos lacrimejarem com o mal pressentimento que sentia, agonia e estresse me dominam, só quero chorar e pensar em como resolver isso, ainda que soubesse que não tinha muito o que eu pudesse fazer agora.

[...]

Jungkook's Point of View

Rodo minha caneta pela quinta vez em minha palma, distraído de toda a conversa entre meus colegas e superiores. Já havia atribuído minha parte na reunião e agora aguardava ansiosamente para que pudesse sair e ir pra casa finalmente terminando mais uma sexta-feira. Tudo o que queria apenas um banho, comer e deitar com minha garota.

Não sei se posso chamá-la assim, na verdade. Nunca soube denominar nenhum relacionamento que tive, sempre foi muito mais sensitivo do que algo que precisasse explicar. Nunca intenso como o que estou vivendo com Kira, mas talvez algo do tipo.

A garota que rondava meus pensamentos estava mais carinhosa e gentil do que antes tinha sido. Não apenas fisicamente com beijos constantes e sempre buscando abraços, mas também como seus olhos pareciam ainda mais cativantes e expressivos.

Sorrio ao recordar de hoje mais cedo, seus carinhos e selares me deixando confuso se estava dormindo ou ainda sonhando, o som da sua voz levemente esganiçada era exatamente o que precisava ouvir para começar o dia. Quase solto uma careta com meu próprio pensamento. É, eu sei, chega a ser quase ridículo o quanto gosto dela, como qualquer coisa que faça possa me deixar tão vulnerável e bobo, mas não conseguia me controlar.

Mas ainda que carinhosa, Akira vem estado mais séria, como se estivesse assustada ou receosa, provalmente apenas uma consequencia recorrente ao ocorrido de 4 semanas atrás com o senhor Robbins. E mesmo que não tenha afetado de forma direta nosso relacionamento – se pudermos chamar disso –, tem me deixado preocupado e culpado mesmo sem saber o que a havia deixado assim.

— Jeon?

Saio de meus pensamentos e lembro que ainda estava na reunião sobre um acordo entre nós e uma set de filmagens.

— Oh, sim? Desculpem, acabei me distraindo. — admito sem graça.

— Tudo bem, já terminamos. Só queriamos confirmar se sua equipe realmente pode dar conta. — Gregory reafirma, me olhando com cautela.

— Estamos avançados em todos os cronogramas e com os novatos chegando, creio que vamos até ter facilidade em lidar com tudo. — Sorrio de lado e todos assentem, se preparando para levantar.

— Ok, então... Reunião terminada. Estão dispensados. — Senhor Turner afirma e nos levantamos, indo em direção a saída, mas meu chefe me chama.

— Se não estivesse com a cabeça nas nuvens, poderíamos mandá-lo como representante em Nova York. — Apoia a mão em meu ombro, caminhando comigo até a porta. — Você tem talento, meu garoto. Deveria escutar o que eu digo e aceitar essa oportunidade.

— Senhor Turner... — Sorrio um pouco sem graça por novamente receber a oferta. — Obrigado pela oportunidade. De verdade. Mas, como disse antes, meu lugar é aqui. — amenizo e ao suspirar, o mais velho assente com um sorriso suave.

— Bem, deveria dizer que não há como possa ficar triste com um funcionário dedicado como você. — Ri fraco e eu o acompanho. — Quero falar com você na segunda, poderiamos almoçar?

— Sim, senhor. — respondo e percebo a presença dela perto da saída do ambiente ao lado de onde eu estava.

— Até segunda, Jeon. — Meu chefe acena para mim e Kira, virando-se e seguindo seu próprio caminho.

Ao me despedir de meus outros colegas, me aproximo de minha garota, sendo recebido com um copo de café estendido em minha direção.

— Achei que precisaria.

Aceito de bom grado e sorrio. 

— Está começando a me ler melhor do que deveria. — Recebo um pequeno riso como resposta e selo sua bochecha num sinal de gratidão. — Vamos? Essa reunião era meu último compromisso para hoje. Podemos ir para casa mais cedo. — Assisto ela beber seu café e começar a caminhar comigo até o elevador que nos levaria ao estacionamento. — Quem sabe dê até tempo para terminar aquela série?

— Que série? — Franze o cenho, levemente confusa, mas ao perceber meu sorriso finalmente percebe do que estava falando. — The Vampire's Diares de novo? Aquela série é péssima, Jeon.

— Ah, não é! Só um pouco fria de começo mas logo melhora. — Tento convencê-la.

— Estamos na 6° de 8 temporadas! — Se recusa e eu imito um bico. — Não vem com essa cara pra mim!

— Por favor, vou até fazer hamburguers hoje... — chantageio, percebendo tarde o erro ao recordar o quanto odiava.

— Hamburgers são péssimos! Não sei como come aquilo. — Ri da minha tentativa de propina e se aproxima, me dando um leve selar, desfazendo meu bico. — Aquelas coisas congeladas fazem mal, você tem um péssimo gosto, é quase uma tristeza. Séries, comida... Realmente mal gosto. — provoca e chegamos ao estacionamento.

— Mal gosto?! — Gargalho irônico, me divertindo com as provocações. — Quem em sã consciencia não gosta de hamburguers? Você é uma vergonha como cidadã deste país. Os irmãos McDonalds ficariam decepcionados. — Ouço sua gargalhada gostosa que não ouvia há dias e sorrio.

— Não sei se isso é exatamente uma ofensa. — Sorri e me pega admirando, talvez estivesse apaixonado demais. — O que foi?

— Não via seu sorriso assim há um tempo... — murmuro e seu sorriso diminui brevemente, desacompanhando seus passos até o carro. — Senti saudade. — admito e seguro sua mão, não deixando que se afastasse.

— Mas eu estou aqui. — Desvia o olhar e sorri brevemente.

— Está mais distante, Kira. — Suspiro, acariciando brevemente seus dedos. — Está distante, preocupada e tensa. Como se algo fosse acontecer a qualquer momento. — Abro meus pensamentos. — Sei que disse que está vindo para Atlanta como minha assistente para me ajudar, como pagamento por sua estadia, mas dá para ver que não é só isso. — Cogita protestar mas desiste, desviando o olhar e se apoiando no carro, não deixo que se afaste e mantenho a mesma proximidade de antes, continuando. — Você obviamente não tem o dever de me contar, só estou preocupado.

Ela ofega, mordendo o lábio inferior, num semblante vacilante e descontente. Seguro seu queixo observando seu rosto, da covinha delicada que tinha próximo de meus dedos seguindo pelo delicado sinal que tinha perto das sobracelhas naturalmente arrumadas até o cenho levemente franzindo, característica de quando algo a incomodava. Sinto um desconforto por não saber como ajudá-la, como se precisasse vê-la melhor. Contenho o sentimento negativo e me aproximo, dando um selar simples em sua testa, como sinal temporario de desistência.

— Tudo bem, eu entendo. — Me afasto, tentando diminuir minha curiosidade e incômodo. — Vamos? — Sorrio ladino, internamente abalado.

— Vamos. — Suspira e imita um sorriso, seguindo até o banco do passageiro.

O caminho para a estação de trem é silencioso e calmo, Kira pensativa e eu intrigado. Curiosidade era só o que me preenchia, mil e uma alternativas cercavam minha cabeça, como se pudesse apenas adivinhar o que se passa na mente da garota ao meu lado. Ela suspirava de tempos em tempos, provavelmente percebendo e se incomodando com minha curiosidade, ainda que não dissesse nada.

Estaciono na minha vaga de normalmente, pego os pertences que levariamos para a viagem e Akira me ajuda indo comprar o ingresso para o próximo trem, ou talvez apenas quisesse evitar outra tentativa de diálogo do que aconteceu.

Apoio meu corpo no carro, olhando para o céu e tentando me distrair. A umidade de Atlanta era quase a metade da de Watterville, ainda que em dias como esse a diferença de centenas de quilômetros parecesse quase inexistente. A brisa fria era confortante e adiantava a sensação familiar que sentia quando chegava em casa, acalmando minha mente, ou quase.

Cruzo os braços, fechando os olhos e aproveitando o sentimento de tranquilidade momentâneo, uma pausa de toda confusão e dúvidas que corriam dentro de mim. Meus pensamentos são interrompidos por um contato abrupto. Abro os olhos e vejo a garota da qual me desencadeava tanta curiosidade apoiando a cabeça em meu ombro e automaticamente me amolecendio. Levo uma de minhas mãos até seus fios e ponho-os para trás, me dando uma visão melhor de seu rosto. Ela não protesta ou se afasta, parecendo apreciar o contato, ainda que se recusasse se pronunciar sobre. Imagino o que significa: ela não está brava comigo, só não quer mentir para mim e sabe que se contar, teria que mentir.

Meu peito se enche com ainda mais dúvidas, abrindo espaço para inseguranças e preocupações, mas tento me segurar e me deixo apenas apreciar a imagem a minha frente. Deposito um selar em seu nariz e recebo um leve sorriso antes de ser apreciado com a visão de seus olhos me encarando.

— Prometo te contar depois, tudo bem? Não se preocupe, está tudo bem. — garante e guia sua palma para meu rosto, pousando diretamente em minha bochecha. Sinto um choque térmico da minha pele fria com sua mão quente e estremeço, recebendo um carinho. — Confie em mim. — pede em súplica, ainda que seu tom fosse calmo, algo em mim dizia que não era só sobre minhas dúvidas que se referia.

Para cessar meus pensamentos, minha garota me dá um selar delicado. Seu sucesso é imediato e ao perceber, me recompensa com uma mordida suave em meu lábio inferior e a intensificação do beijo. Suspiro afetado e retribuo, sentindo minhas bochechas corarem sem motivo aparente. Separamos em silêncio e eu encaro seu rosto com um leve riso.

— Você me beijou para me calar, não é? — Recebo um sorriso e um dar de ombros.

— Bem, funcionou, certo? Você também não parece ter se incomodado. — responde e ouço um riso tímido por sua parte. Minhas bochechas coram mais mas não me retraio.

— Ah, com certeza não estava. Na verdade, estou pensando em ser mais falante de agora em diante, quem sabe posso ser calado assim mais vezes. — provoco e me inclino, mas Kira desvia, risonha e corando.

— Não dá para fazer isso, olha só como você já está! — protesta e se afasta, virando de costas e indo para a estação de trem.

Rio e sigo-a, pego meus pertences e vamos esperar o trem que não demora mais de 20 minutos para chegar. Ainda que ainda quieta, a garota não bufa ou desvia o olhar, está tentando não deixar as coisas entre nós estranhas.

A viagem termina comigo cochilando em seu ombro após um momento de descanso, ao acordar já estamos na Carolina do Sul, prestes a parar em nossa parada.

— Está muito cansado? — questiona, pegando uma de minhas mochilas.

— Não. — Bocejo. — Não pense que vai escapar de assistir TVD comigo. — Cerro os olhos e ouço um bufar de falsa frustração, rio fraco e saímos ao chegar na nossa parada.

Seguimos de mãos dadas até o HB20 e entro, acomodando as poucas bagagens que trouxemos. A garota demora para entrar, parecendo analisar algo.

— O que foi?

— Nada. — desconversa e entra no banco do passageiro, me dando sinal para começar a dirigir.

Silêncio permanece novamente e mais curiosidade vem a minha mente. Tento agir como os dias passados, ignorar e deixar que tivesse seu espaço, mas a iniciativa de perguntar que fiz mais cedo parece ter libertado todas as perguntas que guardei.

Como se lesse meus pensamentos, puxa assunto:

— Lolla está bem? Não a vi esses dias.

— Parece que passou alguns dias em Atlanta, cuidar de algumas coisas na cidade e comprar roupas, algo do tipo. — respondo.

— Ela faz viagens assim sempre? — indaga.

— Às vezes. Dolores cresceu em cidades grandes, então costuma viajar para não perder costume, mandar lembranças para a família por correspondencias e visitar amigos que moram por lá.

— Oh, mesmo? Eu não sabia...

— Ela costumava voltar para casa comigo, eu dava carona. — Dou de ombros. — Acho que por isso ficamos mais próximos.

Quietude mais uma vez e seu rosto reflexivo parecem impassível, tensionando o ambiente. Não entendo o porquê e resolvo não perguntar.

— Deveria ter dito que iria para a cidade, poderiamos estar voltando com ela agora. — Me encara, enquanto continuo caminho até minha rua, finalmente vendo a casa de sempre.

— Ela teve que voltar mais cedo. Resolveu voltar de manhã para arrumar a casa e passar na delegacia para alguma coisa. Dolores me mandou uma mensagem sobre alguma coisa do tipo mais cedo.

— Entendo.

Estaciono e Akira sai, pegando minhas bagagens e as chaves, com a iniciativa de entrar em casa e guardar meus materiais. Estranho sua pressa mas continuo sem questioná-la, sentindo a tensão me cansar, tendo disposição de apenas observar e deixar que agisse como quisesse, pelo menos até decidir me contar.

Entro e Jobe nos recebe, animado como sempre oposto do que eu e a garota aparentávamos. Guardo meus estojos, lentes e câmeras, em seguida cuidando da limpeza da casa junto da garota silenciosa, ao terminarmos tudo, ela suspira e me olha.

— Vou conversar com Lolla, 'tá?

— Certo... — concordo e segundos depois estou sozinho.

Jobe solta um resmungo e se deita próximo a porta, vigiando a volta de Kira. Resolvo deixar que ele fizesse seu pequeno dever e vou até a cozinha, lavando os poucos pratos que tinham graças à lava-louças, enquanto minha mente vagava mais uma vez daquele dia interminável.

Um mal pressentimento me invade e respiro fundo, sentindo um nervoso e frio na espinha me invadir. Arfo e franzo o cenho. Ansiedade me preenche e largo os pratos, enxugando minha mão e rapidamente seguindo até a casa da minha vizinha.

Entro sem bater, dando de cara com Akira encurralando Dolores perto da cozinha. Nenhum xingamento, briga, raiva ou até mesmo ruído parece estar acontecendo, a casa está fria, talvez tanto quanto os olhos da mais nova entre as duas. Como se houvesse um monstro a sua frente, a mais velha aparenta pavor e confusão, intimidada e petrificada, talvez tanto quanto eu agora.

— Que porra tá acontecendo? — Franzo o cenho e me aproximo.

— Eu não sei... — Dolores murmura trêmula e soluçando de leve.

Akira se afasta, finalmente parecendo se tocar. Sua expressão a faz parecer como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo, ou talvez entrado em um.

— E-eu sinto muito, Dolores. Eu... Me desculpe. De verdade, me desculpe. — Se direciona a mais velha enquanto se afasta e finalmente percebo que a direcionada segura uma espingarda em suas mãos.

Ofego, surpreso e assustado. Encaro ambas com extrema confusão e incredulidade. Não faço ideia do que aconteceu mas sei que não há como ter sido algo bom. Minha companheira de casa se afasta, saindo da casa rápido, sem olhar para trás ou me dar uma explicação. Não raciocino direito e antes de qualquer coisa, encaro a dona da casa.

— Está tudo bem? — Me aproximo, tirando a arma de suas mãos.

— Está... — murmura e ofega, confusa. — Eu não sei o que aconteceu, John. Ela... Ela não me machucou, mas falou coisas tão confusas. Acho que ela não está bem. — avisa e se afasta, indo pegar um copo de água, aparentando talvez tão reflexiva quanto estou agora, ainda que eu soubesse que era quase impossível.

Me retiro de sua casa, entrando na minha e vendo o canino seguindo os caminhos da garota de perto. Kira estava encarando as próprias mãos enquanto andava em círculos em puro nervosismo. Jobe estava agitado, ela estava agitada, e eu também estava ficando.

— Akira, o que aconteceu? — Tenho cautela na minha voz, cada vez mais cansado do silêncio.

Mais uma vez sem respostas. Ela para seu tique repetitivo e passa as mãos no rosto. Sussurrando algo que não consigo ouvir. Murmuro, questionando o que disse e ela finalmente me olha.

— Eu vou embora. É melhor que eu vá embora.

Algo se acende, alertando e minha expressão de confusão aumenta.

— O que? Por quê? — Esbanjo confusão e ela ameaça sair, mas a impeço. — É sério, o que aconteceu? — Insisto e nem mesmo um ruído sai de si. — Por favor, Akira, você pode uma vez me responder?! — peço em súplica e nervoso, ofegando em ansiedade. — Eu preciso entender o que está acontecendo. Você precisa me contar, sério. O que tem de tão sério que você precisou até descontar na Dolores?!

— Você não vai entender, Jungkook! — Se vira na minha direção e seus olhos estão marejados de nervoso e agonia. — É algo que você não está pronto para lidar, não entende?

— Você não pode decidir isso por mim quando eu em sei o que é! — esbravejo e suspiro nervoso. — Você acabou de intimidar a Dolores, tem agido como uma maluca, encarando quem quer que se aproxime, séria e protetora, preciso fazer piadas idiotas para ter ao menos um mínimo sinal que você está bem... — Suspiro, abrindo meus pensamentos. — Isso eu não entendo, isso que está sendo difícil de lidar. Porque apesar de não te conhecer há tanto tempo, eu sei que você não é assim.

— Não tem como ter certeza, você não me conhece. — Seu tom é irônico, escondendo o que sabia que era uma lamentação. Ela se afasta em defensiva e eu me aproximo.

— Eu te conheço! Por favor, não fale assim... — Suspiro e desvio o olhar, tomando fôlego, me emocionando mais do que queria. — Você não pode falar comigo depois de tudo isso, Kira. Por favor... — suplico e seguro as mãos dela, apoiando em meu peitoral, ela reluta brevemente mas insisto, apoiando minha testa na dela. — Eu me abri e continuo me abrindo de coração para você, por favor, faça o mesmo.

Ofega em resposta e sinto sua mão tremer sob minha pele. Consigo quase visualizar o conflito interno que se passava em sua mente, era exaustivo guardar esse segredo, é visível. Insisto.

— Eu preciso saber. — Continuo. — Não tem nada que vá me afastar de você. — Seu suspiro audível me dá uma noção do quanto isso a afetava.

E é verdade. Tento repassar todas as possibilidades de como aquilo poderia ser mentira mas nada conseguiria me convencer a ficar longe dela – estava louco, possivelmente – e essa era a verdade. Me abrir assim deixava o pior dos meus medos a mostra: de sentir o amor que senti antes e acabar despedaçado mais uma vez. E por algum motivo, acho que esse sentimento é tão familiar para mim quanto para Akira.

— Você não sabe de nada. — Se manifesta e sua fala é dura, se afasta e despedaça meu fio de esperança. — Não fale coisas assim quando não sabe de nada. Eu não queria sentir isso por você, não queria te ouvir nada disso, ter que te contar, esse é o quanto dói amar você. Eu não queria amar você. — admite e eu tento me aproximar, mas ela não permite, sinto uma lágrima cair e suspiro, abalado.

— Você acha que é fácil para mim? Não, não é. — Rio de nervoso, limpando as lágrimas que agora deslizavam livremente por minhas bochechas. — É extremamente difícil para mim, mas sabe por que eu insisto? Por causa daquela tarde meses atrás, quando você veio de surpresa, sorridente e me levou para a droga da floresta onde nos beijamos pela primeira vez. Eu me entreguei apesar de todo o medo que sinto por causa daquele dia e porque decidi ser corajoso como você era. — Suspiro, desviando o olhar, magoado.

— Não deveria ter se entregado. — Me olha e suspira, se afastando. — Eu não sirvo para você, Jeon. Preciso que você entenda isso e não me queira mais.

Me deixo atingir pelas palavras, respirando fundo e processando tudo, e esse tempo é suficiente para que pudesse sair e ir em direção à floresta. Limpo meu rosto e reflito alguns segundos, acabando por ir atrás dela, que a essa altura já estava surpreendentemente à frente de mim.

— Akira, está tarde. Não é seguro sair assim, tudo bem? Volte para casa. — falo alto, esperando que ouvisse. — É sério, podemos discutir amanhã, você pode tentar ir embora amanhã, mas já está tarde, é perigoso. 

Perco sua imagem de vista, tentando andar um pouco mais rápido. Acompanho seus passos e finalmente visualizo seu corpo, mas antes que possa sequer chamar seu nome, meu corpo é jogado violentamente no chão.

Minhas costas se arranham com o impacto da terra levemente rochosa e cheia de galhos, meu peito arde e minha cabeça bate fortemente. Arfo com uma pontada forte no peito e olho para o que me empurrou, dando de cara com um enorme lobo-dourado. Um grito assustado nasce e morre na minha garganta, fico completamente parado, sentindo meu corpo inteiro tensionar em adrenalina. A besta gigantesca não desvia o olhar da minha cabeça, cada vez mais próximo, com as presas enormes de fora, encarando-me como se fosse o alvo mais fácil que achou.

Milhões de coisas passam por minha cabeça, meus pais, Sooyoung, meus amigos, Dolores, meu chefe e... Akira. Meu coração se aperta ao lembrar que a garota está por perto. Rezo que fosse apenas mais um pesadelo louco, alguma ilusão esquizofrênica da minha mente, mas quando ouço o rosnar da criatura perto o suficiente para atacar meu tronco percebo que estava longe de ser um simples pesadelo.

Sinto os músculos das minhas pernas tremerem e ofego, sem conseguir controlar minha respiração, a ponto de desmaiar e sem poder sequer reagir. O arfar do animal gigante antecede sua preparação para ataque, mirando um alvo no meu pescoço.

Tudo aquilo durou menos que 5 segundos, mas cada milésimo estaria marcado na minha memória até o fim dos meus dias, mas o que mais me atingiu foi o surgimento de um outro lobo, tão grande quanto o animal que ia me atacar.

Com cerca de 1,50 de altura, o lobo-cinzento quase branco, derrubou o amarronzado que estava próximo a mim. O impacto do recém-aparecido em cima do outro foi forte a ponto de espantar os poucos pássaros ali por perto. Rolando a metros de onde estava, destruindo as plantas que estavam perto, rosnando e rugindo, eles lutavam com afinco, o acizentado atacava com vigor, cada vez mais raivoso enquanto o dourado lutava mais cauteloso.

A batalha animalesca que presenciava parecia um devaneio longe da realidade, não conseguia desviar o olhar ou entender o que acontecia até eles finalmente se afastarem, ofegantes e com poucos ferimentos, o dourado a cerca de três metros de frente para mim, enquanto o cinza estava mais próximo, cobrindo meu corpo. Até que me toco de algo aparentemente impossível: o cinza estava me protegendo.

Minhas mãos tremem, estou prestes a surtar ao retomar os sentidos, murmuros cresçem na minha gartanta. Um rosnar suave é emitido, segundos depois o dourado desaparece na mata. A besta que permaneceu se vira, encara meus olhos então percebo a coisa mais absurda que poderia se passar em minha mente.

Os olhos azuis, quase num tom azul egipcio, eram familiares, vistos em sonho e muitas vezes em momentos onde eram dados como engano, mas naquele momento percebi que de alguma forma aqueles eram os olhos dela. Eu não sei como, mas naquele momento tive certeza que eram os olhos de Akira.


Notas Finais


Ai meus coquinhos...
ainda estou tremendo.
espero que tenham gostado ;) por favor, comentem o que acharam e façam teorias, muitas coisas estão por vir.
Obrigada por 100 favs em Wolves hihi é muito mais do que eu esperava que essa estória pegaria, muito obrigada mesmo 💖

até o próximo capítulo :D @Ludus & @Meraquia


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