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História Xiao Zhan precisa de um namorado! - O clichê


Escrita por: retrive e yizhan

Notas do Autor


pensaram que eu tinha desistido? puts, PARECE QUE NÃO!

primeiro, agradeço a quem não desistiu da fanfic e esperou por mim durante todo esse tempo. sério, saber que tinha gente esperando me deixou muito quentinha. cada mensagem que recebi durante esse tempo afastada foram muito importantes pra mim 💕

para quem está há muito tempo sem ler, um rápido resumo da ópera: no capítulo anterior, os yizhan foram no veterinário juntos. xiaio zhan disse que havia feito algo, mas não contou e chamou o yibo para jantar com ele e o pessoal do projeto de dança, dizendo que contaria o que é durante esse rolê. o primeiro beijo dele aconteceu e outras coisas que não são tão relevantes também acontecerem.

é importante lembrar que os acontecimentos que vocês estão prestes a ler acontecem apenas algumas horas depois do último capítulo, blz?

enfim! boa leitura, fiquem com 12K de palavras. SIM, 12K!! considerem uma recompensa por todo esse tempo longe!

vejo vocês lá no fim ❣️❣️

Capítulo 8 - O clichê


"Você ainda pretende vir?"

"Faltam vinte minutos pro fim da aula e até agora você não deu sinal de vida"

"Devo entender isso como um "desisti de ir"?"

“Prefere que eu mande o endereço do restaurante e nos encontramos lá?

"Você podia ter avisado… Sei lá"

"Fiquei a aula toda te esperando…"

 

Yibo parou tudo o que fazia no instante que recebeu as duas últimas mensagens, sorrindo logo em seguida após ler. Foi o suficiente para retirar toda a carga negativa de suas costas. 

Mesmo que fosse um pouquinho cruel e egoísta da parte de Yibo, era adorável imaginar um Xiao Zhan emburrado em algum canto da sala. Digitando mensagens sem nem se importar se iria ou não se arrepender depois por enviá-las. 

Claro que era melhor ainda quando sabia que estava a alguns passos de vê-lo pessoalmente.

“Eu não te deixaria esperando de propósito"

“Só estou um pouco atrasado”

 

"Um pouco" era um eufemismo enorme, visto que estava muito arrasado.

Chegar faltando vinte minutos para o fim não foi algo planejado. Não que estivesse com a ideia de chegar cedo para assistir a aula desde o começo. Sua intenção inicial era chegar cinco minutos atrasado, para aproveitar o máximo de tempo possível com o seu vizinho, mas sem parecer — ainda mais — louco pela atenção dele.

Só que existia um pequeno obstáculo em seus planos.

O complicado de ser uma pessoa dependente de transporte público estava na parte onde tudo era imprevisível. Nunca, nem em um milhão de anos, passaria pela cabeça de Yibo que o ônibus simplesmente pararia de funcionar bem no meio do caminho.

Wang podia ter evitado tudo caso, desde o começo, tivesse solicitado um carro por aplicativo. No entanto, para ele, era sempre mais fácil a locomoção de ônibus quando o ponto ficava a poucos passos de sua casa. Além de, claro, ser uma opção bem mais em conta.

Quando o ônibus parou no meio do caminho e ele soube pelo motorista que precisaria ficar mais de meia hora esperando outro, decidiu que, enfim, pediria um carro. 

Mas, novamente, a imprevisibilidade do destino era uma pedra no sapato. O primeiro motorista cancelou depois de fazê-lo esperar por quinze minutos; o segundo se perdeu antes de cancelar e o terceiro demorou quase uma vida para fazer um simples retorno.

Naquela altura do campeonato, depois de cada problema no caminho, bom humor era algo que Yibo pensou que não seria capaz de possuir mais.

Só que tudo mudou drasticamente após as mensagens de Zhan. E ainda mudaria mais.

“Tudo bem ^-^”

 

Wang sorriu, deixando escapar um pequeno suspiro com o simples emoticon ao fim da frase. Embora fosse bobo, ele quase conseguia ver Xiao Zhan digitando e sorrindo do mesmo modo que o emoji.

Pensar no sorriso dele era, sem sombra de dúvidas, bom.

Xue Qiu não mentiu ao dizer naquele dia no ônibus que seu neto possuía o sorriso mais bonito do mundo. Naquele tempo, Yibo pensou ser apenas uma frase pronta de uma avó coruja, mas a verdade era que ela apenas estava relatando fatos.

O neto de Liao realmente possuía o sorriso mais bonito do mundo, assim como também era dono dos lábios mais atrativos.

Wang riu sozinho com seu último pensamento, mordendo o lábio inferior. Pensar na boca do outro lhe provocava arrepios, pois era impossível não se recordar do beijo dado horas antes.

Durante toda a tarde, a cena do beijo se repetiu dezenas de vezes em sua mente. Sabendo que estava quase o encontrando novamente, Yibo não conseguia deixar de sentir-se ansioso conforme se aproximava da porta do estúdio de Xuan Lu.

A sensação ainda era quente, como se tivesse acabado de acontecer. Se fechasse os olhos por alguns segundos, seria capaz de recordar de cada textura e sabor que o beijo de Zhan possuía.

Precisava ver Xiao Zhan.

Ao estar perto da porta de entrada, Wang sentiu alívio ao notar que estava aberta. Seria mais simples se infiltrar na aula desse modo, visto que não faria som.

Antes de entrar, a primeira coisa que fez foi espiar, procurando por Zhan em um dos cantinhos da sala. Para alegria pessoal, sua teoria de que ele estaria emburrado com o celular na mão se concretizou no instante em que seus olhos encontraram o rapaz. 

Sentado no chão com as pernas coladas ao corpo e usando os próprios joelhos para apoiar a mão que segurava o celular, o Xiao Zhan que usava um suéter azul parecia ter menos de um metro e sessenta de altura. Conseguiu ficar ainda mais fofo quando Yibo foi capaz de notar que ele sustentava um pequeno biquinho.

Com um sorriso, Yibo entrou no local quase na ponta do pé. As chances de ser visto pelo espelho por alguém eram altas, mas simplesmente ignorou as probabilidades, focando apenas em seu objetivo de chegar até Xiao Zhan sem que ele o notasse.  

Por algum milagre, seu plano deu certo. Nem mesmo o neto de Liao Xue Qiu notou a sua proximidade, visto que estava ainda atento ao seu próprio celular. Mais um sorriso bobo de Wang escapou de forma fácil após o simples ato de observar o perfil daquele que lhe tirou o sono na última semana. 

Tão bonito. Era ainda mais naquele instante do que no momento em que o viu da primeira vez, como se sua beleza aumentasse conforme o conhecesse mais.

Ou Xiao apenas havia se tornado ainda mais atraente depois do beijo, já que havia despertado em Yibo o desejo de querer mais?

Repentinamente, todo o estúdio pareceu mais quente do que era. Wang precisou de alguns segundos para se recompor, sacudindo a cabeça e tentando se controlar para não ficar vermelho.

Primeiro, Yibo sentou-se com cautela ao lado do mais velho, quase sem fazer barulho e ainda mantendo mais de meio metro de distância. Seria facilmente percebido caso o outro não estivesse tão entretido com seu celular, como se o mundo externo não possuísse importância.

Em seguida, pegou o próprio telefone no bolso da calça, desbloqueando rapidamente no chat já aberto de Xiao Zhan. Enquanto digitava, não conseguia deixar de olhar vez ou outra para o homem ao seu lado, atento em cada reação dele.

"Está me esperando?"

 

Não foi difícil ver Zhan afastar um pouco a cabeça para trás no instante exato em que seu celular vibrou. Wang também gostou de observar o pequeno sorriso quase discreto que surgiu nos lábios dele.

A resposta veio rápida e direta.

"Sim. Estou esperando você"

 

Foi a vez do mais novo sorrir, principalmente quando sabia quais expressão o outro fazia após enviar aquela mensagem. Se estivesse sozinho em casa, Yibo com toda certeza teria um pequeno ataque de euforia.

"Ótimo, pois já cheguei"

 

Xiao ergueu a cabeça de modo urgente, com o olhar curioso e um pouco assustado, observando cada pessoa que dançava a alguns passos de distância de si. 

Não demorou para que sua expressão carregasse dúvida, visto que ainda não havia encontrado o que queria. Foi aí que ele virou a cabeça para o lado, enfim se deparando com o que desejava.

Primeiro, ele pulou com o susto, deixando claro que não havia mesmo notado qualquer aproximação. Após isso, não foram precisos nem dois segundos para que um sorriso surgisse.

Para Yibo, o sorriso nervoso pareceu ser uma grande demonstração de alívio, como se Xiao estivesse mais tranquilo após notar que não havia levado um bolo.

O mais novo sorriu de volta, se arrastando pelo chão para ficar um pouco mais perto. Pareceu uma criança agindo daquela forma, sendo incapaz de esconder a euforia por ter o olhar de Xiao sob si.

— Há quanto tempo está aí? — perguntou, em um tom um pouco alto por conta da música, inclinando o corpo na direção de Wang.

Yibo precisou umedecer os lábios, visto que a apenas a pequena proximidade somada com o timbre da voz dele era o suficiente para despertar lembranças do que havia acontecido horas antes.

— Menos de um minuto — respondeu no mesmo volume, também se inclinando um pouco na direção dele.

Estavam próximos o suficiente para falarem sem subir o tom e serem capazes de se ouvirem mesmo com a música tocando ao fundo; mas não suficiente para parecer suspeito caso alguém assistisse a cena de fora.

O problema era que toda a expressão corporal de Yibo transbordava suspeita. Cada olhar, cada mordida discreta nos lábios e até mesmo a mão inquieta deixavam claro que aquela distância era grande demais para ele.

Todo o corpo de Yibo transparecia que ele não desejava nenhuma distância entre eles.

— Desculpe o atraso. — Coçou a garganta após falar, desviando o olhar para o chão em uma tentativa de manter a sanidade.

— Tá' tudo bem. — Sorriu, voltando a olhar para frente enquanto encostava a cabeça na parede de modo relaxado e tranquilo.

— O ônibus quebrou no meio do caminho e foi complicado chamar um carro… — Suspirou, voltando a olhar para o rosto de Xiao em busca de alguma reação. — Desculpe.

— Já disse que tá' tudo bem. — O olhou, sorrindo. — Mesmo se não houvesse um motivo pro atraso, não é como se você estivesse empolgado pra' assistir a aula. Então já é muito bom você ter vindo.

Wang apenas concordou com a cabeça, voltando a olhar para frente logo em seguida.

Ele queria dizer alguma coisa. Para ser exato, queria perguntar o que Xiao Zhan havia feito mais cedo. Afinal, estava ali apenas para isso.

Ou quase apenas por isso.

Seria mentira dizer que aceitou o convite do mais velho apenas por curiosidade pelo Deus sabe lá o que ele estava escondendo. A verdade era que tinha mesmo caído no papo sobre "ser uma chance de ficarem mais tempo juntos".

Embora quisesse muito perguntar, era incapaz de falar qualquer coisa. Ainda sentia um pequeno — e bobo — sentimento de constrangimento pós beijo. Por fim, Yibo apenas encostou na parede, sentando-se com a postura relaxada enquanto observava os passos da turma dançando.

Xiao não mentiu ao dizer que aos fins de semana os alunos eram mais novos. A música alta que tocava era moderna e a coreografia passada era bem mais o estilo de Wang. A verdade era que ele poderia mesmo ficar observando os passos até aprendê-los, mas não pode pensar em mais nada no instante que sentiu algo quente em sua mão.

Levou um pequeno susto, ao ponto de erguer a mão para se afastar. Ao olhar o que poderia ser, o que viu foram os dedos pequenos e tímidos de Xiao Zhan.

O mais velho, por sua vez, continuava a encarar a turma, com a expressão de quem não havia feito nada. No entanto, sorriu ladino no instante que notou estar sendo observado.

Yibo mordeu o lábio para conter um sorriso, olhando novamente para frente da mesma forma que seu vizinho fazia. Como já esperava, Xiao deu mais uma investida.

O sarrar dos dois mindinhos foi delicado, quase inocente. Mesmo assim, apenas aquilo era o suficiente para deixar a barriga do mais novo gelada com tanta expectativa. Quando Zhan os cruzou, Wang precisou segurar a respiração por um breve momento.

Pareciam dois adolescentes namorando escondido.

— Você podia ter enviado uma mensagem avisando sobre o atraso… 

Yibo se virou para o mais velho, que ainda olhava para frente ao falar.

— Desculpe. — Sorriu de uma forma que beirava ao bobo, olhando com atenção para cada expressão do outro. — Ficou bravo?

— Não. Só fiquei um pouco… Hm… — Mordeu o lábio, procurando a palavra certa para definir.

— Chateado? — Tentou completar, enfim recebendo a atenção dele.

Ansioso

Nesse instante, Wang descruzou os dedos, usando seu mindinho livre para procurar ainda mais tato com Zhan, até que toda sua mão cobrisse a dele. Pode sentir o homem ficar um pouco mais tenso, o que só serviu de combustível para se manter daquela forma por mais tempo.

Estar segurando uma das mãos de Zhan causava em Yibo diversos sentimentos. Sua cabeça e todo o corpo pareciam uma montanha russa, subindo e descendo em diferentes sensações.

Era fato que já haviam avançado bastante a relação ainda indefinida depois do beijo. Só que a ideia de estar daquele modo em público mexia muito mais com a cabeça de Wang.

Fazia parecer que o que existia entre eles era maior e até mais sério. Claro que isso não era uma ideia ruim.

Parecia um pouco divertido estar daquele modo com ele quando levava em conta o olhar sereno e o pequeno sorriso que Xiao sustentava enquanto fingia que nada acontecia entre eles.

— Você disse que o ônibus quebrou no meio do caminho… 

— Sim. — Assentiu, virando a cabeça para o lado na intenção de olhá-lo nos olhos. — Se eu soubesse que isso poderia acontecer, teria pedido um carro desde o começo.

 — Não tem como adivinhar as coisas. — Xiao revirou os olhos ao falar. — Pare de agir como se fosse um criminoso. O importante é que você chegou.

— Mas podia estar aqui há mais tempo… 

— Isso é importante? Não estamos aqui e agora?

— Sim, mas… — Soltou o ar pela boca, mordendo o lábio enquanto acumulava coragem para perguntar exatamente o que queria. — Se eu estivesse aqui mais cedo, já saberia o que você aprontou.  

— O que eu aprontei? — Franziu as sobrancelhas, confuso.

Yibo apertou os lábios, curvando o corpo um pouco mais na direção do mais velho, para que pudesse falar o mais baixo possível sem correr o risco de ser ouvido.

— Você sabe… Mais cedo, antes de tudo, você disse que havia feito algo e que me contaria se eu aparecesse na aula. —  Deu uma pequena pausa. — Bom, estou aqui agora.

Wang mordeu a bochecha, um pouco tímido após fazer a pergunta. Pode ouvir Xiao deixar uma risada anasalada escapar e, por conta disso, o mais novo apertou a mão do mais velho em forma de protesto.

— Não precisa ficar com vergonha de perguntar isso — disse, suspirando. — Na verdade, eu que deveria estar envergonhado agora.

— Por quê? — perguntou enquanto se afastava um pouco para que não continuassem tão perto.

Zhan apenas sorriu nervoso. Ao fazer isso, separou sua mão da de Yibo, virando todo o corpo na direção da própria mochila ao lado. Não demorou para abrir o bolso maior, mas parou no meio do caminho, mantendo a mão no interior dela.

Com os lábios franzidos, ele abraçou a mochila e voltou a olhar para o mais novo.

— Eu nem sei onde eu estava com a cabeça quando contei que fiz algo, devia ter ficado na minha.

Yibo achou graça do modo que ele estava, escondendo a mão dentro da mochila enquanto fazia aquela expressão de quem estava envergonhado.

Vê-lo vulnerável daquele modo era motivo para Wang sentir confiança para brincar com ele. Era como se a timidez do outro servisse para alimentar a sua coragem. 

— Você sabe que só está me deixando mais curioso, né? 

Zhan abriu um pouco os lábios, olhando para o lado pensativo. Talvez estivesse pensando em alguma estratégia para se livrar da situação. Depois de quase três segundos, seus olhos brilharam. Ele virou o corpo na direção do outro, ficando totalmente de frente para Yibo. Não demorou para que um sorriso larga surgisse.

— Não vai funcionar — antecipou Yibo, antes mesmo que Zhan dissesse qualquer coisa.

Foi divertido ver o sorriso sumir aos poucos, dando espaço para uma pequena careta.

— Eu nem disse nada — sussurrou, se afastando um pouco. — Argh… Tanto faz!

Ao dizer, Zhan enfim retirou a mão de dentro da mochila, revelando um pequeno embrulho pardo de papel.

— Depois que tentei me imaginar te entregando isso, pareceu tão estranho que não consigo deixar de morrer de vergonha.

Yibo riu, principalmente depois de notar as bochechas avermelhadas do mais velho. Zhan se recusava a erguer o olhar, mantendo a atenção toda no misterioso embrulho em sua mão.

— Com todo esse mistério, parece que vai me pedir em namoro — provocou, sorrindo ladino. — Deveria me pagar um jantar antes. Ou pelo menos um café… 

— Wang Yibo! — exclamou, enfim o olhando.

Ao notar que havia usado um tom muito alto ao ponto de chamar a atenção de Xuan Lu, que os olhou por um breve segundo, Zhan coçou a garganta e encolheu os ombros, voltando a manter os olhos apenas no embrulho.

— O que foi? — Riu da reação dele, gostando bastante de vê-lo naquela situação. — Só está me usando? — Arregalou os olhos, dando ênfase no pequeno drama. — Zhan-ge, não pensei que fosse as-

— Pare de falar! — Zhan levou sua própria mão livre para a boca do mais novo, o calando e, consequentemente, se aproximando mais. 

Ficaram paralisados por cinco segundos, trocando olhares durante esse breve tempo. Wang foi totalmente pego de surpresa, com os olhos arregalados pela palma em sua boca.

Xiao piscou duas vezes ao notar a forma que estavam; ao notar o que havia acabado de fazer com tanta naturalidade. O soltou rápido quando voltou para a realidade, pegando na mão de Wang logo em seguida e colocando o pequeno embrulho em sua palma.

— Notei que Bao não tem identificação e quando vi o pet shop ao lado do veterinário, pensei que seria legal fazer uma. — Mordeu o lábio, olhando para o chão. — Só isso.

Yibo precisou de um segundo, encarando o embrulho enquanto tentava entender. Por fim, decidiu abrir o pacote, se deparando com uma pequena medalha na cor prata em forma de patinha.

Era fofo, algo que Wang estava enrolando para comprar apenas por preguiça. Parecia até que Zhan havia lido a mente do mais novo. 

— Tem o nome dele, seu endereço e telefone de contato. — disse, escondendo o rosto logo em seguida com ambas as mãos.

Yibo sorriu involuntariamente, achando adorável a reação dele e o presente surpresa que havia acabado de ganhar.

— Foi por isso que demorou pra' entrar no veterinário mais cedo? — perguntou, recebendo do outro um breve concordar com a cabeça.

Claro que havia gostado. Na verdade, gostaria de qualquer coisa dada por Xiao Zhan.

— Estava com vergonha de me entregar isso? — perguntou, mordendo o lábio enquanto sorria.

O mais velho pareceu brevemente incomodado, olhando para o lado enquanto fazia uma careta e se mostrava pensativo sobre a pergunta. 

— É bem idiota e parece que estou forçando algum tipo de intimidade — explicou, ainda sem olhar para o homem ao seu lado.

— Zhan-ge, nos beijamos — disse, quase rindo. 

— Não precisa falar sobre isso desse jeito… 

— O que eu quero dizer é que já deixei claro que quero que sejamos íntimos.

Zhan ergueu a cabeça, o olhando nos olhos com atenção. 

Embora não pudesse ver os lábios do mais velho, visto que estava hipnotizado pelos olhos, não foi complicado notar que ele sorria de forma doce.

— Se continuar falando assim, vou ficar com vontade de beijar você — disse Zhan, como se nem tivesse sentido vergonha segundos antes.

— E se continuar sorrindo assim, eu com certeza vou beijar você.

Xiao Zhan sorriu mais largo após ouvir a frase, desviando o olhar no instante seguinte.

Yibo não mentiu. Poderia mesmo beijá-lo ali, na frente de todo mundo sem nem se importar se alguém os iria vê-los ou não.

Enquanto Xiao Zhan continuava com a atenção na aula que acontecia, Yibo aproveitou o breve momento para guardar o presente de Bao em sua própria mochila.

— Não pensei que você seria tão ousado assim… — observou Zhan, ainda com a sobrancelha arqueada.

— Em primeiro lugar, foi você que começou. — Wang riu, dando uma pequena pausa. — E em segundo… Dúvida de mim mesmo depois de hoje?

— Bom, é você quem tem o hábito de ter dúvidas sobre os outros e exigir provas. — Umedeceu os lábios com a língua, sorrindo em seguida. — Eu só estou surpreso mesmo. Nunca dúvidei de você em nenhum quesito.

Uma pequena salva de palmas chamou a atenção de ambos, fazendo com que olhassem para a direção das pessoas que Wang quase esquecia que também estavam ali. O barulho alto foi a salvação de Wang, visto que havia ficado totalmente petrificado com a ultima frase dita por Xiao.

O mais novo coçou a garganta, virando totalmente para frente enquanto Xiao fazia o mesmo. Com aquela linguagem corporal, quase pareciam suspeitos de um crime.

A aula havia terminado e cada aluno procurou por seus pertences. Os dois homens aproveitaram esse momento para ficarem de pé enquanto aguardavam por Xuan Lu e os outros dois.

Xiao tinha razão sobre o público pagante feminino. Embora fosse uma turma mista, mais da metade dos alunos eram mulheres. E quase todas buscavam por Yixuan e Seung-youn ao fim da aula para fazer perguntas.

Entretanto, o que mais surpreendeu foi notar que uma dupla de alunas caminhavam timidamente na direção de Zhan e Yibo.

Xiao-Laoshi! — Uma delas disse após estar perto o suficiente. — Ficamos felizes por ter você na aula hoje.

— Oh… — Ele riu, nervoso, enquanto abaixava a cabeça para encarar o chão. — Gosto de dar apoio para o projeto da jie.

— É sempre muito bom ter sua presença aqui. — A mais alta, que aparentava ser mais tímida, disse enquanto evitava contato visual.

As meninas não falaram mais nada, apenas riram enquanto sussuravam algo entre si.

Yibo não precisava ser um gênio eu ter poderes psíquicos para decifrar que o dialogou nada discreto que acontecia entre elas resumia-se a "ele é tão lindo" e a outros adjetivos do gênero.

Não as julgava, nem por um segundo.

Riu discretamente com seu próprio pensamento, sem nem planejar tal reação. Também parecia engraçado o modo que Zhan — que sempre bancou o seguro — encontrava-se encabulado por causa de duas meninas que aparentam ser colegiais.

Xiao-Laoshi… — A mais baixa entre as duas começou, com a voz arrastada e levemente receosa.

Ela claramente se mostrava mais enérgica e corajosa do que a outra, visto que a mais alta mal conseguia desviar os olhos do chão.

— Na verdade ficamos um pouquinho curiosas sobre o seu amigo. — Finalizou sua frase, em um tom baixo.

Zhan ergueu a cabeça, três vezes mais atento na conversa do que antes. Em seguida, desviou o olhar para Wang por um breve momento. Como resposta para a pequena encarada, Yibo apenas riu, não muito discreto como gostaria, mas sem parecer escandaloso.

A verdade era que aquele assunto estava tomando rumos bem inesperados. Ainda mais quando conseguia ver de perto Xiao tendo reações interessantes.

— Curiosas? — perguntou Zhan, recebendo da mais baixa um balançar de cabeça positivo.

— Notamos ser um rosto diferente e queríamos- — Não foi capaz de terminar a frase após um leve empurrão que levou da amiga. — Eu queria saber se é um novo aluno ou instrutor.

Zhan ficou em silêncio, pensativo sobre qual resposta daria. Por um instante, pareceu até que não diria nada, visto que apertou os lábios olhando para qualquer lugar, menos para elas.

— Ele é apenas um amigo meu que está visitando o projeto… — Sorriu amarelo após a resposta.

Seu nervosismo era bem disfarçado, apesar de tudo. Em um primeiro momento, qualquer pessoa julgaria suas ações como timidez. Só que Wang já havia aprendido a distinguir o que era nervosismo por não saber responder e o que eta timidez.

— Entendo… — Ela sorriu, desviando o olhar para Wang.

Devia ter no máximo 17 anos, o que explicava sua forma de falar e a coragem de perguntar sobre qualquer rosto bonito que visse. 

Para Yibo, aquela era uma situação engraçada.

Não era a primeira vez — muito menos seria a última — que se encontrava em uma situação onde alguma mulher mostrava curiosidade por si. E, quando olhava para o rosto bonito de Xiao Zhan, sabia que acontecia o mesmo com ele.

Não era como estivesse escrito em sua testa as suas preferências. Ainda assim, era um pouco inusitado ser cortejado por alguém tão jovem como aquela garota.

— E seu amigo pretende voltar mais vezes?

— Na verdade-

Zhan-ge é o único motivo para eu estar aqui hoje. — Yibo, enfim, se intrometeu na conversa, dando um passo a frente para ficar ombro a ombro com o mais velho. — Mas provavelmente não vou voltar, já que posso encontrá-lo em outras ocasiões. — Com um sorriso largo, direcionou toda sua atenção para o homem ao seu lado.

Pode sentir o mais velho prender a respiração no segundo exato os olhares cruzaram.

Yibo não havia se pronunciado por sentir ciúmes ou incômodo com as perguntas das duas garotas. Sentia que seria até um pouco idiota ficar assim por tão pouco. Apenas sentiu vontade de se intrometer de algum modo, visto que sabia que poderia usar o momento para brincar com Zhan de alguma forma.

Sabia que seria o momento perfeito para dar o troco pelo que aconteceu na clínica veterinária mais cedo, quando o outro praticamente confirmou que eram um casal.

— Entendo. — Ela sorriu, escondendo o rosto quando Yibo deixou de olhar para Zhan para encará-la. — De qualquer forma, seria ótimo sua presença.

Após dizer, apenas virou-se rápido junto com a amiga e trocaram risadinhas nada discretas. Enquanto elas tomavam distância com rapidez, Xiao pareceu enfim voltar a respirar.

— Você é popular, Zhan-ge — comentou, recebendo um olhar confuso de Xiao como resposta. — E Xuan Lu é muito esperta mesmo, estou admirado… 

— Do que está falando? Ela só queria saber de você!

— E a outra não conseguia deixar de olhar pra você — observou, estalando a língua. — Achei até fofo. Um pouco triste, mas paixões impossíveis tem sua beleza dramática.

Xiao riu, negando com a cabeça enquanto se afastava para olhar o mais novo de frente.

— Você é louco — disse, ainda negando com a cabeça enquanto segurava um sorriso.

— Mas realmente existe beleza no drama!

— Não é sobre isso.  — Suspirou, respirando fundo logo em seguida antes de voltar a falar. — É sobre suas indiretas nada discretas. Não é a primeira vez que faz isso sem se importar com quem está ao nosso redor.

Em primeiro lugar, ouvir "nosso redor" na voz do mais velho com tanta naturalidade fez o coração de Wang bater mais forte.  Aquilo parecia uma confirmação inconsciente de que os dois estavam mais próximos do que ele imaginava. Mesmo que fosse idiota e talvez sem sentido.

Em segundo, não foi capaz de segurar o pequeno sorriso travesso por ver aquela reação um pouco constrangida de quem não estava no controle de algo.

Se Zhan podia ser ambíguo, Yibo podia ter seu charme particular também. E havia escolhido indiretas não discretas como arma, visto que havia funcionado muito bem quando falou sobre os biscoitos com Xue Qiu.

— Considere esse hábito uma vingança — disse por fim.

— Por? — Inclinou a cabeça para o lado, confuso.

— Por todas as vezes que me deixou confuso. 

Queria completar a frase com "e foram muitas as vezes", mas sentiu que essa confissão acabaria tornando-se uma arma nas mãos de Xiao.

— Te deixo confuso? — perguntou Xiao, com um tom divertido.

Droga! Já havia se transformado em uma arma de qualquer modo.

— Apenas esqueça! — disse impaciente, girando nos calcanhares no instante que sentiu as bochechas quentes. 

Pode ouvi-lo rir, mas ignorou completamente para evitar que ele adquirisse mais vantagem. Também se aproveitou do fato de que Seung-youn se aproximava para simplesmente tentar excluir Xiao Zhan por um tempo.

Era a primeira vez que encontrava com o amigo pessoalmente desde que esse havia retornado da sua tal viagem de trabalho. Para ser honesto, desde a volta de Cho, foram poucas as vezes que se comunicou com ele. A última conversa que tiveram foi outra tentativa frustrada do amigo em tentar descobrir o que estava acontecendo entre Yibo e Xiao Zhan.

Seung-youn já estava perto quando mudou seu sorriso para uma expressão um pouco cabisbaixa, despertando no amigo certa curiosidade.

— Você não sabe o quanto fiquei chocado quando Xiao Zhan disse que você aceitou vir. — As preocupações de Yibo sumiram nesse instante. — Admito que estou com ciúmes, já que você recusaria se fosse um convite meu. — Suspirou, passando o braço por cima dos ombros de Yibo para abraçá-lo.

— Não seja dramático. — Se limitou dizendo apenas isso,. 

Xiao se aproximou, cumprimentando Seung-youn ao curvar um pouco a cabeça com um sorriso fino. 

— Wang Yibo, perdi meu posto de melhor amigo? — Foi impossível não notar a encarada feia de Cho em Zhan, claramente teatral.

O neto de Liao, ao ser olhado daquele modo, procurou nos olhos de Yibo qual resposta deveria dar ou se deveria apenas ficar em silêncio.

— Impossível. — Se adiantou Yibo, sorrindo de lado enquanto segurava a mão do amigo em seu ombro. — Xiao-Laoshi nunca seria capaz de roubar o seu cargo de melhor amigo. Isso está totalmente fora de cogitação.

Como sempre, foi fofo ver os olhos pequenos do mais velho arregalando ao notar o teor verdadeiro da frase, ainda mais quando Yibo nem mesmo tentou ser discreto, disfarçando só um pouquinho ao usar o "Laoshi" no lugar de "Zhan-ge".

Havia sido tão claro que Seung-youn se afastou bruscamente, encarando o amigo de modo curioso. Não demorou para que ele erguesse o indicador, apontando para Wang enquanto calculava tudo em sua cabeça.

— Vocês-

Onde vamos comer? — Xuan Lu surgiu, literalmente pulando no meio dos três homens com um sorriso enorme. — Estou morrendo de fome, então preciso comer bastante!

O sorriso da mulher foi diminuindo gradualmente enquanto observava o rosto dos rapazes. Primeiro, torceu o cenho para expressão incrédula de Seung-yeon. Em seguida, pareceu confusa com Xiao Zhan, que quase cavava um buraco no chão. Por último, encarou curiosa o quase sorriso ladino de Yibo. 

— Tanto faz! — gritou Seung-youn, revirando os olhos e chamando a atenção da mulher. — Não me importo com isso agora, também estou com fome.

Xuan Lu estava por fora da conversa, mas optou por apenas concordar enquanto franzia os olhos, claramente confusa. No fim, ela sacudiu a cabeça, voltando a atenção para Wang e, novamente, abrindo um sorriso de quem estava pronta para começar um diálogo.

— Você voltou — disse, ainda sorrindo. — Pensei ter ouvido você dizer que não voltaria mais… Será que entendi errado?

— Com toda certeza não estou aqui pra’ bancar o instrutor e muito menos pretendo — respondeu da forma mais clara que podia, escondendo uma das mão no bolso de seu casaco. — Não me leve a mal, o projeto é incrível. Só não acho que combina comigo.

Xuan apertou os lábios, lavando a mão até a cintura enquanto bancava uma pequena pose de insatisfeita, mas que parecia adorável demais para ser capaz de intimidar.

— Pareceu combinar muito bem nos vídeos que Yixuan me mostrou — rebateu.

No mesmo instante em que ouviu a frase da mulher, Yibo arregalou os olhos em surpresa por saber que coisas envolvendo sua imagem estavam passando de mão em mão naquele grupo.

— Meus vídeos são algum tipo de atração bizarra? — perguntou especificamente para Cho Seung-yeon, que era o grande culpado pela existência deles.

Vídeos? — Zhan mostrou ainda estar ali, perguntando em tom baixo enquanto tentava entrar na conversa de forma delicada.

— Seung-youn me pediu pra gravar o Yibo na última aula. Ele disse que era pra’ posteridade. — Yixuan surgiu ao lado de Xiao, explicando. 

— Então você gravou a aula toda? — Xiao Zhan engoliu a seco. 

Yibo observou com atenção a expressão do neto de Liao, achando graça o modo nem um pouco discreto que ele estava agindo.

— Não toda, mas o suficiente. — Foi Seung-youn quem respondeu, sorrindo logo em seguida. 

Ele já havia entendido tudo.

Não que fosse complicado ligar os pontos, já que Yibo nunca foi bom em ser discreto, mas era um pouco frustrante. Provavelmente Cho ficaria insuportável o resto da noite e não perderia nenhuma chance de cutucar até mesmo Xiao.

— Enfim! — Xuan Lu bateu as mãos, chamando a atenção para si. — Comida. Vamos comer ainda, certo? 

— É claro que vamos! — Cho sorriu ao responder, animado.

A única mulher do grupo deixou Yixuan responsável pela tarefa de transar o local. Depois, apenas começou a andar na direção da saída, acompanhada por Xiao. 

Wang não seguiu Zhan, já ciente de que o homem estaria sendo quase interrogado pela amiga. Ele apenas continuou parado, observando Seung-youn pegar sua mochila. Talvez ele mesmo estivesse a alguns passos de ter uma inquirição.

Cho parou seus movimentos ao notar que estava sendo observado com tanta atenção. 

— Que foi? — perguntou ao voltar a se mexer, jogando a mochila nas costas. — Está encantado com a minha beleza ou morreu de saudades ao ponto de não conseguir deixar de me olhar?

— Estou esperando você perguntar.

— Não tenho o que perguntar. — Deu de ombros, passando direto pelo o amigo. — Você disse na mensagem que não era da minha conta.

— Não sabia que guardava o que eu dizia. — Yibo riu, correndo um pouco para alcançá-lo. — Pode perguntar. Considere minha resposta um presente pelo sucesso da sua viagem de negócios.

Seungyoun parou de andar subitamente após passar pela porta de entrada, pensativo sobre a proposta, o que fez Wang sorrir satisfeito.

— Só tenho uma pergunta, bem simples. — Assentiu para que ele continuasse a falar. — Foi por causa da aula?

— Não — respondeu de modo direto. — É sério que vai gastar sua pergunta assim? — Franziu a sobrancelha, parando de andar no topo da escada de saída.

— Se der certo, eu vou saber. Se der errado, também vou saber. Seja por você ou por ele, então… — Deu de ombro.

Yibo fez careta, voltando a descer as escadas de forma rápida na intenção de deixar Seung-yeon para trás. Não estava nem um pouco afim de gastar energias com Cho naquele instante, visto que possuía planos melhores.

Ao chegar na rua, a primeira coisa que viu foi Xuan Lu ao telefone, afastada e distraída. Depois, foi automático procurar por Zhan com certa urgência, temendo a ideia dele ter partido — mesmo que isso nem fizesse sentido. 

Após procurar por apenas dois segundos, o viu, parado próximo a um poste, para alívio de todas as suas paranoias. O neto de Liao balançava o corpo para frente e para trás, com as mãos escondidas na manga do seu suéter azul. Parecia ansioso e, talvez, com frio.

Para Yibo, pareceu um pouco injusto com qualquer pessoas a forma como o outro conseguia ficar ainda mais bonito quando não sabia estar sendo observado. 

Com um sorriso bobo, Wang se aproximou com passos apressados, a fim de chegar o mais rápido possível perto dele.

— Zhan-ge! — chamou, apenas por prazer de ver a reação que Xiao sempre tinha ao ouvir Yibo falando daquele modo.

Era sempre um sorriso bonito e doce, de quem gostava bastante de ouvir, mesmo que fosse uma coisa ainda bem recente.

— Olá. — Ainda sorria, com toda a sua atenção direcionada no mais novo. — Queria esperar você para sairmos juntos, mas acho que LuLu não permitiria. — Olhou de relance para a amiga um pouco afastada, distraída demais na ligação em que estava.

— Foi um interrogatório? 

— Ela prefere o termo relatório.

— Entendo. — Yibo olhou para o chão, apertando os lábios. — Já sou importante ao ponto de ser assunto pros seus amigos? — Quase cantarolou a perguntar, precisando segurar um sorriso com todas as forças.

Se sentia tão bobo, tão infantil. Mesmo sendo estranho, ainda era um dos melhores sentimentos que experimentava em dias.

— E por que acha que você seria o assunto? — Arqueou a sobrancelha, no mesmo tom de provocação.

— Apenas sei que sou. Você é tão transparente quanto eu.

Xiao riu, incrédulo, ao ouvir a última frase, deixando claro para Yibo que ele era mesmo transparente, bastava apenas conhecê-lo um pouco melhor para entender cada sinal.

— Não vou responder você — disse o mais velho, de modo firme.

— Você não precisa. — Deu de ombros, virando de costas para ele.

Yibo realmente gostava da montanha russa de sentimentos e sensações que o outro lhe provocava. Não existia um só segundo monótono ao lado dele e o ritmo um pouco acelerado daquela relação deixava tudo emocionante.

Já estava viciado. Completamente viciado em Xiao Zhan.

Xuan Lu voltou a se aproximar, impedindo que o diálogo provocativo prosseguisse. Não era um problema, visto que possuíam uma noite inteira pela frente. Depois dela, não demorou para que Yixuan e Seung-yeon aparecessem também.

— Já decidiram onde vamos comer? — perguntou Yixuan, sorrindo.

— Pensei em um restaurante coreano. — O olhar de Lu recaiu sobre Seung-youn. — Acho que é uma boa comemoração pela viagem, certo?

— Podemos comer algo mais tradicional, sério. — Sorriu nervoso, gesticulando com as mãos. — Não quero que façam algo muito radical só por minha causa.

— Vai ser comida coreana. — Ignorou completamente Cho, já caminhando na direção que bem queria. — Onde isso pode ser radical? Meu Deus! — Revirou os olhos, impaciente. — Vamos?

— Temos escolha? — perguntou Yibo entre os dentes, de modo que apenas Zhan podia escutar.

A risada abafada seguida por um negar de cabeça foi a resposta que ele já esperava. 

Do estúdio até onde Xuan Lu decidiu que iriam comer era uma rápida caminhada de dez minutos, que virava quinze por conta dos passos mais arrastados que o grupo dava. Xuan Lu ia na frente, ao lado de Yixuan e Seung-youn, parando vez ou outra para comentar sobre algo que viu em alguma das dezenas de vitrines existentes na rua comercial.

Enquanto isso, Xiao Zhan e Yibo caminhavam um pouco atrás, em ritmo próprio sem dizer uma só palavra. Não era necessário diálogo entre eles naquele instante.

Vez ou outra, Wang se dava o luxo de olhar para o homem ao seu lado, apenas para descobrir que já estava sendo observado por ele. Era uma troca divertida, estranhamente íntima de um jeito que apenas eles poderiam sustentar. Se dependesse de Yibo, ficariam daquele modo durante todo o caminho, mesmo que nenhuma palavra fosse trocada.

Só que Seung-youn não concordava com aquele plano.

— Ah, o restaurante que vamos agora é muito bom. Você vai se sentir em Seul de novo quando comer. — Se apoiou no amigo, fazendo ele quase perder o equilíbrio pela forma brusca que surgiu.

— Já esteve em Seul? — perguntou Zhan, com certa curiosidade.

— Eu mo-

— Ele morou lá. — Cho o cortou, inconscientemente. — Estudamos juntos lá. Foi como nos conhecemos.

— Oh... — Um peqeuno sorriso foi dado por Xiao. — Entendi. 

Da mesma forma que surgiu, o coreano se afastou e se juntou a Xuan Lu para falar sobre as tão interessantes vitrines. 

— Ele está mais animado que o normal — observou Xiao Zhan, soltando uma risadinha pelo nariz logo em seguida.

— Com certeza é empolgação pela comida. — Deu de ombros, chutando o chão.

— Então morou na Coreia por um tempo? — Xiao perguntou, recebendo um balançar positivo de cabeça.

— Terminei meus estudos lá, mas a faculdade fiz aqui.

— Isso é interessante. — Balançou a cabeça enquanto se mostrava pensativo. — Agora sei mais uma coisa nova sobre você.

Yibo arregalou os olhos, observando a expressão serena do mais velho, em choque. 

Como ele conseguia dizer aquilo com tanta naturalidade? Ou ainda: como ele conseguia deixar Wang tão desconfigurado sem esforço?

Não podia deixar daquele jeito.

— E quando vou saber mais sobre também?

Foi a vez de Zhan pensar por um tempo, também sendo pego de surpresa. Só que não demorou muito para que ele sorrisse.

— Em algum momento. 

No fim, Wang não conseguiu rebater da forma que queria e ainda saiu mais prejudicado.

Após o curto dialogo, Xiao Zhan caminhou ainda mais lentamente, permitindo assim que seu vizinho ficasse mais próximo. Bastou apenas isso para Yibo perceber que estava diante de uma chance única.

A alguns milímetros de si, a mão de Zhan estava quente e pronta para ser tocada. Wang não pensou duas vezes, apenas fez.

De forma discreta, sem falar ou demonstrar muita reação — do mesmo modo que Xiao havia feito mais cedo —, ele apenas usou o dedo indicador para acariciar as costas da mão do mais velho. No segundo após o toque, pode sentir Zhan segurar a respiração, com o corpo totalmente reto e incapaz de olhar para o lado.

Já conhecia a mão do neto de Xue Qiu, mesmo que apenas um pouco. Só que a sensação de trocá-lo daquele modo enquanto caminhavam em uma rua movimentada era indescritível e mil vezes diferentes.

A adrenalina fazia tudo ficar mágico.

E, então, Xiao simplesmente retribuiu a ação, também usado o seu indicador para tocar na pele alheia. 

Sorrir por causa daquilo foi automático. Para ele, estar daquele modo bem no meio da rua era quase uma confirmação de que as coisas entre eles eram mesmo muito mais profundas do que pareciam.

Yibo estava pronto para segurar de vez a mão de Zhan, ao ponto até de cruzar os dedos e só soltar quando chegassem no tal restaurante. Mas o problema era que eles já estavam na frente do local, o que estragou totalmente o momento. 

Xiao coçou a garganta quando os outros três pararam de andar e focaram a atenção no casal mais distante. Ele também andou um pouco mais rápido para ficar perto de Xuan Lu, arrumando a mochila nas costas.

Era a segunda vez que Yibo tinha seus planos arruinados em um curto espaço de cinco minutos. Se sentia desmotivado.

— Aqui estamos! — anunciou Xuan Lu, animada, apontando para uma pequena porta que dava para uma escada.

O restaurante ficava no terceiro andar de um prédio comercial. Após subir dois lances de escadas, enfim chegaram de forma definitiva no lugar. Era espaçoso. Tal fato era perceptível logo na entrada. Todo o segundo andar era apenas para o restaurante, sendo assim, possuía janelas grandes que proporcionavam uma vista agradável e limpa para a paisagem urbana.

Seung-youn foi quem escolheu a mesa. Decidiu por uma que ficava entre uma das janela maior e de outra menor. Olhando de perto, era possível notar uma pequena sacada que quase sumia por conta da cortina branca.

O coreano foi o primeiro a sentar e, por puro hábito, Yibo sentou-se ao lado dele e tudo seguiu normal, com Lu sentada de frente para os dois primeiros e Yixuan sentado em uma das pontas próxima a parede.

Zhan se manteve de pé, olhando para as cadeiras vagas e decidindo qual seria o lado mais apropriado para si.

Wang queria dizer que não encarou o mais velho com certa esperança, mas seria uma grande mentira. Estava escrito bem no meio de sua testa que implorava para que o mais velho escolhesse sentar ao seu lado. 

Só que também era pedir demais, visto que fazer isso na frente de todos era um passo que, mesmo que os dois já possuíssem o hábito de pular etapas, Yibo não tinha o direito de exigir.

No fim, o neto de Liao Xue Qiu apenas sentou ao lado de Xuan, mordendo o lábio e evitando contato visual com a pessoa que agora estava em sua frente. 

— Vamos pedir! — Yixuan quebrou o silêncio, animado enquanto procurava com os olhos por alguém para atendê-los.

Os três na mesa explodiram em sugestões para pedido. Yibo, por sua vez, apenas sussurrou um "o que você pedir está bom pra' mim" para o amigo e passou o resto do tempo ocupado com a árdua missão de observar Xiao Zhan.

O mais novo observava o outro com atenção, sem a menor discrição. Enquanto Xiao ria de algo que Xuan Lu dizia, aparentemente não ciente dos olhos de águia sobre si, Yibo só conseguia ficar cada vez mais preso em cada detalhe do rosto bonito dele.

A pintinha próxima aos lábios já era uma das partes favoritas de Yibo, mas ela não era o único ponto que chamava atenção, ainda mais quando Zhan possuía outra pinta no queixo e mais duas no nariz.

Talvez, se ficasse mais tempo encarando, seria capaz até de achar mais pintinhas.

Observou Xiao por tanto tempo que ele mesmo ficou constrangido. Suas bochechas coraram quando se sentiu envergonhado, abaixou o olhar para as próprias mãos, engolindo a seco.

No fim, decidiu tentar interagir com o grupo animado bem ao seu lado.

Claro que não deu certo. Era complicado se enfiar em conversas já em andamento, ainda mais quando parecia que o grupo inteiro estava em uma sintonia completamente diferente. Até mesmo Cho Seung-yeon.

Desistiu após um minuto quando não entendeu metade das piadas internas que Xuan Lu jogava para cima de Seung-yeon.

Ao voltar o olhar para frente, para onde Xiao Zhan estava, levou um pequeno susto ao notar que o mais velho também não estava mais interessado na conversa do grupo.

Xiao sorriu. Embora parecesse loucura, para Yibo, foi um sorriso sensual. Não era o mesmo sorriso largo, bonito e simpático, muito menos o sorriso fofo que já havia conhecido outro dia. Era novo, provocativo.

Soava como um convite discreto.

— Quer tomar um ar enquanto ninguém pede nada? — A pergunta foi a confirmação: Xiao Zhan estava flertando, naquele exato momento e sem nenhum pudor.

— Agora? — perguntou Yibo de volta, apoiando os cotovelos na mesa para se aproximar minimamente.

— Sim. Nesse exato momento. — Após dizer, apontou com o indicador para a janela que Yibo já havia notado antes.

Aquele restaurante era um lugar de sorte. Era raro, pelo menos para Wang, encontrar um lugar tão arejado e espaçoso no terceiro andar de uma rua comercial, Normalmente, restaurantes naquele formato eram um pouco menores e sufocantes.

Com uma estrutura aconchegante e janelas grandes o suficiente para sustentarem sacadas confortáveis e fofas, era fácil entender o motivo de Xuan Lu gostar tanto do lugar. 

— Não seria estranho? — sussurrou a pergunta, apontando com a cabeça para os três bem ao lado.

Zhan riu com a pergunta, também colocando ambos os cotovelos na mesa para se aproximar tanto quanto Wang. Ele então usou uma das mãos em concha para cobrir a boca, de uma forma que apenas Yibo pudesse ver seus lábios.

— Conversar do modo que estamos fazendo agora já é estranho. — Riu após falar, se afastando enquanto Wang apenas piscava duas vezes por ficar sem reação. — Estamos indo tomar um ar — anunciou em alto tom, se levantando logo em seguida sem nem esperar a resposta de Yibo.

Ok! — Xuan Lu respondeu sem dar muita atenção, voltando para a conversa logo em seguida sem nenhuma outra reação extra.

Os dois homens apenas assentiram, sem tirar os olhos do algum vídeo que assistiam no celular de Yixuan.

Yibo cerrou os olhos com a reação do melhor amigo, completamente desconfiado de toda aquela tranquilidade. No entanto, ignorou ao notar que Zhan já estava na pequena sacada, quase escondido pelas cortinas brancas.

Quando Yibo dizia que aquele era um lugar de sorte, ele não estava brincando. O prédio onde ficava o restaurante era largo, proporcionando a possibilidade de sustentar quatro janelas.

Duas maiores, que ficavam no centro e permitiam a entrada de luz e ar do lado de fora; e duas menores, que ficavam ao canto e mais discretas. Era em uma das mais discretas que Yibo e Zhan estavam naquele instante, dividindo o pequeno espaço de menos de oitenta centímetros.

— A gente vem tanto aqui que já conhecemos todo o cardápio. — Xiao quebrou o silêncio, continuando com os olhos na movimentação da rua. — Mas sempre demora quase meia hora pra' escolher alguma coisa.

— Parece um lugar bom. — Sorriu fraco. 

O silêncio se instalou no ambiente.

Era complicado para Wang explicar o que sentia com a falta de diálogo entre eles. Não estava em um nível desconfortável, mas também não era o melhor cenário para o momento.

Yibo gostou de resumir a situação como diferente e apenas isso.

A verdade era que ele tinha muito o que dizer e uma infinidade de coisas para fazer. Também sentia que Xiao estava no mesmo barco, perdido sobre como agir de forma natural depois de tudo que aconteceu ao longo do dia.

Zhan ainda olhava a rua, voltando a esconder as mãos nas mangas do seu suéter. Nesse instante, soube que precisava dizer algo e desencadear qualquer assunto.

Você- — falaram em uníssono, rindo logo em seguida.

— Você primeiro — disse Xiao, com um sorriso bonito sem mostrar os dentes, enfim olhando para o homem ao seu lado de forma direta.

Wang gostou daquilo. Enfim o contato olho no olho, do jeito que ele queria desde o instante que se afastaram do resto do grupo.

—  Você parece estar com frio… — Apontou com a cabeça para as mãos do mais velho, escondidas nas mangas azuis.

Oh… — Ele riu, também olhando para o mesmo lugar que Wang. — Eu nem tinha percebido. — Riu, colocando as mãos para fora logo em seguida. — É que gosto de manter minhas mãos quentinhas e meu suéter não tem bolsos.

Hm... — balançou a cabeça positivamente. — E o que você ia dizer?

— Sinceramente? — Yibo apenas assentiu em resposta — Não lembro. — riu após dizer. — Só não queria ficar em silêncio.

— Está desconfortável?

— Nem um pouco! É só quê… — Deu uma pequena pausa, pensativo. — Não sei como explicar. — soltou o ar pela boca.

— Eu entendo. — Não era uma mentira, visto que, de algum modo, sabia exatamente como Zhan se sentia. — Acho que me sinto do mesmo modo.

Não era possível explicar em palavras, Yibo apenas sentia que faltava algo. 

Quando pensava um pouco sobre isso, sentia que apenas precisava do toque. Queria estar mais perto de Xiao Zhan, segurar firme sua mão e até entrelaçar os dedos enquanto ele falava sobre qualquer coisa.

Só que, ao mesmo tempo, também queria apenas olhá-lo à distância para decorar ainda mais cada detalhe presente em seu rosto.

— Você perguntou quando saberia um pouco mais sobre mim, então… — Soltou o ar pela boca, sorrindo. — Eu trabalho lá. Naquele prédio com o terraço iluminado com luz vermelha.

Apontou com indicador, se debruçando no corrimão da sacada enquanto falava. Yibo acompanhou a indicação do mais velho, não tendo dificuldade de encontrar o local, já que era o único com vermelho.

Ficava um pouco distante do restaurante onde estavam, mas Wang conhecia bem aquela região da cidade para saber exatamente onde aquele prédio ficava.

— É bem perto de onde eu trabalho — disse Yibo, também se debruçando do mesmo modo que Zhan, com os olhos atentos para o terraço. — Acho que deve ser só uma parada depois da minha. — Voltou a atenção para o homem ao seu lado.

— Sim. Sempre desço uma parada depois de você.

Mesmo? — O mais velho assentiu com a cabeça. Um sorriso surgiu nos lábios de Wang. — Acha que é perto o suficiente pra' almoçarmos juntos na segunda? Ou podemos tomar aquele café que você comentou mais cedo… 

Zhan primeiro piscou três vezes, abrindo um pouco a boca enquanto procurava palavras para a resposta. No fim, ele apenas abaixou a cabeça rindo.

— Está me chamando pra' um encontro? É isso? — perguntou assim que voltou a olhar para Wang, com uma expressão divertida.

Foi a vez de Yibo piscar, precisando de alguns segundos para responder. Ele desviou o olhar para a rua quando sentiu o rosto um pouco quente, coçando a garganta e batendo a mão no corrimão.

Xiao Zhan era direto demais em alguns momentos, o que deixava Wang sempre sem reação durante todas as conversas que possuíam.

— Eu não chamaria de encontro. — Engoliu a seco, ainda com o olhar na movimentação da rua. 

— Por que não? — Mesmo não olhando para Zhan, sabia que ele sorria apenas pela forma dele falar.

Em um ato de coragem, o mais novo voltou a olhar para o outro, com a expressão decidida.

— Porque se fosse um encontro, eu com certeza faria algo melhor do que só te chamar pra' almoçar no horário de trabalho. Um jantar e um vinho é muito mais apropriado.

— Vinho? — Foi capaz de Zhan corar mesmo com a baixa luminosidade foi adorável. Ainda mais quando era perceptível sua falta de ação diante de uma fala tão simples. — Nossa, você… — Não terminou a fala, apenas riu enquanto baixava ainda mais a cabeça.

Yibo se aproximou um pouco, se aproveitando da guarda baixa do outro, para que seu ombro tocasse o do mais velho. Sorriu com o atrito, olhando para a rua como se nada estivesse acontecendo. Zhan estava da mesma maneira, em silêncio absoluto, mas completamente entregue naquela brincadeira.

— Respondendo sua pergunta… — Xiao começou a falar, coçando a garganta para conter o sorriso. — Acho que dá tempo pra' um café na segunda.

Wang deu graças aos céus por Zhan não poder ver seu rosto, já que tinha certeza que o sorriso que havia dado se igualava ao de uma criança com brinquedo novo.

— Então está marcado — disse Yibo simples, mordendo o lábio

— Sim — respondeu no mesmo tom bobo.

— Eu te mando uma mensagem na segunda então.

— Vou estar esperando.

Yibo estaria cercado por flores caso sua felicidade fosse animada em tempo real.

Embora um simples café em plena segunda-feira não fosse exatamente o tipo de encontro que ele desejava ter com seu vizinho, apenas saber que o veria era o suficiente para fazer o primeiro dia útil da semana ganhar um novo significado especial.

Naquela posição, estando tão perto, conseguia sentir perfeitamente o perfume único e marcante do neto de Liao. 

Xiao Zhan mexeu o ombro, o encolhendo um pouco, fazendo Yibo lembrar que eles ainda estavam próximos. Apenas o leve sarrar, mesmo que estivessem separados por camadas de roupas, fez cada pelo no corpo de Wang ficar arrepiado.

Já havia perdido as contas de quantas vezes haviam entrado naquela brincadeira de toque desde que a noite começou, mas definitivamente não queria que parasse.

Por isso, não hesitou em tocar o mais velho no instante em que pode, sem se preocupar com cerimônias ou tentar fazer de modo discreto. Não havia ninguém olhando para impedi-lo de realizar qualquer ação.

Seus ombros estavam grudados, permitindo que as mãos ficassem próximas. Por conta da posição, onde os antebraços usavam o corrimão de apoio, não foi complicado para Wang levar seus dedos até o pulso do mais velho de modo delicado e tímido.

Xiao esticou a mão, em um convite para que Yibo o segurasse ali. Obediente, não hesitou em prosseguir e não teve vergonha de simplesmente entrelaçar os dedos de forma firme.

Sempre que sua mão tocava a do outro — mesmo que isso ainda fosse algo novo na relação deles —, todo seu corpo formigava em êxtase e, por alguns segundos, era como se seus pés não tocassem o chão.

Wang encarou as mãos cruzadas, mordendo o lábio inferior. Aquele pequeno momento extremamente simples era capaz de causar ainda mais borboletas no estômago do que o beijo afobado dado horas antes.

— Por que sinto que estou em um clichê toda vez que estou com você? — perguntou, botando para fora exatamente o que pensava sem nenhum filtro, sabendo que Zhan não receberia nenhuma de suas palavras de forma estranha.

— Não gosta? — perguntou de volta, erguendo a cabeça para olhar o rosto do outro. 

Mais uma pequena mordida nos lábios foi dada por Yibo, incapaz de fingir ou esconder o que passava por sua cabeça.

— Gosto — respondeu em tom baixo, também erguendo a cabeça. — Só não sei ainda se isso é bom ou ruim.

— Por que não seria bom? — Franziu as sobrancelhas, claramente confuso e curioso.

— Porque me sinto bobo. — O olhou fundo nos olhos, se chocando um pouco com a proximidade que não esperava.

Não desviou o olhar nos sete segundos eternos que se passaram, admirando como as luzes da cidade ficavam ainda mais bonitas quando refletidas nos olhos castanhos de Xiao Zhan.

Quando o mais velho riu, deixando os olhos pequenos ao fazer isso, Yibo virou a cabeça para o lado oposto no mesmo segundo por reflexo. Não sabia se era por conta da vergonha ou se ficou intimidado por encará-lo por tanto tempo, mas seu coração batia tão forte que parecia pronto para sair pela boca. 

— Talvez seja um pouco estranho dizer isso agora, mas… — disse Zhan, dando uma pequena pausa em seguida. — Eu meio que já gosto de fazer você se sentir em um clichê.

Wang voltou a face para o mais velho após ouvir a afirmação, sem expressão definida, apenas sentiu vontade de olhá-lo. A sensação de ficar cara a cara dele estando tão perto era indescritível.

O estômago de Yibo estava com uma sensação fria, indo totalmente contra o calor do resto de seu corpo. Ele quase sentia que não possuía nada do abdômen, sentindo apenas um vazio da região. E apesar de estranho, era uma das melhores sensações que pode sentir naquela noite.

Wang conhecia aquele sentimento. Aquela ansiedade para algo grande que estava por vir. Também podia ver nos olhos de Zhan que ele estava do mesmo modo, esperando pelo mesmo que ele.

— Você vai me beijar agora ou vou ter que roubar outro beijo? — Provocou o mais novo, tombando a cabeça para o lado enquanto mordia o lábio para conter um sorriso.

— Te beijar agora não seria clichê? — ponderou, cerrando os olhos enquanto fazia uma pequena expressão engraçada de quem estava calculando algo mentalmente. — Você sabe… Uma frase melosa seguida por um beijo… É o ponto alto de todo clichê.

— Não me importo. — Sorriu, ainda mordendo o lábio. 

Por algum motivo, quando notou o mais velho engolir a seco após o seu sorriso sumir gradualmente, Yibo sentiu- se nervoso enquanto. Seu próprio sorriso também sumiu quando notou o outro inclinar levemente a cabeça em sua direção. 

Foi a sua vez de engolir a seco, com os olhos atentos nos lábios finos e desenhados do outro.

Beijar seu vizinho na sacada daquela janela era completamente diferente do que beijá-lo no calor do momento após provocação. Todo o clima era diferente de horas antes. Embora estivesse com o sangue tão quente quanto mais cedo, os motivos eram diferentes. Até mesmo o desejo era diferente.

Não havia pressa, muito menos vontade de provar algo. Era apenas desejo, apenas o anseio por um toque mais próximo e intimo. 

De maneira suave, Xiao Zhan cortou todo o espaço entre os seus lábios e os de Yibo, o beijando delicadamente. Foi bom a iniciativa vir do neto de Liao, causando no mais novo milhares de reações inenarráveis.

Yibo aproveitou cada milésimo do toque calmo, tentando gravar na memória tudo que conseguia. Queria carregar na memória cada textura e sabor que aquele beijo proporciona.

Realmente não existia pressa. Prova disso foi que em nenhum instante Yibo sentiu vontade de aprofundar as coisas muito rápido, desejando apenas mais dos lábios do outro até que fosse capaz de decorar cada parte.

Zhan arfou baixo quando Yibo se moveu um pouco, chegando mais perto e girando levemente o tronco para ficar de frente com o mais velho. Com a mão esquerda, ele segurou o rosto de Xiao, a fim de mais tato.

Quando Wang o mordeu levemente, pode senti-lo prender o ar, abrindo mais a boca na intenção dele mesmo aprofundar mais o ato com a adição da língua.

E assim foi feito, um beijo que aconteceu de forma lenta e que foi capaz de anestesiar cada sentido de Yibo. Poderia mesmo ficar daquele modo a noite toda com o seu vizinho, mesmo que mal fosse capaz de respirar um sentir suas pernas.

Foi Xiao Zhan que puxou o corpo de Yibo para ainda mais perto, passando a mão de forma firme pela cintura do mais novo e subindo até a altura das costelas. Em menos de um segundo, o beijo pareceu mais fundo, mas intenso. Um beijo capaz de acabar com o ar de ambos, mas que seguia tão bom que nem com isso possuiriam vontade de parar.

Só que coisas boas sempre encontravam o seu fim. Não foi diferente com aquele ato. De forma natural, eles apenas pararam tudo que faziam após quase um minuto e nem sequer piscavam enquanto afastavam os rostos. 

Com quase um passo completo para trás e precisando do apoio do corrimão para não cair, Yibo levou a mão até a nuca e coçou a garganta.

Completamente sem chão. Flutuando após um dos melhores beijos que conseguia recordar e com todos os sentidos anestesiados.

Seu tato só conseguia lembrar do calor dele, enquanto seu olfato se afogava no perfume que naquele instante, após estarem tão juntos, parecia mais forte. Paladar e visão seguiam a mesma linha, onde existia apenas Xiao Zhan.

Até mesmo a audição estava confusa, presa em um loop onde ele só conseguia ouvir os sons que os lábios de seu vizinho faziam ao se chocarem contra o seu.

O segundo beijo em apenas um dia e aquele conseguiu ser ainda melhor que o primeiro. A maior prova de que havia sido bom intenso era o fato de que os lábios de Yibo prosseguiam  úmidos e os de Xiao vermelhos depois do atrito e mordidas.

— Acho que cheguei a uma conclusão. — Deu uma pequena pausa para recuperar o ar e a direção, olhando para o homem em sua frente. — É definitivamente bom estar em um clichê com você.

Xiao Zhan abriu a boca algumas vezes, mas não emitiu nenhum som que Yibo fosse capaz de entender. No fim, seu rosto apenas ficou mais vermelho do que antes e, por um instante, o neto de Liao pareceu extremamente fofo e pequeno.

— E-eu acho que ouvi a comida chegar — disse o mais velho, coçando a garganta enquanto apontava para dentro do restaurante.

— Não ouvi nada. — Cerrou os olhos ao responder, voltando a se aproximar. — Está tentando fugir de mim com uma desculpa tão boba? — Sorriu ao perguntar, notando o rosto rubro do mais velho mesmo que estivesse um pouco escuro.

— Não é fugir se vamos continuar no mesmo lugar… 

— Mas é fugir se você corre assim que nos beijamos — recrutou, com um sorriso ladino. — Ainda mais depois do que eu falei. Sinto que está me rejeitando...

— Não estou correndo! — exclamou, um pouco nervoso e ainda sem olhar para o mais novo. — Muito menos te rejeitando...

Yibo riu pelo nariz com a resposta, lamentando não estar em um local bem iluminado onde poderia ver cada expressão dele com total clareza.

— Você fica mu-

— Eu não queria atrapalhar, mas é que… — Xuan Lu apareceu, interrompendo a fala de Yibo e empurrando a cortina branca para o lado na intenção de deixar toda a pequena sacada exposta — A comida já está vindo, então… — Ela sorriu amarelo, dando dois passos para o lado até que sumisse do campo de visão dos homens.

— Eu disse… — Zhan comentou baixinho, coçando a garganta. — Não era uma desculpa.

Yibo cerrou os olhos ao ouvir a afirmação, sabendo que era apenas um blefe. Xiao apenas havia dado sorte e isso ficava claro em toda a sua expressão corporal.

Voltar para a mesa depois de beijar Zhan de forma tão intensa bem ao lado era quase como voltar para casa depois de cometer um crime.

Com a cara de quem havia aprontado, lábios vermelhos e com o casaco impregnada pelo perfume de outro, Yibo não conseguiu tirar os olhos do homem em sua frente nem por um segundo. Sua atenção pertencia aos lábios que havia acabado de tomar para si.

Também não conseguia deixar de sentir o coração errar uma batida toda vez que Zhan sorria, olhando sempre para Wang quando encontrava uma chance.

Apesar disso, seria mentira dizer que ficou a noite toda com a atenção apenas no vizinho. Após apenas cinco minutos na mesa, já sentia fazer parte do grupo e foi impossível não se divertir. 

Precisava ser franco e admitir que sempre preferiu sair para vários lugares diferentes em uma única noite, achando ser chato ficar no mesmo local durante muito tempo. Mas descobriu que tudo era questão de companhia, assunto e animação, visto que nem mesmo foi capaz de ver a hora passar.

Xuan Lu era extremamente simpática, talvez a mais divertida da mesa e com certeza a mais animada, mesmo sendo a única que não podia beber. Yixuan era o mesmo que Wang se lembrava, com o seu jeito que beirava a protetor, mas não menos brincalhão por isso.

Seung-youn era o mesmo de sempre. Yibo já estava acostumado com a energia às vezes caótica do amigo, que ficava ainda mais intensa quando esse bebia. Não que Cho fosse a personificação da animação, já que costumava ser uma pessoa nem controlada — principalmente após o fim da faculdade.

A maior descoberta da noite foi, sem dúvidas, Xiao Zhan. 

Cada gargalhada foi apreciada por Yibo. Descobriu que o som da risada dele era uma das coisas mais incríveis que poderia ouvir, chegando a conclusão que poderia passar horas apenas escutando rir.

Além disso, graças a Xuan Lu, foi capaz de conhecer, em apenas algumas horas, o lado divertido de seu vizinho que não seria capaz de descobrir tão cedo sozinho.

— Estou começando a ficar frustrada! — A mulher anunciou, empurrando seu copo de suco para longe. — Sou a única que sabe beber nessa mesa? Vocês parecem adolescentes experimentando cerveja!

Ela gemeu ao terminar de falar, arrancando de Zhan uma risada baixinha.

— Não sou bom com bebidas, não exigia muito de mim — disse, inclinando o corpo na direção da amiga. — Você sabe que pode beber, né? Pode chamar um motorista pra' voltar pra' casa e amanhã busca o carro cedo.

— Oh, você não é mesmo bom com bebidas… — Ela voltou a puxar o sei copo para perto de si, com um sorriso nos lábios e ignorando toda a segunda parte da fala do amigo. — Lembro daquela vez na faculdade que te pegaram dormindo no banheiro no meio da festa com os veteranos.

— Eu lembro dessa história! — Seung-youn anunciou em alto tom, puxando a atenção de todas na mesa.

Cho era, claramente, o mais embriagado do grupo. Após notar que poderia beber soju e cerveja, ele simplesmente não conseguiu evitar de se afogar na mistura que lhe lembrava sua casa.

Yixuan apenas riu, escondendo a boca ao fazer isso.

— Então Xiao-Laoshi não é bom com bebidas? — perguntou Yibo curioso.

Por um segundo e meio, houve silêncio após a pergunta.

Yibo teve dúvidas sobre o motivo do silêncio, visto que fez questão de usar "Laoshi" no lugar de "Ge" justamente para não ser estranho e não soar intimista demais. 

Chamar Xiao de "Zhan-ge" na frente de Liao Xue Qiu outro dia havia sido constrangedor e ele não queria repetir a dose. 

Durante o tempo em silêncio, Wang direcionou o olhar para Xiao em um pequeno pedido de socorro. Após isso, não demorou para que a mesa voltasse a explodir em barulho, graças a Xuan Lu.

— Enfim! — começou. — Estudamos na mesma faculdade e nos conhecemos lá. Sou um ano mais velha, então fui veterana do ZhanZhan — explicou, abraçando Xiao pelo ombro enquanto sorria. — Juro que fiz o que pude pra tentar ensiná-lo a beber, mas é um caso perdido. — Pareceu decepcionada, com a expressão desanimada. — Ele fica extremamente sonolento e sem graça se beber demais.

— Pare de falar como se eu fosse uma criança. — Sacudiu os ombros para se livrar do abraço, levando até os lábios o seu copo com bebida.

— Hoje em dia ele controla melhor isso, mas ainda fica vermelho se beber demais.

Acho bem fofo… — Yixuan comentou, roubando para si a atenção da mesa.

Após alguns instantes, Xuan Li foi a primeira a rir, apertando a bochecha do amigo enquanto apenas concordava e repetia "cute" com a voz manhosa.

Com certeza não discordava de Yixuan e muito menos duvidava de que seria algo fofo, já que era Xiao Zhan. 

Embora o mais velho não estivesse bebendo muito naquela noite, sempre optando por algo com gás no lugar de álcool para controlar a embriaguez, era perceptível o rosto vermelho de Zhan em alguns momentos.

Wang gostaria de vê-lo bêbado um dia. Vê-lo sonolento, com o gosto vermelho e provavelmente manhoso.

Gostaria de verdade de ver esse e todas as outras faces dele.

— Wang Yibo também não sabia beber quando nos conhecemos… — Yixuan voltou a chamar a atenção. — Quer dizer, nem deveríamos beber naquela época, mas… — Seung-youn riu com a frase, recordando-se de algo.

— Lembro que quando bebemos escondido na minha casa, Yibo ficou parecendo uma criança. — Riu 

— Eu tinha dezessete, você não pode exigir muito de alguém tão novo. — Se defendeu. 

— Você tem vinte e três agora, mas sinto que não passou nem dois anos. — Mais uma vez Cho riu após falar, sendo acompanhado por Yixuan que apenas assentiu com a cabeça. — Droga, estou começando a ficar nostálgico.

Seung-youn deitou no ombro do rapaz a lado após dizer, bocejando e enfim largando a garrafa de soju* que apreciou durante toda a noite.

— Além de nostálgico, estou começando a ficar com sono também — declarou o amigo, suspirando logo em seguida ao se dar por vencido. 

— Então a noite acaba aqui! — Xuan Lu disse em alto tom, batendo na mesa. — Enfim conseguimos cansar Cho Seung-youn! Vitória!

Foram quase duas horas naquele restaurante, onde a única mulher do grupo jurou que só iria embora depois que o coreano cansasse, já que ele era o motivo da comemoração e possuía a fama de ser o mais resistente.

Ao ouvir que a noite havia encontrado seu fim, não consegui evitar de olhar para Zhan, sentindo um pequeno desânimo com a ideia de ter que ir para casa sozinho após ficar tanto tempo na presença dele.

— Ainda estou cansado da viagem. Reuniões executivas são cansativas! — resmungou, fechando os olhos e aninhando mais ao ombro do amigo.

— Como prometi, vou levar todo mundo em casa. — Lu sorriu após dizer, olhando principalmente para Seung-youn que quase dormia.

— Não precisa. — Cho apenas sacudiu a mão, sem nem abrir os olhos ou erguer a cabeça. — Vou dormir com Yibo hoje.

Após dizer, ele enfim abriu os olhos de uma única vez, dando um pequeno pulo para arrumar a postura e deixar de fazer Wang de apoio.

— Quer dizer, não com ele. Vou dormir na casa dele — explicou, com um sorriso amarelo.

Não seria estranho ele explicar, principalmente quando essa mania de deixar claro que a relação entre eles não passava de amizade já era algo antigo de Cho. Ficava ainda pior quando ele está a bêbado.

O problema estava no fato de que toda sua justificativa foi direcionada para Xiao Zhan e ninguém mais. 

Após falar, voltou a se deitar no ombro do amigo, com os olhos já fechados novamente e quase parecia já dormir. Xiao, por sua vez, apenas piscou sem ação.

Nada discreto… — Yixuan comentou por alto, terminando sua cerveja de uma vez só.

— Eu disse que você podia dormir na minha casa hoje? — Tentou ignorar o que havia acontecido antes.

— Você precisa dizer? — O coreano balançou os ombros, rindo. — Tu casa es mi casa.

Decidiu deixar para lá no instante que notou que não adiantaria falar nada. Seung-youn já estava decidido e nada mudaria sua cabeça.

Sair do restaurante, caminhar de volta para o projeto e entrar no carro de Xuan Lu demorou quase meia hora.

Yibo queria dizer que a demora foi porque durante todo o caminho flertou com Xiao Zhan e esqueceu como se andava ou se distraiu de novo tentando tocar a mão dele, assim como foi da ida para o restaurante.

Entretanto, a verdade era que nem encontrou tempo para olhar o vizinho ou tentar algo. Seung-youn era o que atrasou Wang, visto que se pendurava no amigo e vez ou outra parava de andar para reclamar de enjoo.

Embora Xiao Zhan estivesse caminhando quase o tempo todo ao lado de Yibo, até mesmo dando apoio quando quase caiu por culpa do embriagado, Yibo não se deu ao luxo de tirar os olhos de Cho por estar um pouco preocupado.

— Então os três vão para o mesmo lugar, né? — Lu perguntou para Zhan, abrindo a porta de trás do carro já conhecido por Wang.

Era um pouco constrangedor, precisava admitir. Horas antes, esteve com Xiao no banco da frente e quase se beijaram lá mesmo. Não conseguia deixar de olhar para Xuan Lu, quase pedindo desculpas por algo que nem aconteceu e ela sequer sabia.

Ele foi o último a entrar no carro, em total silêncio e com um pequeno incômodo na garganta. 

Baby Yibo, desculpa estar literalmente entre vocês — sussurrou Seung-youn, ou pelo menos tentou, visto que apenas fez voz de sussurro enquanto falava em tom normal.

— Só fica quieto, seu hálito está péssimo. — Empurrou a cabeça do amigo para o outro lado, sem olhá-lo.

— Não acho que seja uma boa ideia Seung-youn no meio. — Yixuan, que estava no banco da frente, disse olhando para trás. — Se ele sentir vontade de vomitar, é bom estar perto da janela.

Todos no carro ficaram pensativos por um instante, até mesmo Seung-youn ponderou sobre o assunto. Após dois segundos, Zhan foi o primeiro a assentir com a cabeça.

— Faz sentido — disse, encarando Wang em um pedido silencioso para que ele apenas trocasse logo de lugar com o amigo.

E assim ele fez, de forma rápida. Yibo ficou no centro, bem ao lado de Zhan, só que ainda servindo como apoio para Seung-youn.

— Minha cabeça dói… — gemeu, com os olhos fechados. — Por que esse carro mexe tanto?

— Ainda estamos parados, Seung-youn — Yixuan disse, com um sorriso quase doce, mas ainda divertido pela situação do amigo.

— Mesmo? — Abriu os olhos e levantou a cabeça para olhar ao redor. — Drogo… Por que eu estou girando tanto? — Voltou a deitar no ombro de Wang, dramatizando.

— Sabe que amanhã você vai estar pior, né? — Seung-youn ergueu a cabeça após ouvir a fala de só homem no banco da frente.

— Por que está me gorando? — perguntou entre os dentes.

— Estou sendo sincero. — Riu em resposta, virando para frente logo em seguida.

Mais uma vez, a cabeça de Cho caiu no ombro de Yibo, fazendo com que ele gemesse.

— A dor de cabeça só vai piorar se continuar sacudindo a cabeça assim — alertou Xiao Zhan, se ajeitando no lugar que estava sentado. — Então decida se vai ficar deitado ou não.

Mandão. — Bufou, sem levantar a cabeça. — Nunca mais eu beber.

— Seung-youn, o problema não está em beber, mas sim em misturar as bebidas. — Xuan Lu comentou rindo, olhando para o rapaz pelo espelho retrovisor. — Você já foi mais resistente… 

Cho apenas revirou os olhos após murmurar "hm", se mexendo um pouco para encontrar a melhor. Como já era de se esperar, suas reclamações pioraram com a movimentação do carro. 

Embora estivesse bem ao lado de Zhan, não teve tempo muito menos cabeça para pensar ou fazer qualquer coisa. Apenas queria chegar em casa o mais rápido possível para se livrar do Seung-youn babando em seu pescoço. 

Claro que vez ou outra se aproveitou da proximidade para tentar olhá-lo. Não adiantou de muita coisa, visto que estava escuro demais para ver detalhes.

Xuan Lu parou na frente da casa de Yibo a pedido de Zhan, já que seria mais fácil e rápido para Seung-youn caminhar. A despedida foi breve, principalmente da parte de Yibo e Cho, que apenas acenaram enquanto iam na direção do portão.

Não demorou para o carro partir, deixando para trás apenas os três homens. 

— Hoje foi legal. — Yibo foi o primeiro a dizer algo quando o outro estava perto o bastante para ouvi-lo. — Gostei de ter ido.

— Também gostei… — respondeu, relaxando a postura enquanto encolhia o ombro. 

— Espero que possamos repetir. — Mordeu o lábio ao dizer, torcendo para que Xiao Zhan entendesse sobre o que ele estava falando.

O neto de Xue Qiu sorriu após pensar um pouco sobre, assentindo com a cabeça ao entender e também mordendo o lábio.

— Não namorem na minha frente. Estou bêbado e com sono, não cego e surdo. — Seung-youn ergueu a cabeça, bufando.

— Você pode só calar a boca e entrar? — Yibo o soltou, dando um passo para se afastar e deixar Cho se equilibrar sozinho.

— Então me dá a porcaria da chave do portão…

— Eu já estou indo. — Zhan riu, cortando o pequeno diálogo entre os dois. — Está tarde.

— Então vocês não negam que estavam mesmo prontos 'pra namorar na minha frente?

Yibo franziu a sobrancelha, claramente incomodado e indignado.

— Por que você ainda está aqui? — perguntou irritado, se virando para ele.

A chave. — Estendendo a mão vazia após falar. — Você ainda não me deu. 

Wang apenas tirou a mochila das costas, revirando o bolso com rapidez e jogando a chave na direção da mão do amigo assim que a encontrou. O ato fez Seung-youn rir, servindo apenas para deixar Yibo ainda mais incomodado.

Quando o Coreano se afastou, Zhan soltou uma pequena risada enquanto dava mais um passinho* para chegar mais perto.

— Nos vemos na segunda? — Xiao perguntou, sorrindo. 

— Sim… — Não pode segurar o sorriso largo com os olhos brilhando. — Vou estar esperando por isso.

Estando tão perto, podia ver cada detalhe do rosto delicado de Xiao. Também era capaz de senhor de pertinho aquele perfume diferente diretamente da fonte.

Poderia sufocar com o cheiro agradável dele.

Quando deu por si, já estava com toda sua atenção direcionada para os lábios dele. Precisou de muito autocontrole para simplesmente não puxa-lo para dentro de sua casa.

— Eu também vou. — Zhan deu um pequeno passo para trás, sem deixar o sorriso bonito sumir. — Também espero que Bao goste da medalhinha de identificação.

O mais novo apertou a mochila, quase sendo capaz de sentir o embrulho com a identificação. Por um instante, esqueceu que ela estava lá, visto que muitas coisas ao longo da noite tomaram conta de toda a sua mente.

Xiao já estava do outro lado da rua quando virou para acenar, com um sorriso tão bonito e grande que seria capaz de iluminar toda a vizinhança. Apenas ver aquela expressão foi o suficiente para deixar o corpo do mais novo extremamente leve e livre de qualquer sentimento negativo. 

Como Yibo poderia não se sentir bobo com aquele homem?

Sorrindo, Wang enfim entrou em seu portão, pouco se importando se um Seung-youn bêbado lhe esperava jogado no chão de sua sala. Depois que tudo que havia acontecido, nada podia abalar o seu dia


Notas Finais


Yibo nessa energia aqui: hoje nada vai estragar o meu dia… 🎶🥰🥰

ando com alguns problemas em relação a minha escrita que me deixam bem mais insegura do que eu normalmente sou, mas estou fazendo o possível (no meu tempo) para melhorar isso. apenas peço paciência! 😶

deus, quanta coisa num capítulo só KAKKAKA 👁️👄👁️ devo me desculpar pelo tamanho?

sinceramente, eu MORRO de medo de aparecer aqui com uns capítulos grandes assim e vocês ficarem 😰😰 mesmo sabendo que tenho liberdade pra fazer o que quiser e mesmo ciente da opção de dar pausas na leitura caso esteja muito grande, eu sempre me preocupo muito com o essa parte de texto cansativo. não sei mesmo controlar ou analisar essa parte ainda, então fico meio 🤡🤡

não era meu plano meter 12K assim, apenas aconteceu e eu não consegui resumir. por isso, se ficou cansativo em algum momento, sinto muito mesmo a

também não planejava meter um beijo, mas acabou acontecendo que eu nem vi KAKKKAKA sabe quando você não consegue controlar suas próprias cenas? ENTÃO ‼️ vocês podem considerem um mimo pela demora 😜

depois de tudo isso que aconteceu, pergunto: namoradinhos sim ou não? (a resposta é: old que sim, amg 😌)

fico imaginando as vizinhas do Yibo assim 👁️👄👁️ vendo ele beijar um macho pela tarde e chegar com outro em casa pela noite. as fofocas maldosas tão como??

e o Seung-youn, Lulu e Yixuan bancando as Kátias no restaurante quando tava mais claro do que água que os dois estavam aprontando na sacada. aí aí, essas crianças nada discretas 🤪🤪

bom, quanto a demora na atualização, preciso dizer que também foi uma surpresa pra mim não conseguir trazer o capítulo no prazo que eu havia prometido. fiquei até frustrada por sumir logo depois de oficializar que a fanfic teria atualizações mensais k

avisei aqui no no meu twitter que estava precisando de um tempo, por isso não vou pedir desculpas pela demora. não foi algo proposital, então não tenho do que me redimir. eu realmente precisei de um tempo pra mim
os últimos meses meses de 2020 foram uma bagunça, com direito a positivo pra covid e tudo. já estou totalmente bem e recuperada!! tive apenas sintomas leves, mas foi ruim o suficiente pra me derrubar durante novembro todinho a
e no meio dessa bagunça, em novembro, minha avó faleceu e isso acabou comigo. perder ela em um ano em que nem consegui visitá-la foi algo que mexeu muito comigo
felizmente, estou bem agora! e não pretendo de forma alguma desistir da fanfic, inclusive estou super empolgada com ela! não vou prometer datas para a atualização, mas farei o meu melhor da forma que eu for capaz, ok?

momento informativo: Xiao Zhan precisa de um namorado está sendo traduzida para o espanhol no wattpad! a tradução está sendo feita por @W1Bo-805 e sou muito grata por esse trabalho incrível. não consigo imaginar como deve ser insano traduzir uma história, ainda mais quando eu vivo usando termos super brasilieros a

obrigada por tudo 💓💕


+mais divulgação: eu e mais algumas amigas estamos planejando um evento yizhan para março ‼️mais informações sobre isso serão disponibilizadas no meu perfil no twitter. basta ficar de olho lá se tiver interesse 👁️👄👁️

ai ai, como senti saudade de atualizar isso aqui! também tô morrendo de saudades de responder vocês! prometo que vou responder tudo aos pouquinhos, viu? mas já digo que sempre leio TUDOOO e sou muito grata por cada coisinha 💞💕

enfim, não tenho mais nada para dizer. vejo vocês no próximo capítulo, que saí assim que for possível! 🥺🤲🏻


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