História You are mine, Angel - Você é minha, Anjo

- Você deve usar a altura do seu oponente em seu favor. – Disse Kurt de braços cruzados na frente de Vee.

- Isso é óbvio. – Disse Vee revirando os olhos. – Se eu estiver lutando com um homem por exemplo... – Vee tentou acertar um chute no meio das pernas de Kurt, porém ele agarrou seu pé derrubando-a sobre o colchonete.

- Lição número um é a seguinte. – Disse Kurt com o corpo sobre o de Vee. – Nunca deixe seu oponente saber qual será seu primeiro golpe.

Kurt nos levou para a cobertura de seu apartamento. O local era incrível. Tinha uma piscina enorme e uma academia espaçosa. E era ali que estamos treinando. Ele se encarregou dos treinamentos iniciantes de Vee, enquanto eu e Patch nos aquecemos.

Desfiri socos e chutes nos sacos de pancada, para tirar o estresse. Estávamos ali cerca de duas horas e me sentia exausta. Parei o que estava fazendo para observar Patch. Ele estava deitado no banco, fazendo supino com quase cem quilos. Ele estava sem camisa e com um calção preto. Tinha uma visão um tanto privilegiada. Ele colocou o supino no suporte e enxugou o suor com uma toalha. Ele olhou para mim e deu um sorriso fraco. Retribui o sorriso e ele se levantou caminhando até mim.

- Vamos ver se você ainda se lembra do que eu te ensinei. – Disse Patch fechando as mãos.

- Qual é! – Reclamei. – Estou cansada.

- Está fraca é? – Patch disse, acertando meu braço de leve com seu punho fechado.

Ele sempre soube que eu odiava ser subestimada. Deixei meus punhos cerrados e encontrei a sincronia de nossos corpos. Patch sempre me disse que lutar é como dançar. Precisamos encontrar o ritmo.

Tentei acertar seu peito com meu punho, porém ele me bloqueou com seu antebraço. Tentei novamente e ele tenta me acertar. Me esquivei. Chutei a lateral o seu corpo e desferi um soco em seu braço. Patch e eu saltamos de um lado para o outro. Senti o suor escorrendo pelas minhas costas. Com minha visão periférica vi que estávamos nos aproximando da parede. Patch queria me cercar. Ele tentou socar minha barriga, mas bloqueei com as mãos. Onde é meu erro. Patch agarrou as minhas duas mãos e me girou. Me colocando contra seu corpo e a parede.

- Acho que você esqueceu de uma lição. – Patch sussurrou no meu ouvido, espalhando um arrepio por todo o meu corpo. – Qual seria essa lição, Anjo?

Tentei me mover, porém o corpo de Patch contra minhas costas me impedia. Bufei.

- Nunca deixar as mãos em alcance do meu oponente.

Senti a risada de Patch no meu pescoço e ele soltou as minhas mãos. – Muito bem.

- E você também esqueceu uma lição, Patch. – Sussurro, virando meu pescoço para olhar nos seus olhos.

Ele levantou uma sobrancelha. – E qual seria?

Sou mais rápida que ele. Troquei a minha posição, deixando Patch contra a parede, prendendo seus dois braços com minhas mãos. – Nunca hesite.

Ele soltou uma gargalhada. – Não tem como não hesitar lutando com você, Anjo. Você fica absurdamente sexy toda suada e tal.

Me aproximei de Patch com os lábios quase se tocando.

- ENTÃO NÉ. – Ouvi a voz de Vee e encostei minha testa contra a testa de Patch. Respirei fundo e soltei os braços de Patch. Com o rosto queimando.

- Acho melhor começarmos com o treinamento com armas. – Patch falou andando até o outro lado da academia, pegando duas espadas de porte médio.

- Vee, empunhe sua arma. – Vee, desajeitada segurou a espada com uma mão só, deixando-a pendida para o lado.

Em um único movimento, Patch bateu sua espada contra a espada de Vee, derrubando a mesma no chão. Logo em seguida encostou a ponta de espada contra a barriga de Vee, que dá um gritinho.

- Você quer me matar? – Vee gritou.

- Não. Mas se eu fosse um adversário querendo sua morte, já teria feito. Você precisa empunhar a arma com as duas mãos. Com os pés afastados.

Patch fez a demonstração e Vee tentou imitar, mas fica parecendo uma rã. Caí na risada.

- Você não vai ajudar merda nenhuma se ficar rindo igual uma hiena, Nora. – Reclamou Vee, emburrada.

- Deixe seus braços assim – Kurt ficou atrás de Vee alinhando seus braços – E as pernas assim. – Kurt enfiou uma perna entre as pernas de Vee, deixando-as com um espaço.

- Segure a espada com firmeza, Vee. Não com força. – Disse isso porque as juntas de suas mãos já estavam brancas.

Patch desferiu um golpe contra a espada de Vee e ela conseguiu se sustentar. Ele abaixou a arma até o joelho dela e ela abaixou a espada bloqueando o golpe. Ela desvia os olhos e sorri. Então Patch bateu na espada dela, derrubando-a.

- Qual é? – Vee reclamou emburrada. – Não posso ter nem um segundo de felicidade?

- Vee, segunda lição do dia. – Disse Patch, olhando para mim com a sobrancelha arqueada. – Não hesite.

Passamos mais umas horas treinando. Kurt me ajudou no levantamento de pesos, enquanto Patch treinava tiros com Vee.

Coloquei os pesos no chão e olhei para Kurt. Encostado na coluna de concreto, de braços cruzados.

“Ela já passou por muita coisa, não é? ” – Ouviu uma voz na minha mente. Tomei um susto e procurei Patch, que estava ocupado empunhando a arma na mão de Vee. Olhei para Kurt, que está com uma sobrancelha arqueada.

“Kurt, desculpe”. – Respondi em sua mente. – “Eu tinha costume de conversar assim com Patch. É algo muito íntimo para mim. Mas sim, Vee já passou por muito”.

“A força dela me deixa espantado. Nunca conheci uma pessoa com tanta vontade de viver como ela”. – Kurt falou na minha mente, com o olhar perdido na direção de Vee.

“Ela está quebrada, Kurt. Ela perdeu eu melhor amigo, Scott. Eles se amavam para valer. Agora ela perde a pessoa com quem ela se casou... eu não me vejo sem o Patch, entende? Não sei como ela suporta todo esse fardo. ” – Meu olhar encontrou o de Kurt. – “Por favor. Não entre na vida dela e depois a abandone. Eu acho que ela não iria suportar mais uma perda”.

“Pode deixar, gracinha. ” – Kurt respondeu piscando e eu revirei os olhos. – “E olha, se precisar de mim, estou aqui para você também. Não quero me gabar, mas sou um ótimo amigo”.

Soltei uma risada alta, chamando a atenção de Patch e de Vee, que me olharam com um grande ponto de interrogação no rosto.

“Com certeza é, Kurt. Com certeza”. – Respondi deitando novamente no banco para recomeçar a sessão de levantamento de pesos.

****

Patch pulou na piscina, dando um mergulho perfeito. Estava sentada na beirada da piscina, com os pés dentro d’água. Vee estava do meu lado.

- Então... – Comecei a falar. – O que está rolando entre você e o Kurt?

- Nada. – Ela desviou o olhar – Acabei de ficar viúva Nora, nunca vou superar isso.

Segui seu olhar e vi que ela está olhando para Kurt, que estava apenas de sunga preta segurando um copo de whisky na mão e bagunçando o cabelo com a outra.

- Meu Deus, é pecado olhar para esse homem. – Comentei alto demais, fazendo Vee me encarar com uma carranca.

- Você já tem dono, Nora Grey. E ele está bem ali na piscina te encarando com olhos negros e profundos.

Virei minha cabeça e Patch está com os braços cruzados e olhos semicerrados. Fique enrubescida. Tirei meu vestidinho transparente e fiquei apenas de biquíni. Me senti desconfortável com Kurt me olhando com uma sobrancelha arqueada. Pulei na piscina e mergulhei até onde está Patch.

Cheguei até a superfície e colei o corpo no corpo de Patch, passando meus braços pelo pescoço dele.

Ele não me abraçou de volta e sei que tem algo errado. – O que foi? – Perguntei fazendo bico.

- “Meu Deus, é pecado olhar para esse homem. ” – Patch respondeu me imitando e revirando os olhos.

Soltei uma risada e apoiei minha cabeça na curvatura de seu pescoço com o rosto pegando fogo.

- Sério isso? Eu estava apenas brincando. – Respondi na defensiva.

Patch agarrou minha cintura e me virou, encostando-me contra os azulejos da piscina. Ele me encarou com os olhos em chamas.

- Você é minha, Anjo. Só minha.

- Patch, eu estava brincando. – Disse sussurrando.

- Você já disse isso. – Ele sussurrou de volta, descendo uma de suas mãos pela lateral da parte de baixo do meu biquíni. Senti uma queimação na minha barriga. Aquela sua fúria repentina me deixou excitada.

Envolvi sua cintura com minhas pernas e pude ver que ele não estava diferente de mim. Ele pegou minhas duas mãos e colocou-as em seu abdômen definido. Eu olhei dentro de seus olhos e ele me pressionou mais contra os azulejos. Soltei um gemido baixo.

- Eu sou seu, Anjo. Cada parte do meu corpo. Você não gosta disso? – Patch perguntou segurando minhas mãos contra seu abdômen.

Continuei encarando ele sem responder. Patch puxou minha cintura de encontro com sua pélvis e senti uma pressão bem ali. No lugar que precisava dele.

- Gosto de tudo em você, Patch. – Respondi arfando.

- Então por favor. – Patch falou pausadamente, passando a língua pelo lóbulo da minha orelha. – Nunca mais olhe para outro homem com desejo, porque eu fico emputecido.

Patch me beijou com urgência. Eu não pensei que ele ficaria tão bravo por causa do meu comentário a respeito de Kurt.

Tentei imaginar se ouvisse Patch fazer algum comentário sobre o corpo de Vee. Senti uma pontada no peito. Ciúmes.

- Por favor, não transem na minha piscina. – Kurt falou antes de dar um mergulho, espalhando água para todos os lados.

Fiquei ruborizada e soltei uma risadinha. Patch me segurou com firmeza e trocou olhares com Kurt, de sobrancelha erguida. Eu sabia o que está acontecendo. Eles estavam conversando mentalmente, delimitando territórios. Eu podia sentir isso.

- Ahn... então. – Comecei a dizer. – O que vamos fazer a respeito do Anjo Gelado e todos esses caras mascarados?

Kurt estava na ponta de piscina entre as pernas de Vee, abraçando-a pela cintura.

- Minha gangue está investigando tudo o que pode. – Disse Kurt olhando nos olhos de Vee. – E quem quer que tenha matado Gavin, vai pagar. E eu garanto que será por minhas mãos.

Kurt agarrou Vee pela cintura e a puxa para dentro da Piscina. Ela riu e abraçou Kurt com braços e pernas. Eu sorri.

“Não me decepcione, Kurt. ” – Disse para ele em sua mente.

“Não irei, gracinha”. – Ele respondeu abraçando Vee com mais força.