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História You give me problems - It's dark inside


Escrita por: maybesugar

Notas do Autor


Boa leitura :)

Capítulo 17 - It's dark inside


Depois de alguns segundos em silêncio, o soltei. 

-Hm... A respeito de antes... Eu tenho que explicar algumas coisas... -comecei a falar e enxuguei as lágrimas. 

-Ah, me explicaram tudo... Não sabia que a Michelle teria coragem de criar uma mentira dessas... Sinto muito... -ele olhou para o lado e parecia inquieto.  

-O que foi?  

-Ela disse uma coisa... Eu não sei se posso acreditar em algo que sai da boca dela, e nem sei como perguntar... Mas... 

-Mas? -disse ansiosa. 

-Você já esteve grávida? -ele disse de uma vez. 

-Oh... Já imagino o que ela deve ter dito... Não, eu nunca engravidei... -falei com um pouco de indignação e encarei a janela. -Essa garota consegue ser tão... Não sei nem que palavra usar... 

-Só perguntei, porque Matty me disse que isso é algo delicado para você... E eu não queria...  

-Ele disse? -interrompi. -Ele é um fofoqueiro.  

-Não fica brava... Só quero que saiba que pode confiar em mim... 

O encarei por um tempo. 

-Ah tudo bem... Eu só realmente odeio, muito mesmo, essa lembrança... Eu vou contar, porque isso meio que faz parte de mim, e querendo ou não aquele garoto vai acabar contando... Quando era pequena, minha mãe levava meu irmão e eu, para brincar em um lago... Nós éramos tão bobos, tão novos... Em um desses dias, nós dois começamos a brigar... E começamos ir para uma parte mais funda... Ela ficou irritada e pediu que voltássemos para perto, mas não obedecemos, ela foi atrás de nós e saímos correndo... Ela acabou escorregando e se machucando um pouco... Nós não sabíamos na hora... Mas ela estava grávida e perdeu o bebê por conta da queda... E mais uma vez estraguei tudo... Quando soube aquelas coisas a respeito da Michelle, acabei me deixando levar...-disse com raiva. 

-Ah... Eu sinto muito... Mas você era só uma criança... 

-Van, eu não quero falar a respeito disso... Foi há muito tempo... Não importa mais. -quis mudar de assunto. 

Ele abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompido por um homem, que estava acompanhado de uma mulher de jaleco. 

-Senhorita Scodelario? -o homem perguntou. 

-Sim? -disse desconfiada. 

-Eu sou da polícia e gostaria de fazer algumas perguntas, a Dra. Scout disse que eu poderia. -ele se aproximou e a médica deu um sorriso torto. -O senhor é alguma coisa dela? Se importaria de esperar lá fora? 

-Sou namorado e me importo sim. -Van foi até a cadeira ao lado, se sentou, e permaneceu sério. 

Namorado?  

-Ok. Vou ser breve. Do que a senhorita se lembra? Se lembra de ter ingerido alguma substância, que afetaria sua capacidade de percepção? -ele perguntou e pude sentir sua insinuação. 

-Está perguntando se estava embriagada, e por isso fui parar debaixo d'água? -perguntei irritada. -Eu não dirigi bêbada.  

-Não precisa ter ingerido álcool necessariamente. -ele disse rudemente.  

-Está insinuando que ela estava drogada? -Van perguntou irritado. 

-Estou apenas perguntando, com base no histórico.  

-O quê? -perguntei incrédula.  

-Digamos que você têm um longo histórico com álcool, e outras substâncias... Algumas infrações de trânsito... Comportamento violento... -ele disse ao analisar algumas folhas, que trazia em uma pasta.  

-O que pensa que está fazendo? -tentei me levantar, mas senti uma forte dor nas costelas. 

-Hey, procure não se mexer... -a médica se aproximou. -Você ainda está um pouco debilitada. E peço que o senhor mantenha a compostura, ou terei que pedir que se retire. -ela disse ao homem. 

-Não sei onde conseguiu tais informações, mas se analisar bem, poderá ver que minhas infrações se baseiam em estacionar em local proibido, que aliás, garanto que não possuíam nenhum tipo de sinalização! E não diz nada a respeito de mergulhar com o carro. Eu me lembro claramente de estar dirigindo e um babaca vir na contramão, eu tentei frear, mas os freios não funcionaram! -disse grosseiramente para ele. -A senhora poderia me dar algo para dor, por favor? -perguntei para a Doutora, aquilo estava começando a me incomodar. 

-Eu sinto muito, mas depois que fui informada... Tive que diminuir a dosagem dos analgésicos... -ela disse um pouco constrangida.  

-Hm, a pessoa que dirigia o carro, o que aconteceu? -perguntei curiosa. 

-Teve algumas lesões. -a médica respondeu. -Não se preocupe, nada grave, ele já teve alta. 

Provavelmente o cara que estava envolvido no acidente, deveria ter grana ou algum tipo de influência... E estava tentando jogar a responsabilidade nas minhas costas... 

Soltei um riso nervoso. 

-Oh eu já entendi... Já disse o que lembro... Peço que se retire, por favor. Não direi mais nada sem a presença do meu advogado. -falei secamente. 

O homem levantou seu chapéu e saiu, seguido pela médica.  

Van veio sorrindo em minha direção. 

-Uau! Você é mesmo durona!  

-Ah! Eu fico nervosa com essas coisas... -falei emburrada. - A propósito... Namorado?  

-Sim. -ele se inclinou e me beijou.  

Achei inesperado, mas retribuí.  

-Não estou te machucando né? -ele parou e perguntou. 

-Não. -disse e acabei deixando escapar um sorrisinho. 

-Ah, você é muito maliciosa. -ele me repreendeu, então o puxei para mais um beijo demorado. 

Seu celular começou a tocar, então me afastei.  

-Ah que droga. -ele reclamou e atendeu. -O que é? Sério? Precisa ser agora?  

Apenas fiquei observando.  

Ele desligou o celular com cara de bravo. 

-O que foi? -perguntei. 

-Ah tinha dado uns problemas no encanamento do apartamento, e os caras foram arrumar justo agora... Preciso dar uma passada lá...  

-Então vai lá... -falei como se fosse óbvio. 

-Eu não quero te deixar sozinha. -ele disse. -Eu vou ligar pra Kris... 

-Não! -interrompi. -Eu vou ficar bem! Sério!  

-Eu não sei... Eu não vou demorar muito... 

-Então... Continuarei aqui.  

-Tá bom... -ele acabou aceitando. -Ah, Kris tinha deixado um bloco de desenhos... Ela disse que você gosta de desenhar... -ele apontou para o caderno em cima da mesinha. 

-Parece que voltei a ter 8 anos... -disse rindo.  

-Você é muito chata. Se você se comportar, vai ganhar uma bala. -ele riu, me deu um selinho e foi embora. 

 

Depois de ficar fazendo vários nadas, tomei coragem, levantei e me olhei no espelho... Estava com alguns cortes no rosto e na boca... Péssima. 

Mexi nas minhas coisas, tinha algumas coisas de higienie e roupas... Levei tudo para o banheiro e tomei um banho. Tinha sido um sacrifício para arrancar tudo aquilo do meu braço... Fora as dores... Assim que terminei, tentei colocar tudo de novo, mas não deu muito certo, então desisti.   

Fiquei olhando para tudo aquilo, afinal pra que ia ficar desconfortável, se nem remédios poderia tomar direito, porque segundo um pedaço de papel, eu não passava de uma viciada... É claro que tenho andado em uma linha tênue, entre a sobriedade e os vícios... Mas não receber confiança em relação a isso, incomoda bastante...  

Na realidade toda essa situação é bastante irritante...  

Encarei o bloco de papel... Fazia tanto tempo que não desenhava... E isso era algo que me agradava tanto... Por que tinha parado?  

Acabei que o puxei e comecei a fazer uns rabiscos... Nada que prestasse... Costumava ser tão relaxante... 

Acabei ficando mais frustrada, amassei todos os desenhos e joguei fora... 

Estava tão irritada. Olhei ao redor... Nada que me distraísse...  

Enquanto olhava uma das janelas, pude ver aquela médica vindo em direção ao quarto, junto com a enfermeira. Rapidamente me cobri e fingi que estava dormindo.  

-Ah ela está descansando... Não vamos acorda-la... -ouvi a enfermeira falar.  

-Sim, não é necessário... A partir de amanhã, essa paciente terá acompanhamento psicológico. Não conseguiram contatar nenhum parente? Apenas amigos? -era a voz da Dra. Scout 

-Não, parece que não têm nenhum parente próximo vivo... Ela parece ser uma boa garota... Não entendo porque a tratam como uma ameaça... Ou como se fosse uma delinquente... Ela se parece muito com minha sobrinha... -a enfermeira disse. 

-Isso não é da nossa conta. Vamos... -pude ouvir a porta sendo fechada. 

Sério? Eu era uma ameaça a quem? 

Delinquente? Não era associada a essa palavra, desde dos 17 anos. 

Continuei algum tempo encarando o breu, não sabia ao certo o que estava sentindo. 

Antigos sentimentos vindo de caras novas. 

Era como se não pensasse em nada e em tudo, ao mesmo tempo... 

Sei que não tinha sido a intenção delas, mas aquelas palavras me acertaram de tal forma... 

Resolvi ir andar um pouco, levantei e fui até a porta, não havia ninguém observando.  

Andei cuidadosamente até uma porta que levava até o jardim do hospital... 

Me deitei na grama e fiquei observando o céu... Minha hora preferida... Logo a escuridão iria predominar, a lua e as estrelas surgiriam...  

Respirei fundo... Meus pensamentos eram sempre tão caóticos... Tudo sempre acontecia tão repetidamente... 

Me lembro de como já fui, de como estive no fundo do poço... De como sou agora... Sinto tanta raiva e vergonha, de tudo que fiz ou deixei de fazer... Todos meus planos para o futuro, se perderam no meio do caminho... E vejo que o tempo passa e passa, e tudo permanece igual. 

Um medo irracional me domina... Tudo me assusta... Isso me consome aos poucos, a cada dia que passa... 

Sei que não estou sozinha, que tem pessoas ao meu redor, que me amam...  

Mas mesmo com tudo isso, excesso de pensamentos e amor... Por que sinto esse vazio tão grande, tão constante? Não me sinto presente em minha própria vida. 

Não consigo sequer fazer coisas simples, sem parecer que terei que mover montanhas... 

Um simples desenho... 

Um simples gesto... 

Até mesmo acordar tem se tornado algo doloroso. 

 

-Como imaginei... -levei um susto ao ver Van se sentar ao meu lado. -Fiquei preocupado quando vi que não estava no quarto... Não pode sair desse jeito, sorte que ninguém percebeu... Vão começar a pegar no seu pé...  

-Eu estava entediada... -disse ao me sentar e abraçar minhas pernas. -Não reparei que tinha passado tanto tempo... 

-Não acredito que arrancou tudo... Ainda está se recuperando... Fora que está escuro aqui, é perigoso.  

Fiquei quieta, sabia que estava errada. 

-Mas já que estamos aqui, por que não me diz o que está pensando? -ele encostou a cabeça em meu ombro. 

-Como posso sentir tanto medo da escuridão e me sentir tão confortável nela? -perguntei sem esperar por uma resposta. 

-Você sempre me deixa sem respostas... Tão enigmática... Parece um poema... 

Deixei escapar um sorriso. 

-Eu gostaria de ser um poema simples... Simples de ser lido, compreendido e vivido... -falei desanimada.  

Van se colocou na minha frente e ficou encarando. 

-Mas a beleza está justamente na complexidade. -ele afirmou e pareceu esperar que eu dissesse algo.  

Permaneci em silêncio. 

-Veja... -ele me colocou em seu colo. -Você é tão bonita... Todos percebem isso... Dona dos olhos mais lindos... Lábios perfeitos... Curvas que levam qualquer um ao delírio... Isso é notado em qualquer lugar que você entra, isso me deixa louco... Você atraí todos os olhares... 

Olhei para o lado, um pouco envergonhada, então ele passou a mão gentilmente em meu cabelo. 

-Mas como posso explicar? Vai muito além do físico... Cada um desses detalhes, vem acompanhado de algo tão profundo... Seus olhares são tão intensos, que me fazem perder o fôlego... Seus lábios me tornaram refém... Me sinto tão privilegiado de poder me perder por entre essas curvas... O modo como está envergonhada agora... Essa essência de inocência... Você me leva a loucura e me faz pedir por mais... -entrelaço meus braços em volta de seu pescoço e nos beijamos lentamente.  

Sorri e balancei a cabeça negativamente. 

-O que foi? -ele perguntou sorrindo. 

-Você é tão... Doce... -disse honestamente.  

Ele riu. 

Olhei ao redor e vi o quanto estava silencioso e deserto, e me envolvi mais. 

-O que foi? Por que esse olhar triste? -ele levantou meu rosto. 

-Nada, só pensamentos bobos... Logo passa... -forcei um sorriso. 

Eu já passei por isso antes, estou bem...  

Esses pensamentos continuavam a me assombrar. 

Respirei lentamente. 

-Vamos voltar, está com falta de ar? -ele perguntou preocupado. 

-Não é nada demais...  

-É sim, precisa descansar... Não quero que piore... Ainda está frágil. -ele me ajudou a levantar. 

-Frágil... Viu, você é mais doce que mel. -ri. 

Don’t want to let you down 

But I am hell bound 

Though this is all for you 

Don’t want to hide the truth...



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