História Young FriendShips - Lottie

Lottie arrumava seus longos cabelos loiros ao mesmo tempo que se admirava no espelho.

Ela era bonita, não havia dúvidas disso.

Sua pele de 17 anos, com quase nenhuma marca de acne (e as que existiam se misturavam com suas sardas), sem olheiras graças a uma boa noite de sono, o que ressaltava ainda mais seus grandes olhos azuis, que não precisavam de muito para chamarem atenção além de uma camada de um rímel qualquer.

Suas roupas se ajustavam perfeitamente em seu corpo, do modo que muitas garotas invejariam, mas ela poe um sobretudo por cima, afinal, é quase inverno e o tempo está começando a ficar frio na velha cidade de Yorkshire. 

Ela é muito bonita, todos que a conheciam, o diziam. E se não diziam, pensavam.

Mas mesmo sendo tudo isso, ela mesma não se via da mesma forma. Ela sabia que era, mas não parava para pensar nisso. A prova mais concreta que tinha que ela não era tudo isso é o fato de seu, como se diz hoje em dia, crush, não dava a miníma pra ela. Ao menos não do jeito que ela queria. 

Ela passa um leve batom sobre os seus lábios desejados por muitos, porém virgens, o que ninguém realmente acredita que seja verdade. Afinal, ela é muito linda.

Lottie dá uma última olhada no espelho, pega sua bolsa e vai para o ponto de onibus, onde fica sozinha ouvindo a sua banda pop favorita pela próxima meia hora.

As vezes ela desejava que morasse no centro, para que pudesse ir para a escola a pé com sua amiga (e visse mais o irmão mais velho dela), mas então ela percebe o quão egoísta está sendo. Sua casa é linda, grande porém funcional, tem uma piscina, seu próprio quarto, do jeito que ela quis montar, podia andar pela vizinhança sem medo algum...

Ela vivia o sonho americano, sem nem ter que sair da Inglaterra.

A loira espera todos sairem, como sempre, para então descer sem medo de ser atropelada pelos adolescentes chapados e infantis. Se despede do motorista, agradecendo-o, como sempre o faz.

Esperaria-se, de uma garota com a vida e a aparência que ela tem, que ela seria aquela garota. A patricinha mal educada e popular. Sim, ela era popular, mas não por medo, e sim pelo seu doce jeito de ser. Até quem não gostava dela não se sentia confortável em xingá-la pelas costas, com medo de que o Diabo surgisse naquele mesmo momento e os puxasse pro inferno. Lottie é boa, gentil, simpática. Algo que Hendra invejava, porém admirava muito, sem medo de admitir. 

A adolescente senta-se no banco em frente à sua sala de aula e come umas uvas que trouxe para seu lanche. Nenhum sinal de sua amiga, mas isso era normal. Quando Hendra não chegava cedo, é por que Lewis ofereceu carona e eles saem 3 minutos antes do sinal para a primeira aula bater. 

Como sempre, Lottie entra assim que a porta é destrancada, senta-se à sua mesa perto da janela e fica ouvindo seus hits até que o sinal bate, e Hendra entra na sala, emburrada, e senta-se atrás dela. 

- Tudo bem? - Lottie pergunta, tocando na ruga de tensão na testa de sua amiga. 

- Nunca nada está bem com o Lew. - Ela joga sua mochila na mesa.

- Credo, Hen. - Ri. - O que ele fez agora? 

- Ele vai se mudar, acredita? Pra um apartamento qualquer num centro qualquer.

- Até onde sei uma cidade tem apenas um centro, mas quem sou eu pra falar algo, né? - Lottie franze a testa. - Mas o que tem de tão errado nisso?

Hen abre a boca, indignada. - Por que você está defendendo ele? Agora você nunca vai poder ver ser amado crush! 

- Primeiro, não estou defendendo ele, estou te perguntando algo. - O professor entra na sala, o que faz com que o barulho no local diminua aos poucos. - Segundo, nunca é uma palavra muito forte.

Lottie se vira para frente, temendo levar uma bronca, pois esse professor em particular implica demais com ela, desde o dia que Lottie o viu dando em cima de uma aluna que precisava de nota. 

Ela nunca ameaçaria contar para alguém, mas o professor temia que sim, e ele mesmo segurava um segredo sobre ela que a garota não gostaria que fosse exposto.

Apesar do clima tenso entre os dois, ela prestou atenção na aula atentamente, sem conseguir tirar de seus pensamentos em como ela queria que aquela e todas as aulas da manhã acabassem, para que então ela e Hendra entrassem no carro de Lewis e fossem almoçar os três juntos, como sempre fazem desde o primeiro ano do ensino médio.

O garoto podia ser 5 anos mais velho que ela, e ele podia não dar o minímo sinal de interesse, mas nada disso era suficiente para que ela parasse de sentir o que ela sentia por ele.

Para ser sincera, ela mesma não sabia o que sentia. Supunha que era amor. Tá, talvez não amor. Mas uma atração. 

E isso era o suficiente.