História Your Heart - Vkook II Taekook - - Pedido -

“O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento. E que nenhum coração, jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos.” – Paulo Coelho

Taehyung P.O.V’s

Algumas semanas depois...

Foram exatos trinta dias no hospital, pouco mais de quatro semanas isolado para esperar que meu corpo não rejeitasse o novo órgão. Parece muito tempo longe de tudo, mas é necessário se manter em um local esterilizado por um período, uma recuperação bem assistida é o sinônimo do procedimento bem sucedido. Foi um sacrifício ficar naquele quarto sozinho a maior parte dos meus dias, porém, sei que tudo isso vale a pena agora que finalmente tenho a certeza de uma segunda chance de vida. Posso dizer que tenho dois aniversários, duas datas que valem a comemoração pela minha existência.

Passei por diversos exames neste período, e todos tiveram resultados semelhantes, está tudo de volta ao normal e eu poderei voltar aos poucos para minha vida agitada. Praticar meus esportes favoritos, voltar ao colégio e terminar meu último ano, logo me vendo livre para seguir uma universidade. O melhor de tudo isso é ter o apoio dos meus pais quanto às minhas escolhas, sendo a principal delas viver livremente com aquele que hoje se tornou inteiramente o dono de meu coração. Jungkook é a razão pela qual lutei os últimos meses, seguir sem ele seria como lutar em vão por algo inalcançável.

Meu namorado foi quem me acompanhou quando tive alta, ele fez questão de empurrar a cadeira de rodas até o estacionamento. Bom, eu não via a menor necessidade de ser conduzido daquela maneira, porém, descobri que se trata de um protocolo hospitalar após o paciente ser liberado de um tratamento intenso. Não consigo colocar em palavras a sensação de sentir o calor do sol depois de tanto tempo, sentir os raios solares foi como se estivesse me conectando novamente com o mundo à minha volta, agora tendo a certeza de que viverei para ter um futuro.

Meu médico favorito me acomodou em seu carro, colocou meus pertences e todos os presentes que recebi no banco traseiro, e depois de tanto tempo finalmente seguimos em direção à minha casa. Sinto falta de absolutamente tudo, inclusive de cada detalhe do meu quarto. Estar em família nunca foi importante quanto agora, mas reconheço que damos valor apenas quando somos privados da convivência com algumas pessoas ou ambientes.

Durante o período de internação meus pais me visitavam com frequência, porém, Jungkook era o único a estar ao meu lado quase vinte e quatro horas por dia. Sempre que conseguia folga em sua agenda de atendimento, corria para meu quarto a fim de me animar com suas piadas e casos de seus pacientes mais loucos. Neste período também pude conhecer melhor dois de seus amigos, Min Yoongi que é um neurocirurgião, e seu noivo Park Jimin, médico responsável pela oncologia pediátrica da instituição. Jimin e eu acabamos nos tornando amigos apesar da diferença de idade, porém, isso se torna apenas um número diante de nossas personalidades.

Quase uma hora de trânsito e então Jungkook estacionou em frente à minha casa. Pude respirar aliviado ao ver o jardim tão bem cuidado como sempre, o orgulho de senhora Kim como ela costuma dizer. Confesso que achei estranho não encontrar minha mãe ao lado de fora dando ataque de histeria por ter seu caçula de volta, mas entendi o motivo da ausência assim que girei a maçaneta e abri a porta. Estavam todos ali presentes, meus pais, Namjoon e Seokjin que assumiram o relacionamento uma semana depois de minha cirurgia, Jimin e Yoongi também marcaram presença, além de meu cunhado e alguns amigos do colégio.

A surpresa maior ficou por conta da presença de Hoseok e seu marido, porém, não me senti afetado diante de sua imagem, um sinal de que meu passado foi totalmente esquecido depois que virei a página. Sorri abertamente para ambos, e então terminei de entrar na casa para cumprimentar cada um deles. Jungkook se manteve ao meu lado o tempo inteiro, vez ou outra o peguei observando meu ex, talvez analisando o mesmo ou quem sabe planejando matá-lo em silêncio. Claro, são os pequenos detalhes de sua insegurança, e foi ali que percebi a necessidade de agir.

Aproveitei que estavam todos distraídos e o puxei para meu quarto, nenhuma presença naquela sala é mais importante que meu namorado. Assim que entramos no cômodo o prensei contra a porta, minhas forças não estão cem por cento recuperadas por conta dos medicamentos que ainda sou obrigado a tomar. No entanto, foram o suficiente para mantê-lo encurralado entre a superfície de madeira e meu corpo.

– Está com ciúmes de Hoseok, meu amor? – sussurrei ao aproximar meus lábios até uma de suas orelhas. – Vou precisar provar o quanto sou apenas seu?

– Não estou com ciúmes, meu bem. Sei perfeitamente como me garantir. – disse ele levando ambas as mãos até minha cintura.

– Tem certeza? Estava quase o fuzilando com os olhos, e olha que ele nem sequer olhou em minha direção. – gargalhei ao vê-lo desviar o olhar por conta da vergonha. – Viu o garoto ao lado dele? Aquele é o marido de Hoseok.

– Ele é casado?! Quero dizer, aquele cara é marido dele? – tive que segurar a risada ao vê-lo tão surpreso, ou melhor, aquela expressão de alívio em seu rosto.

– Meu ciumentinho. – sorri, e em seguida tentei me afastar do mais velho.

Jungkook inverteu nossas posições e me prensou contra a porta, porém, não usou tanta força por medo de me causar algum incômodo graças a recente cirurgia. Posso jurar que meu namorado está tão carente quanto eu, estamos há mais de um mês nos privando de passarmos uma noite juntos, tudo em pró de uma recuperação boa. Seu medo de me ver sentindo dores é nítido, por mais que eu tenha lhe provocado, o mais velho não cedeu às minhas vontades, resistiu até mesmo quando me troquei em sua frente na última noite que passei no hospital. Acredito que toda essa abstinência seja a razão de estarmos tão sedentos, qualquer um perceberia a tensão sexual naquele ambiente.

– Não provoca, Taehyung. – sua voz saiu como um sussurro. Ficou nítido que ele está se segurando para não me jogar sobre a cama, Jungkook parece estar no limite assim como constatei na noite anterior.

– Ou você vai fazer o que, Kook? – apenas senti meu corpo ser deitado com força entre as almofadas, sinal de que a provocação atingiu um limite de seu ego.

Seus lábios atacaram os meus com vontade, enquanto suas mãos em minha cintura mantinham meu corpo no lugar. O senti se aproximar aumentando o contato de sua pélvis com a minha, e naquele momento ele me fez perceber o quão duro e desesperado está. Confesso que fui longe demais, e não medi as consequências de termos visitas em casa, mas a sensação e a adrenalina é tão boa que nada mais importa. Então senti sua boca tocar meu pescoço, e bem abaixo de meu maxilar foi deixado um chupão bem evidente.

Gemi manhoso ao sentir sua ereção ainda coberta ser prensada contra a minha, nem preciso dizer o que aquilo provocou no restante do meu corpo. Mesmo depois de tanto tempo separados, a química entre nós dois continua tão quente e cheia de intensidade quanto antes. Jungkook provocou um pouco mais ao fingir algumas estocadas contra minhas nádegas, e foi naquele momento que ele me fez atingir o ápice de minha insanidade. Então ele parou por ali, possivelmente respeitando a hora e o local, mesmo que ambos tivéssemos o desejo de continuar.

– Continuamos mais tarde na casa de campo. – disse o mais velho, então senti meus lábios serem selados antes dele finalmente seguir em direção ao banheiro.

– Quer minha ajuda com esse probleminha, amor? – indaguei sugestivo voltando a cair de costas contra o colchão.

Meu namorado ficou alguns minutos trancado no banheiro a fim de resolver o tal probleminha, e apesar de todos os seus esforços eu sabia o que estava acontecendo entre aquelas paredes. Jungkook achou que não estivesse escutado, mas seus gemidos mesmo abafados eram ouvidos com nitidez dentro do quarto. Só quero ouvir esses sons um pouquinho mais próximos aos meus ouvidos, porém, devo esperar anoitecer e torcer para as visitas irem embora rápido.

•••

A comemoração por minha recuperação foi imensa, durou quase o dia todo para ser mais exato. Assim que todos os convidados foram embora, pude passar mais um tempinho com minha família. Finalmente no fim da noite fui levado para minha outra festinha, onde os únicos participantes somos meu namorado e eu. Contei cada segundo para esse momento, e devo ressaltar que meu coração está há mil por hora. Agora não preciso temer as grandes emoções, tenho em meu peito a garantia de muitos anos de felicidade.

Apesar da estrada estar completamente escura, Jungkook dirigiu com certa pressa demonstrando conhecer aquela região. Minutos depois pude avistar ao longe a pequena cabana, iluminada pelos faróis do veículo está a edificação em madeira rústica que me traz diversas lembranças, boas e ruins devo reconhecer. Meu namorado parou alguns metros antes do local, dentro da imensa propriedade, porém, um pouco distante da construção. Fiquei confuso com aquela atitude, principalmente ao perceber o mais velho nervoso com algo, talvez seja coisa da minha cabeça ou algo relacionado aos ciúmes.

– Amor, está tudo bem? – disse assim que destravei meu cinto para observá-lo melhor, realmente fico confuso quando meu namorado assume seu lado misterioso, me deixa cheio de teorias.

– Abre o porta-luvas, meu bem. – ele pediu, e no mesmo instante o vi apontar para o pequeno dispositivo.

Ainda confuso abri o dispositivo para fazer o que ele havia pedido, de certa forma pode ser algum presente após tanta luta por minha vida e nosso amor. Acionei a trava e a pequena gaveta se abriu, uma completa bagunça de documentos foi a primeira coisa que vi, e para ser honesto não tenho sequer noção do que Jungkook quer que eu encontre. Voltei a encarar seu rosto, encontrando o sorriso fofo que tanto amo, porém, não houve nenhuma dica ou ajuda para acabar com minha curiosidade.

– Tem algo aí para você, basta apenas procurar.

Coloquei minhas mãos entre os inúmeros papéis, e entre todos eles encontrei uma caixinha pouco familiar. Assim que abri a mesma senti algo acelerar em meu peito, dentro do objeto está um par de alianças, sendo uma delas com o coração gravado no metal. Depois de tantas emoções posso reconhecer que o novo órgão é forte, caso contrário estaria precisando de socorro neste momento. Quando acredito que as coisas não podem ficar mais perfeitas, Jungkook vem e me surpreende desta maneira.

– Meu bem, sei que pode parecer rápido já que nos conhecemos há pouco tempo, mas tenho certeza de que é você quem eu quero ao meu lado para todo o sempre. – seu tom de voz permaneceu sério, mas ele ainda manteve seu olhar fixo em direção ao par de alianças.

– Kook, isso é... – o encarei por breves segundos, antes de desviar o olhar para tentar conter as lágrimas.

– Este é o lugar onde pedi seu coração, e hoje... – ele se virou para me observar melhor. – Kim Taehyung, hoje eu me atrevo a pedir sua mão. Quer casar comigo?

Sorri em meio a bagunça de emoções diferentes, nem sequer sei por onde começar. Apenas coloquei a caixinha sobre o painel do carro, e pulei no colo do mais velho enchendo seu rosto de beijos. Não me imaginei casado tão novo, se me dissessem isso há um ano chamaria essa pessoa de maluca, mas depois de tudo o que passei, sobrevivi, e lutei para amar novamente, isso se tornou um sonho. Abri meu coração para uma pessoa depois de tanto tempo, e o escolhido mostrou ser merecedor de todos os bons sentimentos. Formar uma família se tornou um objetivo, e ao seu lado sei que seremos felizes até a eternidade.

– Sim! – lhe abracei não conseguindo mais conter a emoção. – Claro que sim, meu amor. – então enchi seu rosto de inúmeros selinhos. – Sabe que pertenço a você desde que nos olhamos pela primeira vez. Eu te amo, Jungkook.

– Eu também te amo, meu anjo.

Senti seus dedos afundarem em minha cintura quando sua língua invadiu minha boca intensificando aquele gesto. Um beijo necessitado, assim como o que houve mais cedo em meu quarto. Então percebi algo cutucar minhas nádegas, e notei sua excitação tão dura quanto há algumas horas. Jungkook não está diferente de mim e essa foi a razão que me fez agir. Rebolei sobre seu colo apenas para provocá-lo um pouco mais, foi quando ele respondeu com uma leve e sensual mordida em meu lábio inferior.

– Acho melhor entrarmos, meu bem. Estou a fim de marcar cada parte do seu corpo e te amar a noite inteira. – disse ele com o tom de voz rouco bem próximo ao meu ouvido.

– Como eu disse, sou todo seu.

Ontem, hoje e para sempre. De corpo, alma e coração. Serei seu até que os anjos permitam.